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domingo, 24 de outubro de 2021

MOLIÈRE

 


     Jean Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière nasceu em Paris em 15 de janeiro de 1622 e faleceu em 17 de fevereiro de 1673. Foi dramaturgo, ator e encenador. Ele teve um papel de destaque na dramaturgia francesa, quando era, de certa forma, muito dependente da temática da mitologia grega. Em suas obras, Molière também passou a criticar os costumes da época. Ele era filho de um artesão parisiense. Ficou órfão da mãe quando ainda era criança. Em 1633 entrou na prestigiada escola de Jesuítas do Collège de Clermont, onde completou a sua formação acadêmica em 1639.

     Quando completou 18 anos, seu pai lh passou o título de “Tapissier de Roi” (Tapeceiro ordinário do rei), e o cargo associado de “valet de chambre”, ou seja, criado de quarto. Isto significa dizer que desde cedo teve contato com o rei. Em junho de 1643, juntamente com a sua amante Madeleine Béjart, seu cunhado e sua cunhada, fundou a companhia (trupe) de teatro L’Illustre Théâtre. E já em 1644, apresenta-se em Paris. Nessa época, passa a dirigir a referida companhia, que em 1645 entra em crise. Foi a partir desse momento que ele assumiu o pseudônimo de Molière, inspirado no nome de uma pequena aldeia do sul da França.

     Em Lyon, Madame Duparc, conhecida como La Marquise, juntou-se à companhia. Estabelece-se definitivamente no teatro do Petit-Bourbon, onde, a 18 de novembro de 1659, faz a estreia da peça Les Précieuses ridicules (As preciosas ridículas) uma das suas obras primas que criticava os maneirismos e modos da sociedade em que vivia. Para os mais interessados, há o filme “Marquise”, que trata exatamente sobre o teatro de Molière naquele período.

     Apesar de sua preferência pelo gênero trágico, Molière tornou-se famoso pelas suas farsas, geralmente de um só ato e apresentadas depois de uma tragédia. Algumas dessas farsas eram parcialmente escritas, sendo encenadas ao estilo da “commedia dell’arte”, com improvisação a partir de um canovaccio (esboço muito geral da peça). A “commedia del’arte” teve seu auge na Idade Média, na Itália. Se transformou no período mais importante do teatro de rua, na história do teatro.

     Sganarelle ou le Cocu Imaginaire de 1660, trazia à tona o tema das relações humanas, descrita com um certo grau de pessimismo. Isso tornar-se-ia evidente nas suas obras seguintes e fonte de inspiração de futuros dramaturgos, como por exemplo, Luigi Pirandello. Le Tartuffe (Tartufo) foi encenado em Versailles em 1664, tornando-se no maior escândalo da carreira de Molière. A descrição da hipocrisia geral das classes dominantes e, principalmente do clero, foi considerada ofensiva e imediatamente contestada. Em função de críticas da sociedade, o rei vê-se obrigado a suspender as apresentações desta peça. Em 1666, apresenta Le Misantrophe (O Misantropo), que é considerada uma das obras mais refinadas e com um conteúdo moral mais elevado das peças de Molière.

sábado, 23 de outubro de 2021

TEATRO DO AMAPÁ: AGORA EM LIVRO

 


     Neste ano de 2021, o teatro do Amapá virou história documentada em função da obra de minha autoria “História do Teatro do Amapá: Do Século XVIII à Década de 1940”. Este livro, caro leitor, é resultado de vários anos de pesquisa, leituras, estudos, reflexões, perquirições e escritos. É, sem dúvida, o primeiro livro com a exclusiva preocupação de anunciar e socializar uma história do teatro do Amapá que, por seu turno, se encontrava obscura e em águas profundas. Durante todo esse tempo, me senti como se estivesse verdadeiramente num garimpo. Não obstante, esforço-me para tentar compreender que é essa a minha missão. Renunciei, me privei, abdiquei de tantas outras coisas que poderia ter feito, mas resolvi me dedicar a este assunto que tanto me conforta e que tenho imensa paixão em concebê-lo.

Esta região, denominada há tempos de Cabo Norte, inacreditavelmente nos apresenta manifestações teatrais desde o século XVIII, com a presença de um pequeno teatro de madeira instalado na Vila de São José de Macapá. Somando-se a este fato a dramatização da “Batalha Entre Mouros e Cristãos”, na Vila de Mazagão Velho, que neste ano de 2021 resulta na ducentésima quadragésima quarta apresentação, que sempre é realizada a céu aberto, tendo como atores os próprios moradores da referida vila.

