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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

ORIGEM DO CARNAVAL



         O carnaval parece ser algo corriqueiro, simples e que faz parte da cultura tradicional. É verdade, mas essas manifestações remontam a antiguidade, apesar de que atualmente é uma festa popular realizada em diferentes latitudes. Ela ainda está muito relacionada com o catolicismo, visto que sempre acontece antes da quaresma. Apesar de não ter sido desenvolvido no Brasil, o carnaval é uma das festividades mais difundidas e comemoradas em nosso país.
     Deriva do latim, carnis levale, que significa “retirar a carne”, e é por isso que tradicionalmente as pessoas se acostumaram com essa milenar cultura popular, de na semana santa abolir a carne e se alimentar apenas de peixe, em respeito à quaresma que é um período de 40 dias antes da páscoa e caracterizada pelo jejum. A quaresma foi criada na Alta Idade Média, pelo catolicismo. Entretanto, o carnaval se tornou um momento para que o povo pudesse cometer excessos antes do período sagrado da semana santa.
     Mas, mesmo antes do surgimento do cristianismo, em sociedades antigas já havia manifestações semelhantes. Na Babilônia as Sacéias eram festividades em que um prisioneiro assumia, por um período, o papel do rei. Em março, na comemoração do ano novo na Mesopotâmia, acontecia ao contrário, era o rei quem se rebaixava ao deus Marduk, para o qual perdia seus poderes. A festa se dava próximo ao equinócio da primavera.
     Na antiguidade Grega e Romana, também se comemoravam e se realizavam festividades que deram origem ao nosso carnaval. Na Grécia, as dionisíacas que eram verdadeiros bacanais dedicados à Dionísio, deus da uva, do vinho e da fertilidade. Essas manifestações eram regadas de muito vinho. Já em Roma, havia as Saturnálias e as Lupercálias. A Saturnália acontecia em dezembro, no solstício de inverno, enquanto que a Lupercália, no mês de fevereiro.
     Desde os carnavais da Idade Média, que muitas vezes aconteciam para comemorarem a boa colheita dos grãos, que os homens jovens se fantasiavam de mulheres e saíam pelas ruas das cidades. Já no Renascimento, vai surgir uma das mais esplendorosas classes artísticas de teatro de rua que foi a commedia del’arte, um teatro improvisado que se apresentava nas ruas como verdadeiro carnaval.
     Portanto, presume-se que o carnaval está estritamente ligado com a cultura pagã da antiguidade, e desde a Idade Média, com a religião católica. Por outro lado, tem relação muito forte com a questão da inversão dos papéis sociais, visto que era comum nessas manifestações, os escravos assumirem o papel dos reis, como também dos reis se tornarem escravos, mesmo que fosse pelo pequeno espaço de tempo dessas atividades culturais. Também são momentos em que as pessoas se entregam aos prazeres mundanos. Isto significa dentro da sociedade, uma grande revolução popular, nos termos de trocar a ordem em que se acham quaisquer elementos de determinada sociedade.
    

