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terça-feira, 30 de junho de 2020

RECHENE AMIN



     Pessoa simples, mas com uma vida dedicada ao teatro no Amapá. Estou falando de Adalgiza Amin Rechene, conhecida no meio artístico como Rechene Amin. Esta grande atriz, de quem vos falo, começou sua brilhante carreira no Grupo de Teatro do SESC/AP, no ano de 1982. Grupo, no qual, chegou a participar da montagem de três espetáculos. Após essa experiência, foi persistente e continuou na área do teatro chegando a Participar da fundação do Grupo de Teatro Língua de Trapo.
     Nesse segundo momento, em 1987, participou do espetáculo “Repiquete”. Com esse espetáculo, conquistou o prêmio de melhor atriz, no I Festival de Teatro do Amapá. Foi atriz coadjuvante na peça “A Paixão de Ajuricaba”. Esse caminhar pelo teatro, de Rechene, a fez conquistar plateias e a sociedade amapaense como um todo. Ganhou notoriedade no meio artístico e principalmente das pessoas ligadas às artes cênicas aqui no Amapá.
        Participou do primeiro elenco da peça “Bar Caboclo”. Com esse espetáculo, conquistou, em 1996, prêmio de melhor atriz no Festival de Teatro do Amapá. Há mais de três décadas que é atriz atuante na política cultural do Estado do Amapá. Nos últimos anos vem se dedicando à produção de textos educativos e produzindo e dirigindo vários espetáculos. Recebeu em 2004, do Conselho de Cultura do Amapá, o diploma de Destaque Cultural.
     No Grupo de Teatro do SESC/AP, participou como atriz, dos seguintes espetáculos: Tempo para Pensar, criação coletiva de 1982; O Rapto das Cebolinhas, de Maria Clara Machado, de 1983: e, Eu quero ver, criação coletiva de 1983. Já no Grupo Teatral Língua de Trapo, como atriz atuou em: - Repiquete – de 1984 a 1999; A Paixão de Ajuricaba, em 1990; Bar Caboclo, de 1991 a 2006; Pecado, de 1995 à 1997; Uma Viagem Por Aqui, em 2001; A Turma da Fanfarra, em 1998; A Surpresa de Pompom, em 2002; O Julgamento Florestal, em 1990; e Nazareno, de 2006 a 2007.
     Depois de longa experiencia com o Língua de Trapo, Rechene passa novo período transitando por vários grupos. Na Companhia Avlis de Teatro, em 2004 e 2005, montou o Auto de Jesus Cristinho; no Grupo Teatral Pirlim-pim-pim, participou de O Castelinho Misterioso, que esteve em cartaz entre 1993 e 2012, onde mais uma vez recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Teatro do Amapá, no ano de 2003. Ainda foi atriz em mais duas peças teatrais: Do Lado de Lá, de 1998; e Ecos de Lamento, entre 2008 e 2010.
     Rechene Amin, é uma artista que consegue percorrer as diversas áreas do teatro. Neste ultimo parágrafo enfatizarei sua obra como dramaturga. Ela tem escrito vários textos para teatro, são eles: O Castelo Misterioso, com participação de Cecília Lobo e Andrea Lopes, 1994; O Chapeuzinho Laranja – 1997; Liberdade – Questão de Consciência – 1988; Alimento da Vida – 1996; Atenção Cidadão – 1998; Bobeou, Dançou – 1999; De Volta ao Passado – 2000; Buiando na antrnet – 2006; Disfarce – 2007; O Casório Atrapaiado – 2008;Os Indefesos – 1998; Ecos de Lamento – 2010; As Mazelas – 2001; Mãe Natureza – 2007; O Sonho de Zé – 2009; e De Cara com a Verdade, de 2008. Minha amiga, Rechene Amin, parabéns por sua grande contribuição para o teatro do Amapá.




