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terça-feira, 24 de dezembro de 2019

FELIZ NATAL




          O maior desejo de todas as pessoas é saber da conquista de seus objetivos, de seus desejos, de sua vida. O Natal nos traz muita alegria a cada final de ano. É um ótimo momento de reflexão sobre um pequeno espaço de tempo que passou, ou seja, pelo qual nós passamos com vida, ilesos. Esse tempo refere-se ao espaço de praticamente 365 dias consecutivos, ou seja, um ano.
     Apesar da violência que há na sociedade moderna, é extremamente importante saber que ainda estamos vivos, esse, acredito eu, já é um grande passo para nossas comemorações de final de ano. E se pensarmos naqueles que ficaram pelo caminho do nosso cotidiano estressante, vamos nos dar conta de que muitos fatos aconteceram nesses tempos, no mundo, em nosso país, em nosso Estado e em nossa cidade.
    Sem esquecer as modificações que aconteceram interiormente com nós mesmos. Às vezes algum problema de saúde, questões profissionais e tantos momentos difíceis que passamos. Mas, também foi um tempo em que nos trouxe muitas alegrias.  Alegria de ter lançado livros, alegria de ver o filho ser aprovado na escola, alegria de estar vivendo momentos felizes com quem se ama.
     O Natal é uma festa comemorada em todo o mundo; quantos de nós está falando a mesma língua: FELIZ NATAL, FELIZ NAVIDADE, JOYEUX NÖEL, MERRY CHRISTMAS, são alguns dos recados mais difundidos neste natal em todo o mundo. E assim vamos nos confraternizando, cada país do seu modo, cada povo de acordo com suas crenças e suas culturas.
     Natal significa nascimento, nascimento de Jesus que tanto batalhou para a igualdade do povo do seu tempo. Verdadeiro revolucionário de sua época. E hoje e sempre comemoramos em função deste símbolo de ser humano.
     Todo natal nos traz esperança de um mundo melhor, de alegria, de união entre os povos. Refletimos sempre para o bem da humanidade. Como é bonito todos juntos com suas famílias, revendo uns aos outros, pessoas que há tempo não mais havíamos visto, tudo isto faz parte do semblante natalino.
     Sabemos que hoje os meios tecnológicos como as redes sociais em muito contribuem para uma aproximação das pessoas, mas, ainda deixa um vazio em relação à vida presencial quando você toca e abraço seu amigo ou amiga de tempos antanho. É a vida...! É a vida...! É a vida...! Desejo a todos que conheço e aos que não tive a oportunidade ainda de conhecer, tudo de bom neste natal, muita saúde, paz e  que tenhas conquistado seus objetivos neste ano que está terminando. Para todos UM FELIZ NATAL.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

TITULARES DA UNIFAP



     Em 2020 a Universidade Federal do Amapá completará 30 anos de fundação. Neste caminhar, a instituição conseguiu dar um salto gigantesco no que diz respeito aos mais diversos aspectos como: criação de novos cursos de graduação; criação de cursos de mestrado e doutorado; ampliação física e construção de vários edifícios.
     No ano de 1994 estive aqui pela primeira vez para realizar o segundo concurso da Unifap, que aconteceu em novembro daquele ano. Quem, como eu, chegou aqui no ano de 1995 quando nossa instituição possuía apenas 2.800 alunos com não mais do que 6 prédios, não tem ideia do progresso dessa universidade nesses últimos 30 anos. A Unifap conta hoje com vários convênios, vários cursos de pós-graduação além de convênios internacionais.
     Fui um dos primeiros professores que se reuniu com prefeitos do interior com a intenção da implantação dos campi nessas cidades. Isso se deu lá pelos idos de 1997, quando surgiu a ideia de socializar nossa instituição com algumas cidades do interior do Estado. Em função disso, temos hoje o Campus de Santana; Campus Binacional do Oiapoque; Campos de Mazagão e Campus de Laranjal do Jarí, entre outros que ainda não houve a oportunidade de implantá-los como o de Amapá.
     Também fiz parte do primeiro grupo de professores que decidiu se qualificar, realizando pós-graduação, sem a mínima condição, principalmente de política para se qualificar que na época não havia em nossa instituição. Além de minha pessoa, outros professores também foram pioneiros nessa batalha, como Prof. Dr. Tostes; Prof. Dr. Ricardo Ângelo; Prof. Dr. José Maria, entre outros.
     É certo que a Unifap vem crescendo em todos os níveis; vem inclusive formando um grupo seleto de professores titulares. Esta é a titulação mais elevada da carreira docente universitária, que é quando o professor se torna autoridade máxima na sua área de pesquisa, dentro da instituição.
     Nesse caminhar, durante sua primeira década tivemos de passagem por aqui, de dois professores titulares: Isamu Kanzaki e João Renôr, sendo que este último também foi, por um período, Reitor da Unifap. Fora isso, até este ano de 2019, tínhamos como titulares os professores José Carlos Tavares (Curso de Farmácia) e Julieta Bramorski (Curso de Biologia); os referidos professores ascenderam ao posto em função de concurso. Foi neste ano de 2019 que este quadro aumentou consideravelmente; em agosto foi a vez do Prof. Jadson Porto (Curso de Arquitetura e Urbanismo); em setembro, este colunista que vos escreve, e ainda a Profa. Rosemary Ferreira (Enfermagem); esses três últimos apresentarem memorial acadêmico, e para encerrar o ano tivemos na última segunda feira, a passagem da Profa. Simone Garcia (Curso de História) que para galgar ao posto de professora titular, apresentou uma tese inédita. Portanto a Unifap entrará o ano de 2020 com um grupo de seis professores titulares.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

