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terça-feira, 20 de setembro de 2022

TEATRO E AUDITÓRIO

 


     Tendo como ponto de partida de que o Teatro das Bacabeiras, deve ser considerado como um edifício profissional, hoje em dia, o melhor caminho para os que trabalham com artes cênicas em nosso Estado é buscar espaços alternativos, os quais, encontramos em alguns locais da cidade. Entre os espaços alternativos para representações teatrais em nossa cidade temos: Auditório do SES/Araxá; Teatro Leonor França, do SESI; vários palcos que encontram-se em nossas escolas de ensino fundamental e médio; Fortaleza de São José de Macapá; Centro de Convenções Azevedo Picanço;  Museu Sacaca; Auditório Multiuso da UNIFAP; Teatro do Céu das Artes, entre outros.

          A Fortaleza de São José de Macapá é um espaço que marca a cidade como referência de sua colonização portuguesa. Um dos espetáculos que vem sendo apresentado por mais de quatro décadas naquele espaço, é “Uma Cruz para Jesus”, cujo diretor é o ator Amadeu Lobato. É um espaço teatral, que, como cartão postal e prédio turístico, deveria manter algum tipo de representação teatral ligada à tema sobre a luta de Cabralzinho e a história do Amapá, com o objetivo de, a partir do teatro, mostrar soldados com figurinos de época, com tochas, e fazer parte da programação diária daquele monumento.

               Outro espaço que também já presenciou várias apresentações foi o Centro Cultural do Estado do Amapá, inaugurado na década de 1990, por força da Lei Estadual nº 0212. Tempo depois, tornou-se Centro de Convenções João Batista de Azevedo Picanço e ainda Teatro Experimental em 2002. Quando inaugurado, este prédio era conhecido como Centro Cívico de Macapá. Ainda continua em atividades; é um espaço considerável para os grupos de teatro do Amapá.

     É bom lembrar, que na maioria dos casos, esses espaços não são mais que auditórios. Para podermos compreender mais profundamente esta relação, observaremos aqui, as principais diferenças entre Auditório e Teatro:

                              AUDITÓRIO                                     TEATRO

*Discurso (narração)                                * Ação (drao/drama)

*Oradores (falam)                                    *Atores (representam)

*Auditores (ouvem)                                 *Espectadores (observam)

*Ouve-se o que se diz                              *Observa-se o que se faz

*Local para narração de um discurso   *Local para representação de uma peça

*Os discursos para o auditório              *A ação para o teatro é o vetor principal

São os vetores principais da narração.    do espetáculo

*A ação para o auditório não é mais     *Os discursos para o teatro não são mais

que os acessórios do discurso.                que os acessórios da ação.

 

     Dessa forma, pode-se observar que se faz necessário saber que todo teatro pode ser auditório, mas nem todo auditório pode ser teatro.

   

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

EU E EXUPÉRY

 


    A motivação para minha dedicação ao estudo deve-se ao meu pai e minha mãe. Eles, que eram filhos de agricultores, com muita dificuldade, lograram concluir a 4ª série do antigo ensino primário lá pelo ano de 1945. Por ironia do destino, mesmo ano em que finalizou a 2ª Guerra Mundial. Nessa época, poucos conseguiam chegar até esse patamar nos estudos. Meu pai era ferroviário e trabalhava na Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima, e minha mãe era doméstica, mas, por outro lado, era exímia costureira.

     Filhos de agricultores e residindo na zona rural, os dois atuaram como professores na terra onde moravam. Ele estudou na Vila de Gramame (que na época era zona rural da cidade de João Pessoa – PB), e ela no lugarejo Monsenhor Magno, conhecido popularmente como Mussumago, também zona rural da capital da Paraíba. O grande desejo de minha mãe era ter filhos professores, fato que se concretizou a partir da década de 1980, do século passado.

     Nasci por mãos de parteira, numa simples casa, na cidade de Nova Cruz – Rio Grande do Norte. Meu lar situava-se no centro da rua com vistas para uma imensa área livre, local exclusivo onde se armava circos. Tendo como ponto de referência a minha residência, quando eu olhava para a esquerda, via a majestosa imagem do Colégio Nossa Senhora do Carmo, onde estudei parte do ensino fundamental. Ao girar meus olhos, 180 graus, encontrava em primeiro plano, uma quadra de futebol de salão e em segundo plano uma imensa caixa d’água, à qual, pertencia à Rede Ferroviária.

