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segunda-feira, 23 de julho de 2018

CURSOS DE TEATRO NO BRASIL




     Na história do Brasil houve várias iniciativas para a utilização do teatro na educação, como também escolas para a formação de atores e atrizes entre outros profissionais do teatro. Inicialmente foram os jesuítas que adotaram o teatro como método de catequização dos índios. Por aproximadamente um século, os jesuítas mantiveram o teatro como metodologia principal em seus monastérios.
     Em meados do século XIX aparece um mecenas do teatro no Brasil que é o ator João Caetano, que com todo o seu trabalho implantou uma escola de teatro. Nesse caso, as disciplinas giravam em torno de: “Da Reta Pronúncia”; “Da Declamação e Esgrima”; e “Da História”. Infelizmente não conseguiu alunos suficientes para que sua escola prosseguisse, por outro lado, também não logrou apoio do governo na época.
     No ano de 1857 cria-se na o Conservatório Dramático na Bahia. O mesmo se voltou muito mais para preocupações com a dramaturgia do que com a encenação propriamente dita. O foco principal era o aperfeiçoamento artístico através dos debates em torno das questões culturais. A atual Escola Martins Pena do Rio de Janeiro surgiu no século XX, em função da antiga Escola Dramática Municipal.
     Em 1937, cria-se o Curso Prático de Teatro. Esse curso se transformará no marco do ensino de teatro no Rio de Janeiro. O mesmo teve apoio do Serviço Nacional de Teatro.  Já em 1953 o referido curso tornou-se o Conservatório Nacional de Teatro. É através da Lei nº 4641 que os cursos de Cenografia e Direção se transformam em cursos superiores. Em 1955 funda-se a Escola de Teatro, Música e Dança da UFBA.
     Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ruggero Jacobi criou o Curso de Arte Dramática e em 1968 também é implantado o Departamento de Teatro da USP, o qual se transformará na Escola de Comunicações e Arte.
     Em 1969 o referido Conservatório passa a fazer parte da FEFIEG, agora como Escola de Teatro. O primeiro bacharelado em Artes Cênicas do Brasil foi aprovado pelo Conselho Federal de Educação em 1974 em função do Simpósio de Ensino e das profissões de Teatro, que aconteceu três anos antes.
     Esses movimentos fizeram surgir cursos de teatro em várias universidades em todo país, como: UFPB; UFRN; UFRJ; UFAL; UnB; UFPE, entre tantas outras. O Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Amapá foi implantado a partir de uma luta meramente pessoal, onde me debrucei desde que ingressei nesta IFES em 1995. Este curso foi resultado da aprovação do terceiro projeto político pedagógico por mim proposto, em meio a duas décadas de tentativas respectivas. O primeiro projeto foi encaminhado em 1996; o segundo em 2001 e o terceiro em 2012, este último tendo sido aprovado em 12 de novembro de 2013, pelo Conselho Superior da UNIFAP.
  

quinta-feira, 5 de julho de 2018

TEATRO ANTES DOS GREGOS



     Certamente, mesmo antes da Grécia, manifestações cênicas voltadas para culto a vários deuses já existiam em várias latitudes, principalmente no Egito e Antigo Oriente como comprova estudos históricos e arqueológicos. Nas cercanias do mar vermelho o rei deus do Egito era o único legislador e a mais alta autoridade aqui na terra, a ele realizava-se muitas homenagens que eram apresentadas com utilização da música, dança e diálogo dramático. Nesse período, a realeza era o único princípio ordenador das coisas. O Antigo Testamento enfoca essa época de sabedoria e vida luxuosa do Egito.
     Nabucodonosor promovia um festival do Ano Novo, cuja manifestação pouco se sabe. Na Mesopotâmia havia a manifestação do “casamento sagrado” que era um ritual mítico. Detectou-se na dança egípcia de Hator, momentos da utilização de pequenos diálogos. Ainda no Egito estudiosos encontraram em Abidos, vestígios do “Drama, Morte e Paixão de Osíris”. A cidade de Abidos era a Meca dos egípcios.
     Em várias manifestações aos deuses antigos, detectaram-se indícios da presença de mimo, farsas, anões e atores mascarados que divertiam as cortes da época como se fossem verdadeiros bobos da corte no Oriente antigo. Além de Osíris e Isis, também eram cultuados vários outros deuses como Marduk e Mitra.
     Se por um lado, existia o culto aos deuses, por outro, também havia o culto aos mortos, e nessas manifestações funestas, era constante a presença de música e dança, banquetes procissões e oferendas de acordo com achados arqueológicos em catacumbas e tumbas egípcias. Imagens pintadas e esculpidas revelam manifestações aos deuses: Rá, o deus do paraíso e a Osíris, o senhor dos mortos. Osíris era o deus que estava mais próximo do ser humano.
     Em 1882 o egiptólogo Gaston Maspero, em seus estudos revelou o caráter dramático dos textos das pirâmides. De certa forma, havia nessas manifestações apresentação em primeira pessoa que sugeriam enganosamente um suposto diálogo que ainda não foram endossadas por pesquisas recentes. Outra questão fundamental era a presença de um público, situação que só vem a acontecer na democracia grega.
     Uma das questões do novo passo que deu o teatro na Grécia Antiga é o fato de que em Atenas já reinava um processo democrático, o que faltava no povo egípcio que não conhecia o conflito entre a vontade dos homens e a necessidade dos deuses. Quando Théspis fala – eu sou Dionísio – ele foi totalmente revolucionário, o que nunca iria acontecer na cultura egípcia porque seria total desavença em relação ao poder autocrático do Faraó.