O RÁDIO TEATRO


                              
     Com o intuito de dotar a cidade de Macapá de um meio de divulgação das ações do próprio governo, Janary Nunes inaugura um serviço de autofalantes em 25 de fevereiro de 1945. Justamente, esse serviço de autofalantes se tornaria na futura na Rádio Difusora de Macapá; inaugurando-a em 23 de julho de 1946. A referida difusora que nos dias atuais ainda continua em funcionamento, em muito contribuiu com a cultura e o teatro no Amapá, levando-se em consideração duas questões primordiais: a primeira foi o fato de a mesma ter aberto programação para radionovelas, o que consequentemente, deu início ao rádio teatro em nosso Estado; outro fator preponderante foi a construção de um pequeno palco com plateia para cem pessoas que foi construído em seu espaço físico.
     Certamente, o projeto do radio teatro no âmbito da Rádio Difusora de Macapá, motivou e abriu espaço para atores, atrizes e diretores, em função da gravação dessas radionovelas, enquanto que, por outro lado, o palco que havia no complexo da referida rádio, tanto servia como espaço para produção de programas de auditório, como também como espaço para ensaio e apresentações de peças teatrais dos produtores locais. Professor Guilherme Jarbas nos fala sobre este assunto: “Nós tínhamos na Rádio difusora de Macapá o rádio teatro e tinha um profissional chamado Reinaldo Farah e mais dois irmãos que foram contratados pelo governo do Território para trabalhar a radiodifusão dessas peças teatrais”.
     A Rádio Difusora de Macapá foi inaugurada num momento áureo do Território Federal do Amapá, com boa estrutura física, segundo o professor Rostan Martins: “O prédio da RDM tinha ambientes principais como: estúdio de locução; discoteca; sala de controle de som; auditório com capacidade para 100 pessoas, com palco, onde se apresentaram seresteiros, programas dos radialistas pioneiros, como o Clube do Guri, a apresentações de radionovelas.”
     Com a inauguração da Rádio Difusora de Macapá em 23 de julho de 1946; com o início das atividades pedagógicas da Escola Barão do Rio Branco em 13 de setembro de 1946 e ainda com os eventos e apresentações de artistas que passaram a acontecer no Cine Teatro Territorial a partir de 1948, tendo-se por outro lado a constante urbanização da Praça do Barão, acredita-se que esses fatores transformaram aquela área geográfica num point cultural da cidade de Macapá entre os anos 40 e 50 do século XX. É em função desses fatores que no final da década de 1940 se inicia um forte movimento cultural no âmbito do Estado do Amapá.
     Portanto, naquela área urbana vamos observar um complexo do mais avançado progresso para aquele período na cidade de Macapá. Ali tínhamos a primeira escola de Macapá; o primeiro cinema da cidade; o primeiro teatro moderno para a época; a primeira estação de rádio; um imenso hotel, e a partir de 1950 uma imensa praça totalmente urbanizada. Sem sombra de dúvidas, passou a ser o centro cultural da cidade.



domingo, 17 de novembro de 2019

HISTORIETA DE MACAPÁ E O MITO DAS TRÊS PALMEIRAS



     No último dia 06 de novembro, numa quarta feira, me dirigi ao Teatro das Bacabeiras para prestigiar em “avant première”, o espetáculo musical “Historieta de Macapá”, que tem por base as obras: Macapá Capital do Meio do Mundo, de Herbert Emmanuel e Adriana Abreu; Uasei, o Livro do Açaí, este último publicado pelo IEPÉ, e ainda, informações coletadas sobre os saberes dos povos Karipunas, nas quais, relatam o mito das três palmeiras.
     Somando-se a tudo isso, a pesquisa artística e intelectual envolveu a literatura mitológica sobre lendas e mitos do Amapá e da Amazônia. E para realçar uma relação telúrica com as coisas tucujus, o grupo também se debruçou buscando relações intrínsecas entre o tema pesquisado e a música popular e genuinamente amapaense. Foi com esses ingredientes que o Grupo Teatral GTI, resolveu escrever o roteiro do referido espetáculo.
     Ao estudar e colocar todas essas fontes num grande caldeirão mágico, Bruno Peixoto (diretor), buscou criar sua mise em scène com um misto de música, dança, contação de histórias, projeções visuais e vários planos cenográficos, cenários, adereços e visualidades que são assinados por Paulo Rocha. Início e final do espetáculo nos mostra um ar televisivo e cinematográfico, quando apresenta os atores e várias outras imagens da cidade de Macapá, durante o desenrolar da peça.
     Quanto às projeções em espetáculos teatrais, isto nos remonta a Erwin Piscator, quando na década de 1920 do século XX, trouxe essa técnica em seus espetáculos, que era inovadora para a época, nos palcos alemães. Esse método influenciou o teatro europeu e americano. Piscator foi um dos mais importantes encenadores alemães do século XX.
     História de Macapá e o Mito das Três Palmeiras, é um espetáculo teatral que honra, eleva e engrandece a cidade de Macapá a um patamar que já havia sido feito pela música popular amapaense. Sendo assim, o que se traz para o palco é a cultura do Amapá, com base na literatura, na música, no ritmo e na dança das pessoas do lugar.
     O elenco é formado por Antoniele Xavier, Anderson Pantoja e Márcia Fonseca, que representam e cantam sucessivamente do início ao final da peça.  São esses artistas que buscam no palco, demonstrar seu carinho pela cidade do meio do mundo. Sem esquecer da ótima participação dos músicos e percussionistas Ícaro Bandeira e Marcos Guedes, que ao estarem localizados no plano alto, sempre estão presentes em cena com sonoplastia ao vivo, o que notadamente enriquece o musical.
     O que chama atenção no trabalho é a policromia e harmonia do conjunto cenográfico e sua intersecção com as projeções realizadas. Todavia, há que enfocar que infelizmente a iluminação não conseguiu alcançar e realçar perfeitamente este conjunto composto e disposto no palco. Por ser didático, o espetáculo será bem-vindo, principalmente nas cidades, escolas e comunidades do Amapá. Um verdadeiro presente para a sociedade amapaense. Uma demonstração de amor de como a arte, o teatro e a música amapaense vê e reverencia a cidade joia da Amazônia. Resumindo: o espetáculo é uma declaração de amor à Macapá.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

