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segunda-feira, 30 de junho de 2025

SÃO PEDRO E SANTA ANA

 

 

     Embora as festas em homenagem aos Santos, Antônio João e Pedro, se concentrem no mês de junho, entendo que o prenúncio das festas juninas tem início no dia de São José, 19 de março, visto que, esse é o principal dia para a plantação do milho, com vistas à colheita após três meses, já nas proximidades do São João. Aliás, nas culturas remotas, o domínio de se conhecer a relação entre o tempo, a plantação e a colheita, significava alta tecnologia. Essa consciência gerava poder e know-how, entre tribos que ainda não dominavam esse conhecimento. Muitas festas que se conhece em cada cultura, geralmente tem a ver com a produção, colheita, e fartura de uma determinada região, por exemplo, no Nordeste, a produção do milho em junho, como também a colheita da cevada e divulgação da cerveja, na Oktorberfest, em Santa Catarina, entre outras.

     Sendo assim, o dia 13 de junho é dedicado à Santo Antônio, que é conhecido como Santo Casamenteiro. Vale lembrar que, para todos esses Santos, o costume do povo é fazer simpatias para alcançar seus desejos e pedidos. Mas, o momento áureo das festas juninas, acontece efetivamente no dia 24 de junho, dia de São João, que, entre os demais, é o santo mais comemorado. Há quem diga que a festa do ano mais esperada pelo nordestino, é o dia 24 de junho. E ainda temos o dia 29 de junho, quando se comemora o dia de São Pedro. Pedro que era Simão e que Cristo mudou seu nome para Pedro, que deriva de pedra, e Pedro seria a primeira pedra da Igreja de Cristo. Praticamente 30 dias depois da festa de São Pedro, exatamente no dia 26 de julho, comemora-se o dia de Santa Ana, é um dia que também se acende fogueiras, solta-se fogos de artifícios em comemoração à Santa. Aqui fecha-se o ciclo das festas juninas.

     Independentemente de qualquer coisa, é interessante saber que muitas dessas festividades iniciam, por um lado, pelo cristianismo, e por outro, pelo comércio. Portanto, essas datas sempre foram comemoradas por remotas civilizações pagãs, principalmente em função do domínio da cultura de cereais, que era fundamental para que o homem pudesse se fixar em algum lugar e deixar a vida nômade. Cereal, que deriva da Deusa romana Ceres, e que na Grécia era conhecida por Deméter, que era a divindade da agricultura e da fecundidade da terra. O dia de São José, 19, se aproxima do equinócio quando o Sol segue paralelo à linha do equador, e que ocorre entre os dias 20 e 23 de março, o dia de São João, 24, é o dia do solstício de verão para o hemisfério norte, e acontece entre os dias 20 e 24, as populações antigas já comemoravam o Sol Invictus, período de fim do inverno e início do verão.

     O dia de Santa Aurélia comemora-se no dia 25, próximo ao equinócio de setembro, e no solstício de inverno, é quando acontece a festa de Natal. São Cosme e São Damião são celebrados em 26 de setembro. Vale lembrar também, a comemoração do dia de Santa Ana, que acontece em 26 de julho, período que ainda há festividades relacionadas com os santos de junho, época em que há comemorações e queima de fogos. Santa Ana é a padroeira dos mineradores, e não é à toa que a antiga Vila de Madre de Deus, foi denominada pela ICOMI, como cidade de Santana. Já que a ICOMI trabalhava com a extração do manganês.

   

 

segunda-feira, 23 de junho de 2025

SÃO JOÃO

 


     Estamos em pleno São João, festividade tradicional no Brasil e principalmente na região nordeste. Festas joaninas ou juninas? Joanina deriva de João e é em homenagem a ele que assim se fala: festas joaninas. Junina deriva do mês de junho, visto que acontece nesse período do ano. É a principal festividade do ano e a mais comemorada no nordeste brasileiro.

