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domingo, 20 de dezembro de 2020

FELIZ NATAL

 


          Apesar de tudo que vem acontecendo no mundo e em nosso país, em consequência do coronavírus, há uma necessidade maior de termos que olhar sempre para o futuro. De qualquer forma, agradecermos pelos que ainda estão conosco, desbravando essa saga do caminhar e do enfrentar as vicissitudes da vida. Não é hora de desanimar! Estamos no final de um ano, que foi difícil para todos nós. Mas chegou o momento de refletirmos sobre tudo isso. Claro! Também precisamos comemorar, cada um a seu modo, mesmo ficando em casa.

     O maior desejo de todas as pessoas é saber da conquista de seus objetivos, de seus desejos, de sua vida. O Natal nos traz muita alegria a cada final de ano. É um ótimo momento de reflexão sobre um pequeno espaço de tempo que passou, ou seja, pelo qual nós passamos com vida, ilesos. Esse tempo refere-se ao espaço de praticamente 365 dias consecutivos, ou seja, um ano.

         Sem esquecer as modificações que aconteceram interiormente com nós mesmos. Às vezes algum problema de saúde, questões profissionais e tantos momentos difíceis que passamos. Mas, também foi um tempo em que nos trouxe muitas alegrias.  Alegria de ter lançado livros, alegria de ver o filho ser aprovado na escola, alegria de estar vivendo momentos felizes com quem se ama.

     O Natal é uma festa comemorada em todo o mundo; quantos de nós está falando a mesma língua: FELIZ NATAL, FELIZ NAVIDADE, JOYEUX NÖEL, MERRY CHRISTMAS, são alguns dos recados mais difundidos neste natal em todo o mundo. E assim vamos nos confraternizando, cada país do seu modo, cada povo de acordo com suas crenças e suas culturas.

     Natal significa nascimento, nascimento de Jesus que tanto batalhou para a igualdade do povo do seu tempo. Verdadeiro revolucionário de sua época. E hoje e sempre comemoramos em função deste símbolo de ser humano.

     Todo natal nos traz esperança de um mundo melhor, de alegria, de união entre os povos. Refletimos sempre para o bem da humanidade. Como é bonito todos juntos com suas famílias, revendo uns aos outros, pessoas que há tempo não mais havíamos visto, tudo isto faz parte do semblante natalino.

     Sabemos que hoje os meios tecnológicos como as redes sociais em muito contribuem para uma aproximação das pessoas, mas, ainda deixa um vazio em relação à vida presencial quando você toca e abraça seu amigo ou amiga de tempos antanho. É a vida...! É a vida...! É a vida...! Desejo a todos que conheço e aos que não tive a oportunidade ainda de conhecer, tudo de bom neste natal, muita saúde, paz e que tenhas conquistado seus objetivos neste ano que está terminando. Para todos UM FELIZ NATAL.

 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

CULTOS E DEUSES

 


     Certamente, mesmo antes da Grécia, manifestações cênicas voltadas para culto a vários deuses já existiam em várias latitudes, principalmente no Egito e Antigo Oriente, como comprova estudos históricos e arqueológicos. Nas cercanias do mar vermelho o rei Deus do Egito era o único legislador e a mais alta autoridade aqui na terra, a ele realizava-se muitas homenagens que eram apresentadas com utilização da música, dança e diálogo dramático. Nesse período era a realeza o único princípio ordenador das coisas. O Antigo Testamento enfoca esse período de sabedoria e vida luxuosa do Egito.

     Nabucodonosor promovia um festival do Ano Novo, cuja manifestação pouco se sabe. Na Mesopotâmia havia a manifestação do “casamento sagrado” que era um ritual mítico. Detectou-se na dança egípcia de Hator, momentos da utilização de pequenos diálogos. Ainda no Egito, estudiosos encontraram em Abidos, vestígios do “Drama, Morte e Paixão de Osíris”. A cidade de Abidos era a Meca dos egípcios.

     Em várias manifestações a deuses antigos detectou-se indícios da presença de mimo, farsas, anões e atores mascarados que divertiam as cortes da época, como se fossem verdadeiros bobos da corte no Oriente antigo. Além de Osíris e Isis, também eram cultuados vários outros deuses como Marduk e Mitra.

     Se por um lado, existia o culto aos deuses, por outro, também havia o culto aos mortos, e nessas manifestações funestas, era constante a presença de música e dança, banquetes procissões e oferendas, de acordo com achados arqueológicos em catacumbas e tumbas egípcias. Imagens pintadas e esculpidas revelam manifestações aos deuses Rá, o deus do paraíso, e a Osíris, o senhor dos mortos. Osíris era o deus que estava mais próximo do ser humano.

     Em 1882 o egiptólogo Gaston Maspero, em seus estudos revelou o caráter dramático dos textos das pirâmides. De certa forma, havia nessas manifestações apresentação em primeira pessoa que sugeriam enganosamente um suposto diálogo que ainda não foram endossadas por pesquisas recentes. Outra questão fundamental era a presença de um público, situação que só vem a acontecer na democracia grega

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

CRISTO NEGRO

 

    

    Reconhecido como artista de primeira linha, na década de 1970, Bi Trindade exerceu grande influência no que diz respeito às artes no Amapá, digo, às artes em geral. Sim! Visto que ele era um artista versátil: ator, escritor, poeta, músico, professor, além de ser tradutor de várias composições da Música Popular amapaense para o idioma francês.

     Como tantos outros artistas da década de 1970, o teatro surgiu na vida de Bi Trindade no bairro do Laguinho, principalmente no Grupo Telhado. Também não poderia deixar de ser, foi contemporâneo de Osvaldo Simões, Consolação Corte, Juvenal Canto entre outros jovens da época.

     É considerável afirmar que na década de 1970, com a criação do Grupo Telhado; com a criação do Grupo Pilão e com vários eventos artísticos, como feiras de artes, promovidos por esse grupo de pessoas, Bi sempre esteve participando dessas atividades artísticas. Foram os jovens do Laguinho que conseguiram transformar o seu bairro no maior centro cultural do Estado do Amapá, naquele momento histórico.

       O Telhado foi um grupo de teatro que em muito contribuiu para a formação de atores do Amapá, visto que o grupo trabalhava observando a arte como um sério métier. Lembra Bi, que o grupo conseguiu assinar convênio com o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL. Em função do seu trabalho, o grupo conquistou e teve à sua disposição o Cineteatro Territorial, para realizar seus ensaios e suas apresentações.

     Mas, o telhado não só se dedicava à arte pela arte. Como grupo de vanguarda se preocupava tanto com o trabalho artístico, no caso a mise em scène, como em debater com a sociedade local suas angústias, suas emoções e seus problemas político e sociais. Bi Trindade participou em espetáculos como: “Antônio, Meu Santo” e “A Mulher que Casou 18 Vezes” e “O Menino do Laguinho”.

     “A Mulher que Casou 18 Vezes” além de ter sido um bonito espetáculo, naquela peça, Bi representou dois personagens e ainda trabalhou na música. Foi uma adaptação de cordel, que deixava o público sempre à vontade porque era de fácil compreensão. Além disso a peça deixou para ele a experiência de viajar pelos cinco municípios amapaenses que existiam na época: Macapá, Porto Grande, Ferreira Gomes, Calçoene, Amapá e Oiapoque.

     Além do Grupo Telhado, Bi participou de outros grupos de igrejas como São Benedito e Jesus de Nazaré. Em 1977, na igreja São Benedito, padre José solicitou que o grupo apresentasse a via sacra ao vivo pelas ruas do bairro laguinho. O trajeto ficou assim determinado: saída da referida igreja, seguindo por ruas do Pacoval; depois, passando em frente à igreja Nossa Senhora Aparecida, em seguida voltando pela rua Eliezer Levy e boêmios do Laguinho, para finalizar com a crucificação de Cristo que acontecia na Igreja São Benedito. Naquela ocasião, qual artista fazia o cristo? Reposta: - Bi Trindade, nosso Cristo negro.