POEMAS E UM AMOR



     Este é o título do mais novo livro de poesias do meu amigo, poeta e confrade José Pastana, ou como todos conhecem, apenas poeta Pastana. Ele é uma figura que tem muita dedicação e apreço pelas artes e pela educação. Em relação às artes, penso que o que mais lhe fascina é a literatura, e de forma mais acirrada, a poesia. Sim! Porque Pastana é um poeta de mão cheia, visto que já publicou três livros, sendo este o quarto. Já participou efetivamente de várias coletâneas, e mais, é um dos únicos poetas que também já gravou um CD de poesias no Estado do Amapá.
     Há mais de vinte anos que conheço esse ilustre escritor, se não me falha a memória, foi lá pelos idos de 1996, num festival de poesias que acontecia no Teatro das Bacabeiras. Eu recém-chegado a Macapá, aproveitei e subi ao palco para recitar algumas poesias matutas. Apesar de que ainda não nos conhecíamos, foi a ela que pedi a permissão para entrar de última hora na programação. Prontamente fui atendido e percebi, todavia, a grande sensibilidade, motivação e dedicação do meu amigo Pastana, primordialmente para a poesia e literatura.
     Agora ele vem com seu “Poemas e um amor”, e é verdade! Nesta obra, o que mais Pastana enfoca é o amor. Amor pelos filhos e esposa, amigos, amor pela poesia e literatura, amor pela vida, amor pela cidade de Macapá. Tudo isso está inserido nesta nova obra do amigo e mecenas da arte, Pastana. Não é por menos, o que revela Rui do Carmo em seu prefácio, quando sublinha que: “navegar nas páginas de José Pastana é mergulhar em um mundo de lirismo amoroso de um coração apaixonado não só por sua amada, mas pela vida, pela arte de escrever. ”
      Nesta obra, o poeta Pastana expõe ao público várias poesias, poemas e alguns sonetos. Nesse trecho de “A Moça na Janela”, ele compara a moça à uma flor, e um abstrato e possível namorado à um simples e frágil e pequenino animal, quando diz:
Uma bela moça debruçada à janela
Uma rosa púrpura perfumada de amor
Que floresce pujante diante do arrebol
Beijada todos os dias por um beija-flor.

     Não dá para contar os movimentos e projetos culturais que Pastana tem participado ao longo desses anos. Fundador do Clube dos Poetas; participou do Conselho de Cultura por vários anos; foi presidente da Câmara de Letras e Artes, entre outras tantas atividades que tem participado e contribuído com seu conhecimento para as artes no Amapá. Foi e é atualmente o Gerente da Biblioteca Pública Elcy Lacerda. À frente desta Biblioteca, vem apoiando qualquer escritor que queira lançar seu livro. Se você tem o seu, passa lá e conversa com o Gerente Pastana, que será bem recebido. É de perceber que, ao longo desses anos, Pastana vem dando ótima contribuição para a arte e a educação em nosso Estado.


terça-feira, 29 de outubro de 2019

DIÁRIO DE ANNE FRANK



     Para quem pretende desenvolver a escrita, eu aconselho dois caminhos que irão facilitar o ato de escrever: o primeiro é brincar de escrever poesias. Escrever poesias é muito interessante tendo em vista que ela o envolve no ato de pensar, escrever, reescrever e definir um título. Toda poesia tem início, meio e fim. O fato de escrever poesias o ajudará a escrever um livro num breve futuro. Em segundo lugar, escrever um diário.  O nome já diz tudo, no diário você passa a escrever tudo o que se passou no seu dia. É como se você estivesse escrevendo uma carta para você mesmo. Da mesma forma como a poesia, cada dia relatado, passa a ter início, meio e fim.
     E por falar em diário, estou finalizando a leitura do diário de Anne Frank. É uma leitura simples, mas muito valiosa, em que uma menina de 13 anos relata suas agruras, sua solidão e sua incessante fuga da polícia de Hitler. Ela relata o tempo em que viveu num esconderijo na Holanda. Este fato se deu a partir de 1942, período altamente conturbado da segunda guerra mundial. 
     Ela recebeu um caderno de presente e resolver transformá-lo num diário. Todo seu sofrimento junto à família ela conseguiu escrever todos os dias e registrar no seu querido diário, para isso criou um personagem, sua amiga Kitty, para quem ela sempre dirigia suas palavras.
     Com a decisão de seu pai de se mudarem para um esconderijo, visto que naquele momento não tinha alternativa, toda a família, inclusive Anne Frank, passou a viver na clandestinidade. Anne passa por várias privações: fica longe da escola, dos amigos, da casa, da cidade, do seu bairro, passear de bicicleta, ou seja, ficou privada de vivenciar tudo o que uma jovem de 13 anos poderia experimentar. 
     No desespero de sua estada no esconderijo, para não ser presa pelos nazistas, ela escreve esta frase, que revela seu desespero: “é melhor acabarem os sustos de uma vez do que ficar à espera indefinidamente”. Imaginem que ela passou mais de dois anos presa dentro do seu próprio esconderijo.
     Reclama também de não poder movimentar seu corpo como faria no cotidiano em liberdade: diz ela – A gente tem os movimentos mais cômicos deste mundo, procurando caçá-los.  Mas todo o movimento nos causa embaraço. Falta-nos o jeito porque fazemos pouca ginástica e já não temos o corpo flexível. Uma das coisas mais simples é termos amigos. Em seu desespero, escreve em seu diário a necessidade vital de uma amiga. E foi em função dessa pretensão que ela reclamou em seu diário a presença de uma amiga para conversar. Na falta da amiga, criou uma virtual.
     Em muitos casos, os adultos não levam em consideração os adolescentes, e ela nos dá um recado glorioso, quando coloca sua relação com os adultos: o que tenho eu a ver com toda essa confusão? Haverá quem adivinhe o que se passa na alma de uma adolescente? Portanto, recomendo a todos a leitura do Diário de Anne Frank, por ser acessível e de fácil compreensão a todos os leitores.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

