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segunda-feira, 27 de julho de 2020

LINGUAGEM DO TEATRO


     Neste artigo vou deixar claro algumas palavras utilizadas no teatro, e que cada uma tem sua origem. Geralmente, os artistas ligados às artes cênicas falam alguns termos que, muitas vezes, somente as pessoas que participam desses grupos entendem. É comum, quando se vai colocar em cartaz uma peça, os colegas de teatro desejarem “merda” para o grupo que está em cartaz. Nesse sentido, isso não implica em estar se desejando coisa ruim, ou dizendo palavrão para o colega. Pelo contrário, quando um artista deseja “merda” para o outro, isto significa dizer que está desejando boa sorte, tudo de bom, e que tenha casa cheia, teatro lotado.
      Essa forma de colação dessa palavra, surgiu ao longo dos séculos, em função de que o transporte para sair do campo para a cidade, ou mesmo transitar na cidade, era feito a partir da tração animal, como cavalos e  bois. Neste caso, quando havia um espetáculo, por exemplo, no teatro de Shakespeare, as carruagens com seus cavalos eram deixadas defronte ao teatro, enquanto seus proprietários assistiam as peças. Portanto, quanto maior o público, mais carruagens e mais animais no entorno do edifício teatral, isto significa dizer que toda a área e ruas adjacentes ao teatro ficavam tomadas por estercos desses animais.
     De certa forma, quanto mais pessoas iam ao teatro, mais estercos nas ruas e consequentemente mais dinheiro na bilheteria. Com o passar do tempo as pessoas de teatro, passaram a desejar “merda” aos grupos que estavam em cartaz, num desses teatros. Por isso, até hoje as pessoas de teatro desejam “merda” aos colegas que estão com alguma peça em cartaz, apesar de que hoje temos os automóveis no lugar dos cavalos.
    Ainda no século XIX era comum o transporte com tração animal, cavalos eram os principais meios de transportes nesse período. O teatro era uma construção comum em muitas cidades, e também fazia parte da sociedade como um centro de encontro, seja para assistir as apresentações teatrais ou mesmo para ouvir discursos inflamados dos políticos da ocasião. O automóvel em fabricado em série surgiu a partir da primeira década do século XX.
     Outros termos utilizados no teatro.  PROSCÊNIO – é a parte anterior do palco, que se projeta para fora da cortina, e deriva do Latim proscenium, de pro-, “à frente”, mais scaena. É o local que antigamente se fixava as luzes da ribalta. PEÇA – do francês antigo pièce, do Frâncico pettia, “medida, porção, parte”. ATO – uma peça teatral pode ter vários atos, palavra que vem do Latim actus, “algo feito, parte de uma obra, impulso”, de agere, “levar a, guiar, colocar em movimento”. PÚBLICO – sem ele não há teatro. Vem do Latim publicus, “relativo ao povo”, de populus, “povo”. Também adquiriu o significado de “aberto a toda a comunidade”, em oposição a “privado”. FÃS – sem estes não há ator que sobreviva. “Fã” é um encurtamento de “fanático”, que veio do Latim fanaticus, “louco, entusiasta, inspirado por algum deus”, originalmente “relativo a um templo”, fanum. Quem não atendia a certas exigências religiosas estava “à frente” do templo, ou seja, fora dele: profanum, que originou nosso “profano”. CAMAROTE – é um diminutivo de “câmara”, derivado do Latim camara, “quarto com teto recurvo”, do Grego kamara, de uma base Indo-Europeia kam-,” arco”. CORO – do Latim chorus, “dança em círculo, grupo de pessoas que cantavam numa tragédia”, do Grego khoros, “grupo de dançarinos, dança, piso para dançar”, de uma fonte Indo-Europeia gher-, “rodea”.


terça-feira, 14 de julho de 2020

CONSTRUINDO HISTÓRIA


                                          
     Há 25 anos que resido em Macapá. Desde que aqui cheguei, tenho me preocupado e me dedicado diuturnamente para construir e registrar em forma de livro a história do teatro do Amapá. Por mais que eu não conhecesse o local, sempre acreditei numa possível história desse teatro. Com o passar do tempo, percebi o quão rica é essa história, que, antes imersa em águas escuras, aos poucos, e com muita paciência, vem emergindo calmamente, a partir de minas pesquisas. Tudo isso exige, tempo e não acontece de um dia para a noite. Nem os fatos artísticos em si, e muito menos a catalogação e reflexão sobre esses fatos.
     Em 2001 tive a oportunidade de publicar a obra intitulada: “Teatro de Bonecos: uma alternativa para o ensino fundamental na Amazônia”. Na verdade, essa obra foi o embrião, peremptoriamente, o começo de tudo. Obra já esgotada, mas que ensina como trabalhar com teatro de bonecos, desde a teoria até a prática propriamente dita. Prosseguindo esse trabalho, em 2011 foi a vez do livro “Artes Cênicas no Amapá – Teoria, Textos e Palcos”. Esta obra surgiu em função da seleção de meus artigos sobre teatro, que na época eu havia publicado em vários jornais diários aqui no Estado do Amapá. Eram artigos esparsos sobre teatro, que foram sendo escritos ao longo dos anos. 
     A partir de uma rigorosa seleção concentramos temas como história do teatro, teoria do teatro, espaços teatrais, crítica teatral, produtores teatrais, novela amapaense, arte circense e humor. No final da obra, também escrevi artigo sobre o que muito me preocupava naquele momento, que era tentativa de sensibilizar nossos gestores em nível Federal, Estadual e Municipal para a implantação de um Curso Superior na área do Teatro aqui em nosso Estado. Isto significa dizer que eu já me preocupava demasiadamente na implantação de um curso na área, visto que necessitávamos urgentemente de profissionais qualificados em terceiro grau, para suprir a demanda dos nossos jovens e atender a necessidade da rede escolar do Estado do Amapá com profissionais da área do teatro.
     “Curso de Teatro no Amapá: concepções e proposições para o ensino superior”, foi lançado em 2013, onde explicitei sobre a necessidade do Curso de Teatro. Por outro lado, também criei d disciplina “Artes Cênicas no Amapá”, à qual facilita ao acadêmico do curo, ter conhecimento e ideia sobre o teatro do Amapá.  Com essa preocupação, ainda em 2013, publiquei a obra “Teatro no Amapá: artistas e seu tempo”, que foi resultado de várias entrevistas com artistas, alguns já sexagenários. Mais uma vez, reunindo artigos de vários temas, publiquei em 2014, a obra “Arque com Arte: cultura, arte e educação no Amapá”. Esta obra é mais uma contribuição à sociedade amapaense e principalmente aos aficionados pelas artes cênicas, pela cultura e pela educação em artes.
     Apesar da pandemia do Coronavírus, estou na perspectiva da publicação de mais duas obras: sendo a primeira prevista ainda para este ano de 2020, com o título: “História do Teatro do Amapá: do século XVIII à década de 1940”. Também venho me dedicando atualmente para concluir a obra que dará prosseguimento à anterior. “História do Teatro do Amapá: da década de 1950 até os dias atuais”, esta, prevista para o ano de 2021. Em função de toda essa dedicação, me considero como uma das primeiras pessoas a se preocupar com o estudo cientifico sobre o teatro no Amapá.