 

 

domingo, 29 de novembro de 2020

TITULARES DA UNIFAP

 


     Nas Universidades Federais, a carreira acadêmica inicia como professor auxiliar, depois professor assistente; em seguida, professor adjunto; depois professor associado; culminando com o último grau da carreira que é o professor titular. Para chegar a ser professor titular é preciso o candidato ser doutor e ter produção acadêmica. Há dois caminhos para se chegar lá; através de concurso público ou a partir da carreira acadêmica.

     O candidato terá que encaminhar processo com memorial descritivo e comprovação de toda sua produção acadêmica. Os memoriais têm longa tradição Brasil, constituem-se em documentos que expõem trajetórias de professores universitários para fins de concursos ou de progressões ao longo das suas carreiras. No caso específico das universidades federais e da progressão para a classe de Professor Titular a ampliação do acesso a esse nível da carreira é a resultante de uma greve do movimento docente. Entre as concessões ao Estado e as conquistas da categoria, essa greve garantiu que todos os professores que alcançarem o nível de Professor Associado IV possam pleitear essa ascensão na carreira horizontal.

     Os memoriais são escritos na primeira pessoa do singular, da mesma forma que as cartas, as confissões, os diários e as memórias. Esse gênero de escrita de si expõe as razões do sujeito na sua parcialidade e subjetividade. Trata-se de um gênero que produz certo grau de desconforto entre os pesquisadores acadêmicos, uma vez que, por razões de ofício, esses aprenderam a escrever na terceira pessoa do singular ou na primeira pessoa do plural, na pretensão de produzir os efeitos de imparcialidade e impessoalidade.

     Até meados de 2019 a Universidade Federal do Amapá, possuía apenas  dois professores titulares; Professora Doutora Julieta Bramorski e Professor Doutor José Carlos Tavares; os quais se submeteram a concurso público; em agosto foi a vez de mais um servidor se tornar Titular, no caso, o Professor Doutor Jadson Porto, que apresentou Memorial Descritivo. No dia 11de setembro, me tornei Professor Titular e já no dia 12, a professora Doutora Rosemary Ferreira de Andrade; nós também apresentamos Memorial Descritivo. Em dezembro desse mesmo ano, fui Presidente da Banca da Professora Doutora Simone Garcia Almeida, esta última resolveu apresentar sua tese intitulada “Água de Barrela”. O que se pode observar, é que nossa instituição encerrou o ano de 2019 com um total de 6 professores titulares.   

     Apesar da pandemia do coronavírus e de todos os problemas que vem enfrentando o estado do Amapá, no último dia 20, presidi mais uma Banca de Avaliação de Progressão Funcional, desta vez a Professora Doutora Helenilza Ferreira de Albuquerque, conseguiu galgar ser Professora Titular. Esclarecendo que as bancas deste ano foram todas realizadas on line. E dia 27, última sexta feira também fui Presidente da Banca de Avaliação do Prof. Doutor José Alberto Tostes, que apresentou seu Memorial Descritivo e foi aprovado pela Comissão de Avaliação. Isto implica dizer que a UNIFAP encerrará o ano de 2020 com um total de 8 professores Titulares, o que é um fato muito importante para nossa instituição.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

LÉLIO SILVA

 

     Todos já ouviram falar da unidade de saúde Lélio Silva, pois é, ele era médico muito conhecido no Amapá desde a década de 1940. Em 16 de fevereiro de 1950 houve um naufrágio no rio Cassiporé em função da pororoca, em que faleceu o Dr. Lélio Gonçalves da Silva, que na ocasião era Diretor e médico do Posto Misto do Oiapoque.  A equipe de saúde que estava atendendo ribeirinhos do rio Cassiporé, estava se organizando para retornar a Macapá. De acordo com as notícias, o médico preferiu esperar passar a pororoca, porém, o senhor que pilotava o barco, decidiu sair mais rápido para chegar mais cedo a Macapá.

     Na embarcação, estava o médico, mais dois senhores e uma enfermeira muito conceituada na região. O problema é que num determinado local tiveram que enfrentar a pororoca, na ocasião, o piloto não conseguiu dominar a embarcação e infelizmente, o barco foi para o fundo do rio.  Este foi o naufrágio, no qual, faleceu o Dr. Lélio Silva. Em homenagem à sua dedicação na área de saúde no Amapá, colocaram seu nome numa das unidades de saúde do município de Macapá.

     Apesar de boa parte da população já ter ouvido falar sobre Dr. Lélio Silva, acontece que este evento também foi transformado em texto dramatúrgico. Essa outra homenagem foi realizada por um conhecido radialista; pelo rádio ator Paulo Roberto, que na época trabalhava na rádio difusora de Macapá. Este fato pode ser localizado no Jornal Amapá, Ano 6, número 269, Macapá, 06 de maio de 1950, onde enfoca que: inspirado na dedicação e espírito de sacrífico do jovem e pranteado clínico, o conhecido rádio-ator Paulo Roberto, organizou e transmitiu através do seu popular programa <<Obrigado Doutor>>, que a Rádio Nacional irradia todas as terças-feiras, às 20 horas, a peça intitulada << A Tragédia do Amapá>>.     

     O referido programa intitulado “Obrigado Doutor” tinha como patrocínio o Leite de Magnésia da Phillips. Dr. Lélio Silva era médico. O texto foi escrito em sua homenagem pelo rádio ator Paulo Roberto que exercia suas atividades na Rádio Nacional, que na atualidade é conhecida como Rádio Difusora de Macapá.

     Embora tenhamos conhecimento da apresentação dos “Mouros e Cristãos” em Mazagão Velho, que apesar de ter sido apresentada por mais de dois séculos, considera-se ainda como literatura oral, tendo em vista que não há um texto propriamente dito, mas sim, um roteiro. No caso do texto “A Tragédia do Amapá”, resta dizer que, até que novos pesquisadores localizem outros textos anteriores, cronologicamente considero este, como o primeiro texto dramatúrgico do Amapá, que apesar de ainda não ter sido transformado em espetáculo, se tornou rádio novela na década de 1950. Em relação a isso, venho pesquisando e trabalhando para juntar esse quebra-cabeça, visto que esse texto foi publicado por partes no Jornal Amapá, naquela época, e o meu objetivo é conseguir juntar essas partes para chegar ao texto completo. 

LÉLIO SILVA

 

     Todos já ouviram falar da unidade de saúde Lélio Silva, pois é, ele era médico muito conhecido no Amapá desde a década de 1940. Em 16 de fevereiro de 1950 houve um naufrágio no rio Cassiporé em função da pororoca, em que faleceu o Dr. Lélio Gonçalves da Silva, que na ocasião era Diretor e médico do Posto Misto do Oiapoque.  A equipe de saúde que estava atendendo ribeirinhos do rio Cassiporé, estava se organizando para retornar a Macapá. De acordo com as notícias, o médico preferiu esperar passar a pororoca, porém, o senhor que pilotava o barco, decidiu sair mais rápido para chegar mais cedo a Macapá.

     Na embarcação, estava o médico, mais dois senhores e uma enfermeira muito conceituada na região. O problema é que num determinado local tiveram que enfrentar a pororoca, na ocasião, o piloto não conseguiu dominar a embarcação e infelizmente, o barco foi para o fundo do rio.  Este foi o naufrágio, no qual, faleceu o Dr. Lélio Silva. Em homenagem à sua dedicação na área de saúde no Amapá, colocaram seu nome numa das unidades de saúde do município de Macapá.