E VIVA O CÍRIO DE NAZARÉ



     A primeira vez que, conheci, participei e acompanhei a procissão do Círio de Nazaré, foi na cidade de Belém do Pará, no ano de 1994. Na ocasião, eu era professor do Núcleo Pedagógico Integrado da Universidade Federal do Pará. Foi uma sensação muito diferente ver aquela multidão agradecer em nome da Virgem de Nazaré. Até hoje não esqueci aqueles momentos que muito me impressionaram.
     A palavra círio vem do latim cereu, de cera. Significa vela grande de cera, como também, festa em homenagem a algum santo, no caso, a virgem de Nazaré. Quando se fala em Círio de Nazaré, pensamos logo numa grande procissão, o que também está correto. É a manifestação de cunho religioso que mais aglomera pessoas no Brasil.
     É uma tradição mais que centenária, que acontece todos os anos, no segundo domingo de outubro, em várias cidades, vilarejos, lugarejos e comunidades distantes, no Norte do Brasil. Sendo que o mais conhecido turisticamente é o círio que acontece na cidade de Belém do Pará. É um cerimonial onde os católicos vão agradecer e honrar Nossa Senhora de Nazaré.
     Muitas comunidades primitivas também realizavam procissões em honra aos seus deuses. Na antiga Grécia, aconteciam em honra ao deus Dionísio. Eram procissões que ao som da música de flautas, as bacantes dançavam em honra ao Deus Dionísio, juntando-se aos Sátiros, também dançarinos, que vestidos a caráter imitavam bodes, cujos animais, para a cultura grega da época significavam os companheiros do Deus.
     Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado “ditirambo”, e assim giravam em torno do altar do Deus, agradecendo pela colheita da uva e pelo sexo que significava a fertilidade da vida. E foi exatamente desse coro, do contraste entre o espírito Dionisíaco e Apolíneo que nasceram a Tragédia e a Comédia. 
     Em seguida o coro separou-se do recitador, nesse momento crucial da história do teatro havia nascido o primeiro ator. Contudo, na procissão já se podia constatar três artes: o canto, a dança e a atuação. Nesse caso, à frente vinha o “Corifeu” – de onde surge a palavra Coro – vestido com pele de bode. Consequentemente todo o resto do grupo respondia ao ditirambo, atuando como um verdadeiro balé litúrgico, numa fusão do trágico e do cômico. Essa narrativa cantada era sempre feita em terceira pessoa. Em 534 a.C. Théspis, um corifeu que participava da festa, representou pela primeira vez Dionísio, transformando essa narrativa em primeira pessoa e dando origem à plateia.
     Poderíamos fazer aqui, uma relação como o Círio de Nazaré, quando todos os anos, numa determinada época, o povo se reúne para louvar a sua Santa (Deusa) Virgem de Nazaré. Neste caso, com características próprias de uma cultura contemporânea do século XXI. É interessante saber que apesar da distância cronológica, momentos semelhantes existem entre essas duas manifestações religiosas, como por exemplo, o vigário assumindo o lugar do Corifeu, que quando fala uma estrofe de uma oração que, automaticamente o povo responde, representando nessa ocasião, o coro. E assim a cultura segue seu rumo. Viva o Círio de Nazaré. Viva o Círio de Macapá.
    




quarta-feira, 2 de outubro de 2019

COMPLEXO DO EQUADOR



     Por muitos anos, o entorno do marco zero do equador se tornou um dos principais pontos de encontro da sociedade amapaense, como também, de turistas que visitam nossa querida cidade. Naquele espaço urbano, em meio à linha do equador, o complexo do marco zero concentra três importantes monumentos: o Marco Zero do Equador; o Sambódromo, complementando-se com a Cidade do Samba e o Estádio Milton de Souza Corrêa, conhecido popularmente como Estádio Zerão.
     Todos sabem que megaeventos e grandes shows musicais sempre aconteceram no entorno do marco zero do equador. O sambódromo está ficando obsoleto em função de que já não mais acontece o desfile das escolas de samba no período de carnaval, como também não há mais confiabilidade da permanência de pessoas, naquele prédio, em função da falta de manutenção. Todos sabem que este ano, os desfiles de sete e treze de setembro voltaram a ser apresentados na Avenida FAB. 
     Além do desfile de escolas de samba, durante os 365 dias do ano aconteciam outros tantos eventos como o desfile das quadrilhas juninas; shows de cantores famosos, tanto amapaenses como músicos conhecidos em todo o Brasil. Ademais, os encontros religiosos que sempre escolhem aquela área urbana para louvarem ao senhor. Na Rua Ivaldo Veras também existe a Cidade do Samba que, por sua vez, também está abandonada e sem nenhuma serventia cultural.
     Muitas vezes com o desfile da comemoração do sete de setembro, a quantidade de pessoas era tão grande que a última escola ficava geralmente na frente do portão principal da Unifap, e realmente era um desfile bonito e grandioso. Nesses desfiles, eu sempre passeava de bicicleta observando a movimentação. Nesse trajeto, ouvia-se um imenso barulho dessas agremiações, visto que várias bandas ensaiavam ali mesmo, no asfalto, antes de entrarem em cena.
     No último final de semana aconteceu o equinócio, com grande movimentação naquela área, com desfiles de carros antigos, corridas de bicicletas, competição de carros, o que trouxe muitas pessoas para apreciar aquele evento. Junte-se a tudo isso o Estádio Zerão, querido por todos aqueles que são amantes do futebol. Tudo que se relacione ao futebol acontece no Estádio Zerão, que é o único estádio do Brasil onde uma equipe situa-se no hemisfério Norte e a outra no hemisfério Sul.
     Acontece, porém, que ali onde passa a linha do Equador, exatamente atrás do Estádio Zerão, está em fase de conclusão o Hospital Universitário. Presumo que todo esse complexo está perto do seu fim, em relação às atividades culturais propriamente ditas, visto que aquele perímetro urbano, futuramente exigirá da população certo silêncio, em função do Hospital Universitário, que será o maior hospital do Amapá. Acredito que a inauguração de um hospital com 300 leitos, naquele perímetro urbano, determina a crescente desativação de todos os prédios do entorno que se volta para a cultura amapaense. Tenho dito.




