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quarta-feira, 27 de março de 2013

O TEATRO E SUA ORIGEM


 
     Do ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na atualidade, poderíamos dizer que o teatro nasceu na Antiga Grécia, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Não se pode negar que a cultura oriental é muito consistente, mas, embora o Oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de rituais religiosos.

     Percebe-se, porém, que a Grécia Antiga herdou esses rituais. Entretanto, não podemos negar que foi justamente nesse país que esses primitivos rituais, foram, ao longo dos anos, se transformando, tomando novas formas como festividades e atividades culturais, até determinar os cultos teatrais como forma de representação e arte, a qual conhecemos hoje.

     Quanto ao termo, Magaldi (1986) enfoca que: “a etimologia grega de teatro dá ao vocábulo o sentido de miradouro, lugar de onde se vê”, entendendo-se desta maneira, que o sentido primitivo da palavra teatro estava relacionado estritamente com a idéia de visão.

     O teatro originou-se basicamente de três festividades: a) dos mistérios de Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas - Elêusis, Demótes e Proserpina; e c) do culto a Dionísio. Sendo que esta última é a mais provável, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados. Sabe-se que uma vez por ano, justamente por ocasião das vindimas, prestavam-se homenagem ao deus Dionísio; deus da uva e do vinho, da embriaguez e da fertilidade. Geralmente, nesses cultos sacrificava-se um animal, mais precisamente um bode, que por sua vez, significa tragos em grego, de onde surge etimologicamente a palavra Tragédia. Comumente ao som da música de flautas, as bacantes dançavam em honra ao deus Dionísio, juntando-se aos sátiros, também dançarinos que imitavam bodes, que, para a cultura grega da época, significavam os companheiros do deus. Depois de algumas horas, já embriagados, entregavam-se com entusiasmo a esse frenesi, esse culto, a esse verdadeiro espetáculo. Nessas condições, o teatro tem notadamente origem religiosa e campestre.

     Com o passar do tempo, o próximo passo foi a organização de procissões que se tornaram muito mais religiosas do que profanas. Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado ditirambo. Para Boal (1983), “teatro era o povo cantando livremente ao ar livre: o povo era o criador e o destinatário do espetáculo teatral, que se podia então chamar “canto ditirâmbico”, e assim giravam em torno do altar do deus, agradecendo pela colheita da uva, e pelo sexo que significava a fertilidade da vida. E foi exatamente desse coro, do contraste entre o espírito Dionisíaco e Apolíneo, que nasceram a Tragédia e a Comédia.

     Em seguida o coro separou-se do recitador, nesse momento crucial da história do teatro havia nascido o primeiro ator. Contudo, na procissão já se podia constatar três artes: o canto, a dança e a atuação. Nesse caso, à frente vinha o Corifeu - de onde surge a palavra Coro - vestido com pele de bode, e todo o resto do grupo respondia ao ditirambo, atuando como um verdadeiro balé litúrgico, numa fusão do trágico e do cômico.

     E assim constituiu-se a Tragédia: o ator e o coro se respondem cantando, em seguida, o ator fala e o coro canta, e posteriormente o ator dialoga com o Corifeu, representante do coro. Vale salientar que nesse momento embrionário da Tragédia não havia atos nem intervalos, sendo a mesma composta de partes dialogadas e partes faladas.

     Poderíamos fazer aqui uma relação com o Círio de Nazaré, quando todos os anos, numa determinada época, o povo se reúne para louvar a sua Santa (deusa) Virgem de Nazaré, neste caso, com características próprias de uma cultura contemporânea de início do século XXI. É interessante saber que apesar da distância cronológica, momentos semelhantes existem entre essas duas manifestações religiosas, como por exemplo: o vigário tomando o lugar do Corifeu, quando diz uma estrofe de uma oração, e o povo respondendo conseqüentemente, representando o coro.

     Os três grandes trágicos gregos foram: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Théspis foi o criador do teatro ambulante, o qual conhecemos hoje como teatro mambembe, mas infelizmente todos os seus textos se perderam. Também foi ele quem inventou as máscaras. Representava seus papéis trágicos inicialmente pintando o rosto com matéria-prima da época, depois cobrindo o rosto com folhas de árvores, em seguida introduziu o uso de verdadeiras máscaras.

