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segunda-feira, 25 de julho de 2022

O ENIGMA DE ÉDIPO

 


     Édipo Rei, é um texto dramatúrgico de um dos mais importantes trágicos gregos da antiguidade. Sófocles, o escreveu e o encenou na Grécia Clássica, ou seja, no século V antes de Cristo. Todos sabem ou já ouviram falar sobre a história de Édipo, ele estava predestinado a matar seu pai e casar com sua própria mãe. A partir de estudos com base nesse texto, Freud conseguiu criar sua tese psicológica de “Complexo de Édipo”, que é o caso do filho que se apaixona pela própria mãe.

     O que não se conhece é onde Sófocles buscou inspiração para a elaboração do referido texto. Foi uma ideia genial, mas com certeza ele deve ter conhecido fatos semelhantes que aconteceram num período muito mais antigo do que aquele momento em que ele vivia na Grécia Clássica de sua época. 

     Há uma lenda de que na antiquíssima Babilônia, vivia um neto de Noé, chamado Cuxe, que se casou com Semíramis, e este casal gerou Ninrode. Esse último, foi um dos primeiros homens mais poderosos da terra. Ninrode era neto de Cam, que por sua vez, era filho de Noé. Em função de seu poder, Ninrode se rebela contra Deus e manda construir a torre de Babel. Com a morte de seu pai, terminou se casando com sua própria mãe, Semíramis.

     A história de Édipo não começa com ele, mas, muito antes. Inicia com Lábdaco, que era filho de Polidoro; Laio se torna filho de Lábdaco; e por fim, nasce Édipo, que é filho de Laio. Quando em sua juventude, enquanto Laio pernoitava no palácio do rei Pélops, envolveu-se numa paixão homossexual com Crisipo, que era filho daquele rei. Todavia Laio raptou Crisipo. Nessas idas e vindas, Crisipo comete suicídio. Irado, o rei Pélops amaldiçoou Laio. Maldição esta, que causaria sua infelicidade como também de seus descendentes.

     Com o apoio dos oráculos, a maldição de Pélops resumia-se na seguinte frase: Laio geraria um filho que mataria o próprio pai (no caso Laio) e casaria com a própria mãe. Em detrimento dessa maldição, Laio que era rei de Tebas e casado com Jocasta, se recusava a dar um filho à sua esposa legítima, com a perspectiva de que a maldição não caísse sobre ele.  Hera, esposa de Zeus (que era a deusa do casamento) concordou, e para punir Laio, enviou a Esfinge que ficou numa montanha próxima à cidade. Todos que por ali passavam se submetiam a perguntas feitas pela Esfinge, e aos que não sabiam responder, portanto, em seguida eram devorados.

     Somente Édipo é que foi vencedor, quando a Esfinge (que tinha busto de mulher e corpo de leão) lhe direcionou a seguinte pergunta: qual o animal que pela manhã anda de quatro, à tarde com duas pernas e à noite com três? E Édipo respondeu: o homem, que, quando novinho engatinha com os pés e mãos; quando adulto anda com duas pernas, e quando velhinho anda com três, porque se apoia numa bengala. Vencida, a Esfinge se jogou da montanha e morreu no precipício. A partir daí, a maldição se aprofundou e Édipo teve seu destino trágico cumprido.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

O MOBRAL E O RADIOTEATRO

 


     O Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL, em muito contribuiu para o desenvolvimento do teatro no Estado do Amapá. Além da motivação, trazia para o Cabo Norte muitos cursos e oficinas na área das artes cênicas. Coronel Luiz Ribeiro de Almeida, defensor ferrenho da educação e das artes, era Presidente do MOBRAL e trazia vários professores de outros estados para ministrar cursos e oficinas de teatro, como; impostação de voz, interpretação, direção teatral entre outros cursos. Da mesma forma que tantos outros, Marizete Ramos veio de Belém, como também o diretor Luiz Otávio Barata, para ministrar curso para nossos atores.