quinta-feira, 26 de setembro de 2019

PROFESSOR TITULAR



     Ao longo desses vinte e cinco anos venho me dedicando como profissional da educação e como professor pesquisador, na Universidade Federal do Amapá. Venho acompanhando todo o processo de crescimento de nossa universidade. Quando aqui cheguei, só havia nove cursos de graduação, ou seja, a instituição estava embrionária. Nessa época havia três professores mestres e nenhum professor doutor muito menos um professor titular. Isso era impensável há vinte e cinco anos atrás.
     A carreira acadêmica inicia com professor auxiliar, depois professor assistente; em seguida, professor adjunto; depois professor associado; culminando com o último grau da carreira que é o professor titular. Para chegar a ser professor titular é preciso o candidato ser doutor e ter produção acadêmica. Há dois caminhos para se chegar lá; através de concurso público ou a partir da carreira acadêmica.
     O candidato terá que encaminhar processo com memorial descritivo e comprovação de toda sua produção acadêmica. Os memoriais têm longa tradição Brasil, constituem-se em documentos que expõem trajetórias de professores universitários para fins de concursos ou de progressões ao longo das suas carreiras. No caso específico das universidades federais e da progressão para a classe de Professor Titular a ampliação do acesso a esse nível da carreira é a resultante de uma greve do movimento docente. Entre as concessões ao Estado e as conquistas da categoria, essa greve garantiu que todos os professores que alcançarem o nível de Professor Associado IV possam pleitear essa ascensão na carreira horizontal.
     Os memoriais são escritos na primeira pessoa do singular, da mesma forma que as cartas, as confissões, os diários e as memórias. Esse gênero de escrita de si expõe as razões do sujeito na sua parcialidade e subjetividade. Trata-se de um gênero que produz um certo grau de desconforto entre os pesquisadores acadêmicos, uma vez que, por razões de ofício, esses aprenderam a escrever na terceira pessoa do singular ou na primeira pessoa do plural, na pretensão de produzir os efeitos de imparcialidade e impessoalidade.
     A universidade Federal do Amapá, possui atualmente três professores titulares; Professora Doutora Julieta Bramorski; Professor Doutor José Carlos Tavares; a partir de concurso público; e Professor Jadson Porto, através da carreira acadêmica. Todavia na próxima semana há a hipótese de que mais dois professores possam chegar a este topo, sendo: Professor Doutor Romualdo Palhano, cujo cerimonial acontecerá dia 11 do corrente mês (quarta-feira) e Professor Doutora Rosemary Ferreira de Andrade, que acontecerá no dia 12 (quinta-feira) também neste mês de setembro. Isto significa dizer que a UNIFAP finalizará este ano com cinco professores titulares, o que é muito importante para nossa instituição.


sexta-feira, 24 de maio de 2019

CURSO DE TEATRO NO AMAPÁ É AVALIADO PELO MEC


                                                     
     Minha preocupação para a implantação de um Curso de Licenciatura Plena em Teatro no Amapá remete ao ano de 1995, quando aqui cheguei para assumir a função de professor do Curso de Educação Artística da Universidade Federal do Amapá, admitido por concurso público realizado em novembro de 1994. Aliás, mesmo antes de fincar raízes neste espaço geográfico brasileiro eu já havia pensado na perspectiva e projetado a implantação do referido curso.
     Estudei as possibilidades e em 1996 encaminhei projeto de implantação das habilitações de Teatro e Música ao Colegiado do Curso de Educação Artística. O referido projeto também passou por uma comissão de implantação de novos cursos. Infelizmente nem o Colegiado, muito menos a referida comissão entendeu como prioridade a implantação daquelas habilitações. Se naquele período as habilitações de Teatro e Música tivessem sido implantadas, consequentemente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 93.94/96 daquele mesmo ano, as mesmas teriam sido transformadas em dois cursos distintos: Curso de Licenciatura Plena em Teatro e Curso de Licenciatura Plena em Música.
     Se assim o fosse, concretamente de lá para cá, teríamos colocado no mercado de trabalho pelo menos dezenove turmas de profissionais da área do teatro e da área da música respectivamente, para suprir a necessidade premente das escolas de ensino fundamental e médio do Estado do Amapá. Por outro lado, teríamos sido também a primeira universidade e o primeiro Estado da região Norte a implantar seu Curso de Licenciatura Plena em Teatro.
     A persistência é um dos sentidos da vida que nos faz permanecer na luta. Foi preciso duas décadas para que o Curso de Teatro fosse aprovado. Neste sentido, em 12 de novembro de 2013, o mesmo foi aprovado, por unanimidade, pelo Conselho Superior da UNIFAP. Portanto, como resultado concreto da contribuição do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP, em se falando da educação – atualmente duas turmas que já colaram grau, sendo as turmas 2014 e 2015, respectivamente; isto implica dizer que já temos professores de teatro no mercado de trabalho em nosso Estado; por outro lado, em relação à contribuição e influência com a produção teatral, temos como maior exemplo, o espetáculo “A Mulher do Fim do Mundo” da Casa Circo, que está em turnê pelas principais cidades do país, pelo Projeto Palco Giratório do SESC.
     Além de tudo isso, nos últimos dias do mês de abril, o Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP, foi avaliado por uma equipe do Ministério da Educação e Cultura, e entre as notas de 1 a 5, nosso Curso de Teatro foi avaliado com a nota 4. Isto demonstra o resultado de um trabalho que começou com este colunista e que vem tendo prosseguimento com o novo corpo docente do referido Curso. Para finalizar, o Curso de Teatro estará promovendo no período de 20 a 25 deste mês de maio os seguintes eventos: o V Seminário de Artes Cênicas do Amapá; o VI Encontro Nacional de Pedagogia das Artes Cênicas e o III Encontro das Licenciatura em Teatro da Região Norte.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

