Myrla Nazaré Smith Barreto é professora de
Educação Física e Especialista em Arte Educação. Tem voltado seu trabalho para
aspectos que envolvem a dança. Foi a partir de um sério problema de saúde numa
das pernas que Myrla ingressou na dança. Na época, quando ainda morava em Belém
do Pará, a indicação do médico foi que ela praticasse um esporte e de
preferência fizesse musculação.
Por ironia do destino, a primeira academia
que conheceu era de dança, na ocasião ficou encantada e fascinada com o que
presenciou e resolveu, desde aquele momento, se dedicar à dança. Assim ela
mesma comenta: “- Então eu tive a
impressão que estava em outro mundo... Fiquei vislumbrada vendo um grupo de
meninas ensaiando e praticando a dança... A impressão era de que eu estava
entrando noutra dimensão, foi a partir desse momento que passei a dedicar minha
vida à dança...”
No percurso dos seus estudos teve muita
influência de sua professora Vânia, por outro lado também se inspirou em
Isadora Duncan que foi o exemplo e suporte para superar as dificuldades de ser
artista/atleta/dançarina.
No início a família não aceitou que a
menina Myrla se dedicasse à dança, principalmente pela questão financeira. A
família de Myrla não tinha condições para mantê-la exercitando essa prática
artística. No início de sua carreira, a menina estava apenas com nove anos de
idade.
Tempos depois sua mãe foi compreendendo
que a filha queria permanecer participando das aulas de dança. Esse foi um
momento fundamental na sua vida. Foi a partir de então que, para manter-se nas
aulas de dança, a menina Myrla passou a lavar roupas para poder prosseguir
naquilo que tanto gostava de fazer que era dançar. Em função disso, ela revela
que: “- Comecei a lavar fraldas, lavar
roupas. Com nove anos de idade eu lavava roupas para ter um dinheirinho para
num espetáculo eu poder comprar minha roupa e não pedir à minha mãe.”
Uma das principais dificuldades da nossa
artista para prosseguir como bailarina foi exatamente a condição financeira.
Muitas vezes já no grupo de dança, participava com uma roupa não muito adequada
em relação às suas colegas. Mas, um grande incentivo foi dado por sua própria
professora Vânia Delask, quando a mesma lhe presenteou com várias roupas, o que
proporcionou para Myrla adaptar e preparar melhor sua indumentária para poder
chegar ao nível das colegas do grupo de dança do qual fazia parte.
A vida de bailarina não é tão fácil como
se pensa: “- Eu sentia dores fortíssimas
nos nervos ciáticos; tinha horas que não conseguia flexionar o tronco para
frente, de tanta dor...”. Mas,
foi o amor pela dança que proporcionou a Myrla Barreto suas conquistas na área
da dança e seu reconhecimento. Seu primeiro contato com o Amapá foi quando
criou a coreografia para o espetáculo teatral “Uma Cruz para Jesus” de Amadeu
Lobato.
Myrla Barreto já ministrou aula de dança
ao ar livre, em algumas praças de Macapá; na Escola de Arte Cândido Portinari;
no interior da Fortaleza de São José e em outros espaços alternativos. Como
diretora do Grupo Isadora Duncan ela realiza um trabalho voltado para a dança
moderna e contemporânea. Um de seus trabalhos mais relevante da sua carreira é
“Muro das Lamentações” que foi premiado em São Paulo; outra montagem de tamanha
importância foi “O negro, com Isabel, realmente é liberdade?”. O “Festival
Evoluções” sempre acontece todo final de ano no Teatro das Bacabeiras como
resultado dos cursos ministrados. Para Myrla “- Dançar é liberar através do corpo, os sentimentos mais intrínsecos
que perduram dentro da alma humana”.