     Chegou um momento em que o Estado tomou para si a organização do teatro na Antiga Grécia, onde instituiu concursos entre os poetas dramáticos - mais conhecidos atualmente como dramaturgos - contudo, este intento objetivava não somente divertir a população, mas por outro lado, servia também como um meio de propaganda política e ideológica, visto que na época “os tiranos empregam a arte não só como meio de adquirir glória y como instrumento de propaganda, mas também como ópio para aturdir seus súditos”, Hauser (1968). Em conseqüência, o povo imediatamente acolheu essa forma artística, que se tornou milenar no momento atual da história do homem.
     Tendo como ponto de partida a contribuição do teatro em nível artístico, psicológico e social para o homem durante toda sua história e considerando a necessidade vital da humanidade em relação às atividades teatrais que persistem incondicionais até nossos dias, foi que em 1961 o Instituto Internacional de Teatro da UNESCO, órgão das Nações Unidas voltado à educação, ciência e cultura, resolveram criar uma data dedicada às atividades culturais ligadas à representação durante o seu IX Congresso Mundial, em Viena, Áustria. Portanto, em função da inauguração do Teatro das Nações em Paris, França, em 27 de março de 1962, tem sido celebrado o dia Internacional do Teatro. A data de 27 de março assinala também a inauguração das temporadas internacionais no referido teatro.

sábado, 23 de março de 2013

LDB E PARÂMETROS CURRICULARES




     No que diz respeito ao ensino de artes, em seu artigo nº 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 publicada no dia 20 de dezembro de 1994, consta que: “Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.”
     Já o segundo parágrafo dessa mesma lei torna o ensino de arte obrigatório no ensino fundamental e médio, como podemos observar no próprio parágrafo que acrescenta que:
“§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.” Esta redação foi complementada pela Lei nº 12.287 de 2010 quando acrescentou os termos: “especialmente em suas expressões regionais”.
     Todavia, no desenvolvimento desse longo processo, documentos foram surgindo para complementar a referida lei.  Sendo um dos principais os “Parâmetros Curriculares Nacionais”. É no volume de número seis (6) que se encontram as diretrizes para o ensino de arte, complementando e corroborando com a Lei 9.394/96 quando afirma na página 19 que: “Arte tem uma função tão importante quando às dos outros conheciment0os no processo de ensino aprendizagem”.
     Os Parâmetros Curriculares Nacionais passou a entender a luta dos Arte-Educadores em relação à não polivalência e à implantação de áreas específicas na área da arte no ensino fundamental no Brasil. Além disso, pelo que consta na página 29, entendeu ainda que: “A tendência passou a ser a diminuição qualitativa dos saberes referentes às especificidades de cada uma das formas de arte e, no lugar destas, desenvolveu-se a crença de que bastavam propostas de atividades expressivas espontâneas para que os alunos conhecessem muito bem música, artes plásticas, ciências, dança, etc.”
     Os Parâmetros Curriculares Nacionais tornou-se um importante documento tendo em vista que dá suporte jurídico à divisão do ensino de arte por área. O que antes era “Educação Artística” passou a ser “Disciplina Arte” com as áreas específicas desmembradas em Artes Visuais, Teatro, Dança e Música. Na página 51 dos Parâmetros pode-se observar que: “O ensino de Arte é área de conhecimento com conteúdos específicos e deve ser consolidada como parte constitutiva dos currículos escolares, requerendo, portanto, capacitação dos professores para orientar a formação do aluno.” Conclui-se que este foi um resultado de três movimentos distintos, por um lado, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, por outro, os Parâmetros Curriculares Nacionais e ainda a luta dos Arte-Educadores por uma não polivalência no ensino de arte e pela implantação do estudo específico das áreas Artes Visuais, Teatro, Dança e Música.

sexta-feira, 8 de março de 2013

ENSINO DE ARTE E LEGISLAÇÃO


      O ensino de artes passou a ser reconhecido formalmente na escola brasileira a partir da Lei 5.692\71 com o nome de “Educação Artística”. Mas, o mesmo já existia de fato em nossas escolas. Contudo, os cursos superiores que foram sendo implantados nas Universidades brasileiras demonstraram, com o passar dos anos, algumas fragilidades em relação às atividades profissionais, inclusive fomentando a polivalência no que diz respeito ao objetivo exercício prático da profissão. Isto ocasionou vários conflitos na profissão nas décadas de 1970 e 1980. Entretanto, os Parâmetros Curriculares Nacionais retomam esse debate quando afirma na página 29, que na época os professores: “...Viram-se responsabilizados por educar os alunos (em escolas de ensino médio) em todas as linguagens artísticas configurando-se a formação do professor polivalente em Arte”.

     Este tipo de entendimento, que fazia com que o professor de uma área da arte, ministrasse todas as especificidades, ocasionou baixa qualidade no ensino da arte. Discussão essa que também é retomada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, quando na página 30 registra que: “O movimento Arte-Educação permitiu que se ampliassem as discussões sobre a valorização e o aprimoramento do professor, que reconhecia o seu isolamento dentro da escola e a insuficiência de conhecimentos e competência na área”.

