No dia 6 de maio estive apreciando a
apresentação do espetáculo teatral Beira de Estrada no meio do Nada,
que se deu no auditório do Museu Sacaca, às 18 horas, tendo em vista que às 20
horas haveria outra sessão. Montagem realizada por alunos e ex-alunos do Curso
de Licenciatura em Teatro, com texto de Yuri Laudrup e direção de Elielson
Junior. Eu não poderia deixar de dizer aqui, que esse fenômeno faz parte da
proliferação das montagens com influências do Curso de Teatro da Universidade
Federal do Amapá. Aliás, no dia 12 de novembro deste ano estaremos completando
10 anos da aprovação do referido curso, pelo Conselho Superior da UNIFAP.
Após esse longo período já pode-se
observar na prática, a contribuição que o curso vem proporcionando para a
sociedade amapaense, tanto na área da educação, com professores qualificados,
quanto na área do teatro, com artistas capacitados, para exercerem seu métier.
Embora o Museu Sacaca, não tenha um edifício teatral, o Grupo Beco Teatral
decidiu apresentar seu espetáculo no auditório daquele museu. A concepção do
texto dramatúrgico, assinado por Iury Laudrup, nos remete a influências de
jogos digitais, somando também a interferências cinematográficas, nos
proporcionando cenas de puro terror.
O enredo resume-se num passeio, no qual, quatro
jovens seguem de carro numa estrada, sendo que em determinado momento, numa
noite escura e num local deserto, como o próprio título anuncia, no meio do
nada, o veículo apresenta problema mecânico. Enquanto alguns personagens buscam
consertar o carro, outros vão procurar ajuda nos arredores. De uma decrépita
cabana, surge uma velha caduca, uma vilã... com o propósito de matar um por um,
dos quatro jovens que estavam em busca de divertimento. Observa-se no subtexto,
por um lado, conotações de fundo moral, por outro, engajamento na luta contra a
homofobia, discriminação e violência contra homossexuais.
Tendo como ponto de partida essas
questões, não há como classificar o enredo e o espetáculo em si, como tragédia,
o que nesse caso, se faz necessário um desenvolvimento progressivo do
personagem principal, de suas conquistas à sua derrota, partindo do
reconhecimento do seu erro e, consequentemente, seu fim trágico. O referido
espetáculo tem direção de Elielson Junior e Iury Laudrup, com assistência e
preparação de Daniela Aires. Difícil enfocar aqui, algo sobre a iluminação, já
que o próprio sistema de luz de um auditório é completamente diferente de um
sistema de iluminação de um teatro. Contudo, aproveito o ensejo e observo
determinadas cenas que acontecem no entorno da plateia, e que são iluminadas
apenas com luz de lanterna, enquanto que o palco permanece às escuras por
determinado período, o que faz com que, de certa forma o interesse e o ritmo da
peça diminuam.
Em termos de sonoplastia, há momentos em
que o som é projetado num volume altíssimo, talvez com a intenção de causar no
público o efeito sonoro do medo da cena. Para motivar essa empatia em
determinadas cenas, basta a harmonia entre cena, iluminação e sonoplastia e, em
muitos casos, a música pode estar em baixo volume, como pode-se observar esses
efeitos no cinema. Outra questão é que, ao invés dos microfones de lapela
contribuírem, eles terminaram atrapalhando as falas, em função das falhas na
transmissão, nesse caso, seria melhor usar e empostar a própria voz. Beira da
Estrada no Meio do Nada, tem o seguinte elenco: Rafael Miranda, Eva
Gemaque, Lorrana Brito, Yuta Pantoja e Iury Laudrup.