     Os pagãos comemoravam essa data em função do solstício de inverno, no hemisfério sul e solstício de verão no hemisfério norte. Como a Europa situa-se no hemisfério norte, e praticamente maior parte do ano perdura o frio, os pagãos comemoravam a chegada do “Deus Sol Invictus”, ou seja, o sol invencível que chegava abrindo o verão para abrilhantar e esquentar aquele espaço geográfico.

     O culto ao Sol invicto continuou a ser base do paganismo oficial até a adesão do império romano ao cristianismo. Antes da sua conversão, até o imperador Constantino I, tinha o Sol Invicto como a sua cunhagem oficial. Quando aconteceu a ascensão do cristianismo, ficou decidido que a referida data seria para comemorar o santo “São João”. Com isso, a cultura europeia e de suas colônias, foi se adaptando gradativamente, como é o caso no novo mundo e do nordeste do Brasil.

     Mesmo sendo na atualidade uma dança popular, é bom lembrar que a quadrilha que era muito difundida na França, foi inicialmente dançada na corte francesa. Em seguida, no campo entre os agricultores e seus familiares. Com a descoberta do novo mundo, os costumes e a cultura europeia vieram juntos. Foi assim que se consagrou as quadrilhas mais antigas que traziam muitas palavras francesas e que foram ao longo do tempo sendo aportuguesadas aqui no Brasil.

       Alavantú, vem do francês “en avant tous” (todos para a frente); changê de damas e changê de cavalheiros, vem do verbo “changer” que significa trocar, neste caso, trocar de damas e trocar de cavalheiros. Anarriê, também é do françês “en arrière” (todos para trás); Otrefuá, do francês “autre fois”, que significa outra vez.

     O que não havia na quadrilha francesa e que foi adaptado pelo povo brasileiro, foi a encenação do casamento matuto, neste caso a quadrilha gira em torno desse casamento matuto na roça em que o noivo é obrigado a casar pelo pai da noiva, que com uma espingarda apontada para ele, o obriga definitivamente a aceitar o casamento.

     As festas juninas são comemoradas no dia 13, em homenagem a Santo Antônio, quando na véspera se comemora o dia dos namorados; o dia de São João, 24, é o dia mais comemorado, há fogueiras, queima de fogos e impera a comida derivada do milho, inclusive porque é período de colheita. Dia 29 comemora-se o São Pedro que também é muito lembrado nas pequenas cidades do interior. Nesse período não se toca outra música a não ser o forró. Para o nordestino, o São João tem o mesmo significado sentimental e religioso, da mesma forma que o Círio de Nazaré para o amapaense.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

SEGREDOS DA MURTA

 


     Aproveitando aqui o ciclo do marabaixo, dança bastante significativa para a cultura amapaense, para enfocar principalmente, o que diz respeito a um símbolo seriamente respeitado e utilizado nesse culto, os segredos da murta. Por sua vez, a dança do marabaixo ultrapassa questões: antropológicas, sociológicas, étnicas e culturais. Tornou-se a mais autêntica manifestação cultural do Amapá. Observando que em novembro de 2018, recebeu o título de patrimônio imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional - IPHAN. De outra parte, há uma questão de tamanha importância, que se trata da murta, a planta sagrada do marabaixo, que entre outras coisas, serve para envolver os mastros das bandeiras em devoção ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade.

     Na mitologia grega, a murta era consagrada a Afrodite, já em Roma, era Vênus quem recebia o título de Múrcia, denominação que a relacionava com a referida planta. Os gregos adornavam as noivas com grinaldas confeccionadas com murta. A madeira da murta, a mirra, era usada para incensar cerimônias religiosas tanto na época de Cristo, como também na Grécia antiga. Portanto, a murta tem seus vestígios em vários rituais da antiguidade, por exemplo, o culto às Deusas Deméter e Perséfone, na antiga Grécia, iniciava com uma procissão que partia de Atenas para Elêusis, na qual, os mystai, que eram os iniciados, caminhavam com um buquê de murta nas mãos, como se seguissem os passos das Deusas. A murta também era símbolo fundamental em várias cerimônias à Dioniso, Deus da uva, do vinho, da fertilidade e das festividades.

