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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

O MELHOR BÁLSAMO

 

 

     Venho enfrentando a pandemia do coronavírus com bastante paciência. Confesso que, como a maioria das pessoas, logo no início tive grande impacto para enfrentar a nova forma cotidiana que nos foi imposta pela pandemia. Minha sensação, foi a mesma de um animal quando cai numa armadilha, não há tempo nem para pensar. Quando você menos espera, já está perdido no labirinto. É como se estivesse perdido numa grande floresta, desnorteado em águas marinhas, ou até mesmo, desaparecido no tempo e no espaço.

     Todos hão de acreditar que tudo aconteceu muito rápido, de repente as escolas cerraram suas portas, o comércio parou, as lojas deixaram de ter movimento, carros deixaram de trafegar, as pessoas deixaram de trabalhar e tudo parou. Tudo parou em função de um microscópico e invisível vírus. O pior de tudo é que o melhor remédio foi o isolamento social. Sim! Todos precisaram se isolar de todos. Dessa forma, a sociedade juntamente com o capitalismo, sucumbiram.

     A indicação das autoridades de saúde foi a necessidade desse sombrio isolamento, visto que não havia nenhum outro remédio para combater a pandemia. E, como afirmou Raul Seixas, em sua música, realmente chegamos ao dia em que a terra parou. E parou mesmo! Tanto é que todos os países foram obrigados a fechar suas portas, e mesmo assim muita gente faleceu em função do perigoso vírus.

     Como eu havia dito, no início fiquei um tanto quanto atordoado e desesperado, sem saber onde colocar os pés. No primeiro mês, fiquei completamente aéreo, olhando para o ocaso, sem saber que caminho seguir. Parafraseando aqui, o cantor Erasmo Carlos, fiquei literalmente sentado à beira do caminho, sem poder mais ficar sempre a esperar. Cheguei até a pensar que tudo isso seria uma grande brincadeira, mas com o tempo comecei a acreditar realmente que tudo era muito sério. Minha geração nunca tinha passado por momentos semelhantes. Minha mãe, que já completou seus 90 anos, nunca vivenciou um período como o que estamos vivendo na atualidade.

     Foi então que, como muitas pessoas, decidi seguir minha vida. Na obrigação de ficar em casa, até porque sou do grupo de risco, além de realizar algumas questões profissionais remotamente, me voltei exclusivamente para ler e escrever. Sendo que até o presente momento, escrevi duas obras e li uma série delas. Devorei como uma traça, as quase 800 páginas de “A Divina Comédia” de Dante Alighieri. O autor cria um enredo de sua experiência no inferno, no purgatório e no céu. É um clássico que indico sua leitura para todos que buscam um bom livro. Outro de muito valor, foi ter conhecido e relido a história de Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, com mais de mil páginas. Essas duas leituras foram concluídas entre 10 a 12 dias. Em Dom Quixote, Cervantes enfoca a relação entre dois principais personagens, onde os mesmos ganham notoriedade, profundidade e complexidade, sendo um louco lúcido e um bobo sábio. Estou convicto que a leitura e a escrita são precipuamente, meu principal bálsamo para o enfrentamento do isolamento social em detrimento da covid19.

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