A ESTRELA E A RÃ



          A Estrela e a Rã, do professor Dr. Palhano, é uma obra literária dedicada às crianças, que traz boas mensagens sobre a relação entre os indivíduos.  Apresenta leitura simples, mas é recheada de imagens para colorir. E isto é interessante, porque a criança aprende se divertindo. A obra também traz no seu final, jogos de passa tempo. A primeira edição se deu no ano de 1997 e a segunda edição no ano de 1998. Renovada e atualizada, a novidade é que desta vez, a obra passa a considerar as crianças da nossa fronteira com uma tiragem bilíngue (Português-Francês).
     A professora Majo Queiroga que exerce suas funções na Escola Danielle Mitterand, escreveu o prefácio do livro e fala um pouco da referida obra: “Francolfilo, o autor preocupou-se em presentear o público falante de francês, bem como todos os estudantes da língua francesa, quando se preocupou em fazer a versão em francês deste livro, para os leitores do Estado do Amapá. Enquanto professora de francês, considero este livro um verdadeiro presente para todos do Estado do Amapá por várias razões, visto que a obra em questão possui um significado muito expressivo na literatura local, quando valoriza a língua da fronteira, ou seja, põe em evidência a língua do Departamento Além Mar (DDM) da Guyana Francesa.”
     O motivo central, da “Estrela e a Rã”, mostra-se de imediato no título e na ilustração. Os textos são breves e desenvolvidos por ilustrações dinâmicas que, sutilmente, discutem o desejo da comunicação com as pessoas e as coisas do mundo, como nos revela umas das frases do livro: “À noite a rã se dedicava a olhar a lua, o céu, os planetas e as estrelas."  Assim, a rã, aflita diante das relações pessoais e modificações de seu ambiente natural, personifica o fato de que a natureza precisa ser respeitada para que a vida se cumpra. ”
     O livro “A Estrela e a Rã” além de ser instigante, faz uso de uma linguagem ao mesmo tempo simples e acessível ao público a que se destina. Palhano narra a estória de uma rã que se apaixonou por uma estrela que estava em outra constelação muito distante, e que na dificuldade de conquistá-la, supera as adversidades ao buscar novas alternativas. De toda forma, sem perder as esperanças, ao vê-la refletida no lago em que morava, a rã definitivamente mergulha no lago em busca de um final feliz.
     A obra “A Estrela e a Rã” será lançada na próxima sexta-feira, dia 26, às 16 horas, dentro do evento “Café, Memórias e Pesquisa”, do Departamento de Pesquisa da UNIFAP, no auditório do Prédio Aranha, com a seguinte programação: palestra do Prof. Dr. Palhano sobre suas pesquisas dentro e fora da UNIFAP; lançamento do livro A Estrela e a Rã, e em seguida, lançamento do Boletim do DpQ online. “A Estrela e a Rã” é uma obra dedicada ao público infantil, mas com certeza o público adulto também se deliciará com a mensagem contida no livro. A obra tem tradução da professora Majo Queiroga, com ilustrações de Gesiel Santos.


quinta-feira, 18 de abril de 2019

PARABÉNS UMA CRUZ PARA JESUS


                                                        

     Estamos no início da semana santa e neste ano de 2019, o teatro amapaense tem muito a comemorar, principalmente pelos 40 anos de resistência do espetáculo “Uma Cruz para Jesus”, que tem à frente o ilustre e incansável diretor Amadeu Lobato. Para aqueles que acompanham essa trajetória, basta imaginar que são 40 anos de resistência em relação ao fazer teatral nas terras tucujus. Faça chuva, faça sol, com apoio ou sem apoio dos órgãos de cultura, Amadeu Lobato se transformou nessa grande escola de teatro ao ar livre, quando coloca em cena, todos os anos, mais de cem atores e atrizes concentrados num espetáculo de uma pouco mais de uma hora, na área externa da Fortaleza de São José de Macapá.
     É um espetáculo em que o público amapaense tem a oportunidade de assistir ao ar livre esse trabalho que demonstra a vitalidade e a persistência do teatro amapaense. “Uma Cruz para Jesus” já é sinônimo de seu mentor, Amadeu Lobato, e sua peça apresentada ao ar livre na área da Fortaleza de São José, também significa e se revela na principal escola de teatro do nosso Estado. Sim! Porque grande parte das pessoas que se dedicam hoje ao teatro amapaense, passaram pela escola do Amadeu Lobato.
     “ - Quem daqui já teve alguma experiência com teatro? ” Quando faço esta pergunta aos meus alunos calouros do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP, geralmente escuto a seguinte resposta: - Eu já tive experiência no espetáculo Uma Cruz para Jesus”, com Amadeu Lobato. Por isso, esse trabalho e essa dedicação do Amadeu Lobato, já é referência tanto na sociedade amapaense quanto dentro da academia.
         Durante todos esses anos acompanhamos de perto a obra do mestre Amadeu Lobato e foram muitas as vezes que seu trabalho foi montado com garra, coragem e decisão, sem nenhum apoio dos órgãos de cultura do Estado e Município. Presenciei espetáculo com os atores hiper-cansados, com a lateral da Fortaleza (seu espaço cênico) completamente tomado pela lama. Mas, o mais importante é que o público sempre esteve lá, literalmente de pé vendo a ficção e aplaudindo na realidade, os passos de Jesus Cristo.
     Amadeu é um caboclo atrevido e deveras teimoso, não fossem essas características, esse espetáculo já não mais existiria. Esperou décadas para sensibilizar os órgãos competentes, porque o público sempre foi fiel à sua peça.
     Após vários anos de apresentação em muito vem crescendo, cada ano com uma novidade, tanto no que diz respeito aos cenários como também à encenação. Sobre a encenação propriamente dita, em várias cenas do espetáculo utiliza-se da iluminação para melhor visualização do público. Como este espetáculo se apresenta todos os anos, a lateral da Fortaleza fica completamente lotada e tomada pelo público presente. Parabéns a Amadeu Lobato, grande mestre do teatro amapaense.
     Seguramente posso citar aqui algumas influências de “Uma Cruz para Jesus” nestes 40 anos de atividades ininterruptas. No entanto, é em função deste espetáculo que se disseminou vários outros grupos que passaram a apresentar seus espetáculos sobre a vida, paixão e morte de cristo. Bairros como: Perpétuo Socorro, Pacoval, Novo Horizonte, entre outros também fazem apresentação sobre a vida de Cristo. Em função de todo esse trabalho parabenizo o espetáculo “Uma Cruz para Jesus”, por sua resistência e persistência nesses últimos 40 anos de apresentação. Parabéns ao seu mentor, diretor, ator e dramaturgo, Amadeu Lobato, por essa grande e significativa escola de teatro ao ar livre, das terras tucujus.