     Apesar de boa parte da população já ter ouvido falar sobre Dr. Lélio Silva, acontece que este evento também foi transformado em texto dramatúrgico. Essa outra homenagem foi realizada por um conhecido radialista; pelo rádio ator Paulo Roberto, que na época trabalhava na rádio difusora de Macapá. Este fato pode ser localizado no Jornal Amapá, Ano 6, número 269, Macapá, 06 de maio de 1950, onde enfoca que: inspirado na dedicação e espírito de sacrífico do jovem e pranteado clínico, o conhecido rádio-ator Paulo Roberto, organizou e transmitiu através do seu popular programa <<Obrigado Doutor>>, que a Rádio Nacional irradia todas as terças-feiras, às 20 horas, a peça intitulada << A Tragédia do Amapá>>.     

     O referido programa intitulado “Obrigado Doutor” tinha como patrocínio o Leite de Magnésia da Phillips. Dr. Lélio Silva era médico. O texto foi escrito em sua homenagem pelo rádio ator Paulo Roberto que exercia suas atividades na Rádio Nacional, que na atualidade é conhecida como Rádio Difusora de Macapá.

     Embora tenhamos conhecimento da apresentação dos “Mouros e Cristãos” em Mazagão Velho, que apesar de ter sido apresentada por mais de dois séculos, considera-se ainda como literatura oral, tendo em vista que não há um texto propriamente dito, mas sim, um roteiro. No caso do texto “A Tragédia do Amapá”, resta dizer que, até que novos pesquisadores localizem outros textos anteriores, cronologicamente considero este, como o primeiro texto dramatúrgico do Amapá, que apesar de ainda não ter sido transformado em espetáculo, se tornou rádio novela na década de 1950. Em relação a isso, venho pesquisando e trabalhando para juntar esse quebra-cabeça, visto que esse texto foi publicado por partes no Jornal Amapá, naquela época, e o meu objetivo é conseguir juntar essas partes para chegar ao texto completo.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

CACÁ EM VERSOS

 


     Desde garoto que convivi com a literatura de cordel, principalmente na feira livre da cidade de Itabaiana, na Paraíba, que tanto Sivuca cantou em sua “feira de mangaio”. Na década de 1970, do século XX, havia vários cordelistas, recitando versos e vendendo os córdeis para os aficionados. Eram histórias de reis, rainhas, sobre a política da época ou até em função de qualquer fato pitoresco que houvesse acontecido. Cordel sobre Lampião, eram os mais cotados da época.

     E tudo acontecia ao ar livre, na rua mesmo, onde as pessoas passavam para fazer sua feira da semana. Bastava um microfone de lapela, uma bateria de carro, um autofalante, um guarda sol e ainda vários cordões, onde se penduravam os livrinhos de literatura de cordel. O apresentador tinha que ser mestre no assunto, porque além de leitura dramática das mais diversificadas histórias, ele tinha que ser muito bom na improvisação.

     Escrever cordel não é tão fácil como se pensa, gosto desse tipo de literatura como também tenho algum material escrito, ainda não publicado. Em função do lockdown e do blackout que aconteceu no início deste mês de novembro em nosso estado, resolvi ler alguns cordéis que tenho carinhosamente guardados num nostálgico baú. Entre tantos, felizmente encontrei o cordel do ilustre radialista Cacá de Oliveira, intitulado “Brasil do Avesso em Versos”.

     Cacá tem suas raízes em Pernambuco. A métrica e a rima que ele usa neste cordel apresenta vinte e seis estrofes em sextilha. Preocupado com nosso país, enfoca poeticamente, um Brasil com vários problemas políticos e sociais, como feminicídio, desrespeito aos idosos, sobre a bandidagem, os quais, poderiam ser resolvidos por nossos gestores. Nos versos abaixo, ele realmente se mostra atônito com a distribuição de renda entre as pessoas: 

Uma coisa me entristece

É renda e distribuição

Se concentra na minoria

A maioria fica na mão

Quem trabalha ganha pouco

E um pouco, um dinheirão.    

 

     E é de forma lírica que Cacá vai desenvolvendo seu cordel, mas, sempre denunciando as injustiças sociais, como no caso dos feminicídios tão comuns hoje em dia.

Violência contra a mulher

E também com o inocente

Aumentando a cada dia

Assustando muita gente

Às vezes na própria casa

Também tem um delinquente.

 

     Nosso pernambucano/amapaense, radialista, jornalista e cordelista, sutilmente, também buscar indicar algumas resoluções para determinados problemas sociais, como pode-se observar aqui:

 

É necessário investir

Melhorar a segurança

Nós temos que apelar

Sem perder a esperança

Porque tem que proteger

Do mais velho à criança.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

RÁDIO DIFUSORA

                                 

     Com o intuito de dotar a cidade de Macapá de um meio de divulgação, o governo Janary Nunes inaugura um serviço de autofalantes em 25 de fevereiro de 1945. Justamente, esse serviço de autofalantes se tornaria a futura Rádio Difusora de Macapá; inaugurando-a em 23 de julho de 1946. A referida difusora que nos dias atuais ainda continua em funcionamento, em muito contribuiu com a cultura e o teatro no Amapá, levando-se em consideração duas questões primordiais: a primeira foi o fato de a mesma ter aberto programação para radionovelas, o que consequentemente, deu início ao rádio teatro em nosso Estado; outro fator preponderante foi a construção de um pequeno palco com plateia para cem pessoas que foi construído em seu espaço físico.

     Certamente, o projeto do rádio teatro no âmbito da Rádio Difusora de Macapá, motivou e abriu espaço para atores, atrizes e diretores, em função da gravação dessas radionovelas, enquanto que, por outro lado, o palco que havia no complexo da referida rádio, tanto servia como espaço para produção de programas de auditório, e também como espaço para ensaio e apresentações de peças teatrais dos produtores locais. O saudoso professor Guilherme Jarbas nos falou sobre este assunto: Nós tínhamos na Rádio difusora de Macapá o rádio teatro e tinha um profissional chamado Reinaldo Farah e mais dois irmãos que foram contratados pelo governo do Território para trabalhar a radiodifusão dessas peças teatrais.

     A Rádio Difusora de Macapá foi inaugurada num momento áureo do Território Federal do Amapá, com boa estrutura física, como afirma o ex-diretor e professor Rostan Martins: O prédio da RDM tinha ambientes principais como: estúdio de locução; discoteca; sala de controle de som; auditório com capacidade para 100 pessoas, com palco, onde se apresentaram seresteiros, programas dos radialistas pioneiros, como o Clube do Guri, a apresentações de radionovelas.

     Com a inauguração da Rádio Difusora de Macapá em 23 de julho de 1946; com o início das atividades pedagógicas da Escola Barão do Rio Branco em 13 de setembro de 1946 e ainda com os eventos e apresentações de artistas que passaram a acontecer no Cine Teatro Territorial a partir de 1948, tendo-se por outro lado a constante urbanização da Praça do Barão, acredita-se que esses fatores transformaram aquela área geográfica num point cultural da cidade de Macapá entre os anos 40 e 50 do século XX. É em função desses fatores que no final da década de 1940 se inicia um forte movimento cultural no âmbito do Estado do Amapá.

     Portanto, naquela área urbana vamos observar um complexo urbanístico do mais avançado progresso para aquele período na cidade de Macapá. Ali tínhamos a primeira escola de Macapá; o primeiro cinema da cidade; o primeiro teatro moderno para a época; a primeira estação de rádio; um imenso hotel, e a partir de 1950 uma grande praça totalmente urbanizada. Sem sombra de dúvidas, passou a ser o centro cultural da cidade.

