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sexta-feira, 30 de março de 2012

MYRLA BARRETO E A DANÇA NO AMAPÁ



     Myrla Nazaré Smith Barreto é professora de Educação Física e Especialista em Arte Educação. Tem voltado seu trabalho para aspectos que envolvem a dança. Foi a partir de um sério problema de saúde numa das pernas que Myrla ingressou na dança. Na época, quando ainda morava em Belém do Pará, a indicação do médico foi que ela praticasse um esporte e de preferência fizesse musculação.
     Por ironia do destino, a primeira academia que conheceu era de dança, na ocasião ficou encantada e fascinada com o que presenciou e resolveu, desde aquele momento, se dedicar à dança. Assim ela mesma comenta: “- Então eu tive a impressão que estava em outro mundo... Fiquei vislumbrada vendo um grupo de meninas ensaiando e praticando a dança... A impressão era de que eu estava entrando noutra dimensão, foi a partir desse momento que passei a dedicar minha vida à dança...”
     No percurso dos seus estudos teve muita influência de sua professora Vânia, por outro lado também se inspirou em Isadora Duncan que foi o exemplo e suporte para superar as dificuldades de ser artista/atleta/dançarina.
     No início a família não aceitou que a menina Myrla se dedicasse à dança, principalmente pela questão financeira. A família de Myrla não tinha condições para mantê-la exercitando essa prática artística. No início de sua carreira, a menina estava apenas com nove anos de idade.
     Tempos depois sua mãe foi compreendendo que a filha queria permanecer participando das aulas de dança. Esse foi um momento fundamental na sua vida. Foi a partir de então que, para manter-se nas aulas de dança, a menina Myrla passou a lavar roupas para poder prosseguir naquilo que tanto gostava de fazer que era dançar. Em função disso, ela revela que: “- Comecei a lavar fraldas, lavar roupas. Com nove anos de idade eu lavava roupas para ter um dinheirinho para num espetáculo eu poder comprar minha roupa e não pedir à minha mãe.”
     Uma das principais dificuldades da nossa artista para prosseguir como bailarina foi exatamente a condição financeira. Muitas vezes já no grupo de dança, participava com uma roupa não muito adequada em relação às suas colegas. Mas, um grande incentivo foi dado por sua própria professora Vânia Delask, quando a mesma lhe presenteou com várias roupas, o que proporcionou para Myrla adaptar e preparar melhor sua indumentária para poder chegar ao nível das colegas do grupo de dança do qual fazia parte.
     A vida de bailarina não é tão fácil como se pensa: “- Eu sentia dores fortíssimas nos nervos ciáticos; tinha horas que não conseguia flexionar o tronco para frente, de tanta dor...”. Mas, foi o amor pela dança que proporcionou a Myrla Barreto suas conquistas na área da dança e seu reconhecimento. Seu primeiro contato com o Amapá foi quando criou a coreografia para o espetáculo teatral “Uma Cruz para Jesus” de Amadeu Lobato.
     Myrla Barreto já ministrou aula de dança ao ar livre, em algumas praças de Macapá; na Escola de Arte Cândido Portinari; no interior da Fortaleza de São José e em outros espaços alternativos. Como diretora do Grupo Isadora Duncan ela realiza um trabalho voltado para a dança moderna e contemporânea. Um de seus trabalhos mais relevante da sua carreira é “Muro das Lamentações” que foi premiado em São Paulo; outra montagem de tamanha importância foi “O negro, com Isabel, realmente é liberdade?”. O “Festival Evoluções” sempre acontece todo final de ano no Teatro das Bacabeiras como resultado dos cursos ministrados. Para Myrla “- Dançar é liberar através do corpo, os sentimentos mais intrínsecos que perduram dentro da alma humana”.

segunda-feira, 12 de março de 2012

O TEATRO DO ABSURDO


                                                                           

