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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

PRIMEIRO TEATRO DO AMAPÁ

 PRIMEIRO TEATRO DO AMAPÁ

     Até meados do século XVIII, pode-se afirmar que no Brasil, as atividades teatrais até então existentes eram exclusivamente de cunho religioso e ocorria tanto nos conventos e educandários da ordem jesuíta, como nos adros das igrejas em dias de festa. Por vários séculos as igrejas foram as principais construções de referência das paisagens urbanas. No entanto, foram surgindo novas edificações ao longo do período colonial, que eram destinadas à administração pública, à cultura e ao lazer.
     Nesse caso, e pelo fato de representarem sinônimo de progresso e civilização, os edifícios teatrais começaram a se multiplicar nas pequenas cidades, tornando-se um contraponto frente às construções religiosas. Nesse período, além do teatro ser considerado como escola de bons costumes, também era um edifício que revelava civilização e adiantamento moral das cidades que o possuíam. Possivelmente, esses fatos fizeram surgir na Vila de São José de Macapá, ainda no século XVIII, seu primeiro teatro construído especificamente em madeira.
     A colonização do espaço geográfico em que hoje se localiza a cidade de Macapá se encontra em duas construções fundamentais: em primeiro lugar a construção e inauguração da Igreja de São José de Macapá que se deu em 06 de março de 1761, na então Vila de São José de Macapá. Paralelamente a isso, a construção e inauguração da Fortaleza de São José de Macapá, que aconteceu em 19 de março de 1782.
     Cronologicamente, a data mais antiga que se tem conhecimento sobre atividades dramáticas no Amapá, reporta-se ao ano de 1775, de acordo com o livro “Compendio das Eras da Província do Pará”, cuja autoria é de Antonio Ladislau Monteiro Baena. O sociólogo Fernando Canto também enfoca o referido teatro em sua obra intitulada: “Adoradores do Sol: novo textuário do meio do mundo”.
     Em sua obra, BAENA focaliza que já nesse período havia um pequeno teatro de madeira, sendo que teria sido construído para receber o Presidente da Província do Grão-Pará: Senhor Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que na ocasião, estava visitando a Vila de São José de Macapá: diz o documento: “Visita o Governador (1775) a Villa e Fortaleza de Macapá. Entre os obséquios urbanos, que com elle pratica o Governador da Fortaleza, teve logar distincto o Theatrinho, que para este festejo foi erguido debaixo de excellente disposição e aceio, e que assas lhe agradou. Vê as Villas de Mazagão e Vistosa Madre de Deus. Volve à Cidade. Diffunde pelos lavradores e Povoados Indianos melhor planta de arroz: e anima a industria rural”.

     Em relação ao exposto acima, considero a referida construção como primeiro espaço teatral do Amapá, levando-se em consideração questões arquitetônicas e técnicas. Também o considero como o primeiro espaço teatral fechado, ou seja, um edifício à italiana. Embora este teatro tenha existido, não se sabe quais textos ou espetáculos foram apresentados em seu interior.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE

