Entre os anos 30 e 70 do século XX, no
Brasil, os programas dos cursos de desenho abordavam basicamente as seguintes
modalidades: a) desenho natural; que eram exercícios que giravam em torno da
observação, representação e cópias de objetos. b) desenho decorativo:
centralizado em faixas, ornatos redes gregas, estudo de letras, barras
decorativas e painéis. c) desenho geométrico, ligado à morfologia geométrica e
estudo de construções geométricas, e, d) desenho pedagógico, nas antigas
escolas do magistério, que eram esquemas de construções de desenhos para
ilustrar aulas. Na década de 1950, além do desenho, passam a fazer parte do
currículo escolar as matérias: música, canto orfeônico e trabalhos manuais, que
mantem de alguma forma o caráter e a metodologia do ensino do desenho
artístico.
Acredito que do ponto de vista
metodológico, a aula de desenho na escola tradicional era encaminhada através
de exercícios com reproduções de modelos propostos pelo professor, que seriam fixados
pela repetição, buscando sempre o seu aprimoramento e destreza motora. De
qualquer forma, se subentende que o ensino do desenho nas escolas primárias e
secundárias, apresentava-se ainda com uma concepção neoclássica ao enfatizar a
linha, o contorno, o traçado e a configuração. Estas particularidades tão
intelectualizadas do desenho, foram transmitidas principalmente pela Academia
Imperial do Rio de Janeiro, hoje, Escola de Belas Artes da UFRJ, e pelo grupo
da Missão Francesa, que chegou ao Brasil em 1816.
Tendo o desenho como ponto de partida,
historicamente, a questão da Arte Educação, começou a ser discutida em nossa
país no final do século XIX, quando ocorreram mudanças político-sociais como a
abolição da escravatura e a substituição do Império pela República. Em função
disso, a educação escolar em arte, passou a ser reformulada e organizada por
políticos e intelectuais da época.
Antes de 1971, a arte na escola era
trabalhada separadamente, ou seja, havia aulas de música, teatro e trabalhos
manuais. Em função da Lei 5692, de 1971, essas atividades, que antes aconteciam
separadas, passam a se aglutinar numa única disciplina, que, inicialmente foi
denominada de “Artes”. Neste caso, os primeiros cursos de educação artística,
começam a ser implantados nas universidades do país. Com o passar do tempo
surgiram novos conceitos, e percebeu-se que o antigo Curso de Educação
Artística concentrava várias habilitações como: teatro, artes plásticas,
música, desenho e dança. Dessa forma, emergiu uma contradição, tendo em vista
que o professor de artes, saía da universidade com apenas uma habilitação e
teria que ser um polivalente, ao ter que trabalhar nas escolas de ensino
fundamental e médio, as várias modalidades da arte, enquanto que o curso
formava apenas uma dessas modalidades. Em seu livro “História da Arte
Educação”, Ana Mae Barbosa afirma que “lutas foram travadas no Brasil desde o
século XIX, por positivistas e liberais, para tornar a arte disciplina
obrigatória”, o que veio realmente acontecer a partir do ano de 1996, com a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9394/96.