 

RÁDIO DIFUSORA

                                  

     Com o intuito de dotar a cidade de Macapá de um meio de divulgação, o governo Janary Nunes inaugura um serviço de autofalantes em 25 de fevereiro de 1945. Justamente, esse serviço de autofalantes se tornaria a futura Rádio Difusora de Macapá; inaugurando-a em 23 de julho de 1946. A referida difusora que nos dias atuais ainda continua em funcionamento, em muito contribuiu com a cultura e o teatro no Amapá, levando-se em consideração duas questões primordiais: a primeira foi o fato de a mesma ter aberto programação para radionovelas, o que consequentemente, deu início ao rádio teatro em nosso Estado; outro fator preponderante foi a construção de um pequeno palco com plateia para cem pessoas que foi construído em seu espaço físico.

     Certamente, o projeto do rádio teatro no âmbito da Rádio Difusora de Macapá, motivou e abriu espaço para atores, atrizes e diretores, em função da gravação dessas radionovelas, enquanto que, por outro lado, o palco que havia no complexo da referida rádio, tanto servia como espaço para produção de programas de auditório, e também como espaço para ensaio e apresentações de peças teatrais dos produtores locais. O saudoso professor Guilherme Jarbas nos falou sobre este assunto: Nós tínhamos na Rádio difusora de Macapá o rádio teatro e tinha um profissional chamado Reinaldo Farah e mais dois irmãos que foram contratados pelo governo do Território para trabalhar a radiodifusão dessas peças teatrais.

     A Rádio Difusora de Macapá foi inaugurada num momento áureo do Território Federal do Amapá, com boa estrutura física, como afirma o ex-diretor e professor Rostan Martins: O prédio da RDM tinha ambientes principais como: estúdio de locução; discoteca; sala de controle de som; auditório com capacidade para 100 pessoas, com palco, onde se apresentaram seresteiros, programas dos radialistas pioneiros, como o Clube do Guri, a apresentações de radionovelas.

     Com a inauguração da Rádio Difusora de Macapá em 23 de julho de 1946; com o início das atividades pedagógicas da Escola Barão do Rio Branco em 13 de setembro de 1946 e ainda com os eventos e apresentações de artistas que passaram a acontecer no Cine Teatro Territorial a partir de 1948, tendo-se por outro lado a constante urbanização da Praça do Barão, acredita-se que esses fatores transformaram aquela área geográfica num point cultural da cidade de Macapá entre os anos 40 e 50 do século XX. É em função desses fatores que no final da década de 1940 se inicia um forte movimento cultural no âmbito do Estado do Amapá.

     Portanto, naquela área urbana vamos observar um complexo urbanístico do mais avançado progresso para aquele período na cidade de Macapá. Ali tínhamos a primeira escola de Macapá; o primeiro cinema da cidade; o primeiro teatro moderno para a época; a primeira estação de rádio; um imenso hotel, e a partir de 1950 uma grande praça totalmente urbanizada. Sem sombra de dúvidas, passou a ser o centro cultural da cidade.

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

TEATRO E POLÍTICA

 

                                        

     É da natureza do homem ser exímio imitador. Na Idade da Pedra, antes de usar as cavernas como proteção, o homem precisou expulsar os animais que ali moravam. Por outro lado, quando conseguia abater esses animais, ele aproveitava o corpo do mesmo como alimento, mas não era só isso... Começou a imaginar a probabilidade de utilizar o couro como vestimenta e ainda a se vestir, como se fosse um animal para se aproximar do mesmo, para poder abatê-lo com sucesso.

     O humor e o imitador estão presentes em todos os tempos e em todas as épocas da história da humanidade. O homem imita por natureza, não fosse isso não aprenderia a falar sua própria língua. Uma criança nascida na Inglaterra fala o inglês porque ouve os mais velhos falarem a referida língua, o mesmo acontece num país de língua espanhola ou portuguesa como no caso, o Brasil.

     Entre todas as atitudes do homem, o teatro está sempre presente, principalmente no período de eleição quando candidatos procuram representar o que não são na realidade, ou seja, vislumbram com a criação de seus personagens, conquistar os eleitores, o que quer dizer ganhar o pleito e ser eleito definitivamente. Para isso, mesmo empiricamente se utilizam de artefatos que são frequentes no teatro.

     Drama, tragédia, sátira e comédia são os gêneros que mais se sobressaem quando os futuros representantes do povo aproveitam seus parcos segundos no programa eleitoral gratuito na televisão. Este é o principal momento de entrar em cena. As emoções são variadas para ganhar a simpatia e empatia dos eleitores. Choro, ao se lembrar de sua devotada professora ou até mesmo de deglutir uma sopa; alegria, ao falar das insignificantes atitudes e projetos elaborados como gestor; tristeza, ao contar sobre a perda de uma pessoa querida da sociedade, mesmo que seja da oposição.

     Enquanto uns conseguem se explicitar com mais robustez e originalidade devido à sua vivência no cotidiano, outros se enrijecem e muito mal leem seus programas, fixando os olhos diante das câmeras. Nenhum outro movimento é percebido, parece até ser um castigo ele está ali para falar principalmente do que não sabe.

     Infelizmente, na prática, é assim que acontece com a maioria dos candidatos que se inscrevem para participar de um pleito eletivo em nossa sociedade. A democracia muitas vezes se apresenta cheia de contradições, por exemplo, para ser professor de uma universidade hoje, o candidato necessita no mínimo possuir um curso de Mestrado, enquanto que para ser político o que se exige apenas é que o candidato saiba assinar seu nome. 

 


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

ARTISTAS NO CINETEATRO TERRITORIAL

 


     No que diz respeito à cultura propriamente dita, e mais principalmente em relação à arte teatral, um dos momentos mais significativos para a cultura amapaense foi sem dúvida a inauguração do Cine Teatro Territorial, pelo primeiro governo do Território Sr. Janary Gentil Nunes. Todavia, pressupõe-se que a inauguração deste teatro na década de 1940, não teve como objetivo principal, suprir a necessidade de um espaço para grupos local, até porque realmente não havia tão grande movimento teatral naquele período no Amapá, mas sim, para suprir a necessidade da nova elite que estava se instalando nas terras tucujus.  Neste caso, tornou-se um point da sociedade da época.

     Essa política cultural do governo do Território Federal do Amapá, fez com que artistas do eixo Rio/São Paulo, como também de outras partes do Brasil, aqui aportassem para apresentar seus trabalhos. Estiveram no Cine Teatro Territorial; artistas como: Bibi Ferreira (teatro), Procópio Ferreira (teatro), Fernanda Montenegro (teatro), Luiz Gonzaga (música); Rodolfo Mayer com “As Mãos de Eurídice” (teatro); Concita Mascarenhas (teatro de revista); Marlene, (a rainha do baião); Trio Iraquitam; Dalva de Oliveira (1949 - música); Herivelto Martins (1949 - música); Walfrido Silva (1949 – música); Amália Paiva (1949 – música); Companhia Nacional de Comédias Barreto Júnior (1948 - teatro); Companhia de Comédia Marquize Branca (1948 - teatro); Carmem Costa (1949 - sambista – música); Maria Otávia (1950 – pianista); Paulo Burgos (1950 – pianista); Coracy Fischer (1950 – cantora); Risoleta Porto (1951 - canto e piano); Guilhermina Cerveira (1951 – canto e piano);  Altino (1951 – pianista); Rogaciano Leite (1949 – récita); Pastorinhas “Filhas de Israel” (1950 – teatro), entre outras atividades do gênero. O saudoso Professor Guilherme Jarbas, em entrevista de 01 de junho de 2011, a este colunista, falou que quando era jovem presenciou alguns desses momentos: Lembro bem que na minha juventude, aqui vieram grandes nomes do teatro, me recordo bem, como: Fernanda Montenegro. O governo do ex-território, na época de Janary trazia as figuras mais expoentes de vários segmentos da cultura, ao Amapá. Por exemplo: Marlene, a rainha do baião; a Dalva de Oliveira, ou seja, essas pessoas vieram a Macapá trazidas exatamente pelo governador da época, Janary Nunes. Naquele período eu tinha entre meus quinze e dezesseis anos.