     Uma das maiores alegrias da minha vida foi quando soube da notícia que havia sido aprovado no vestibular. Morava no interior da Paraíba numa cidade conhecida por Itabaiana. Talvez você leitor, nunca tenha ouvido falar, mas é a terra em que nasceu o renomado músico Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca... Aquele que compôs feira de mangaio. Itabaiana também é berço do famoso poeta Zé da Luz.
     Raspei a cabeça, sai em passeata pelas ruas da cidade junto com outros colegas que também haviam passado naquele processo seletivo. Fui aprovado para o antigo curso de Educação Artística. Na ocasião, ouvia de várias pessoas alguns comentários como: - Mas tu vais mudar de curso, não é? – Esse curso não é muito bom para homem! Eu ouvia e sempre respondia com o silêncio.
     Tive muitas dificuldades para realizar o ensino fundamental e médio. Aliás, da quinta série até o ensino médio eu estudei no mesmo colégio estadual resultando em sete anos de dedicação e estudos. A alegria foi imensa visto que fui aprovado no vestibular vindo da escola pública, sem ter participado de nenhum cursinho que na época eram famosos. No pequeno interior fiquei conhecido como gente inteligente, mas reforço ao dizer que foi um grande desafio chegar à universidade.
     Ao longo da minha história de vida as vicissitudes me ensinaram a ser combatente e persistente. Aprendi também a acreditar no que realizo; a acreditar em mim e nos meus projetos. Desistir? Nunca...! Infelizmente, em algumas ocasiões você se surpreende e quase se dá por vencido. Foi exatamente o que aconteceu nesses últimos vinte e quatro anos na tentativa de implantar um curso de licenciatura em teatro no Amapá. Os dois primeiros projetos, um de 1996 e outro de 2001 sequer passou pela câmara de graduação.
     Há quatro anos atrás, no ano de 2013 publiquei a obra “Curso de Teatro no Amapá: concepções e proposições para o ensino superior” com a intenção de que a mesma se transformasse numa prestação de contas com a sociedade amapaense ao esclarecer a intenção do meu trabalho e de minha dedicação em prol desta terra que me recebeu de braços abertos como profissional do magistério superior.
     Muitos anos se passaram após a minha aprovação no vestibular, hoje já professor universitário a minha segunda grande alegria se transformou em felicidade quando ouvi dos conselheiros, no dia 12 de novembro de 2013 o veredito do Conselho Superior da Universidade Federal do Amapá, da aprovação do Curso de Licenciatura em Teatro...! E hoje, após quatro anos tenho a honra de dizer que ,com a conclusão do curso pela turma pioneira, o Estado do Amapá terá após a finalização do segundo semestre de 2017 da UNIFAP, a primeira turma de professores qualificados para assumirem seu espaço como profissional do teatro nas escolas do nosso Estado. Depois de tudo isso, percebi claramente que a esperança é a última que morre.


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

ARTE DRAMÁTICA
                                  

     Na arte dramática as palavras deixam de serem signos arbitrários para converterem-se em signos maturados de objetos arbitrários. Cada letra é um signo e ao juntarmos esses signos, deveremos seguir alguns códigos e regras juntando-as e formando as palavras que por sua vez são relacionadas a determinados objetos ou sensações.
     Aqui se pode encontrar a grande diferença entre dramaturgia e encenação. Se por um lado, a dramaturgia refere-se à literatura propriamente dita, por outro, a encenação por sua vez, está estritamente ligada ao movimento e à ação. Portanto, estamos enfocando aqui duas obras completamente distinta. A dramaturgia é literatura; a encenação é ação, é teatro.
     Na poesia dramática, o mais importante está nos gestos, ou seja, no movimento e na ação, como também nas palavras criadas para explicar esses gestos. O drama é a representação de uma ação concluída e não o começo de uma ação, como acontece com a poesia lírica. Se há signos linguísticos para a literatura, também há signos para a encenação de uma peça teatral, obviamente.
     O drama exige unicamente a unidade de ação; a unidade de tempo e de lugar. Paralelamente, o ator tem que saber e entender essas três dimensões. Quem sou eu? O que estou fazendo? E em qual momento histórico me encontro e em qual espaço geográfico estou realizando determinada ação?
     A arte é a imitação da realidade e cada obra de arte alcança seu autêntico espaço estritamente por meio do seu conteúdo e de sua estrutura visível, que se insere no seu ritmo intrínseco evocado por dominantes espaciais e temporais.
     Quando um ator se apresenta diante de um público ou fala diretamente (como no teatro dialético) esses recursos estilísticos não só modificam o espaço, mas toda a relação do significando com o significante. Certamente que hoje se faz muito mais esforço para alcançar a relativa autonomia do teatro contemporâneo, sua funcionalidade e sua praticidade. Já não mais parece ser como um fragmento ilusório de vida, casualmente presenciado pelos espectadores.

     E a perfeição técnica não é mais um padrão de qualidade artística e sim pura e simplesmente o resultado da habilidade profissional em um terreno artístico determinado. Penso, porém que as obras de arte plenamente originais são aquelas que conservam certo grau de excelência e atributos individuais dos artistas. No caso, a originalidade poderia ser equivalente a uma individualidade excepcionalmente criativa.