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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

EMPREENDEDORISMO E TEATRO NO AMAPÁ




     Passado a primeira década do século XXI está se configurando na cidade de Macapá a era dos shoppings centers. Shopping Center Araras localizado na Rua Padre Júlio foi o pioneiro dessa nova forma de concentração do comércio; em seguida foi inaugurado o Shopping Fortaleza na Rua Leopoldo Machado e agora o Amapá Garden às margens da Rodovia Juscelino Kubitscheck em frente à Universidade Federal do Amapá, que promete ser o maior de todos, com perspectivas de inauguração para março de 2013. Realçando ainda alguns mini shoppings que estão distribuídos na área comercial da cidade.
     Esta nova fase de configuração do comércio local remete às adaptações que em face à concorrência sugerem modificações físicas estruturais de ampliação e adequação com projeções de maiores dimensões para conquistar o público, como no caso das que estão sendo realizada no Shopping Fortaleza à vista de todos que por lá passeiam. Essas mudanças se tornam obrigatórias para a manutenção e sobrevivência desse tipo de comércio face aos concorrentes. O comércio vive em guerra já dizia Bertolt Brecht.
     No que se refere ao lazer e tendo como fonte a arte, o cinema está em primeiro lugar. Com sua nova reestruturação física o Shopping Fortaleza inaugurará cinco salas de cinemas abrangendo uma área de 1.282,84 m². As referidas salas estarão localizadas no terceiro piso. Por outro lado, o Amapá Garden terá no âmbito do seu espaço físico, oito salas dedicadas à sétima arte, conforme informações lançadas na mídia amapaense.
     Neste sentido, o que mais me preocupa é o fato de que nenhum desses grupos empresariais se voltou para pensar na possibilidade de ampliação da oferta de bens culturais voltados para o lazer tendo por base as artes cênicas e especialmente o teatro. Pensando bem, pelo menos um dos cinco cinemas do Shopping Fortaleza e um dos oito cinemas do Amapá Garden poderiam ser inaugurados como cine teatro. Porque não?
     Acredito que há condições de se criar companhias teatrais específicas para montar espetáculos infantis e adultos para serem apresentados nesses ambientes, com vistas numa produção de espetáculos que fossem apresentados todos os dias em horário determinado, prezando pela exigência do público presente.
     Atualmente temos diretores, atores, atrizes e técnicos que podem suprir a necessidade de profissionais para desenvolver este trabalho em nossa capital. Há que haver um empreendedor para se voltar para o teatro como forma de oferecer mais uma opção para o público amapaense. Para que isto aconteça se faz necessário um bom empreendedor e um cine teatro em cada shopping, porque artistas envolvidos no teatro têm de sobra em nossa capital.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

OBRA DE ARTE E TRABALHO




     Em primeiro lugar nos deteremos em enfocar a arte, que é algo desinteressada do espírito e apresenta independência relativa com relação às necessidades. A criação de uma obra está relacionada ao trabalho, mas contraditoriamente a obra enquanto tal se opõe ao trabalho. Ela também é alheia à lógica do consumo, embora tenha se tornado uma mercadoria na era contemporânea.
     Vivemos para criar e a obra impõe-se à vida como o fim. Coloca a vida em estado de obediência e desembaraça a vida e a morte. A obra nos faz ter acesso ao mundo instaurando diálogos entre as gerações desaparecidas, os vivos e as gerações futuras. É a obra que nos faz ter acesso ao mundo e nos desembaraça a vida e a morte. A obra converte o tempo em espaço e separa o construir do destruir.
     Desde que o mundo é mundo e após ser estabelecida nele, a obra tem vocação para nele permanecer e se ordena em torno da ideia de movimento. Em se tratando de questões psicológicas a obra nunca é trabalho forçado, mas, por outro lado, em questão de seriedade a obra em nada perde para o trabalho. É em função da obra que o homem imortaliza, encara e conhece sua mortalidade.
     Isto porque o trabalho na obra soa leve, ele justifica o mais nobre orgulho embriagando assim o seu criador. A obra faz a realidade crescer e tem a capacidade de estabelecer um diálogo além do tempo, com outros homens de outras sociedades. Enfim, toda obra é trabalho, mas nem todo trabalho é obra.
     Diferente da obra, o trabalho é ligado à subsistência e parece nunca experimentar uma humanidade realizada visto que como tem de trabalhar, o homem é menos livre e menos feliz do que o animal. O trabalho é transição, não é comunicação, nele o homem consome e é consumido. O trabalho se autodestrói ao exigir do trabalhador um gasto de energia para produzir objetos para o consumo.
     No trabalho o homem trabalha para sobreviver, para reproduzir-se e esgota-se na reprodução de uma vida perpetuamente agonizante. Na realidade, ninguém aproveita definitivamente o trabalho, nem os que desfrutam de seus produtos, nem os que se matam para produzi-los. Todo trabalho é alienado e está condenado a não ter fim. Hércules é tudo menos trabalhador, visto que seus trabalhos não representam necessidades, porém prodígio. Ao contrário de Hércules o homem trabalha para viver, sujeitando-se à lógica do consumo e subordinando-se à vida.
     O trabalho esgota-se na produção de objetos e nos obceca não nos permitindo habitar o mundo. Ele é o espaço convertido em tempo, sempre tem de ser refeito, constrói e destrói, organiza-se a partir do consumo, obceca e mecaniza o ser humano. Enfim, o animal humano é nitidamente caracterizado, como espécie e na sua origem, pela pulsão de produzir um excedente.