     Não só artistas conhecidos no Brasil. Todavia, vários artistas locais e inclusive de outros países chegaram a se apresentar no Cine Teatro Territorial. Vejamos a seguir os artistas da região: Valdemar Henrique (1951 – música); Teatro do Estudante do Amapá, com os espetáculos “Joaninha Buscapé” - 1948); “O Amor que não Morreu”  e “Feitiço” – 1952; Trupe Cantuária – 1945; Companhia Teatral Guajarina – 1946; Rosalvo Guigni – 1952 -  tenor amazonense;  Maria Anísia Campos – 1952 – recital e piano; Trupe do Coroné Ludugero, e Grupo de Teatro Guararape com  peça “Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo – 1952.  Entre os artistas de outros países, temos: Trio Chileno (1948 – música); Maria da Graça (1952 – cantora portuguesa); e Rulito y Sus Estrelas (1953 – tango e bolero).

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

O MELHOR BÁLSAMO

 

 

     Venho enfrentando a pandemia do coronavírus com bastante paciência. Confesso que, como a maioria das pessoas, logo no início tive grande impacto para enfrentar a nova forma cotidiana que nos foi imposta pela pandemia. Minha sensação, foi a mesma de um animal quando cai numa armadilha, não há tempo nem para pensar. Quando você menos espera, já está perdido no labirinto. É como se estivesse perdido numa grande floresta, desnorteado em águas marinhas, ou até mesmo, desaparecido no tempo e no espaço.

     Todos hão de acreditar que tudo aconteceu muito rápido, de repente as escolas cerraram suas portas, o comércio parou, as lojas deixaram de ter movimento, carros deixaram de trafegar, as pessoas deixaram de trabalhar e tudo parou. Tudo parou em função de um microscópico e invisível vírus. O pior de tudo é que o melhor remédio foi o isolamento social. Sim! Todos precisaram se isolar de todos. Dessa forma, a sociedade juntamente com o capitalismo, sucumbiram.

     A indicação das autoridades de saúde foi a necessidade desse sombrio isolamento, visto que não havia nenhum outro remédio para combater a pandemia. E, como afirmou Raul Seixas, em sua música, realmente chegamos ao dia em que a terra parou. E parou mesmo! Tanto é que todos os países foram obrigados a fechar suas portas, e mesmo assim muita gente faleceu em função do perigoso vírus.

     Como eu havia dito, no início fiquei um tanto quanto atordoado e desesperado, sem saber onde colocar os pés. No primeiro mês, fiquei completamente aéreo, olhando para o ocaso, sem saber que caminho seguir. Parafraseando aqui, o cantor Erasmo Carlos, fiquei literalmente sentado à beira do caminho, sem poder mais ficar sempre a esperar. Cheguei até a pensar que tudo isso seria uma grande brincadeira, mas com o tempo comecei a acreditar realmente que tudo era muito sério. Minha geração nunca tinha passado por momentos semelhantes. Minha mãe, que já completou seus 90 anos, nunca vivenciou um período como o que estamos vivendo na atualidade.

     Foi então que, como muitas pessoas, decidi seguir minha vida. Na obrigação de ficar em casa, até porque sou do grupo de risco, além de realizar algumas questões profissionais remotamente, me voltei exclusivamente para ler e escrever. Sendo que até o presente momento, escrevi duas obras e li uma série delas. Devorei como uma traça, as quase 800 páginas de “A Divina Comédia” de Dante Alighieri. O autor cria um enredo de sua experiência no inferno, no purgatório e no céu. É um clássico que indico sua leitura para todos que buscam um bom livro. Outro de muito valor, foi ter conhecido e relido a história de Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, com mais de mil páginas. Essas duas leituras foram concluídas entre 10 a 12 dias. Em Dom Quixote, Cervantes enfoca a relação entre dois principais personagens, onde os mesmos ganham notoriedade, profundidade e complexidade, sendo um louco lúcido e um bobo sábio. Estou convicto que a leitura e a escrita são precipuamente, meu principal bálsamo para o enfrentamento do isolamento social em detrimento da covid19.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

CINETEATRO AMAPÁ

 

     O governo do ex-território foi muito mais além do que se pensa em relação a um projeto cultural. Havíamos enfocado dois teatros territoriais, mas, na verdade há uma trilogia desse tipo de construção em nosso estado: o teatro de Macapá e o de Mazagão; mas, ainda foi inaugurado uma nova casa de espetáculos, desta vez no município de Amapá. Acontece que em menos de doze meses após a inauguração do de Mazagão, o governo territorial inaugurou outra casa de espetáculos no Amapá. Sendo assim, em setembro de 1948, na cidade do Amapá é inaugurado o Cineteatro Amapá, de acordo com notícia do Jornal Amapá, Ano IV, nº 187, p. 2, Macapá, de 09 de outubro de 1948: NOTÍCIAS DO INTERIOR - Como foi comemorado o 7 de setembro em Amapá - CINE-TEATRO AMAPÁ - À noite, às 20 horas, teve lugar a inauguração do prédio do Cine-Teatro Amapá e respectiva aparelhagem, sendo apresentado um programa teatral pelos escolares, constante de cantos, esquetes e declamações. Finalisando os festejos do dia, a Prefeitura Municipal fez realizar um baile popular, que se prolongou até as primeiras horas do dia seguinte.

     Pelo que se observa, o Cineteatro Amapá foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1948, dentro das comemorações e festividades do dia da independência do Brasil. Foi um dia com desfiles cívicos; inauguração do Grupo Escolar; desfiles escolares, escoteiros e clubes esportivos; demonstração de educação física; provas de voleibol e futebol; sendo finalizado à noite, esse dia festivo com um baile popular.

     No que diz respeito à inauguração de teatro, a cidade de Amapá foi muito mais além das demais cidades do Estado, tendo em vista que neste ano, não apenas um, mas, três teatros foram inaugurados naquela cidade. Além do Cineteatro Amapá, ainda no dia 7 de setembro foi inaugurado um teatro na Base Aérea, e outro, no dia 6 do mesmo mês, na Escola de Iniciação Agrícola, como consta no jornal acima citado: Na Base Aérea também foi comemorada com brilhantismo a Semana da Pátria. À noite procedeu-se a inauguração do Teatrinho da FAB, em cujo espetáculo tomaram parte alunos da Escola e alguns rapases da FAB, que apresentaram a Hora do Calouro, com a colaboração da senhorinha Cely Soares, irmã do comandante da base.

     Já o Teatro da Escola de Iniciação Agrícola foi inaugurado um dia antes, ou seja, no dia 06 de setembro de 1948, dentro da programação da semana da pátria, como consta ainda no Jornal Amapá, Ano IV, nº 187, p. 2, Macapá, de 09 de outubro de 1948: Também foi inaugurado o Teatrinho da E.I.A., no dia 6, com variado programa cívico-lítero-musical.

     Pode-se observar aqui, que o município de Amapá, chegou a inaugurar três casas de espetáculos, consecutivamente, sendo eles: o cineteatro territorial do Amapá, o cineteatro da base aérea e o cineteatro da Escola de Iniciação Agrícola, que lá existia naquela época.  


terça-feira, 1 de setembro de 2020

CINETEATRO MAZAGÃO

 


     A partir de registros e documentos primários, além de depoimentos de pessoas que viveram na época, e ainda, tendo como ponto de partida o prédio que resiste ao tempo, torna-se convencível e, consequentemente crível que existiu a partir da década de 1944, o Cineteatro Macapá, que depois passou a ser denominado e amplamente conhecido como Cineteatro Territorial. Mas, se pensarmos em falar sobre um tal Cineteatro Mazagão, talvez tenhamos dúvidas se o mesmo, realmente existiu.

