O “Grupo de Teatro Telhado”, foi um dos
principais expoentes e mais ativos grupos de teatro da década de 70 do século
XX. Quando surgiu, ainda não tinha nome definido, mas seu berço foi a Paróquia
de São Benedito, no bairro do laguinho. Após algumas reuniões com seus
primeiros membros, ficou decidido como “Grupo de Teatro Telhado”. Mas, nem tudo
seguiu tranquilamente...! Em função da perseguição política, em 1973 aconteceu
um dos piores momentos do teatro no Amapá, quando na ocasião, vários teatristas
foram presos e outros tiveram que sair da cidade.
Com esta denominação, a partir do ano de
1974, o “Telhado” passou a existir de fato e de direito. Considerando ainda
outros grupos que surgiram em Macapá nesse período, o Grupo Telhado marcou
época no Estado do Amapá na década de 70 do século XX. Mesmo tendo atuado na
década de 1970 como um todo, verifica-se que seu apogeu se deu efetivamente
entre os anos de 1974, 1975 e 1976.
Em função do seu profícuo e brilhante
trabalho, o Grupo Telhado obteve o mérito de possuir dois elencos e montar dois
espetáculos paralelamente. Quando entrava em cartaz com uma peça, cada
temporada ultrapassava os quatro meses de apresentação ininterruptos. Nesse
ritmo, assinou contrato com o MOBRAL e apresentou seus espetáculos em todos os
municípios e distritos, com boa receptividade de público, no então, Território
Federal do Amapá.
O Grupo Telhado montou os seguintes
espetáculos: A Mulher que Casou Dezoito Vezes; Antônio Meu Santo; Quem Casa,
Quer Casa, entre outros. Faziam parte do Grupo Telhado os seguintes artistas:
Consolação Lins Côrte, Marizete Ramos, Luiz Otávio Barata (diretor vindo de
Belém), Lineu Gantuss Camilo, Rosa, que era conhecida como Rô, Benedito
Trindade, Oswaldo Simões, Adaulete Barreto, Edi Prado, Fatinha, Eduardo Canto,
Juvenal Canto e Edinaldo Ribeiro entre outros.
Em entrevista concedida a este colunista,
o artista Juvenal Canto afirmou que o professor Munhoz foi quem, com muito
esforço conseguiu trazer de Belém a diretora Marizete Ramos e o diretor Luís
Otávio Barata, para contribuir com o nosso teatro e principalmente com o Grupo
Telhado.
Conquistando muito sucesso no Território
do Amapá, a peça “A Mulher que Casou Dezoito Vezes” foi um texto adaptado de um
cordel nordestino. Contava a história de uma viúva, chamada Dorotéia Carvalhal,
que era rica e solteirona e que tentava a todo custo se casar. “Dorotéia
Carvalhal - A Mulher que Casou 18 Vezes”, era um cordel de autoria de Valeriano
Félix dos Santos, sergipano de Palmares e foi adaptado para teatro aqui no
Amapá, por João Augusto. Na ocasião, quem dirigiu o espetáculo foi Marizete
Ramos. Praticamente foi ensaiada e montada no palco da Rádio Difusora de
Macapá.
Embora não tenha vivido esse período
histórico aqui em Macapá, me tornei estudioso do assunto e sou grande admirador
das pessoas que se dedicaram ao teatro no Grupo Telhado. Reconheço que esse grupo de teatro se tornou
um ícone na história do teatro do Amapá. Meus cumprimentos aos desbravadores
artistas do teatro do Amapá na década de 1970.