quinta-feira, 28 de março de 2019

E VIVA O TEATRO NO DIA 27 DE MARÇO



     Do ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na atualidade, poderíamos afirmar que o teatro surgiu na Grécia Clássica, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Portanto, não se pode negar que a cultura oriental é muito sedimentada, mas embora o oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de rituais religiosos.
     É notório que a Grécia antiga tenha herdado esses rituais, entretanto não podemos negar que foi justamente nesse país que os primitivos rituais foram, ao longo dos anos se transformando, tomando novas formas como festividades e atividades culturais até determinar os cultos teatrais como forma de representação e arte, à qual conhecemos hoje.
     A etimologia do teatro deriva do latim theatrum e do grego theatron, que dá ao vocábulo o sentido de miradouro, praticamente, lugar de onde se vê, lugar para olhar, detheasthai, “olhar”, mais – tron, sufixo que denota “lugar”. Entendendo-se dessa maneira, que o sentido primitivo da palavra “teatro”, estava relacionado estritamente com a ideia da visão. Esse verbete, que significava o prédio onde são realizados espetáculos, posteriormente se tornou mais amplo e a ter maior alcance, com maior sentido conotativo, designando peças, produção, preparação de uma peça teatral em geral, entre outros.
     Esse teatro do qual conhecemos na atualidade, originou-se basicamente de três festividades: a) dos mistérios de Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas – Elêusis, Demótes e Proserpina; e c) do culto ao Deus Dionísio. Sendo que esta última versão se considera como a mais provável, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados.
     Sabe-se que uma vez ao ano, justamente por ocasião das vindimas (colheita de uvas), prestava-se homenagem ao Deus Dionísio; Deus da uva e do vinho; da embriaguez e da fertilidade. Geralmente, nesses cultos sacrificava-se um animal, mais praticamente um bode que, por sua vez, significa tragos em grego, de onde surge etimologicamente a palavra tragédia.
     Comumente ao som de música de flautas, as bacantes dançavam em honra ao Deus Dionísio, juntando-se aos sátiros, também dançarinos, que vestidos à caráter, imitavam bodes, que, para a cultura grega desse período significavam os companheiros do Deus. Depois de algumas horas, já embriagados, entregava-se com entusiasmo a esse frenesi, esse culto, a esse verdadeiro espetáculo. Nessas condições, o teatro tem, notadamente, origem religiosa e campestre.
     Com o passar do tempo, o próximo passo foi a organização de procissões, que se tornaram muito mais religiosas do que profanas. Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado “ditirambo”. E assim giravam em torno do altar do Deus, agradecendo pela colheita da uva e pelo sexo, que significava a fertilidade da vida. Aqui, revela-se o verdadeiro espírito da democracia grega, sua gênese, onde os cidadãos tinham o pleno direito de se manifestar e participar ativamente daquela sociedade. Foi basicamente desse hino, dessa primitiva música que, segundo Nietzsche, nasceu o teatro grego. Aqui, indico aos interessados, a leitura do livro “o nascimento da tragédia” do referido autor.
     Para Augusto Boal, teatro era o povo cantando livremente ao ar livre. Naquele momento, foi o povo grego quem criou e ao mesmo tempo se tornou o próprio destinatário do embrionário espetáculo. E foi exatamente desse coro, do contraste entre o espírito Dionisíaco e Apolíneo que nasceram a Tragédia e a Comédia. A tragédia tinha como principais características o terror e a piedade que despertava no público. Era constituída de cinco atos e voltava-se para o resgate da mitologia grega, com seus deuses, heróis e feitos. A comédia era dividida em duas partes com um intervalo. Tratava dos homens comuns e de sua vida cotidiana. A comédia representava o vício, enquanto a tragédia, a virtude.
     Em função de essas atividades teatrais persistirem até nossos dias foi que em 1961, o Instituto Internacional do Teatro da UNESCO, órgão das Nações Unida, voltado para a educação, ciência e cultura, resolveram criar uma data dedicada às atividades culturais ligadas à representação, durante o seu IX Congresso Mundial, em Viena, Áustria. Portanto, em função da inauguração do Teatro das Nações, em Paris, França, em 27 de março de 1962, tem sido celebrado o Dia Internacional do Teatro. A data 27 de março, assinala também a inauguração das temporadas internacionais no referido teatro.


segunda-feira, 18 de março de 2019

UTÓPICA REFORMA




     Como todos sabem, é grande o debate sobre a reforma da previdência. As dúvidas também são imensas. Quem serão os beneficiados e qual classe terá menos proveito? Nesse caso, quais serão os perdedores e quais serão os ganhadores? Com certeza, são muitas as indagações. Mas, sem sombra de dúvidas, da forma que está sendo encaminhada, com certeza serão os mais pobres os grandes perdedores, a grande maioria da sociedade, posso dizer assim.
     Enquanto os poderosos e os grandes grupos tentam, com apoio dos mass media, aviltar a maioria da população, realmente as pessoas passam a acreditar que a reforma da previdência beneficiará a todos.  E assim, desde tempos remotos, a grande maioria vai se transformando em massa de manobra dos pequenos grupos. A ideia é assim mesmo: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Foi assim no Império Romano, quando a base de domínio era pão e circo, da mesma forma que aconteceu com a difamação do povo judeu pelo governo alemão, na 2ª grande guerra.
    Um dos mandamentos da Lei de Deus diz: “Não tomarás seu Santo Nome em Vão”, e por incrível que pareça, o santo nome vem sendo utilizado erroneamente por algumas religiões, com o intuito de iludir o povo. Meu pai, que não tinha muito estudo, porém tinha muito conhecimento, sempre me falava uma frase de cunho simples, mas de profundo significado: “se não fosse os bestas, os sabidos não viviam”. E é assim mesmo que acontece na dialética da vida cotidiana.
     Produto de minhas ideias, minha reforma da previdência, embora seja utópica ainda é por mim desejada e esperançosa. Aliás, seria inaceitável nessa época de globalização e neoliberalismo do mundo burguês capitalista, visto que vai de encontro a tudo que está aí e que a sociedade nos passa crer que tudo se torna normal e cotidiano na moderna vida social.
     Talvez eu pense diferente de todos, mas acredito que a reforma da previdência não deveria acontecer direcionada para os que nada tem, para os mais pobres, mas sim, deveria ser dirigida para uma pequena parcela dos que possuem mais e que se encontram no topo da pirâmide social, para aqueles que tem todas as benesses da riqueza do país. Para aqueles que vivem no luxo. Aliás, o luxo existe em função do lixo. Se alguns estão usufruindo do luxo, é porque uma grande maioria vive no lixo.
     Para finalizar este humilde artigo, socializo com todos como encaminharia minha reforma da previdência que seria: no legislativo, diminuir de 81 para apenas 40 senadores; diminuir de 513 deputados federais para 255; diminuir os deputados estaduais e os vereadores, de cada prefeitura do país, pela metade. No que se refere à cidade de Macapá, de 24 deputados estaduais deveria cair para apenas 12, da mesma forma que na câmara dos vereadores que de 23 deveria diminuir em cinquenta por centro. Além disso, acabar com os auxílios (que são muitos) e todas as aposentadorias daqueles que passam apenas quatro anos nesses cargos públicos eletivos e já saem aposentados. Esta é uma reforma utópica?