     A murta simboliza o amor, pureza, proteção, renovação, paz, juventude e beleza. Deriva do hebraico Hadassad, chegando à versão portuguesa, Hadassa, e significa mirto ou murta na nossa língua mater. No antigo testamento na Bíblia, Hadassa, que era judia, mudou seu nome para Ester, para esconder sua identidade e casar com o Rei persa Assuero/Xerxes. Hadassa também está relacionada com estrela, em função da forma da flor. Com o nome científico de Myrtus communis, pertence a um gênero botânico com mais de uma espécie de plantas com flores, que fazem da família das myrtaceae, sendo nativas do sudoeste da Europa e do Norte da África.

      Também é conhecida em várias outras denominações como: hadassad, murta, mirta, marta, múrcia e mirto, sendo esta última relacionada à Vênus e ao matrimônio. Com várias propriedades, suas folhas possuem ação expectorante, antisséptica, sendo usadas para o tratamento da sinusite, tosse e bronquite entre outras enfermidades. Suas folhas também possuem compostos ativos, os quais, possuem propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas, dermatológicos e até mesmo como auxiliar no combate ao envelhecimento. A planta em si, pode ultrapassar os 100 anos de idade. Além do Livro de Ester, na Bíblia, a murta é citada em várias passagens, como no livro de Zacarias, onde simboliza a restauração e a bênção divina, e ainda, no Livro de Neemias, relacionada à celebração da Festa dos Tabernáculos. Esses fatores, reforçam uma visão de renovação espiritual e proteção divina, sentimentos que também se refletem na atual dança do Marabaixo, no Amapá. 

 

segunda-feira, 9 de junho de 2025

OPORÃ

 

                               

         Sexta-feira, dia 30 de maio, no Departamento de Letras e Artes da Universidade Federal do Amapá, aconteceu a inauguração da escultura tridimensional, “Oporã”, cujo artista, J. Márcio, já é personalidade deveras conhecida na cidade de Macapá, tendo em vista que o mesmo, assinou a obra que se encontra na Praça Povos do Meio do Mundo, um espaço público dedicado aos povos originários do Amapá. J. Márcio também é autor da obra “Mulheres do Igarapé”, cujas esculturas localizam-se na Praça Jaci Barata Jucá, e eternizam a história das lavadeiras do Igarapé das Mulheres, no atual bairro Perpétuo Socorro.

     A placa da obra Oporã, foi descerrada às 17:00 horas, com depoimento do próprio artista, como também de vários professores. A referida obra, inaugura um momento peculiar na história do Curso de Artes Visuais, do Departamento de Letras e Artes, como também da própria UNIFAP. J. Márcio é egresso do Curso de Artes Visuais, desenhista, artista visual, pintor, artista plástico, cartunista, caricaturista e professor de artes visuais do Centro Profissional em Artes Visuais Cândido Portinari. Em 2011, publiquei minha terceira obra infantil, intitulada “A Ovelha Malhada”, cujas ilustrações foram de J. Márcio. Naquela época, ele já era licenciado em Artes Visuais e já demonstrava o que tinha de melhor na sua arte para oferecer à comunidade amapaense.

     Em tupi-guarani, “Oporã, ” significa bonito ou belo, sendo uma palavra muito usada no português do Brasil, assim como “oporã, “porã” também é usada para indicar beleza, por exemplo, o nome “Ponta Porã, ” significa ponta bonita, em tupi-guarani. Esta produção do escultor J. Márcio, volta suas lentes para as questões contemporâneas, revelando uma quebra de paradigmas no que concerne ao processo da inclusão social, tema tão necessário a ser abordado na atualidade.

