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sexta-feira, 16 de setembro de 2022

EU E EXUPÉRY

 


    A motivação para minha dedicação ao estudo deve-se ao meu pai e minha mãe. Eles, que eram filhos de agricultores, com muita dificuldade, lograram concluir a 4ª série do antigo ensino primário lá pelo ano de 1945. Por ironia do destino, mesmo ano em que finalizou a 2ª Guerra Mundial. Nessa época, poucos conseguiam chegar até esse patamar nos estudos. Meu pai era ferroviário e trabalhava na Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima, e minha mãe era doméstica, mas, por outro lado, era exímia costureira.

     Filhos de agricultores e residindo na zona rural, os dois atuaram como professores na terra onde moravam. Ele estudou na Vila de Gramame (que na época era zona rural da cidade de João Pessoa – PB), e ela no lugarejo Monsenhor Magno, conhecido popularmente como Mussumago, também zona rural da capital da Paraíba. O grande desejo de minha mãe era ter filhos professores, fato que se concretizou a partir da década de 1980, do século passado.

     Nasci por mãos de parteira, numa simples casa, na cidade de Nova Cruz – Rio Grande do Norte. Meu lar situava-se no centro da rua com vistas para uma imensa área livre, local exclusivo onde se armava circos. Tendo como ponto de referência a minha residência, quando eu olhava para a esquerda, via a majestosa imagem do Colégio Nossa Senhora do Carmo, onde estudei parte do ensino fundamental. Ao girar meus olhos, 180 graus, encontrava em primeiro plano, uma quadra de futebol de salão e em segundo plano uma imensa caixa d’água, à qual, pertencia à Rede Ferroviária.

     Foi nessa pacata cidade que os adultos me incentivaram para os estudos e para desbravar a ciência. Mesmo antes de começar minha relação com as letras, e citando aqui Paulo Freire, eu já trazia uma leitura do mundo concreto, a partir do visual, sonoro e gestual. Ao mesmo tempo em que comecei a ler o mundo em que vivia, também o escrevia sem me dar conta, chegando a realizar tal façanha, a partir dos simples desenhos que rabiscava no papel.    

     Na década de 1960, do século XX, em Nova Cruz, cidade do interior do Rio Grande do Norte, onde nasci, lembro-me muito bem das campanhas políticas da época. Um dos candidatos, costumeiramente, colocava um anão em cima do carro de som, para, entre outros fatores, chamar a atenção dos eleitores. Apesar de não ter ainda, a noção do que significava uma campanha política, aquelas cenas me fascinavam.

     Essas passagens, porém, na minha mente de criança, ficavam gravadas e no dia seguinte, iam direto para o papel, através de desenhos, com a ajuda de tocos de lápis, onde colocava, sem esquecer, os mínimos detalhes da cena antes presenciada. O mais impressionante ainda, é que eu não me contentava, e fazia questão que todo mundo observasse os meus desenhos. Ao contrário do que enfoca Exupéry, no meu desenho, as pessoas grandes sabiam e entendiam, o que era aquilo rabiscado no papel, entretanto não davam muita importância

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