A partir de 1859, o teatro romântico e
realista foram perdendo espaço para uma nova estética do espetáculo. Isso
aconteceu principalmente em função da inauguração, no Rio de Janeiro, do Teatro
Alcazar Lyrique, que teve à frente o empresário Joseph Arnaud. Em relação ao
que se fazia antes, esta casa de teatro, com seu novo tipo de espetáculo,
surgiu com perspectivas completamente diferentes no que diz respeito à
encenação, como também em relação ao próprio ambiente. O espaço onde acontecia
os espetáculos, deixou de ser um local hermeticamente fechado, como o teatro
italiano, para se transformar num recinto etílico.
Esse novo tipo de casa de espetáculos,
além da própria apresentação, também proporcionava ao público assistente, a
chance de poder beber algum drinque, em mesas dispostas na frente do palco. Era
um teatro de entretenimento que trazia em seu bojo, uma montagem teatral,
baseada na dança, na música, e principalmente na beleza das mulheres que se
apresentavam com roupas bastante curtas; surgia assim, o teatro das
vedetes. Esses espetáculos se dividiam em duetos,
operetas, revistas de ano, burletas, mágicas, pequenos vaudevilles e em cenas
cômicas.
Mesmo que no início tenham sidos
apresentados em francês, com o passar do tempo e principalmente no ano de 1868,
surgiu no Teatro Fênix Dramática, a peça Orfeu na Roça, de Francisco Corrêa
Vasques, uma adaptação de Orphée aus enfers. Em seguida, em 1876, vai
estrear a peça A Filha de Maria Angu, que era uma paródia de Artur
Azevedo, escrita a partir da peça francesa La Fille de Madame Angot. Já
em 1880, a opereta é reconhecida e nacionalizada por completo, por Artur
Azevedo, em parceria com Francisco de Sá Noronha, em função da estreia da peça Os
Noivos e a Princesa do Cajueiro.
Um grande diferencial entre esses tipos de
espetáculos era a Mágica. Tipo de representação que tinha características de
uma grande performance teatral que encantava o público presente, que se
surpreendia pelo fato das ações inesperadas em que os recursos visuais da cena surgiam
e desapareciam, como num toque de mágica. A Mágica teve seu ápice entre o
período de 1880 a 1890, resistindo até o início do século XX. Na história do
teatro brasileiro, esse foi o período em que se deu mais prestígio para os
cenógrafos e os maquinistas, em função de que as cenas das Mágicas, dependiam
exclusivamente do trabalho desses profissionais.
A energia elétrica foi usada pela primeira
vez no teatro brasileiro, em 1884, por Artur Azevedo e Moreira Sampaio, na
apresentação da peça O Mandarim, em que foi utilizado um pequeno
gerador, que emitiu um foco de luz elétrica que passou rapidamente iluminando o
palco. Na época, gerou grande revolução no teatro, e logo em seguida outras
revistas passaram a se utilizar da energia elétrica para iluminar seus
espetáculos. A expressão francesa mise en scènce, foi usada pela
primeira vez no Brasil, também por Artur Azevedo, que no nosso português se
tornou encenação, substituindo o trabalho do antigo diretor que passou a
se denominar de encenador.