     Posso afirmar que sim! E digo também que foi uma grande ousadia cultural, poderia assim assegurar, do governo Janary Nunes. Em se falando de cultura, foi um governo muito ousado em relação às questões culturais, e que não se deteve apenas à cidade de Macapá, tendo em vista que há notícias concretas da inauguração desse cineteatro.

     O certo é que, após três anos de funcionamento do Cineteatro Territorial, em 05 de outubro de 1947, o governo do território inaugurou o Cineteatro Mazagão, dentro das festividades de posse do novo prefeito do município. Nesse dia, foram inaugurados o Grupo Escolar, o Cineteatro e o Matadouro Público, respectivamente, na cidade de Mazagão.

     Vale salientar que em primeiro momento, foi inaugurado o Grupo Escolar e em seguida aconteceu a inauguração do Cineteatro Mazagão. Essas festividades aconteceram no dia 05 de outubro de 1947, de acordo com o Jornal Amapá, Ano III, nº 135, p. 2, de 11 de outubro de 1947. Portanto, o Cineteatro de Mazagão foi inaugurado no dia 05 de outubro de 1947, como podemos ver a seguir, ipsis litteris: INAUGURAÇÃO DO TEATRO DE MAZAGÃO - A posse do novo gestor dos destinos de Mazagão - Em seguida foi inaugurado o Cine-Teatro de Mazagão, em edifício que outrora serviu de séde a um grêmio esportivo. É uma instalação confortável e arejada, com capacidade para abrigar numerosa platéia. O Sr. Oscar Leite Brasil, depois de aludir à questão educativa do cinema e do teatro, convidou o sr. Felippe Gillet a desatar a faixa auriverde que se encontrava à porta da referida casa de diversões.

     Ainda de acordo com esse hebdomadário, tem-se notícia de que nesse mesmo dia, esse pequeno teatro foi palco de várias apresentações dos alunos daquela cidade: No Cine-Teatro de Mazagão, os alunos do Grupo Escolar sob orientação da professora Maria das Neves Rezende, exibiram-se em interessantes demonstrações cênicas, inclusive duetos, cançonetas, monólogos e declamações.

     É de fundamental importância termos conhecimento dessas atividades artísticas e registrá-las em busca de deixarmos esse legado sobre o teatro do Estado do Amapá e a cidade de Mazagão também faz parte deste roteiro.  

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

GRUPO DE TEATRO TELHADO

 

   

     O “Grupo de Teatro Telhado”, foi um dos principais expoentes e mais ativos grupos de teatro da década de 70 do século XX. Quando surgiu, ainda não tinha nome definido, mas seu berço foi a Paróquia de São Benedito, no bairro do laguinho. Após algumas reuniões com seus primeiros membros, ficou decidido como “Grupo de Teatro Telhado”. Mas, nem tudo seguiu tranquilamente...! Em função da perseguição política, em 1973 aconteceu um dos piores momentos do teatro no Amapá, quando na ocasião, vários teatristas foram presos e outros tiveram que sair da cidade.

     Com esta denominação, a partir do ano de 1974, o “Telhado” passou a existir de fato e de direito. Considerando ainda outros grupos que surgiram em Macapá nesse período, o Grupo Telhado marcou época no Estado do Amapá na década de 70 do século XX. Mesmo tendo atuado na década de 1970 como um todo, verifica-se que seu apogeu se deu efetivamente entre os anos de 1974, 1975 e 1976.

     Em função do seu profícuo e brilhante trabalho, o Grupo Telhado obteve o mérito de possuir dois elencos e montar dois espetáculos paralelamente. Quando entrava em cartaz com uma peça, cada temporada ultrapassava os quatro meses de apresentação ininterruptos. Nesse ritmo, assinou contrato com o MOBRAL e apresentou seus espetáculos em todos os municípios e distritos, com boa receptividade de público, no então, Território Federal do Amapá.

     O Grupo Telhado montou os seguintes espetáculos: A Mulher que Casou Dezoito Vezes; Antônio Meu Santo; Quem Casa, Quer Casa, entre outros. Faziam parte do Grupo Telhado os seguintes artistas: Consolação Lins Côrte, Marizete Ramos, Luiz Otávio Barata (diretor vindo de Belém), Lineu Gantuss Camilo, Rosa, que era conhecida como Rô, Benedito Trindade, Oswaldo Simões, Adaulete Barreto, Edi Prado, Fatinha, Eduardo Canto, Juvenal Canto e Edinaldo Ribeiro entre outros.

     Em entrevista concedida a este colunista, o artista Juvenal Canto afirmou que o professor Munhoz foi quem, com muito esforço conseguiu trazer de Belém a diretora Marizete Ramos e o diretor Luís Otávio Barata, para contribuir com o nosso teatro e principalmente com o Grupo Telhado.

     Conquistando muito sucesso no Território do Amapá, a peça “A Mulher que Casou Dezoito Vezes” foi um texto adaptado de um cordel nordestino. Contava a história de uma viúva, chamada Dorotéia Carvalhal, que era rica e solteirona e que tentava a todo custo se casar. “Dorotéia Carvalhal - A Mulher que Casou 18 Vezes”, era um cordel de autoria de Valeriano Félix dos Santos, sergipano de Palmares e foi adaptado para teatro aqui no Amapá, por João Augusto. Na ocasião, quem dirigiu o espetáculo foi Marizete Ramos. Praticamente foi ensaiada e montada no palco da Rádio Difusora de Macapá.       

     Embora não tenha vivido esse período histórico aqui em Macapá, me tornei estudioso do assunto e sou grande admirador das pessoas que se dedicaram ao teatro no Grupo Telhado.  Reconheço que esse grupo de teatro se tornou um ícone na história do teatro do Amapá. Meus cumprimentos aos desbravadores artistas do teatro do Amapá na década de 1970.

 

 

    