     Por outro lado, também havia alguns professores aqui no Estado do Amapá que já tinham conhecimento e condições de ministrar oficinas de teatro, como a atriz Creuza Bordalo, Padre Mino e o próprio Coronel Luiz Ribeiro. Alguns grupos mais antigos e que ainda continuam atuando em nosso meio, participaram de várias dessas oficinas, como o  atual “Grupo Língua de Trapo” que vem há mais de 30 anos apresentando a peça “Bar Caboclo; e ainda o Grupo do Amadeu Lobato, com o espetáculo “Uma Cruz para Jesus”; esses grupos surgiram a partir da promoção dessas oficinas que foram promovidas pelo MOBRAL.

     Nesse mesmo período, O SESC/AP, foi outro incentivador de oficinas de teatro, quando o todos os artistas da época tiveram acesso, no aprendizado e apoio oferecido por esse órgão. Se por um lado, havia o MOBRAL e o SESC/AP, por outro lado, as emissoras de rádio em muito contribuíram para o desenvolvimento do nosso teatro, principalmente no que diz respeito à promoção de radionovelas. Além de cederem seu próprio espaço físico para que os grupos pudessem apresentar seus espetáculos.

     É válido afirmar que na década de 1970 do século XX, a cidade de Macapá ainda era muito pacata; e, como em todo o Brasil, televisão era objeto raro, restava à sociedade local se voltar para sua educação e produção cultural. A comunicação era realizada a partir do jornal impresso e em áudio, pelo rádio. Além do teatro escolar e religioso que se fomentava, ainda havia vestígios do radioteatro que era voltado para produção radiofônica de programas e novelas.

     Aqui, a Rádio Difusora de Macapá exerceu papel de grande importância, e uma geração foi se revelando na área do rádio teatro como, por exemplo, a atriz Creuza Bordalo; o ator José Maria de Barros; o ator Clodoaldo Nascimento, Consolação Côrte, entre outros. Nessa época, o rádioteatro tinha grande audiência. Essa turma de radioatores, sem dúvida, influenciou novas gerações que passaram a se dedicar ao teatro em nosso Estado.

 

segunda-feira, 11 de julho de 2022

ESPORTE, RÁDIO E TEATRO

 

 

     O Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL, em muito contribuiu para o desenvolvimento do teatro no Estado do Amapá. Além da motivação, trazia para o Cabo Norte muitos cursos e oficinas na área das artes cênicas. Coronel Luiz Ribeiro de Almeida, defensor ferrenho da educação e das artes, era Presidente do MOBRAL e trazia vários professores de outros estados para ministrar cursos e oficinas de teatro, como; impostação de voz, interpretação, direção teatral entre outros cursos. Da mesma forma que tantos outros, Marizete Ramos veio de Belém, como também o diretor Luiz Otávio Barata, para ministrar curso para nossos atores.

     Por outro lado, também havia alguns professores aqui no Estado do Amapá que já tinham conhecimento e condições de ministrar oficinas de teatro, como a atriz Creuza Bordalo, Padre Mino e o próprio Coronel Luiz Ribeiro. Alguns grupos mais antigos e que ainda continuam atuando em nosso meio, participaram de várias dessas oficinas, como o  atual “Grupo Língua de Trapo” que vem há mais de 30 anos apresentando a peça “Bar Caboclo; e ainda o Grupo do Amadeu Lobato, com o espetáculo “Uma Cruz para Jesus”; esses grupos surgiram a partir da promoção dessas oficinas que foram promovidas pelo MOBRAL.

     Nesse mesmo período, O SESC/AP, foi outro incentivador de oficinas de teatro, quando o todos os artistas da época tiveram acesso, no aprendizado e apoio oferecido por esse órgão. Se por um lado, havia o MOBRAL e o SESC/AP, por outro lado, as emissoras de rádio em muito contribuíram para o desenvolvimento do nosso teatro, principalmente no que diz respeito à promoção de radionovelas. Além de cederem seu próprio espaço físico para que os grupos pudessem apresentar seus espetáculos.

     É válido afirmar que na década de 1970 do século XX, a cidade de Macapá ainda era muito pacata; e, como em todo o Brasil, televisão era objeto raro, restava à sociedade local se voltar para sua educação e produção cultural. A comunicação era realizada a partir do jornal impresso e em áudio, pelo rádio. Além do teatro escolar e religioso que se fomentava, ainda havia vestígios do radioteatro que era voltado para produção radiofônica de programas e novelas.