     Todavia, esse problema gerou várias discussões dentro e fora das universidades fazendo com que os profissionais da área se organizassem. Em função disso, foram criadas várias associações de Arte-Educadores em todo o território nacional, que se tornaram espaços de discussões e debates sobre o assunto em tela. Esses fóruns de debates foram tomando forma de tal grandeza que culminou com a fundação da Federação Brasileira de Arte-Educadores – FAEB em 1997, dentro do I Festival Latino Americano de Arte e Cultura – I FLAAC que aconteceu na Universidade de Brasília. Particularmente presenciei este evento, visto que estive lá presencialmente como aluno do Curso de Educação Artística da UFPB.

     Acontece porém, que os cursos de Educação Artística que foram sendo implantados ao longo dos anos, demonstraram fragilidades principalmente no sentido de que o profissional realizava um curso que possuía quatro habilitações: artes plásticas; artes cênicas; arte musical e dança, sendo que ao se deparar com o mercado de trabalho, o mesmo exigia-lhe o domínio das quatro áreas, o que o tornava um professor polivalente.

     Notadamente, foi em função de mais de 20 anos de luta dos arte-educadores no Brasil por essa não polivalência que se conquistou a partir da Lei 9.394\96, por um lado, a obrigatoriedade do ensino de Artes, que mudou sua nomenclatura de “Educação Artística” para a disciplina “Arte” e por outro lado, a divisão da disciplina “Arte” por áreas específicas, quais sejam: Artes Visuais; Teatro; Dança e Música.

segunda-feira, 4 de março de 2013

ENTRE PAI & FILHOS


     O Prof. Dr. Romualdo Rodrigues Palhano estará lançando sua terceira obra poética em parceria com seus dois filhos. ENTRE PAI & FILHOS        é a relação intrínseca de três poetas, dos quais um veterano e dois aprendizes. A obra revela aspectos de pensamentos pensados durante determinados períodos de vida, como a fase de criança, da adolescência e adulta.
     O autor vem com 32 poemas e seus filhos: José Martí Luna Palhano (14 anos) com 11 poesias e Juan Pablo Luna Palhano (09 anos) com 4 poesias. Além de autores as crianças também assinam as ilustrações. O autor fez uma seleção de imagens construídas durante alguns anos como exercício escolar. Imagens que revelam também o cotidiano da vida das crianças na escola formal.

     No prefácio da obra a professora Silvia Carla enfoca que “O livro Entre Pai & Filhos é uma obra que nos convida a ver e olhar cada página como uma imersão da atividade inventiva de Romualdo Palhano (pai); Juan Pablo Luna Palhano e José Martí Luna Palhano (filhos) como uma redescoberta do que estamos nos tornando. Descoberta que faz e se refaz diariamente na expectativa de escolha contínua em compartilhar o compromisso produtivo com quem estamos diariamente envolvidos”.

     A imersão na leitura, da percepção e da apreciação, também surge como um convite, justificada por dois enlaces permanentes dessa relação parental; primeiro pela aventura criadora de três brincantes que fazem da escrita e do desenho gráfico uma colaboração quase natural, mas, sobretudo atravessadas por narrativas singularizadas; segundo, pelas múltiplas temporalidades afetivas que envolvem a sensação íntima entre pai e filhos.

     O lançamento da obra “Eu e a Rainha do Vale – De Menino a Rapazinho” acontecerá na próxima quinta feira, dia 03 de maio na Biblioteca da Universidade Estadual do Amapá - UEAP , cidade de Macapá.

 

Sobre o autor

 

     Romualdo Rodrigues Palhano é graduado em Licenciatura Plena em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas, pela Universidade Federal da Paraíba. Instituição onde também concluiu Mestrado em Serviço Social, sendo seu objeto de investigação o Teatro Comunitário. Residiu por dois anos em Havana – Cuba, onde iniciou seu doutorado. É Doutor em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. É Pós-Doutor em Teatro pela Universidade Federal da Paraíba. Reside atualmente em Macapá onde é Professor Associado da UNIFAP - Universidade Federal do Amapá.

     O autor já publicou as seguintes obras: “Grito Incontido” poesias, 1988; “A Estrela e a Rã” (infantil) 1998; “Brincando com Linhas” (infantl), 2001; “Teatro de Bonecos: uma alternativa para o ensino fundamental na Amazônia, 2001; “Entre Terra e Mar: sociogênese e caminhos do teatro na Paraíba – 1822 – 1905”, 2009; “A Saga de Altimar Pimentel e o Teatro Experimental da Cabedelo”, 2009; “Fronteiras Entre o Palco e a Tela – Teatro na Paraíba – 1900 – 1916”, 2010;  “Entre Parénthesis – poesias” também em 2010. Em 2011 o autor publicou as seguintes obras: “O Teatro na Terra de Zé da Luz – Da União Dramática ao GETI”, “A Ovellha malhada (infantil) e Artes Cênicas no Amapá e em 2012; “Eu e a Rainha do Vale – De menino a rapazinho”; “O Pato e o Lago “ (infantil).