     O Teatro conhecido como “Teatro do Absurdo” surgiu em função da destruição de valores e crenças, após a segunda Guerra Mundial. Essa teoria produz um teatro antir-realista, ilógico, que encara a linguagem como obstáculo entre os homens, condenados à solidão. Um dos principais expoentes do Teatro do Absurdo é Samuel Beckett (1906-1989), misto de dramaturgo, poeta e romancista irlandês.
     Depois de formado em Dublin, mora em Paris por dois anos. Seu teatro é recheado de paradoxos e humor negro, e rejeita a busca de explicação da existência através do racionalismo. Em “Esperando Godot”, sua primeira peça, dois vagabundos conversam esperando um misterioso Godot que nunca aparece, numa parábola da condição humana.
     Em aberta oposição à esterilidade do teatro francês anterior à guerra, um gênio iluminado chamado Antoine Artaud escreveu vários folhetos nos quais escrevia com imaginação e intuição outro teatro cujo núcleo central se expressa mediante as formas que lhe são mais próximas. Um teatro que atua como uma epidemia, por intoxicação, por infecção, por analogia, por magia. Um teatro onde a obra, a própria representação fala em lugar do texto.
     O teatro do absurdo não buscava o irreal por buscá-lo. Empregava o irreal para fazer certas explorações, já que observava a falta de verdade na vida cotidiana. O que Artaud queria em sua busca pelo sagrado era absoluto: desejava um teatro que fosse um lugar sagrado; queria que esse teatro fosse realizado por um grupo de atores e diretores devotos, que criasse uma maneira espontânea e sincera de violentas imagens em cena.
     Artaud afirmava que só o teatro poderia nos libertar das reconhecidas formas em que vivemos nesta vida cotidiana e isso fazia do teatro um lugar sagrado onde se poderia encontrar uma maior realidade. Nas impressionantes palavras “teatro da crueldade” se busca um teatro mais violento, menos racional, mais extremado, menos verbal e mais perigoso.
     Os atores de Grotowski oferecem sua representação como uma cerimônia para quem deseja assisti-los. É o ator que invoca o que há de mais simples em todo ser humano e encobre a vida cotidiana. O teatro de Grotowski é o que mais se aproxima do ideal de Artaud.
                                                                        PhD em Romualdo Palhano.

sexta-feira, 9 de março de 2012

ÁLVARO BRAGA




     Álvaro Braga já nasceu numa família de artistas porque seus tios tocavam violão e cantavam. Havia noites que chegava a se formar um grande coral em família. Vários primos tinham dotes para o humor. Mas foi aos 12 anos, na antiga quinta série, que realmente se deparou com as artes cênicas quando foi convidado para montar um espetáculo teatral na sala de aula. Na ocasião, conseguiu interpretar muito bem o texto com total aprovação da turma. A partir de então passou a se dedicar à arte teatral.
     Nascido numa família sem preconceitos, Álvaro Braga teve total incentivo dos pais para prosseguir fazendo teatro. Com bolsa de estudos ingressou numa escola particular de Arte Dramática na cidade de Belo Horizonte. Foi na Escola Gesto & Companhia que conheceu as principais técnicas de uso do teatro italiano. Além do palco italiano montou espetáculos para teatro de arena e teatro de rua.
      No Amapá tem voltado seu trabalho como professor de teatro e como diretor de espetáculos. Aqui no Norte volta-se para montagens com o teatro educativo e o teatro experimental. Com a peça “Mitos e Lendas da Amazônia” representou o Brasil em Caiena, na Guiana Francesa, quando na ocasião também atuou como ator.
     Entre 2008 e 2009 montou “Sonhos de Uma Noite de Verão” de Shakespeare, e “O Juiz de Paz na Roça” de Martins Pena, sendo esta última montagem com alunos da Escola Cândido Portinari. Um dos seus trabalhos mais significantes foi sua participação no “Projeto Pirralho” quando montou um espetáculo sobre educação no trânsito.
          Desde que chegou ao Estado do Amapá Álvaro Braga tem se dedicado intensamente às artes cênicas e ao teatro propriamente dito. É uma pessoa atuante no que diz respeito às artes cênicas em nossa cidade. No Teatro das Bacabeiras ministrou vários cursos de teatro, contribuindo imensamente para a disseminação desta arte em nossa cidade. Com isso, consequentemente, iniciando uma dezena de jovens artistas nesta arte milenar.
     Álvaro Braga é uma pessoa humilde, mas persistente... Praticamente sobrevive da sua arte como: professor de teatro, ator, garoto propaganda, encenador, iluminador, cenotécnico e sonoplasta. Em função de sua participação em comerciais televisivos se tornou um ator bastante conhecido em nossa cidade.
     Além de ator e diretor Álvaro Braga também participa como garoto propaganda de alguns comerciais televisivos aqui no Amapá. Ele deixa aqui um recado aos iniciantes do teatro: “- O exercício da arte faz bem à alma, então não se prive disso... Cante...! Interprete...! Faça da sua vida uma arte”.