Em relação à inauguração do Cineteatro Territorial na década de 1940, acredito que inicialmente, o mesmo serviu como point das benesses e do welfare state da elite recém-chegada, visto que foi palco de muitos artistas famosos que aqui aportaram em função da política cultural do primeiro governo do Território, que, por sua vez, apoiava em todos os sentidos a chegada desses artistas até a cidade de Macapá. Torna-se fato que famosos artistas como: Rodolfo Mayer, Bibi Ferreira, Procópio Ferreira, Concita Mascarenhas, Fernanda Montenegro, Luiz Gonzaga, Dalva de Oliveira, Trio Iraquitam, entre outros, aqui se apresentaram.

 Essa efervescente movimentação cultural de artistas famosos, ao se apresentarem no Cineteatro Territorial, consequentemente fez motivar e aflorar nos jovens que aqui residiam, estreitas relações com a arte de representar. Situação que refletiu em alguns grupos que começavam a se aglomerar, mas, ainda sem o amadurecimento e a experiência técnica de montagem de espetáculos teatrais. Para suprir essa necessidade, no final da década de 1940, alguns diretores oriundos da cidade de Belém do Pará, aqui chegaram para contribuir com essa emergente produção cultural do nosso Estado.

 Minha intenção com este estudo, não foi a de me aprofundar ipsis litteris no assunto abordado, até porque não havia como, em função das minhas atividades profissionais que não se resumem apenas à pesquisa, mas à sala de aula, educação, extensão, coordenação, comissões de avaliação e outros afazeres que nos destina a vida acadêmica. O que se encontra na obra, é o embrião do que nos oferece o Estado do Amapá em relação ao desenvolvimento do seu teatro. No entanto, refiro-me a cada parágrafo que aqui foi pesquisado e escrito (o que antes não havia sido concentrado em nenhuma obra). Porém, estou ciente de que todas as páginas desse volume merecem, no futuro, novos estudos, e é isto que venho sempre colocando para meus alunos do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Amapá.

 

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

VOCÁBULOS DO TEATRO

 


     O teatro surgiu na Grécia antiga há quase três mil anos. Durante toda a história do homem há uma relação intrínseca entre a vida e a arte. Relacionaremos em seguida algumas palavras ligadas ao teatro e suas principais origens:

     A palavra TEATRO vem do Latim theatrum, do Grego theatron, que significava literalmente “lugar para olhar”, de theasthai, “olhar”, mais tron, sufixo que denota “lugar”. O sentido de “lugar onde transcorre a ação” se aplicou também aos feitos militares, daí o nome “teatro de operações” para uma área onde há luta armada.

     ANFITEATRO também vem do Latim amphiteatrum, do Grego amphiteatron, que significa “local de espetáculos duplo, com espectadores dispostos de ambos os lados do palco”, de amphí-, “dos dois lados”, mais theatron, local de onde se vê. Inicialmente os teatros possuíam assentos apenas no lado voltado para o palco, seguindo a arquitetura do teatro grego. Esse tipo de arquitetura surgiu em Roma, em função das lutas dos gladiadores, e dos demais espetáculos, que podiam ser vistos dos dois lados, como é o caso do antigo Coliseu. Os atuais estádios de futebol são hoje os nossos verdadeiros anfiteatros, já que os torcedores podem se situar nos 360 graus do campo.

     O termo COMÉDIA vem do Grego komoidia, “espetáculo divertido, comédia”, de komodios, “cantor em festas”, de komos, “festa, farra”, mais oidos, “poeta, cantor”.  Este termo passou por uma fase em que era usado para designar “poema narrativo”, o que é a razão de o livro “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, ter esse nome. 

     TRAGÉDIA deriva do Grego tragoidia, que significa “peça ou poema com final infeliz”. Aparentemente deriva de tragos, “bode”, mais oidea, “canção”. Ao pé da letra poderíamos dizer “a canção dos bodes”, e isso viria do drama satírico, onde os atores se vestiam de sátiros, com suas pernas cabeludas e chifres de bode. 

     Da mesma forma, DRAMA também deriva do Grego drama, “peça, ação, feito” (especialmente relativo a algum grande feito, fosse positivo ou negativo), vem de drao, “fazer, realizar, representar, lutar”.

     PLATEIA – ao que tudo indica, deriva do Grego platea, que significa “largo e plano”. Inicialmente designava o lugar onde ficavam os músicos e se estendeu depois, em prédios diferentes dos teatros gregos, à parte onde tomam assento os espectadores.

    PALCO – do Italiano palco, “estrado, tablado”, do Lombardo palko, “trave, viga”. Seu sentido se estendeu depois ao de “tablado sustentado por vigas” e mais tarde a “estrado ou palco designado para apresentações artísticas”.

     CENA – do Latim scaena, “palco, cena”, do Grego skena, de mesmo significado, originalmente “tenda, cabana”, relacionado a skia, “sombra”, pela noção de “algo que protege contra o sol”. Para quem trabalha na área do teatro conhece bem os termos acima, interessante é entender a origem dessas palavras, a partir daí passa-se a entender o porquê do uso corrente e atual das mesmas.