segunda-feira, 11 de março de 2019

O TEATRO PRIMITIVO



     Inicio este artigo, afirmando que as diversas formas de representação são tão antigas quanto a própria humanidade. Os primeiros momentos da arte dramática se revelam tanto dentro da caverna como fora dela. Um dos primeiros momentos de representação do homem foi ainda no período primitivo. Fora da caverna, ao abater o animal para satisfazer suas necessidades como alimentação ele também utilizava os ossos para confeccionar armas como também sua usava a pele para servir de vestimenta e proteção em relação à natureza.
     Não só isso, ele usava seu pensamento e sua tecnologia para atrair outros animais. Recurso criado pelo próprio homem, o que o diferenciou dos demais bichos. Vejamos: a primeira forma de representar foi exatamente quando o homem primitivo se vestiu com o couro do animal e se fez de animal para atrair outros da mesma espécie. Por exemplo, ele matava um bisão, tratava a pele e na próxima caçada se vestia com a mesma como se fosse outro animal, para chegar o mais próximo possível, para poder abater com mais facilidade sua próxima presa. Nesse momento ele se apoia no mimetismo e na representação.
     Aqui está a grande mágica do teatro, a capacidade de se apresentar aos outros sem revelar seu segredo pessoal e sua identidade. E é assim que o homem moderno se apresenta na sociedade. Um professor não é apenas um professor no seu ambiente de trabalho, em casa é pai, avô, na roda de amigos, é amigo, etc. Outro momento interessante em relação ao teatro primitivo podemos encontrar exatamente nos momentos de socialização dentro das cavernas.
     Desde os tempos mais remotos, a divisão do trabalho das pessoas que viviam em grupo, sempre aconteceu, da mesma forma que ainda acontece na atualidade. Vamos aqui imaginar a vida de um grupo primitivo: no princípio, o papel do homem era caçar e trazer o alimento para casa, e isso era fundamental para a sobrevivência daquele grupo social. Por outro lado, as mulheres ficavam com o papel de organizar e suprir as necessidades dentro das cavernas e dos arredores.
     O papel da mulher era a de cuidar dos anciãos e das crianças, à noite havia a necessidade de acender o fogo, nesse período, ao caminhar dentro da caverna, os primitivos deram conta da sombra e foi exatamente em função disso que as mulheres para animar seus filhos, começaram a inventar o teatro de dedos e mãos, projetando sombras dentro da própria caverna, para brincar com seus filhos. O teatro de sombras surgiu também nesse período, antes mesmo do teatro de bonecos, que surge em função das sombras, ou seja, o teatro de sombras está para o teatro de bonecos, como o teatro de bonecos também está para o teatro de sombras.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

FUTURO INCERTO



     O entorno do marco zero do equador se tornou um dos principais pontos de encontro dos amapaenses como também de turistas que visitam nossa querida cidade. Naquele espaço urbano, em meio à linha do equador, o complexo do marco zero concentra três importantes monumentos: o Marco Zero do Equador; o Sambódromo complementando-se com a Cidade do Samba e o Estádio Milton de Souza Corrêa, conhecido popularmente como Estádio Zerão.
     Todos sabem que megaeventos e grandes shows musicais sempre acontecem no entorno do marco zero do equador. No sambódromo acontece um dos maiores eventos da cidade que é o desfile das escolas de samba no período de carnaval; e para que isso aconteça, torna-se prioritário grande movimentação no entorno daquela área urbana; área mais do que necessária para que cada evento, como o desfile das Escolas de Samba, por exemplo, tenha sucesso.
     Além do desfile de escolas de samba, durante os 365 dias do ano acontecem outros tantos eventos como o desfile das quadrilhas juninas entre vários shows de cantores famosos, tanto amapaenses como músicos conhecidos em todo o Brasil. Ademais os encontros religiosos que sempre escolhem aquela área urbana para louvarem ao senhor. Na Rua Ivaldo Veras também existe a Cidade do Samba que, por sua vez, serve como suporte ao Sambódromo em suas atividades culturais.
     O mês de setembro sempre é bastante movimentado com os desfiles dos dias 07 e 13 deste mês, quando aquela área se reveste de desfiles de escolas estaduais e municipais, exército, bombeiros e polícia militar, entre outras agremiações. Tanto no desfile das escolas de samba como no desfile do dia 07 de setembro a parte de trás do Zerão fica repleta de bandas de música das escolas, todas esperando seu momento para entrar em cena. Neste caso, o barulho é imenso na espera de desfilar no sambódromo.
     Lá também está localizado o Marco Zero do Equador, com várias festividades inserindo aqui as principais que são os Equinócios: equinócio da primavera, em março e equinócio de outono, em setembro. Na maioria dos casos, há danças e exposições, o que transforma aquele ambiente num grande local de encontro das pessoas que aqui habitam. Ainda há os solstícios que não são muito divulgados, mas que acontecem em junho e dezembro.
     Junte-se a tudo isso o Estádio Zerão, querido por todos aqueles que são amantes do futebol. Tudo que se relacione ao futebol acontece no Estádio Zerão, que é o único estádio do Brasil onde uma equipe situa-se no hemisfério Norte e a outra no hemisfério Sul. E o que dizer dos circos que sempre chegam à cidade de Macapá, o melhor espaço para se instalar um deles só poderia ser naquele espaço urbano, como sempre acontece.
     Após a inauguração do Hospital Universitário qual será o destino desses monumentos? Digo isto, porque, tendo em vista que o Hospital Universitário se transformará no maior centro de concentração da área da saúde no Amapá, então, dá pra imaginar que esses monumentos ficarão obsoletos. Penso que o sambódromo poderia ser transformado realmente numa escola ou centralizar órgãos do Estado; o Estádio Zerão poderia ser doado à Unifap para o Curso de Educação Física e ainda a Cidade do Samba deveria ser devolvida à Unifap visto que foi construída na área daquela instituição. Acredito que se tornará impossível manter eventos desses níveis, após a movimentação daquele Hospital.