     Aqui, a Rádio Difusora de Macapá exerceu papel de grande importância, e uma geração foi se revelando na área do rádio teatro como, por exemplo, a atriz Creuza Bordalo; o ator José Maria de Barros; o ator Clodoaldo Nascimento, Consolação Côrte, entre outros. Nessa época, o rádioteatro tinha grande audiência. Essa turma de radioatores, sem dúvida, influenciou novas gerações que passaram a se dedicar ao teatro em nosso Estado.

 

terça-feira, 5 de julho de 2022

QUADRILHA CONTEMPORÂNEA

 


     A dança da quadrilha, sempre foi muito difundida, vivenciada e apresentada, principalmente na época das festas juninas pelo Brasil afora. Portanto, do final do século XX para o início do século XXI, sofreu várias mudanças culturais que gerou mudanças fundamentais, se hibridizando e trazendo influências diversas, no que diz respeito à sua forma e conteúdo.

     A antiga dança da quadrilha, que perdurou basicamente até o início da década de 1990 do século passado, em suas raízes, era completamente diferente das quadrilhas de hoje.  Tem origem na Europa e sua maior influência no Brasil, veio da França. Era uma dança popular que surgiu principalmente no meio rural. Nela, havia uma sequência de passos com várias coreografias, como: a)cumprimento às damas; b)cumprimento aos cavalheiros; c)damas e cavalheiros trocar de lado; d)primeiras marcas ao centro; e)grande passeio; f)trocar de damas; g)trocar de cavalheiros; h)o Túnel; i)caminho da roça; j)olha a cobra; k)é mentira; l)caracol; m)desviar; n)atenção para o serrote; o)coroar damas; p)coroar cavalheiros; q)duas rodas; r)reformar a grande roda; s)despedida, entre outros passos que mudam de acordo com a necessidade da brincadeira. Além de tudo isso, havia a dramatização de um casamento matuto, com base na Commedia dell’Arte.

     Se torna muito difícil, na atualidade, encontrar alguma comunidade ou grupo que organize uma quadrilha nos moldes antigos. Notadamente, esse tipo de quadrilha está em extinção. Com o passar dos anos, nota-se um hibridismo e a consequente influência de várias culturas. Hoje, pode-se perceber nas atuais quadrilhas juninas, vestígios do frevo, da ciranda; do maracatu; nos vestuários, roupas do Cancan francês e grande influências da música caribenha.

     Na dança atual, o casamento, que era parte fundamental da antiga quadrilha junina, hoje, praticamente não tem mais o mesmo significado dramático de antes. Por sua vez, os passos da antiga quadrilha, se transformaram numa sequência de músicas com coreografias modernas, isso nos remete ao primeiro forró que se fundiu com o frevo, a música “Frevo Mulher”, de Zé Ramalho. Esta gravação alcançou grande sucesso depois que Amelinha a interpretou no Maracanãzinho num Festival da MPB em 1980. Já o Cancan, é uma dança francesa que se tornou muito popular na França, na década de 1840, com sua maior expressividade no Moulin Rouge, que ainda hoje está em atividade no bairro de montmartre, em Paris. Sendo que depois foi levada para Londres e Nova Iorque, se tornando uma dança difundida no mundo ocidental.

     Outro fenômeno que trouxe muita influência para essa hibridização é que, enquanto por um lado, a antiga quadrilha era ensaiada e apresentada por jovens, quando cada bairro tinha sua própria quadrilha e apresentava apenas dentro dos festejos de cada bairro; fato que mudou completamente quando as prefeituras instituíram os concursos de quadrilhas, durante os festejos juninos; o que acontece na atualidade em vários locais do território brasileiro, e principalmente no nordeste, que tem hoje as duas melhores festividades dessa ordem: o maior São João do Mundo, em Camina Grande, na Paraíba, e o famoso São João de Caruaru, em Pernambuco, considerada a capital do forró.