segunda-feira, 22 de junho de 2020

SÃO JOÃO



     Estamos em pleno São João, festividade tradicional no Brasil e principalmente na região nordeste. Festas joaninas ou juninas? Joanina deriva de João e é em homenagem a ele que assim se fala: festas joaninas. Junina deriva do mês de junho, visto que acontece nesse período do ano. É a principal festividade e a mais comemorada no nordeste brasileiro. Portanto, em tempo de pandemia do coronavírus, o São João este ano, acontecerá em casa. Artistas músicos e forrozeiros farão muitas lives, para as pessoas ficarem em casa.
     Os pagãos comemoravam essa data em função do solstício de inverno, no hemisfério sul e solstício de verão no hemisfério norte. Como a Europa situa-se no hemisfério norte, e praticamente a maior parte do ano perdura o frio, os pagãos comemoravam a chegada do “Deus Sol Invictus”, ou seja, o sol invencível que chegava abrindo o verão para abrilhantar e esquentar aquele espaço geográfico.
     O culto ao Sol invicto continuou a ser base do paganismo oficial até a adesão do império romano ao cristianismo. Antes da sua conversão, até o imperador Constantino I, tinha o Sol Invicto como a sua cunhagem oficial. Quando aconteceu a ascensão do cristianismo, ficou decidido que a referida data seria para comemorar o santo “São João”. Com isso, a cultura europeia e de suas colônias, foi se adaptando gradativamente, como é o caso no novo mundo e do nordeste do Brasil.
     Mesmo sendo na atualidade uma dança popular, é bom lembrar que a quadrilha que era muito difundida na França, foi inicialmente dançada na corte francesa. Em seguida, no campo entre os agricultores e seus familiares. Com a descoberta do novo mundo, os costumes e a cultura europeia vieram juntos. Foi assim que se consagrou as quadrilhas mais antigas que traziam muitas palavras francesas e que foram ao longo do tempo sendo aportuguesadas aqui no Brasil.
       Alavantú, vem do francês “en avant tous” (todos para a frente); changê de damas e changê de cavalheiros, vem do verbo “changer” que significa trocar, neste caso, trocar de damas e trocar de cavalheiros. Anarriê  também é do françês “en arrière” (todos para trás); Otrefuá, do francês “autre fois”  que significa outra vez.
     O que não havia na quadrilha francesa e que foi adaptado pelo povo brasileiro, foi a encenação do casamento matuto, neste caso a quadrilha gira em torno desse casamento matuto na roça, em que o noivo é obrigado a casar pelo pai da noiva, que com uma espingarda apontada para a cabeça dele, o obriga definitivamente a aceitar o casamento.
     As festas juninas são comemoradas no dia 13, em homenagem a São Pedro, quando na véspera se comemora o dia dos namorados; o dia de São João, 24, é o dia mais comemorado, há fogueiras, queima de fogos e impera a comida derivada do milho, inclusive porque é período de colheita. Dia 29 comemora-se o São Pedro que também é muito lembrado nas pequenas cidades do interior. Nesse período, não se toca outra música a não ser o forró. Para o nordestino, o São João tem o mesmo significado que o Círio de Nazaré para o amapaense.


    
       


segunda-feira, 15 de junho de 2020

CIRCOS BIZARROS




     Durante o século XIX e boa parte do século XX eram comuns nos circos, espetáculos conhecidos como aberrações ou bizarrices. Antes da chegada do rádio, o maior concorrente dos teatros, eram os circos. Durante esse período espetáculos desse gênero eram os preferidos pelas pessoas. Muitos desses casos ficaram famosos, tanto na Europa como nos Estados Unidos. A grande questão é que, casos desconhecidos de problemas de saúde que estivessem fora do normal da sociedade da época e, por outro lado, a ciência e a medicina não conseguissem resolver, eram geralmente tratados como coisas de outro mundo.
    Um desses casos foi o de Júlia Pastrana, mais conhecida como mulher macaco. Era uma mexicana que tinha um problema genético raro: Hipertricose terminal; em função disso, seu corpo era completamente coberto por pelos e seu rosto coberto por cabelos pretos lisos. Aproximadamente em meados de 1854, Júlia foi levada para os Estados Unidos, na época, com apenas 20 anos. Naquela ocasião, foi contratada imediatamente pelo circo de J.W.Beach. Fez turnês pela Europa e vários países do mundo.
     Outro caso, foi o de Josephine Myrtle Corbin, a mulher de quatro pernas. Nasceu nos Estados Unidos em 1868, com quatro pernas. Sua anomalia ficou conhecida como síndrome da duplicação caudal. Significa que o corpo da sua irmã gêmea se desenvolveu apenas da cintura para baixo, em função disso se incorporou ao corpo de Josephine. Se apresentou Ringling Brothres Circus, e em feiras. A artistas usava meias e sapatos em suas pernas extras, o que a transformava numa aparência atípica.
     Fato semelhante aconteceu com Ella Harper, que ficou famosa como a menina camelo. Aos 16 anos já era a estrela do Circus Harris Nickel Plate Show. Ela nasceu com um problema congênito em que seus joelhos dobravam para trás. Geralmente era apresentada junto a um camelo. Ficava muito famosa nas cidades em que se apresentava.
     Outro que se transformou em artista de circo e ficou muito famoso foi o caso de Stephan Bibrowsk, nascido em 1881, na Polônia. Ficou conhecido como o homem com cara de leão. Também era cantor. Seu problema genético constava de uma doença rara chamada hipertricose, na qual fazia crescer cabelos por todo o corpo e rosto, e o deixava com aparência de um leão. Já nasceu com quase três centímetros de comprimento. Após fazer muitas apresentações pela Europa, em 1901 viaja para américa. Nos Estados Unidos se apresentou em vários espetáculos, inclusive no Circo Barnun & Bailey.
     Outro caso raro foi também o da africana Sarah Baartman, que ficou famosa pelo seu exagerado e gigante bumbum. S apresentou em vários circos e ficou conhecida como a Vênus Hotentote. O que mais intriga nesses casos é que, em função de seus problemas de saúde, quando nasceram, em sua maioria, todas essas crianças foram abandonadas pelos seus pais e familiares. E é aí quando aparecem os empresários para, a partir de cada anomalia específica, transformar essas pessoas em artistas do circo de aberrações.

