Também considerado um dos povos mais
antigos do planeta, a civilização chinesa se espalhou ao longo do vale do rio
Amarelo. Em torno de 3.000 a.C., já eram creditadas várias invenções aos
chineses, como por exemplo, a roda do oleiro, que facilitava a modelação de
vasos de barro. A dinastia Hsia, a mais antiga dinastia registrada pela
historiografia chinesa, teve início em 2.200 a.C., e se estendeu até o ano de
1750 a.C. Há duas religiões tradicionais, que são professadas atualmente por
20% da população: o taoismo e o confucionismo. Confúcio enfoca a
responsabilidade pelo bem comum e o respeito e a obediência aos mais velhos, já
o taoismo, refere-se aos ideais de equilíbrio e ordem com a natureza.
Por se tratar de uma civilização muito
antiga, se torna difícil definir quando se iniciou o teatro na China,
principalmente por falta de textos e documentos que comprovem a concretização
desse fato. Além disso, há que se levar em consideração o canto, a dança, a
música e a pantomima, com possíveis estreitos laços com ritos religiosos, que
apareceram no surgimento desse povo. Na sua obra Teatro antes dos gregos, Bandeira
Duarte diz que: “...só a metade do período da dinastia dos Yuen (de 1277 a
1368), apresenta um patrimônio de quinhentas e sessenta e quatro peças. Cento e
cinco são anônimas e as demais são assinadas por oitenta e cinco autores,
cabendo só a um deles, o poeta Kuan-Na-King, sessenta e quatro originais.
Intrigante é que este fato permaneceu
esquecido pelo mundo ocidental até meados do século XVII, quando em 1753, um
padre jesuíta traduziu e publicou uma peça chinesa, intitulando-a de “O jovem
órfão da família de Tchau”, à qual, vinte anos depois foi transformada em “O
Órfão da China”, por Voltaire. Em se tratando da dramaturgia chinesa, uma
questão fundamental é que o verso é muito mais usado do que a prosa, com a
perspectiva de que toda obra tenha uma finalidade moral, o que o diferencia, de
certa forma, da dramaturgia grega.
Como em muitas sociedades antigas, em
sua maioria, os elencos eram compostos por atores, por pessoas sem instrução ou
até mesmo escravos, essas trupes mambembes, com aproximadamente oito a dez
atores, tinham o costume de viajar por várias cidades, sob a custódia de um
diretor. Devido a rigidez da cultura chinesa, as mulheres eram banidas de se
apresentarem em cena. Sobre isso, Bandeira Duarte nos informa que: “As mulheres
eram proscritas da cena, não só pelo espírito da filosofia chinesa, mas também
em virtude de uma antiga superstição que as considerava nocivas a qualquer
transação. Os papéis femininos eram entregues, por isso, a adolescentes ou a
eunucos.
Na
verdade, há grande diferença entre essas formas dramáticas religiosas antigas,
em relação ao que veio acontecer na Grécia clássica, quando, em função da
democracia, do ambiente e da cultura grega, esses dramas se transformaram em
teatro propriamente dito, o qual conhecemos na atualidade.