segunda-feira, 27 de julho de 2020

LINGUAGEM DO TEATRO


     Neste artigo vou deixar claro algumas palavras utilizadas no teatro, e que cada uma tem sua origem. Geralmente, os artistas ligados às artes cênicas falam alguns termos que, muitas vezes, somente as pessoas que participam desses grupos entendem. É comum, quando se vai colocar em cartaz uma peça, os colegas de teatro desejarem “merda” para o grupo que está em cartaz. Nesse sentido, isso não implica em estar se desejando coisa ruim, ou dizendo palavrão para o colega. Pelo contrário, quando um artista deseja “merda” para o outro, isto significa dizer que está desejando boa sorte, tudo de bom, e que tenha casa cheia, teatro lotado.
      Essa forma de colação dessa palavra, surgiu ao longo dos séculos, em função de que o transporte para sair do campo para a cidade, ou mesmo transitar na cidade, era feito a partir da tração animal, como cavalos e  bois. Neste caso, quando havia um espetáculo, por exemplo, no teatro de Shakespeare, as carruagens com seus cavalos eram deixadas defronte ao teatro, enquanto seus proprietários assistiam as peças. Portanto, quanto maior o público, mais carruagens e mais animais no entorno do edifício teatral, isto significa dizer que toda a área e ruas adjacentes ao teatro ficavam tomadas por estercos desses animais.
     De certa forma, quanto mais pessoas iam ao teatro, mais estercos nas ruas e consequentemente mais dinheiro na bilheteria. Com o passar do tempo as pessoas de teatro, passaram a desejar “merda” aos grupos que estavam em cartaz, num desses teatros. Por isso, até hoje as pessoas de teatro desejam “merda” aos colegas que estão com alguma peça em cartaz, apesar de que hoje temos os automóveis no lugar dos cavalos.
    Ainda no século XIX era comum o transporte com tração animal, cavalos eram os principais meios de transportes nesse período. O teatro era uma construção comum em muitas cidades, e também fazia parte da sociedade como um centro de encontro, seja para assistir as apresentações teatrais ou mesmo para ouvir discursos inflamados dos políticos da ocasião. O automóvel em fabricado em série surgiu a partir da primeira década do século XX.
     Outros termos utilizados no teatro.  PROSCÊNIO – é a parte anterior do palco, que se projeta para fora da cortina, e deriva do Latim proscenium, de pro-, “à frente”, mais scaena. É o local que antigamente se fixava as luzes da ribalta. PEÇA – do francês antigo pièce, do Frâncico pettia, “medida, porção, parte”. ATO – uma peça teatral pode ter vários atos, palavra que vem do Latim actus, “algo feito, parte de uma obra, impulso”, de agere, “levar a, guiar, colocar em movimento”. PÚBLICO – sem ele não há teatro. Vem do Latim publicus, “relativo ao povo”, de populus, “povo”. Também adquiriu o significado de “aberto a toda a comunidade”, em oposição a “privado”. FÃS – sem estes não há ator que sobreviva. “Fã” é um encurtamento de “fanático”, que veio do Latim fanaticus, “louco, entusiasta, inspirado por algum deus”, originalmente “relativo a um templo”, fanum. Quem não atendia a certas exigências religiosas estava “à frente” do templo, ou seja, fora dele: profanum, que originou nosso “profano”. CAMAROTE – é um diminutivo de “câmara”, derivado do Latim camara, “quarto com teto recurvo”, do Grego kamara, de uma base Indo-Europeia kam-,” arco”. CORO – do Latim chorus, “dança em círculo, grupo de pessoas que cantavam numa tragédia”, do Grego khoros, “grupo de dançarinos, dança, piso para dançar”, de uma fonte Indo-Europeia gher-, “rodea”.


terça-feira, 14 de julho de 2020

CONSTRUINDO HISTÓRIA


                                          
     Há 25 anos que resido em Macapá. Desde que aqui cheguei, tenho me preocupado e me dedicado diuturnamente para construir e registrar em forma de livro a história do teatro do Amapá. Por mais que eu não conhecesse o local, sempre acreditei numa possível história desse teatro. Com o passar do tempo, percebi o quão rica é essa história, que, antes imersa em águas escuras, aos poucos, e com muita paciência, vem emergindo calmamente, a partir de minas pesquisas. Tudo isso exige, tempo e não acontece de um dia para a noite. Nem os fatos artísticos em si, e muito menos a catalogação e reflexão sobre esses fatos.
     Em 2001 tive a oportunidade de publicar a obra intitulada: “Teatro de Bonecos: uma alternativa para o ensino fundamental na Amazônia”. Na verdade, essa obra foi o embrião, peremptoriamente, o começo de tudo. Obra já esgotada, mas que ensina como trabalhar com teatro de bonecos, desde a teoria até a prática propriamente dita. Prosseguindo esse trabalho, em 2011 foi a vez do livro “Artes Cênicas no Amapá – Teoria, Textos e Palcos”. Esta obra surgiu em função da seleção de meus artigos sobre teatro, que na época eu havia publicado em vários jornais diários aqui no Estado do Amapá. Eram artigos esparsos sobre teatro, que foram sendo escritos ao longo dos anos. 
     A partir de uma rigorosa seleção concentramos temas como história do teatro, teoria do teatro, espaços teatrais, crítica teatral, produtores teatrais, novela amapaense, arte circense e humor. No final da obra, também escrevi artigo sobre o que muito me preocupava naquele momento, que era tentativa de sensibilizar nossos gestores em nível Federal, Estadual e Municipal para a implantação de um Curso Superior na área do Teatro aqui em nosso Estado. Isto significa dizer que eu já me preocupava demasiadamente na implantação de um curso na área, visto que necessitávamos urgentemente de profissionais qualificados em terceiro grau, para suprir a demanda dos nossos jovens e atender a necessidade da rede escolar do Estado do Amapá com profissionais da área do teatro.
     “Curso de Teatro no Amapá: concepções e proposições para o ensino superior”, foi lançado em 2013, onde explicitei sobre a necessidade do Curso de Teatro. Por outro lado, também criei d disciplina “Artes Cênicas no Amapá”, à qual facilita ao acadêmico do curo, ter conhecimento e ideia sobre o teatro do Amapá.  Com essa preocupação, ainda em 2013, publiquei a obra “Teatro no Amapá: artistas e seu tempo”, que foi resultado de várias entrevistas com artistas, alguns já sexagenários. Mais uma vez, reunindo artigos de vários temas, publiquei em 2014, a obra “Arque com Arte: cultura, arte e educação no Amapá”. Esta obra é mais uma contribuição à sociedade amapaense e principalmente aos aficionados pelas artes cênicas, pela cultura e pela educação em artes.
     Apesar da pandemia do Coronavírus, estou na perspectiva da publicação de mais duas obras: sendo a primeira prevista ainda para este ano de 2020, com o título: “História do Teatro do Amapá: do século XVIII à década de 1940”. Também venho me dedicando atualmente para concluir a obra que dará prosseguimento à anterior. “História do Teatro do Amapá: da década de 1950 até os dias atuais”, esta, prevista para o ano de 2021. Em função de toda essa dedicação, me considero como uma das primeiras pessoas a se preocupar com o estudo cientifico sobre o teatro no Amapá.

terça-feira, 30 de junho de 2020

RECHENE AMIN



     Pessoa simples, mas com uma vida dedicada ao teatro no Amapá. Estou falando de Adalgiza Amin Rechene, conhecida no meio artístico como Rechene Amin. Esta grande atriz, de quem vos falo, começou sua brilhante carreira no Grupo de Teatro do SESC/AP, no ano de 1982. Grupo, no qual, chegou a participar da montagem de três espetáculos. Após essa experiência, foi persistente e continuou na área do teatro chegando a Participar da fundação do Grupo de Teatro Língua de Trapo.
     Nesse segundo momento, em 1987, participou do espetáculo “Repiquete”. Com esse espetáculo, conquistou o prêmio de melhor atriz, no I Festival de Teatro do Amapá. Foi atriz coadjuvante na peça “A Paixão de Ajuricaba”. Esse caminhar pelo teatro, de Rechene, a fez conquistar plateias e a sociedade amapaense como um todo. Ganhou notoriedade no meio artístico e principalmente das pessoas ligadas às artes cênicas aqui no Amapá.
        Participou do primeiro elenco da peça “Bar Caboclo”. Com esse espetáculo, conquistou, em 1996, prêmio de melhor atriz no Festival de Teatro do Amapá. Há mais de três décadas que é atriz atuante na política cultural do Estado do Amapá. Nos últimos anos vem se dedicando à produção de textos educativos e produzindo e dirigindo vários espetáculos. Recebeu em 2004, do Conselho de Cultura do Amapá, o diploma de Destaque Cultural.
     No Grupo de Teatro do SESC/AP, participou como atriz, dos seguintes espetáculos: Tempo para Pensar, criação coletiva de 1982; O Rapto das Cebolinhas, de Maria Clara Machado, de 1983: e, Eu quero ver, criação coletiva de 1983. Já no Grupo Teatral Língua de Trapo, como atriz atuou em: - Repiquete – de 1984 a 1999; A Paixão de Ajuricaba, em 1990; Bar Caboclo, de 1991 a 2006; Pecado, de 1995 à 1997; Uma Viagem Por Aqui, em 2001; A Turma da Fanfarra, em 1998; A Surpresa de Pompom, em 2002; O Julgamento Florestal, em 1990; e Nazareno, de 2006 a 2007.
     Depois de longa experiencia com o Língua de Trapo, Rechene passa novo período transitando por vários grupos. Na Companhia Avlis de Teatro, em 2004 e 2005, montou o Auto de Jesus Cristinho; no Grupo Teatral Pirlim-pim-pim, participou de O Castelinho Misterioso, que esteve em cartaz entre 1993 e 2012, onde mais uma vez recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Teatro do Amapá, no ano de 2003. Ainda foi atriz em mais duas peças teatrais: Do Lado de Lá, de 1998; e Ecos de Lamento, entre 2008 e 2010.
     Rechene Amin, é uma artista que consegue percorrer as diversas áreas do teatro. Neste ultimo parágrafo enfatizarei sua obra como dramaturga. Ela tem escrito vários textos para teatro, são eles: O Castelo Misterioso, com participação de Cecília Lobo e Andrea Lopes, 1994; O Chapeuzinho Laranja – 1997; Liberdade – Questão de Consciência – 1988; Alimento da Vida – 1996; Atenção Cidadão – 1998; Bobeou, Dançou – 1999; De Volta ao Passado – 2000; Buiando na antrnet – 2006; Disfarce – 2007; O Casório Atrapaiado – 2008;Os Indefesos – 1998; Ecos de Lamento – 2010; As Mazelas – 2001; Mãe Natureza – 2007; O Sonho de Zé – 2009; e De Cara com a Verdade, de 2008. Minha amiga, Rechene Amin, parabéns por sua grande contribuição para o teatro do Amapá.




