Contatos

palhanojp@gmail.com - palhano@unifap.br

quinta-feira, 28 de março de 2019

E VIVA O TEATRO NO DIA 27 DE MARÇO



     Do ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na atualidade, poderíamos afirmar que o teatro surgiu na Grécia Clássica, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Portanto, não se pode negar que a cultura oriental é muito sedimentada, mas embora o oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de rituais religiosos.
     É notório que a Grécia antiga tenha herdado esses rituais, entretanto não podemos negar que foi justamente nesse país que os primitivos rituais foram, ao longo dos anos se transformando, tomando novas formas como festividades e atividades culturais até determinar os cultos teatrais como forma de representação e arte, à qual conhecemos hoje.
     A etimologia do teatro deriva do latim theatrum e do grego theatron, que dá ao vocábulo o sentido de miradouro, praticamente, lugar de onde se vê, lugar para olhar, detheasthai, “olhar”, mais – tron, sufixo que denota “lugar”. Entendendo-se dessa maneira, que o sentido primitivo da palavra “teatro”, estava relacionado estritamente com a ideia da visão. Esse verbete, que significava o prédio onde são realizados espetáculos, posteriormente se tornou mais amplo e a ter maior alcance, com maior sentido conotativo, designando peças, produção, preparação de uma peça teatral em geral, entre outros.
     Esse teatro do qual conhecemos na atualidade, originou-se basicamente de três festividades: a) dos mistérios de Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas – Elêusis, Demótes e Proserpina; e c) do culto ao Deus Dionísio. Sendo que esta última versão se considera como a mais provável, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados.
     Sabe-se que uma vez ao ano, justamente por ocasião das vindimas (colheita de uvas), prestava-se homenagem ao Deus Dionísio; Deus da uva e do vinho; da embriaguez e da fertilidade. Geralmente, nesses cultos sacrificava-se um animal, mais praticamente um bode que, por sua vez, significa tragos em grego, de onde surge etimologicamente a palavra tragédia.
     Comumente ao som de música de flautas, as bacantes dançavam em honra ao Deus Dionísio, juntando-se aos sátiros, também dançarinos, que vestidos à caráter, imitavam bodes, que, para a cultura grega desse período significavam os companheiros do Deus. Depois de algumas horas, já embriagados, entregava-se com entusiasmo a esse frenesi, esse culto, a esse verdadeiro espetáculo. Nessas condições, o teatro tem, notadamente, origem religiosa e campestre.
     Com o passar do tempo, o próximo passo foi a organização de procissões, que se tornaram muito mais religiosas do que profanas. Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado “ditirambo”. E assim giravam em torno do altar do Deus, agradecendo pela colheita da uva e pelo sexo, que significava a fertilidade da vida. Aqui, revela-se o verdadeiro espírito da democracia grega, sua gênese, onde os cidadãos tinham o pleno direito de se manifestar e participar ativamente daquela sociedade. Foi basicamente desse hino, dessa primitiva música que, segundo Nietzsche, nasceu o teatro grego. Aqui, indico aos interessados, a leitura do livro “o nascimento da tragédia” do referido autor.
     Para Augusto Boal, teatro era o povo cantando livremente ao ar livre. Naquele momento, foi o povo grego quem criou e ao mesmo tempo se tornou o próprio destinatário do embrionário espetáculo. E foi exatamente desse coro, do contraste entre o espírito Dionisíaco e Apolíneo que nasceram a Tragédia e a Comédia. A tragédia tinha como principais características o terror e a piedade que despertava no público. Era constituída de cinco atos e voltava-se para o resgate da mitologia grega, com seus deuses, heróis e feitos. A comédia era dividida em duas partes com um intervalo. Tratava dos homens comuns e de sua vida cotidiana. A comédia representava o vício, enquanto a tragédia, a virtude.
     Em função de essas atividades teatrais persistirem até nossos dias foi que em 1961, o Instituto Internacional do Teatro da UNESCO, órgão das Nações Unida, voltado para a educação, ciência e cultura, resolveram criar uma data dedicada às atividades culturais ligadas à representação, durante o seu IX Congresso Mundial, em Viena, Áustria. Portanto, em função da inauguração do Teatro das Nações, em Paris, França, em 27 de março de 1962, tem sido celebrado o Dia Internacional do Teatro. A data 27 de março, assinala também a inauguração das temporadas internacionais no referido teatro.


