A motivação para minha dedicação ao estudo
deve-se ao meu pai e minha mãe. Eles, que eram filhos de agricultores, com
muita dificuldade, lograram concluir a 4ª série do antigo ensino primário lá
pelo ano de 1945. Por ironia do destino, mesmo ano em que finalizou a 2ª Guerra
Mundial. Nessa época, poucos conseguiam chegar até esse patamar nos estudos.
Meu pai era ferroviário e trabalhava na Rede Ferroviária Federal Sociedade
Anônima, e minha mãe era doméstica, mas, por outro lado, era exímia costureira.
Filhos de agricultores e residindo na zona
rural, os dois atuaram como professores na terra onde moravam. Ele estudou na
Vila de Gramame (que na época era zona rural da cidade de João Pessoa – PB), e
ela no lugarejo Monsenhor Magno, conhecido popularmente como Mussumago, também
zona rural da capital da Paraíba. O grande desejo de minha mãe era ter filhos
professores, fato que se concretizou a partir da década de 1980, do século
passado.
Nasci por mãos de parteira, numa simples
casa, na cidade de Nova Cruz – Rio Grande do Norte. Meu lar situava-se no
centro da rua com vistas para uma imensa área livre, local exclusivo onde se
armava circos. Tendo como ponto de referência a minha residência, quando eu
olhava para a esquerda, via a majestosa imagem do Colégio Nossa Senhora do
Carmo, onde estudei parte do ensino fundamental. Ao girar meus olhos, 180
graus, encontrava em primeiro plano, uma quadra de futebol de salão e em
segundo plano uma imensa caixa d’água, à qual, pertencia à Rede Ferroviária.
Foi nessa pacata cidade que os adultos me
incentivaram para os estudos e para desbravar a ciência. Mesmo antes de começar
minha relação com as letras, e citando aqui Paulo Freire, eu já trazia uma
leitura do mundo concreto, a partir do visual, sonoro e gestual. Ao mesmo tempo
em que comecei a ler o mundo em que vivia, também o escrevia sem me dar conta,
chegando a realizar tal façanha, a partir dos simples desenhos que rabiscava no
papel.
Na década de 1960, do século XX, em Nova
Cruz, cidade do interior do Rio Grande do Norte, onde nasci, lembro-me muito
bem das campanhas políticas da época. Um dos candidatos, costumeiramente,
colocava um anão em cima do carro de som, para, entre outros fatores, chamar a
atenção dos eleitores. Apesar de não ter ainda, a noção do que significava uma
campanha política, aquelas cenas me fascinavam.
Essas passagens, porém, na minha mente de
criança, ficavam gravadas e no dia seguinte, iam direto para o papel, através
de desenhos, com a ajuda de tocos de lápis, onde colocava, sem esquecer, os
mínimos detalhes da cena antes presenciada. O mais impressionante ainda, é que
eu não me contentava, e fazia questão que todo mundo observasse os meus
desenhos. Ao contrário do que enfoca Exupéry, no meu desenho, as pessoas grandes
sabiam e entendiam, o que era aquilo rabiscado no papel, entretanto não davam
muita importância
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