     Foi nessa pacata cidade que os adultos me incentivaram para os estudos e para desbravar a ciência. Mesmo antes de começar minha relação com as letras, e citando aqui Paulo Freire, eu já trazia uma leitura do mundo concreto, a partir do visual, sonoro e gestual. Ao mesmo tempo em que comecei a ler o mundo em que vivia, também o escrevia sem me dar conta, chegando a realizar tal façanha, a partir dos simples desenhos que rabiscava no papel.    

     Na década de 1960, do século XX, em Nova Cruz, cidade do interior do Rio Grande do Norte, onde nasci, lembro-me muito bem das campanhas políticas da época. Um dos candidatos, costumeiramente, colocava um anão em cima do carro de som, para, entre outros fatores, chamar a atenção dos eleitores. Apesar de não ter ainda, a noção do que significava uma campanha política, aquelas cenas me fascinavam.

     Essas passagens, porém, na minha mente de criança, ficavam gravadas e no dia seguinte, iam direto para o papel, através de desenhos, com a ajuda de tocos de lápis, onde colocava, sem esquecer, os mínimos detalhes da cena antes presenciada. O mais impressionante ainda, é que eu não me contentava, e fazia questão que todo mundo observasse os meus desenhos. Ao contrário do que enfoca Exupéry, no meu desenho, as pessoas grandes sabiam e entendiam, o que era aquilo rabiscado no papel, entretanto não davam muita importância

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

MITOS ICÔNICOS

 


     Embora haja registros do santuário de Gobekli Tepe, que data de doze mil anos antes de Cristo, e que apresenta vestígios de uma antiga escrita e cultura. Ainda se considera a Suméria, que data de seis mil anos a.c., como uma das mais antigas civilizações que se tem registro e conhecimento na atualidade. Há uma gama de registros que relatam a cultura suméria e sempre acontece uma descoberta nova em função das escavações arqueológicas. Todos os outros povos como: os babilônios, persas, egípcios, turcos, gregos e romanos, entre outros, beberam na fonte da cultura dos sumérios. Para se ter ideia, a tragédia “Édipo Rei”, do Grego Sófocles, em que Édipo tem o destino de matar o próprio pai e casar com sua mãe, tem fortes vestígios, em mitos sumérios, como o de Ninrode, Semíramis e Tamuz.

     Os sumérios acreditam que, Semírames, teve seu filho Tamuz, e era considerada virgem e rainha do céu. Este mito passou pelos acádios babilônios e assírios como a deusa Isthar. O mito mais famoso de Inana/Isthar é sua história e descida ao mundo dos mortos.  Este mito também se reverberou na Grécia com os mistérios de Elêusis, quando da dramatização de Deméter e Perséfone. Esta última, também desceu ao mundo dos mortos. De certo, essa mitologia passou pela cultura da anatólia, Ásia menor e chegou até o Egito, com sua personificação na deusa Ísis.

     Por sua vez, Ísis era considerada no Egito, como deusa rainha do Céu, teve seu filho Hórus e continuou virgem. Há uma breve relação entre o mito sumério de Semírames e o de Ísis no Egito: Ninrode, casou-se com Semírames, e dessa união nasceu Tamuz (deus semita). Adorado como o deus sol, ele construiu a torre de Babel. Ninrode foi morto por “Sem”, seu tio avô, que era filho de Noé, após sua morte, “Sem” o esquartejou, separando seus pedaços por vários recantos do reino de Uruk. Por sua vez, Semírames localizou e juntou todos os pedaços do seu amado, com exceção do falo. Após esses acontecimentos, Semírames engravidou dos raios do deus Sol Baal, ocasião em que nasceu Tamuz. Semírames foi venerada como a deusa da lua, rainha do céu e mãe de deus. Em outras culturas ela passou a ser cultuada com outras denominações: Cibele, na Ásia Menor; Ishtar para os semitas, babilônios, fenícios, assírios e acádios; Astarte para os cananeus, Ísis, no Egito; Ártemis, na Grécia e Vênus em Roma.  

     Provavelmente, o Egito, tenha copiado esse mito, quando na ocasião, Set mata Osíris e o esquarteja, também separando os pedaços e distribuindo por várias partes do reino do Egito. Da mesma forma, Ísis junta todos os pedaços de Osíris, menos o falo. Após a morte de Osíris, Ísis transformou-se numa pomba, pousou sobre o corpo de Osíris e assim, engravidou, ocasião em que nasceu Hórus. Esses mitos nos remetem à semelhanças nessas várias culturas, enquanto que na Suméria temos a trindade, Ninrod, Semírames e Tamuz; no Egito temos Ísis, Osíris e Hórus.