segunda-feira, 18 de março de 2019

UTÓPICA REFORMA




     Como todos sabem, é grande o debate sobre a reforma da previdência. As dúvidas também são imensas. Quem serão os beneficiados e qual classe terá menos proveito? Nesse caso, quais serão os perdedores e quais serão os ganhadores? Com certeza, são muitas as indagações. Mas, sem sombra de dúvidas, da forma que está sendo encaminhada, com certeza serão os mais pobres os grandes perdedores, a grande maioria da sociedade, posso dizer assim.
     Enquanto os poderosos e os grandes grupos tentam, com apoio dos mass media, aviltar a maioria da população, realmente as pessoas passam a acreditar que a reforma da previdência beneficiará a todos.  E assim, desde tempos remotos, a grande maioria vai se transformando em massa de manobra dos pequenos grupos. A ideia é assim mesmo: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Foi assim no Império Romano, quando a base de domínio era pão e circo, da mesma forma que aconteceu com a difamação do povo judeu pelo governo alemão, na 2ª grande guerra.
    Um dos mandamentos da Lei de Deus diz: “Não tomarás seu Santo Nome em Vão”, e por incrível que pareça, o santo nome vem sendo utilizado erroneamente por algumas religiões, com o intuito de iludir o povo. Meu pai, que não tinha muito estudo, porém tinha muito conhecimento, sempre me falava uma frase de cunho simples, mas de profundo significado: “se não fosse os bestas, os sabidos não viviam”. E é assim mesmo que acontece na dialética da vida cotidiana.
     Produto de minhas ideias, minha reforma da previdência, embora seja utópica ainda é por mim desejada e esperançosa. Aliás, seria inaceitável nessa época de globalização e neoliberalismo do mundo burguês capitalista, visto que vai de encontro a tudo que está aí e que a sociedade nos passa crer que tudo se torna normal e cotidiano na moderna vida social.
     Talvez eu pense diferente de todos, mas acredito que a reforma da previdência não deveria acontecer direcionada para os que nada tem, para os mais pobres, mas sim, deveria ser dirigida para uma pequena parcela dos que possuem mais e que se encontram no topo da pirâmide social, para aqueles que tem todas as benesses da riqueza do país. Para aqueles que vivem no luxo. Aliás, o luxo existe em função do lixo. Se alguns estão usufruindo do luxo, é porque uma grande maioria vive no lixo.
     Para finalizar este humilde artigo, socializo com todos como encaminharia minha reforma da previdência que seria: no legislativo, diminuir de 81 para apenas 40 senadores; diminuir de 513 deputados federais para 255; diminuir os deputados estaduais e os vereadores, de cada prefeitura do país, pela metade. No que se refere à cidade de Macapá, de 24 deputados estaduais deveria cair para apenas 12, da mesma forma que na câmara dos vereadores que de 23 deveria diminuir em cinquenta por centro. Além disso, acabar com os auxílios (que são muitos) e todas as aposentadorias daqueles que passam apenas quatro anos nesses cargos públicos eletivos e já saem aposentados. Esta é uma reforma utópica?


segunda-feira, 11 de março de 2019

O TEATRO PRIMITIVO



     Inicio este artigo, afirmando que as diversas formas de representação são tão antigas quanto a própria humanidade. Os primeiros momentos da arte dramática se revelam tanto dentro da caverna como fora dela. Um dos primeiros momentos de representação do homem foi ainda no período primitivo. Fora da caverna, ao abater o animal para satisfazer suas necessidades como alimentação ele também utilizava os ossos para confeccionar armas como também sua usava a pele para servir de vestimenta e proteção em relação à natureza.
     Não só isso, ele usava seu pensamento e sua tecnologia para atrair outros animais. Recurso criado pelo próprio homem, o que o diferenciou dos demais bichos. Vejamos: a primeira forma de representar foi exatamente quando o homem primitivo se vestiu com o couro do animal e se fez de animal para atrair outros da mesma espécie. Por exemplo, ele matava um bisão, tratava a pele e na próxima caçada se vestia com a mesma como se fosse outro animal, para chegar o mais próximo possível, para poder abater com mais facilidade sua próxima presa. Nesse momento ele se apoia no mimetismo e na representação.
     Aqui está a grande mágica do teatro, a capacidade de se apresentar aos outros sem revelar seu segredo pessoal e sua identidade. E é assim que o homem moderno se apresenta na sociedade. Um professor não é apenas um professor no seu ambiente de trabalho, em casa é pai, avô, na roda de amigos, é amigo, etc. Outro momento interessante em relação ao teatro primitivo podemos encontrar exatamente nos momentos de socialização dentro das cavernas.
     Desde os tempos mais remotos, a divisão do trabalho das pessoas que viviam em grupo, sempre aconteceu, da mesma forma que ainda acontece na atualidade. Vamos aqui imaginar a vida de um grupo primitivo: no princípio, o papel do homem era caçar e trazer o alimento para casa, e isso era fundamental para a sobrevivência daquele grupo social. Por outro lado, as mulheres ficavam com o papel de organizar e suprir as necessidades dentro das cavernas e dos arredores.
     O papel da mulher era a de cuidar dos anciãos e das crianças, à noite havia a necessidade de acender o fogo, nesse período, ao caminhar dentro da caverna, os primitivos deram conta da sombra e foi exatamente em função disso que as mulheres para animar seus filhos, começaram a inventar o teatro de dedos e mãos, projetando sombras dentro da própria caverna, para brincar com seus filhos. O teatro de sombras surgiu também nesse período, antes mesmo do teatro de bonecos, que surge em função das sombras, ou seja, o teatro de sombras está para o teatro de bonecos, como o teatro de bonecos também está para o teatro de sombras.