Para quem pretende desenvolver a escrita,
eu aconselho dois caminhos que irão facilitar o ato de escrever: o primeiro é
brincar de escrever poesias. Escrever poesias é muito interessante tendo em
vista que ela o envolve no ato de pensar, escrever, reescrever e definir um
título. Toda poesia tem início, meio e fim. O fato de escrever poesias o
ajudará a escrever um livro num breve futuro. Em segundo lugar, escrever um
diário. O nome já diz tudo, no diário
você passa a escrever tudo o que se passou no seu dia. É como se você estivesse
escrevendo uma carta para você mesmo. Da mesma forma como a poesia, cada dia relatado,
passa a ter início, meio e fim.
E por falar em diário, estou finalizando a
leitura do diário de Anne Frank. É uma leitura simples, mas muito valiosa, em
que uma menina de 13 anos relata suas agruras, sua solidão e sua incessante
fuga da polícia de Hitler. Ela relata o tempo em que viveu num esconderijo na
Holanda. Este fato se deu a partir de 1942, período altamente conturbado da segunda
guerra mundial.
Ela recebeu um caderno de presente e
resolver transformá-lo num diário. Todo seu sofrimento junto à família ela
conseguiu escrever todos os dias e registrar no seu querido diário, para isso
criou um personagem, sua amiga Kitty, para quem ela sempre dirigia suas
palavras.
Com a decisão de seu pai de se mudarem
para um esconderijo, visto que naquele momento não tinha alternativa, toda a
família, inclusive Anne Frank, passou a viver na clandestinidade. Anne passa
por várias privações: fica longe da escola, dos amigos, da casa, da cidade, do
seu bairro, passear de bicicleta, ou seja, ficou privada de vivenciar tudo o
que uma jovem de 13 anos poderia experimentar.
No desespero de sua estada no esconderijo,
para não ser presa pelos nazistas, ela escreve esta frase, que revela seu
desespero: “é melhor acabarem os sustos de uma vez do que ficar à espera
indefinidamente”. Imaginem que ela passou mais de dois anos presa dentro do seu
próprio esconderijo.
Reclama também de não poder movimentar seu
corpo como faria no cotidiano em liberdade: diz ela – A gente tem os movimentos
mais cômicos deste mundo, procurando caçá-los.
Mas todo o movimento nos causa embaraço. Falta-nos o jeito porque
fazemos pouca ginástica e já não temos o corpo flexível. Uma das coisas mais
simples é termos amigos. Em seu desespero, escreve em seu diário a necessidade
vital de uma amiga. E foi em função dessa pretensão que ela reclamou em seu
diário a presença de uma amiga para conversar. Na falta da amiga, criou uma
virtual.
Em muitos casos, os adultos não levam em
consideração os adolescentes, e ela nos dá um recado glorioso, quando coloca
sua relação com os adultos: o que tenho eu a ver com toda essa confusão? Haverá
quem adivinhe o que se passa na alma de uma adolescente? Portanto, recomendo a
todos a leitura do Diário de Anne Frank, por ser acessível e de fácil
compreensão a todos os leitores.