Do ponto de vista histórico e com os
elementos que conhecemos na atualidade, poderíamos dizer que o teatro surgiu na
Antiga Grécia, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os
egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Portanto, não se pode
negar que a cultura oriental é muito sedimentada, mas embora o Oriente realizasse
teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de
rituais religiosos.
Percebe-se, porém que a Grécia Antiga
herdou esses rituais, entretanto não podemos negar que foi justamente nesse
país que os primitivos rituais foram, ao longo dos anos se transformando,
tomando novas formas como festividades e atividades culturais até determinar os
cultos teatrais como forma de representação e arte, à qual conhecemos hoje.
O teatro, do qual falo na atualidade na
atualidade, originou-se basicamente de três festividades: a) dos mistérios de
Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas – Elêusis, Demótes e
Proserpina; e c) do culto a Dionísio. Sendo que esta última versão é a mais
provável, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados.
Sabe-se que uma vez ao ano, justamente por
ocasião das vindimas, prestava-se homenagem ao Deus Dionísio; Deus da uva e do
vinho; da embriaguez e da fertilidade. Geralmente nesses cultos sacrificava-se
um animal, mais praticamente um bode que, por sua vez, significa TRAGOS em
grego, de onde surge etimologicamente a palavra Tragédia.
Comumente, ao som da música de flautas, as
bacantes dançavam em honra ao Deus Dionísio, juntando-se aos Sátiros, também
dançarinos, que vestidos a caráter imitavam bodes, cujos animais, para a
cultura grega da época significavam os companheiros do Deus. Depois de algumas
horas, já embriagados, entregavam-se com entusiasmo a esse frenesi, esse culto,
a esse verdadeiro espetáculo. Nessas condições, o teatro tem notadamente origem
religiosa e campestre.
Com o passar do tempo, o próximo passo foi
a organização de procissões, que se tornaram muito mais religiosas do que
profanas. Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se
juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado
“ditirambo”, e assim giravam em torno do altar do Deus, agradecendo pela
colheita da uva e pelo sexo que significava a fertilidade da vida. E foi
exatamente desse coro, do contraste entre o espírito Dionisíaco e Apolíneo que
nasceram a Tragédia e a Comédia. A tragédia tinha como principais
características o terror e a piedade que despertava no público. Era constituída
de cinco atos e voltava-se para o resgate da mitologia grega, com seus deuses,
heróis e feitos. A comédia era dividida em duas partes com um intervalo.
Tratava dos homens comuns e de sua vida cotidiana.
Em seguida o coro separou-se do recitador,
nesse momento crucial da história do teatro havia nascido o primeiro ator.
Contudo, na procissão já se podia constatar três artes: o canto, a dança e a
atuação. Nesse caso, à frente vinha o “Corifeu” – de onde surge a palavra Coro
– vestido com pele de bode. Consequentemente todo o resto do grupo respondia ao
ditirambo, atuando como um verdadeiro balé litúrgico, numa fusão do trágico e
do cômico. Essa narrativa cantada era sempre feita em terceira pessoa. Em 534
a.C. Théspis, um corifeu que participava da festa, representou pela primeira
vez Dionísio, transformando essa narrativa em primeira pessoa e dando origem à
platéia.
E assim constituiu-se a Tragédia: o ator e
o coro se respondem cantando, em seguida o ator fala e o coro canta e
posteriormente o ator dialoga com o Corifeu, representante do coro. Vale
salientar que nesse momento embrionário da Tragédia não havia atos nem
intervalos, sendo a mesma, composta de partes dialogadas e partes faladas.
Poderíamos fazer aqui uma relação como o
Círio de Nazaré, quando todos os anos, numa determinada época, o povo se reúne
para louvar a sua Santa (Deusa) Virgem de Nazaré. Neste caso, com
características próprias de uma cultura contemporânea de início do século XXI.
É interessante saber que apesar da distância cronológica, momentos semelhantes
existem entre essas duas manifestações religiosas, como por exemplo, o vigário
assumindo o lugar do Corifeu, que quando fala uma estrofe de uma oração
automaticamente o povo responde, representando nessa ocasião, o coro.
Os três grandes trágicos foram: Ésquilo,
Sófocles e Eurípedes. Théspis foi o criador do teatro ambulante, o qual se conhece
hoje como teatro mambembe. Infelizmente todos os seus textos se perderam.
Também foi ele quem inventou as máscaras para teatro. Representava seus papéis
trágicos inicialmente pintando o rosto com matéria prima da época, depois
cobrindo o rosto com folhas de árvores; em seguida introduziu o uso de
verdadeiras máscaras.
Chegou um momento em que o Estado tomou
para si a responsabilidade e a organização do teatro na Antiga Grécia, quando
instituiu concursos entre os poetas dramáticos (mais conhecidos atualmente como
dramaturgos), em consequência o povo imediatamente acolheu essa forma
artística, que se tornou milenar no momento atual da história da humanidade.
Tendo como ponto de partida a contribuição
do teatro em nível artístico, psicológico e social para o homem durante toda
sua história e considerando a necessidade vital da humanidade em relação às
atividades teatrais que persistem incondicionais até nossos dias, foi que em
1961, o Instituto Internacional de Teatro da UNESCO, órgão das Nações Unidas
voltado a educação, ciência e cultura, resolveram criar uma data dedicada às
atividades culturais ligadas à representação durante o seu IX Congresso
Mundial, em Viena, Áustria. Portanto, em função da inauguração do Teatro das
Nações, em Paris, França, em 27 de março de 1961, tem sido celebrado o Dia
Internacional do Teatro. A data de 27 de março assinala também a inauguração das
temporadas internacionais no referido teatro. Na ocasião a ONU passou a enviar
mensagem sobre a importância do teatro aos seus países membros.