     A obra em si, já se revelou como o totem institucional do Departamento de Letras e Artes da UNIFAP, determinando a indicação física e estética do próprio departamento. Oporã, de J. Márcio, assemelha-se a um pequeno obelisco, com relevos e sulcos que parecem rios, os quais, testemunham a monumental bacia amazônica, com seus furos, suas matas e suas infinitas ilhas, ensejando uma osmose nesse entrelaçar de amor eterno entre as águas fluviais e o continente. Nessa obra, J. Márcio conseguiu criar uma composição harmônica, a partir de materiais completamente distintos, por um lado, o concreto armado, e por outro, materiais metálicos e derivados do ferro, gerando uma leveza unificada na composição da obra.

     A constituição da imagem nos passa ainda, um caboclo remando seu barco sobre águas revoltas, mas com bastante domínio e equilíbrio, como se fosse fácil dominar um pequeno barco frente a fúria da pororoca. De outra forma, também lembra a barca sagrada dos deuses egípcios Ísis e Osíris, ícone crucial que representava o transporte dos deuses e a ligação entre o céu e a terra. Nos remete similarmente, à deusa grega Ártemis, deusa da caça, da vida selvagem, da lua, do parto e protetora das mulheres, à qual, com sua virilidade, vivia armada com seu arco e flecha para atacar o instável e impetuoso inimigo.  O evento contou com a presença do Prof. Dr. Marcos Paulo Torres Pereira (Diretor do DEPLA); Prof. Dr. Joaquim Cesar da Veiga (Coordenador do Curso de Artes Visuais); Prof. Dr. Rostan Martins (Coordenador Artístico) e o autor da obra J. Márcio. 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

TEATRO DO MUNICÍPIO

 


 

     Há 30 anos que venho clamando por um teatro de bolso na cidade de Macapá, sobre esse tema, já escrevi vários artigos ao longo dessas três décadas. Em breve teremos mais um espaço teatral na cidade, desta vez o Teatro Municipal de Macapá, o qual está sendo concluído e está situado na convergência da Avenida FAB e Rua Cândido Mendes, no centro da cidade. Este edifício teatral possui 358 lugares.  

     Na realidade, uma das hipóteses para um novo impulso no teatro em Macapá gira em torno de, por um lado, a construção de um pequeno teatro, e por outro, uma política cultural de administração desse espaço, que propicie o acesso aos mais diversificados grupos que trabalham com artes cênicas em nossa cidade. Uma política cultural que motive também a criação de novos grupos de teatro, principalmente nas escolas da rede municipal de ensino, visto que é principalmente na escola que surge o novo cidadão.

     Tais encaminhamentos viriam a dar cara nova às artes cênicas em nosso município, cativando os jovens, criando uma nova mentalidade e contribuindo para o desenvolvimento sócio cultural de nossa sociedade. Sem esquecer, que os órgãos de cultura em nível federal, estadual e municipal, deveriam contribuir com projetos voltados para o desenvolvimento das artes cênicas como um todo, em nosso Estado.

     Os espaços alternativos que já existem em nossa capital não suprem a necessidade dos nossos grupos de teatro. Por outro lado, apesar de estar inativo, o Teatro das Bacabeiras é um espaço para eventos profissionais ou para grupos, que, como o Língua de Trapo, com seu espetáculo Bar Caboclo, já conquistou um público efetivo, e até hoje é considerado o único espetáculo local que consegue lotar aquele edifício teatral, com capacidade para aproximadamente 710 pessoas sentadas.

     Um exemplo efetivo a essas questões resume-se na utilização do porão do Teatro das Bacabeiras, quando vários grupos já fizeram uso daquele espaço, como foi o caso do espetáculo Esperando Godot, nos primeiros anos do século XXI, com montagem da Companhia Supernova. Ao se falar em teatro de pequeno porte, é importante registrar que, pelo seu espaço ser consideravelmente menor, diminui em muito as despesas em geral, como: limpeza e material de limpeza, com pessoal qualificado para administrar o edifício, com ar condicionado e iluminação, tendo em vista que com apenas uma lâmpada, um grupo pode ensaiar seus números e preparar seu espetáculo, o que muito reduz os custos financeiros e a manutenção do referido prédio, em si. De outra forma, com quatro centrais de ar resolve-se a temperatura na plateia, neste caso, com metade do público basta ligar apenas duas centrais, espaço lotado, passa a funcionar as quatro centrais. Além disso, faz aglomerar ainda mais o público presente, dando um ar de participação mais ativa ao espetáculo.  