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

CIÊNCIA E ESTADO



         Desde os sumérios que o rei se tornou um governante com a máxima autoridade sobre seu povo. Por muito tempo, o rei foi o representante da justiça, da religião, da moral, da legalidade, além de se tornar o representante de Deus na terra. Ao mesmo tempo que era rei, também tinha a última palavra em decisões extremas ou de difícil resolução. Lembre-se bem da sentença do rei Salomão, em relação às duas mulheres que se diziam mãe da mesma criança. A última palavra e o julgo final, foi dele. 
     Até o Renascimento, quem decidia os caminhos da humanidade, além dos reis, era principalmente, a religião. Detentora do poder religioso, político e moral, a igreja determinava seu ideário político a partir da religião e da força, como aconteceu com a caça às bruxas e notadamente a fogueira da inquisição. Nesse período a igreja incentivou e criou grandes exércitos, como por exemplo, os templários e as cruzadas.
     O Renascimento Cultural dos séculos XIV, XV e XVI, surgiu como um fenômeno fundamental de ruptura com a Idade Média. Nesse período, coincidentemente, surge a ciência. Enquanto a Idade Média foi caracterizada pelo tradicionalismo, por outro lado, o Renascimento representou uma revolução pautada no racionalismo, assim, mudando a forma de ver o mundo e a mentalidade das pessoas.
     E o que é a ciência? Ciência deriva do latim “scientia”, que significa conhecimento, saber, conhecer. A ciência resume-se num corpo de conhecimentos sistematizados a partir de uma pesquisa aprofundada, adquiridos pela observação, identificação e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, formulados metódica e racionalmente. Contribuíram para o surgimento da ciência, artistas e cientistas, de Nicolau Copérnico a Leonardo Da Vinci.
     Um dos cientistas mais perseguidos no Renascimento foi Galileu Galilei. Ele foi físico, matemático, astrônomo e filósofo. Foi a principal personalidade na revolução científica daquela época. Defendeu que o sol era o centro do sistema solar, Era uma época em que a igreja controlava a ciência e sustentava visão oposta. E foi por isso que ele foi perseguido em função de suas ideias revolucionárias que confrontavam o pode da igreja.
     É importante saber que o papel do cientista é ir em busca da verdade, descobrir vacinas entres outras atividades. O papel dele na sociedade é deter o conhecimento e informar suas descobertas, ao Estado de Direito e à sociedade, visto que ele não é o poder legislativo nem executivo para realizar decisões sociais altamente complexas e onerosas. Podemos relacionar o reflexo de determinadas ideologias, como aconteceu no Renascimento, com Galileu Galilei, da mesma forma ao que aconteceu no século XXI com a atitude tomada pelo Estado Chinês, em relação ao médico Li Wenliang, que alertou em dezembro passado sobre o perigo do coronavírus. Como Galileu, Li Wenliang foi completamente ignorado pelo Estado, e da mesma forma que que aconteceu com Galileu, Wenliang foi obrigado a se desculpar em público, inclusive assinando documento, corroborando com seu erro. Tudo isso, imposto por um sistema ideológico e dominante.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

PARABÉNS MACAPÁ


          Cheguei à cidade de Macapá em novembro de 1994 para me submeter a concurso público na Universidade Federal do Amapá. Com a Universidade recém fundada, participei do seu segundo concurso público para professor do magistério superior. Era uma cidade horizontal, com faixa de trezentos mil habitantes e com a maioria de suas casas de madeira. Condições que chamaram extremamente minha atenção.     
     Nada conhecia sobre este recanto de Brasil, tudo era novo, eu ainda não tinha nenhuma referência sobre aquele espaço geográfico. Trabalhava em Belém, no Núcleo Integrado da UFPA, mas desejava ir mais longe. Cheguei aqui com a cara e a coragem de um nordestino desbravador e passei a ser pioneiro em relação aos estudos e pesquisas na área das artes cênicas.
     Aos poucos, fui enamorando esta pequena cidade, que paulatinamente foi me conquistando com o passar dos anos. Hoje tenho muito orgulho de Macapá. De todo o processo que acompanhei ao ver esta cidade crescer, juntamente com o desenvolvimento da própria Universidade Federal do Amapá, minha casa, meu ninho, há vinte e cinco anos.
     Macapá está de Parabéns nesses seus 262 anos. É verdade que há muito o que se comemorar. Nessas duas últimas décadas a cidade, cresceu em todos os sentidos: alargamento de avenidas, criação de museus, entre outros fatores. O centro da cidade, por exemplo, ficou completamente revitalizado com a Fortaleza de São José de Macapá, onde todo o espaço urbano do centro da cidade se transformando num complexo turístico deveras importante.
     Muitos espaços que vem sendo construídos e definidos ao longo dos anos como a grande avenida que transformou a entrada da cidade, de quem vem do interior ou da Guiana Francesa. Tiro o chapéu para esta bela avenida ampla, arborizada, com ciclovias, sinalização e passarelas para pedestres, que envolve vários bairros da zona norte. Espaço urbano que há 25 anos atrás havia uma pequena via e apenas alguns bairros como Jardim da Felicidade e Boné Azul.
     Macapá foi me envolvendo, aos poucos, e também fui me amalgamando a esta pequena cidade joia da Amazônia. Morar neste lugar é ter o prazer de todos os dias ter a chance de apreciar esta bela paisagem que se encontra de braços abertos para todos, que é o rio Amazonas. Particularmente, este rio me encanta. Sou grato por estar em Macapá e ela estar em mim, por osmose se deu nossa relação, eu e a cidade, a cidade e eu.  
     Macapá é uma cidade tranquila, sou grato em estar neste recanto do Brasil. Aqui que me realizei profissionalmente e venho fazendo minha parte. Este ano de 2020, estarei lançando mais uma obra para contribuir com esta cidade e este Estado que me acolheu em seus braços. A obra intitula-se “História do Teatro do Amapá -  Do Século XVIII à Década de 1940”. Tenho a honra de hoje ser cidadão macapaense. Parabéns Macapá. Parabéns Macapá.