segunda-feira, 22 de junho de 2020

SÃO JOÃO



     Estamos em pleno São João, festividade tradicional no Brasil e principalmente na região nordeste. Festas joaninas ou juninas? Joanina deriva de João e é em homenagem a ele que assim se fala: festas joaninas. Junina deriva do mês de junho, visto que acontece nesse período do ano. É a principal festividade e a mais comemorada no nordeste brasileiro. Portanto, em tempo de pandemia do coronavírus, o São João este ano, acontecerá em casa. Artistas músicos e forrozeiros farão muitas lives, para as pessoas ficarem em casa.
     Os pagãos comemoravam essa data em função do solstício de inverno, no hemisfério sul e solstício de verão no hemisfério norte. Como a Europa situa-se no hemisfério norte, e praticamente a maior parte do ano perdura o frio, os pagãos comemoravam a chegada do “Deus Sol Invictus”, ou seja, o sol invencível que chegava abrindo o verão para abrilhantar e esquentar aquele espaço geográfico.
     O culto ao Sol invicto continuou a ser base do paganismo oficial até a adesão do império romano ao cristianismo. Antes da sua conversão, até o imperador Constantino I, tinha o Sol Invicto como a sua cunhagem oficial. Quando aconteceu a ascensão do cristianismo, ficou decidido que a referida data seria para comemorar o santo “São João”. Com isso, a cultura europeia e de suas colônias, foi se adaptando gradativamente, como é o caso no novo mundo e do nordeste do Brasil.
     Mesmo sendo na atualidade uma dança popular, é bom lembrar que a quadrilha que era muito difundida na França, foi inicialmente dançada na corte francesa. Em seguida, no campo entre os agricultores e seus familiares. Com a descoberta do novo mundo, os costumes e a cultura europeia vieram juntos. Foi assim que se consagrou as quadrilhas mais antigas que traziam muitas palavras francesas e que foram ao longo do tempo sendo aportuguesadas aqui no Brasil.
       Alavantú, vem do francês “en avant tous” (todos para a frente); changê de damas e changê de cavalheiros, vem do verbo “changer” que significa trocar, neste caso, trocar de damas e trocar de cavalheiros. Anarriê  também é do françês “en arrière” (todos para trás); Otrefuá, do francês “autre fois”  que significa outra vez.
     O que não havia na quadrilha francesa e que foi adaptado pelo povo brasileiro, foi a encenação do casamento matuto, neste caso a quadrilha gira em torno desse casamento matuto na roça, em que o noivo é obrigado a casar pelo pai da noiva, que com uma espingarda apontada para a cabeça dele, o obriga definitivamente a aceitar o casamento.
     As festas juninas são comemoradas no dia 13, em homenagem a São Pedro, quando na véspera se comemora o dia dos namorados; o dia de São João, 24, é o dia mais comemorado, há fogueiras, queima de fogos e impera a comida derivada do milho, inclusive porque é período de colheita. Dia 29 comemora-se o São Pedro que também é muito lembrado nas pequenas cidades do interior. Nesse período, não se toca outra música a não ser o forró. Para o nordestino, o São João tem o mesmo significado que o Círio de Nazaré para o amapaense.


    
       


segunda-feira, 15 de junho de 2020

CIRCOS BIZARROS




     Durante o século XIX e boa parte do século XX eram comuns nos circos, espetáculos conhecidos como aberrações ou bizarrices. Antes da chegada do rádio, o maior concorrente dos teatros, eram os circos. Durante esse período espetáculos desse gênero eram os preferidos pelas pessoas. Muitos desses casos ficaram famosos, tanto na Europa como nos Estados Unidos. A grande questão é que, casos desconhecidos de problemas de saúde que estivessem fora do normal da sociedade da época e, por outro lado, a ciência e a medicina não conseguissem resolver, eram geralmente tratados como coisas de outro mundo.
    Um desses casos foi o de Júlia Pastrana, mais conhecida como mulher macaco. Era uma mexicana que tinha um problema genético raro: Hipertricose terminal; em função disso, seu corpo era completamente coberto por pelos e seu rosto coberto por cabelos pretos lisos. Aproximadamente em meados de 1854, Júlia foi levada para os Estados Unidos, na época, com apenas 20 anos. Naquela ocasião, foi contratada imediatamente pelo circo de J.W.Beach. Fez turnês pela Europa e vários países do mundo.
     Outro caso, foi o de Josephine Myrtle Corbin, a mulher de quatro pernas. Nasceu nos Estados Unidos em 1868, com quatro pernas. Sua anomalia ficou conhecida como síndrome da duplicação caudal. Significa que o corpo da sua irmã gêmea se desenvolveu apenas da cintura para baixo, em função disso se incorporou ao corpo de Josephine. Se apresentou Ringling Brothres Circus, e em feiras. A artistas usava meias e sapatos em suas pernas extras, o que a transformava numa aparência atípica.
     Fato semelhante aconteceu com Ella Harper, que ficou famosa como a menina camelo. Aos 16 anos já era a estrela do Circus Harris Nickel Plate Show. Ela nasceu com um problema congênito em que seus joelhos dobravam para trás. Geralmente era apresentada junto a um camelo. Ficava muito famosa nas cidades em que se apresentava.
     Outro que se transformou em artista de circo e ficou muito famoso foi o caso de Stephan Bibrowsk, nascido em 1881, na Polônia. Ficou conhecido como o homem com cara de leão. Também era cantor. Seu problema genético constava de uma doença rara chamada hipertricose, na qual fazia crescer cabelos por todo o corpo e rosto, e o deixava com aparência de um leão. Já nasceu com quase três centímetros de comprimento. Após fazer muitas apresentações pela Europa, em 1901 viaja para américa. Nos Estados Unidos se apresentou em vários espetáculos, inclusive no Circo Barnun & Bailey.
     Outro caso raro foi também o da africana Sarah Baartman, que ficou famosa pelo seu exagerado e gigante bumbum. S apresentou em vários circos e ficou conhecida como a Vênus Hotentote. O que mais intriga nesses casos é que, em função de seus problemas de saúde, quando nasceram, em sua maioria, todas essas crianças foram abandonadas pelos seus pais e familiares. E é aí quando aparecem os empresários para, a partir de cada anomalia específica, transformar essas pessoas em artistas do circo de aberrações.