     É evidente que com o passar do tempo, administradores e agentes públicos, percebam essa necessidade de engrandecimento de nossa cultura. Portanto, observa-se que na atualidade, há uma luz no fim do túnel, e os artistas e a cultura, esperam com muita ansiedade a inauguração do Teatro do Município de Macapá. Que seja bem-vinda esta notícia, e que realmente seja concretizada pela Prefeitura Municipal de Macapá. Evoé! Que Dioniso nos permita a breve inauguração desse novo e tão esperado edifício teatral!

 

 

 

 

 

domingo, 25 de maio de 2025

AINDA ESTOU AQUI

 


     Todos já ouviram falar sobre o filme que tem como título este artigo. Ainda Estou Aqui, é um filme de 2024, dirigido por Walter Salles, tendo como protagonista Fernanda Torres, no papel de Eunice Paiva e, Selton Mello como Rubens Paiva. A referida obra foi baseada na autobiografia homônima de 2015, escrita e publicada por Marcelo Rubens Paiva, como pode-se observar, o enredo revela a história da família Paiva, com enfoque no Marcelo Rubens Paiva e Eunice Paiva, sua esposa. Ainda Estou Aqui, foi lançado em novembro de 2024. Em razão do filme enfocar questões relacionadas à ditadura militar, que se deu entre o período de 1964 a 1985, do século XX, evidenciando as mais diversas consequências de desagregação do núcleo familiar, sofreu um boicote da direita brasileira. Apesar disso, virou um sucesso de bilheteria, e já alcançou um público de mais de seis milhões de espectadores.

     Foi distribuído no mercado internacional com o título I’m Still Here e, em março deste ano, fez história quando conquistou o prêmio de melhor filme internacional no Oscar, nos Estados Unidos. Consequentemente, em vários países da Europa e do mundo, o filme foi automaticamente traduzido para que o globo conhecesse um pouco dessa fase obscura que aconteceu no Brasil no século XX. Embora a mídia nacional e internacional tenha tido colocado em tela, tal acontecimento, à vista disso, e possivelmente pelo fato de ter conquistado o Oscar, é notório que grande parte da população se sensibilizou em assistir ao referido filme. Destarte, decido trazer à tona, semelhantes acontecimentos artísticos de décadas passadas, que, pelo fato de não terem tido o regozijo de galgar um Oscar, e de não terem sido largamente divulgados pela mídia, não lograram o êxito do filme em tela. Direcionarei meu olhar para dois trabalhos cinematográficos, de tamanha importância e que devem ser citados neste debate. 

     Em primeiro caso, citarei o filme Cabra Marcado para Morrer, de 1984, dirigido por Eduardo Coutinho. É um filme documentário brasileiro, que também mostra os estragos de um governo autocrático frente às Ligas Camponesas, que eram órgãos representativos dos agricultores brasileiros. Por sua vez, este filme também é uma narrativa semidocumental, sobre a vida do agricultor João Pedro Teixeira, um líder camponês da Paraíba, assassinado no ano de 1962 e, principalmente da viúva, Elizabeth Teixeira, que participou efetivamente das gravações. O enredo mostra a vida dos camponeses sendo expulsos da terra pelos coronéis e donos de usinas. O filme estava sendo produzido pelos Centros Populares de Cultura da União Nacional de Estudantes. Em função do golpe militar, as filmagens foram interrompidas em 1964. Desde esse período, a viúva, Elizabeth Teixeira, separada de seus filhos, vivera na clandestinidade. O referido filme também galgou alguns prêmios como, por exemplo, o de melhor documentário, no VI Festival do Cinema Latino-americano, em Havana-Cuba.

