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sexta-feira, 28 de junho de 2013

AMADEU LOBATO E O TEATRO NO AMAPÁ


     Há 35 anos que o público amapaense tem a oportunidade de assistir ao espetáculo teatral “Uma Cruz para Jesus”. Trabalho que demonstra a vitalidade e a persistência do teatro amapaense. Tem como suporte seu idealizador, dramaturgo e artista de teatro Amadeu Lobato. “Uma Cruz para Jesus” já é sinônimo de seu mentor. Amadeu Lobato e sua peça apresentada ao ar livre na área externa da Fortaleza de São José, também significa e se revela na principal escola de teatro do nosso Estado. Sim! Porque grande parte das pessoas que se dedicam hoje ao teatro amapaense, passou pela escola do Amadeu Lobato.
     O espetáculo apresentado ao ar livre no entorno da Fortaleza de São José de Macapá, utiliza-se de vários cenários e vários planos, inclusive o plano vertical quando é apresentada a cena de Adão e Eva sobre a muralha daquela fortificação mais do que centenária. Com sua “Cruz para Jesus” Amadeu Lobato virou escola e se transformou no ícone de um dos maiores teatros ao ar livre do Estado. Considerando-se também a mise em scène da luta dos Mouros e Cristãos que acontece todos os anos na velha Mazagão.
     “Uma Cruz para Jesus” é trabalho que deveria constar no calendário turístico do Estado do Amapá. Para quem conhece teatro, sabe que esse tipo de encenação revela-se num trabalho muito dispendioso financeiramente. Amadeu é um caboclo atrevido e deveras teimoso, não fossem essas características, o referido espetáculo não mais existiria.
     Há dezenove anos acompanho de perto a obra do mestre Amadeu Lobato e foram muitas as vezes que seu trabalho foi montado com garra, coragem e decisão, sem nenhum apoio dos órgãos de cultura do Estado e Município. Presenciei espetáculo com os atores super cansados, com a lateral da Fortaleza (seu espaço cênico) completamente tomado pela lama. Mas o mais importante é que o público sempre esteve lá, literalmente de pé vendo a ficção e aplaudindo na realidade, os passos de Jesus Cristo.

    Após vários anos de apresentação em muito vem crescendo este espetáculo. Tanto no que diz respeito aos cenários como também à encenação. Sobre a encenação propriamente dita, em muitas cenas do espetáculo colocou-se música ao vivo o que contribuiu imensamente com o desenvolvimento das cenas, como também para a compreensão do público presente. Como este espetáculo se apresenta todos os anos, a lateral da Fortaleza fica completamente lotada e tomada pelo público presente.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

CELSO DIAS E O TEATRO NO AMAPÁ


     Foi no ano de 1977 que em pleno regime militar, Mário Celso Couto Dias começou a fazer teatro no Amapá. Nessa época havia em plena atividade o Grupo de Teatro do SESC/Amapá. Na ocasião, o aprendiz de artista Celso, foi apresentado a Pedro Guerra que era o diretor do grupo. Estreou na peça “O Menino do Laguinho”, criação coletiva que enfocava a história de um menino do marabaixo e abordava questões culturais e religiosas. 
     Com o sucesso alcançado o grupo se apresentou em vários municípios do Estado com total apoio do SESC regional. A peça foi apresentada pela primeira vez no Cine João XXIII que funcionava na década de 1970, como Cine Teatro e pertencia à paróquia de São José. Lá também se tornou o local de ensaio da peça. O elenco era composto por aproximadamente trinta pessoas entre atores, atrizes, diretores, contrarregras, iluminadores, sonoplastas, entre outros.
     Alguns dos artistas que participaram da peça “O Menino do Laguinho”: Raimundo Conceição, Nérica, Fátima, Leila, Elias Vale, Jorge, Rogério, Paulo e Milton Adachi. O Menino do Laguinho passou a ser o espetáculo mais conhecido desse período e ficou um bom tempo em cartaz. Ocorreu que com a saída definitiva de Paulo Guerra, que era o diretor da peça, o grupo de dissolveu.
     Mas, esse fenômeno que num primeiro momento pareceu difícil de ser aceito, mais tarde refletiu beneficamente para o teatro no Amapá, tendo em vista que gerou nos participantes, motivação suficiente para ligeira superação em função de que, na ocasião, outros grupos fossem sendo criados, como bem nos coloca Celso Dias: “O Raimundo Conceição com o Língua de Trapo, eu criei o PROA e outros foram surgindo sequencialmente.”
     Deixando os temas regionais um pouco de lado à medida que ia se aprofundando teoricamente na área do teatro, Celso Dias passou a criar trabalhos com base na teoria de Antonin Arthaud, como ele próprio relata: Foi ai que eu tive problemas porque o teatro da crueldade era muito avançado pra época porque chocava. Em função disso vieram problemas com a Igreja Católica, com a sociedade e até com os próprios atores de teatro. Foi um período muito difícil para mim.
     Todavia, o ator Celso Dias ainda continuou montando espetáculos teatrais como: “Terra Araguaia Teraa”, cuja estréia se deu na Igreja Jesus de Nazaré; “A Santificação de Agarantu”; “Mar abaixo” e “Do Lado de Lá”. Culminando com seu último trabalho “O Menino da Cidade” que foi montada em 2009. Mas para ele um dos trabalhos mais significativos de sua carreira nas artes cênicas foi o espetáculo “Do Lado de Lá”, do qual foi diretor. O referido espetáculo teve participação especial de Claudete Machado que, na época, era atriz reconhecida no Estado.