terça-feira, 9 de junho de 2020

VIVA CARLOS LIMA



     Minha homenagem ao ator e meu ex-aluno Carlinhos, que com o apoio dos artistas do Amapá, conseguiu vencer a covid 19. Carlos Alberto Silva Lima é professor de Artes, dramaturgo, ator, diretor de teatro e administrador. É graduado em Educação Artística pela Universidade Federal do Amapá. Desde a década de 1980 que vem se dedicando ao teatro no Amapá, tendo por base seu trabalho que iniciou na cidade de Santana, da qual é residente.
     Em função de sua dedicação à arte, foi convidado para dirigir por um período, o Teatro das Bacabeiras em Macapá, quando na ocasião desenvolveu vários projetos: “Cine ao Meio Dia”, onde com entrada franca, pessoas do comércio aproveitavam sua hora do almoço para apreciarem numa das salas do teatro, os mais diversificados filmes; Projeto “Seis e Meia” que acontecia às quartas-feiras; “Projeto Escadaria 2007” que acontecia uma vez ao mês, com várias atividades culturais, mais precisamente no dia de lua cheia; e “Projeto Café da Manhã” que acontecia sempre às segundas feiras, onde além do café se discutia as futuras atividades e pautas naquele teatro.
     Nasceu na cidade de Serra do Navio e foi lá que, ainda criança começou a participar na escola da ICOMI em dramatizações no âmbito da própria escola. Também participava do “canto coral”. Seu primeiro personagem foi uma mesa, como ele próprio descreve em entrevista concedida a este colunista: Quando eu comecei a fazer teatro, fui uma mesa e jogavam só uma toalha em cima de mim e o ator ficava sentado na mesa. Eu não podia fazer nada, Aí! Eu ficava pensando: - Poxa! É muita humilhação para um ator.
     De Serra de Navio mudou-se para a cidade de Belém do Pará onde obteve experiências na área do teatro com o professor e diretor Cláudio Barradas. Em Belém fez curso de teatro na Escola Técnica do Pará. O teatro é algo constante na vida de Carlos Lima. Este ator é tão apaixonado pelo teatro quando afirma: Eu brinco de teatro 24 horas por dia, vou para o restaurante com teatro porque sem arte não consigo viver.
     Em 1980 retornou ao Estado do Amapá para fixar residência, instalando-se dessa vez na cidade de Santana onde deu continuidade ao trabalho no teatro na Igreja Nossa Senhora de Fátima, juntamente com João Porfírio (popó) entre outras atrizes como: Fátima Trindade, Roberto Prata e Sílvio Romero. Em Macapá conheceu a professora Nazaré Trindade que era atriz reconhecida no Amapá, com quem muito aprendeu sobre teatro.
     Além de se dedicar ao palco propriamente dito, Carlinhos como é conhecido pelos mais íntimos, quando ainda era aluno da Escola Augusto Antunes, resolveu enveredar pela linha dramatúrgica e foi nos bancos escolares que escreveu “A Raposa Espertalhona”, seu primeiro texto teatral que tinha como personagem principal uma raposa. Seu trabalho mais conhecido, todos sabem, “Seu Portuga e a Língua Portuguesa”. Desejo muito sucesso para Carlos Lima.