     O segundo caso, trata-se do filme, A Hora da Estrela, de 1985, sendo este, um drama, dirigido por Suzana Amaral. Aqui, o roteiro foi uma adaptação do romance homônimo de Clarice Lispector. O papel principal, (Macabéa), foi assumido pela atriz paraibana Marcélia Cartaxo, e num Festival de Cinema de Berlim, ainda em 1985, ela tornou-se a primeira atriz brasileira a ganhar o troféu, Uso de Prata. Após treze anos, em 1998, foi que Fernanda Montenegro galgou o Urso de Prata, no mesmo Festival, com o filme Central do Brasil. Hoje, quando se remete ao prêmio Urso de Prata, a população logo se lembra de Fernanda Montenegro. É preciso estarmos atentos para as informações que nos são dirigidas.

 

terça-feira, 20 de maio de 2025

Teatro na Sala de Aula

 


     Quando se fala em teatro, a grande maioria das pessoas, pensa logo em ator, atrizes, cinema e novelas de televisão. O teatro não se resume apenas a esses fatores, em tempos passados foi o principal lugar para a educação das crianças, dos jovens e dos adultos, e é por isso que ele está na escola. Com o teatro se aprende a desenvolver-se a si próprio, no teatro você vai realizar um auto trabalho, tendo em vista que vai reaprender a andar, olhar, falar, gesticular, melhorar a dicção, saber falar em público, deixar de ser introspectivo para ser expansivo.    

     Em relação ao teatro na sala de aula, observamos que vários filósofos em diversas épocas da história, destacaram a importância do ensino das artes na sala de aula através do jogo de expressão. Para Montaine, “jogos de criança não são esportes e deveriam ser sua mais séria ocupação”. Leibniz, apoiava o teatro na sala de aula com a condição que fosse instrutivo”. Para Rousseau, cujo pensamento influenciou profundamente as teorias de Fröebel, Pestalozzi, Montessori e Dewey, a primeira fase da educação da criança deveria ser quase inteiramente baseada em jogos.

     O teatro na escola, é aquele realizado no âmbito da escola e dependendo do objetivo do professor, pode ser levado de escola para escola. Portanto, não se faz necessário levar um grupo de alunos para representar uma peça num palco de teatro, visto que isto implica uma série de variáveis. Tendo como ponto de partida a faixa etária, e sabendo-se que boa parte dos nossos alunos é leiga no que diz respeito à arte de representar, temos que levar em consideração que, para a apresentação de algum trabalho no palco propriamente dito, é necessário conhecer algumas técnicas como: domínio de espaço; dicção e tom de voz compatível com o espaço interno do teatro; ritmo; preparação física e mental; domínio da maquilagem; conhecer sobre dramaturgia; iluminação; sonoplastia; expressão corporal, entre outras técnicas com as quais nos deparamos ao encenar um espetáculo.

     Ao levar para o palco de um teatro um grupo que não domina tais técnicas, ao invés de motivar o referido grupo para esta arte, o professor com sua atitude infantil e irresponsável poderá desmotivar seus alunos, visto que triplica a responsabilidade expondo tal grupo à crítica teatral em geral. De outra parte, ao levar seus alunos para outras escolas, o professor estará orientando melhor seus afazeres, em função de que a mensagem será bem recebida por partes dos outros colegas que, por sua vez, possuem um nível de conhecimento que se iguala aos iniciantes atores. São diversos os temas para dramatização: histórias tradicionais; mitos; fatos acontecidos na comunidade, entre outros. Finalizamos afirmando que o teatro na educação é muito amplo, sendo realizado em qualquer lugar, na sala de aula, na escola, numa associação de bairro, numa rua, numa casa, no hall da biblioteca, num tablado, auditório e até mesmo no próprio edifício teatral.