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segunda-feira, 29 de abril de 2013

PROFESSORA ZAIDE SOLEDADE E O TEATRO NO AMAPÁ



 
     Em nosso meio ela é conhecida especialmente como Professore Zaide. Pessoa simples, inteligente, compreensiva, batalhadora e quem tem dado grande contribuição à arte e à cultura no Amapá. Entre tantos afazeres professora Zaide também caminhou pelo teatro. Para se ter uma ideia desde o ano de 1952 que Zaide vem contribuindo com as artes cênicas no Amapá. Como professora sempre motivava seus alunos com suas aulas de teatro e com a montagem de pequenos dramas, principalmente relativo às datas comemorativas do calendário escolar.
     Em função de ter nascido numa família muito religiosa, professora Zaide viveu seus primeiros momentos no teatro quando representava “As Pastorinhas” na Igreja que pertencia à Paróquia de São José de Queluche em Belém do Pará, quando lá residia. Dramatização que se repetia todos os anos na época do Natal e do dia de Reis. Mesmo no início de sua carreira, a atriz Zaide adolescente de 14 anos sofreu alguns percalços, como ela mesma conta em entrevista concedida a este colunista:
     “Como eu era muito danada foram pedir para minha avó se eu podia aparecer na peça “As Pastorinhas”, então a Vovó disse que não tinha problema porque era na igreja. Daí, ela foi se informar com o padre qual papel eu iria fazer. Sabe qual era? O satanás. Então Vovó disse: - Deus me livre, não ela já é muito sapeca. O Padre tentou ajudar dizendo: - Não minha senhora não tem problema não, só é uma representação na peça. Foi tanta conversa, até que convenceram a Vovó e eu fui ser o satanás da peça.”
     Efetivamente, professora Zaide Soledade Santos Silva deu continuidade às suas aventuras no teatro desde 1952, passando pelas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Notadamente chegou ao século XXI, firme e forte em plena atividade artística. Aos dezesseis anos chegou a Macapá. Sua última participação como atriz se deu, especificamente na novela “Mãe do Rio” produzida pela TV Tucujú – SBT quando foi ao ar no ano de 2006. Durante essas década exerceu várias funções como diretora, atriz, sonoplasta, além de motivar incondicional a nova geração. Maria Borges que contracenou várias vezes com a Professora Zaide nas décadas de 1960 e 1970 era outra atriz muito famosa na época.
     Em 2006 escrevi e publiquei nesta mesma coluna quatro artigos sobre a novela Mãe do Rio que, diga-se de passagem, marcou um momento expressivo das artes cênicas no Amapá. Na ocasião citei a professora Zaide quando afirmei que: “Entre os novos atores, a professora Zaide Soledade nos surpreendeu com sua brilhante atuação e com a perfeitaconstrução de seu personagem.” A ela, registraremos nossa homenagem e a reconhecemos como a atriz revelação da novela “Mãe do Rio”.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

JUVENAL CANTO E O TEATRO NO AMAPÁ


 

     Juvenal Antônio Pimentel Canto pertence a uma família que migrou de Óbidos - PA para as terras tucujus e em muito vem contribuindo para o desenvolvimento da arte e da cultura no Estado do Amapá. Chegou a Macapá com apenas 6 anos de idade. É técnico Administrativo em Estatística.

     O auge de sua participação e contribuição com a arte amapaense se deu na década de 1970 do século XX. Na área da música teve fundamental participação na fundação do “Grupo Pilão”, no qual, foi músico, instrumentista, compositor e cantor. Sua contribuição ao teatro no Amapá também aconteceu no referido período como fundador e integrante ativo do grupo “Teatro de Amadores Telhado” juntamente com Maria Benigna, Odilardo Lima e seu irmão Fernando Canto.

     Apresentou espetáculos nos cinco municípios do ex-território: Macapá, Amapá, Calçoene, Mazagão e Oiapoque. Esse projeto surgiu em função de contrato entre o Grupo Telhado e o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização. Em entrevista a este colunista, Juvenal Canto afirma que: Fomos a todos os municípios. Na época o governo disponibilizava ônibus para o grupo. Em função do contrato com o MOBRAL, colocávamos o combustível e também arcávamos com outras despesas, visto que éramos pagos para isso.

     Outro projeto realizado pelo “Grupo Telhado” foi “Fortalecimento e Difusão da Cultura Amapaense” que era patrocinado pelo INACEN – Instituto Nacional de Artes Cênicas e que tinha o objetivo de montar peças e apresentá-las nas escolas. Neste caso, havia peças montadas com atores do próprio grupo como também peças montadas com alunos das escolas. Ele dá seu depoimento quando afirma que:Para mim, o mais importante eram os trabalhos que fazíamos nas escolas com a criação coletiva do grupo e a participação dos alunos na montagem de peças nessas escolas.

     Uma das peças mais importantes do “Teatro de Amadores Telhado” foi sem dúvida “A Mulher que casou 18 Vezes”, na qual, Juvenal Canto participou ativamente como ator. Sobre a referida montagem ele nos revela:Foi uma peça que era para registrar que havia teatro aqui; foi uma peça que conquistou grande público para o teatro naquela época”. “Antonio Meu Santo” também foi outra boa montagem. E além da montagem das peças teatrais, realizávamos outras atividades na área da arte visto que no grupo tínhamos músicos, artistas plásticos, animadores culturais entre outros.

     “A Mulher que Casou 18 Vezes” foi uma montagem que se tornou muito famosa, ficando em cartaz durante muito tempo aqui em Macapá como também em outros municípios.

 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

GUILHERME JARBAS E O TEATRO NO AMAPÁ


 
     O professor Guilherme Jarbas que lecionou por vários anos na Universidade Federal do Amapá onde também foi coordenador do Curso de Licenciatura em História viveu na sua juventude momentos de pura satisfação quando de seu envolvimento com as atividades artísticas no Amapá, principalmente no que diz respeito à área do teatro. Basta dizer que com quinze anos iniciou seu trabalho e sua trajetória seguiu por várias esferas e áreas as mais diversificadas: diretor da Rádio Difusora de Macapá; locutor de rádio; diretor da Radiobrás; trabalhou seis anos na Rádio Clube do Pará; comentarista esportivo; animador cultural, professor; poeta, advogado, fotógrafo e ator.

     A primeira peça que Guilherme Jarbas participou como ator foi “Pluft o Fantasminha” de Maria Clara Machado com direção de Cláudio Barradas e foi apresentada no Cine Teatro Territorial ainda na década de 1960. O elenco era composto por outros artistas como: Professor Carlos Nilson da Costa, Antonio Maria Farias, Adalzira e Consolação Cortes. Era o período do Teatro do Estudante do Amapá, e “Pluft o Fantasminha” teve a honra de participar do Festival de Teatro do Rio de Janeiro.

     Trilhando o seu caminho o professor Guilherme Jarbas também contribuiu imensamente com o desenvolvimento do teatro no Amapá entre as décadas de 1960 e 1970 do século XX. Em plena ditadura militar, período extremamente complicado politicamente para jovens que queriam expressar-se artisticamente, principalmente no que diz respeito ao teatro.  Vivenciou nessa época as agruras do golpe militar de 1964. Não só isso. Pior ainda, sentiu na pele os reflexos do Ato Institucional número 5, o AI5, que se transformou num golpe cultural, desestruturando a arte como um todo em nosso país e prendendo artistas, atores e diretores de teatro. Dos quais, muitos deles foram obrigados a deixar o país.

     Foi nesse período que o professor Guilherme Jarbas para poder se expressar livremente ligou-se à igreja que era uma das instituições que apoiava movimentos sociais e artísticos naquele momento específico de nossa história social. Fato que aconteceu em todo o Brasil. Fase que muitos grupos artísticos procuravam a igreja para poder levar à frente seus projetos artísticos.

     Ele participou como ator em vários espetáculos infantis, como “Pluft o Fantasminha”, “Dona Baratinha” e “A Bruxinha Que era Boa”, todos de Maria Clara Machado, entre outros espetáculos famosos da época. Como vários artistas do Brasil, ele buscou refúgio na Igreja Católica para poder realizar seu sonho e vivenciar experiências no palco. Era apoiado pela Igreja Católica que conseguia vislumbrar e delinear seu futuro com mais alguns colegas da época.

 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

ARQUITETURA TEATRAL - Grécia e Roma


 
     Desde o espaço cênico esférico primitivamente criado pelos gregos para realizarem seus jogos dramáticos e teatrais, em homenagem ao Deus Dionísio, ocasião em que não havia a priori nem palco nem platéia, em sua evolução histórica e cenográfica o teatro passou por diversas transformações. Tanto no âmbito da estrutura do espetáculo como também no que diz respeito à estrutura do edifício teatral. Essas mudanças foram constantes e dialeticamente significativas, tendo em vista as necessidades sociais de cada sociedade e período histórico.
     Uma dessas primeiras mudanças aconteceu ainda na Grécia Clássica, paralelamente à trajetória da própria estrutura cênica. Nesse primitivo período, o teatro grego passou a ser construído entre montanhas, com capacidade para aproximadamente entre quatro e cinco mil pessoas. Nesse ínterim, o espaço cênico passou de circular para semicircular, cujo cenário era fixo. Fato é que o homem não havia ainda conquistado o domínio do arco o que vem acontecer já no império romano proporcionando revolução na arquitetura, sendo um dos maiores exemplos desse período o Coliseu de Roma que é símbolo da cultura pagã. Com a ascensão do cristianismo esse templo passou a ser esquecido.

     Certamente o teatro romano apresentava uma estrutura semelhante ao da Grécia, mas passou a ser construído sem utilizar montanhas como base, por quê? Vejamos. A primeira questão é que a maioria dos teatros foi construído um tanto quanto afastado das cidades; outra questão é que o teatro que se fazia na Antiga Grécia exigia que os atores ficassem de frente para o público, em função disso construiu-se um espaço cênico semicircular com os locais de entrada e saída dos personagens.

     Já o modelo de teatro que se fazia na Roma Antiga não exigia diretamente essa frontalidade com o público, sendo que lá a arquitetura teatral passou a ser construída em forma circular de onde possibilitava que o público pudesse assistir ao espetáculo de qualquer lugar da arena, dessa forma surge o anfiteatro que significa dois lados (ver dos dois lados). Esse fenômeno se deu em função da nova concepção do espetáculo romano que se resumia em lutas de gladiadores, lutas de homens contra animais e que não havia a necessidade desses performers estarem totalmente de frente para o público, fato que atualmente acontece com o futebol. Neste caso o cenário também era fixo.

     Salienta-se que foi em Roma que ocorreu a primeira possibilidade de se cobrir esse espaço com uma imensa lona. É a partir dai que surge o circo romano. Com o advento do cristianismo, mistérios e moralidades foram apresentados em carroças que possuíam o cenário dividido, enquanto que de um lado existia o céu, no outro era o inferno.