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domingo, 9 de maio de 2021

TEATRO NA CHINA

 

 

     Também considerado um dos povos mais antigos do planeta, a civilização chinesa se espalhou ao longo do vale do rio Amarelo. Em torno de 3.000 a.C., já eram creditadas várias invenções aos chineses, como por exemplo, a roda do oleiro, que facilitava a modelação de vasos de barro. A dinastia Hsia, a mais antiga dinastia registrada pela historiografia chinesa, teve início em 2.200 a.C., e se estendeu até o ano de 1750 a.C. Há duas religiões tradicionais, que são professadas atualmente por 20% da população: o taoismo e o confucionismo. Confúcio enfoca a responsabilidade pelo bem comum e o respeito e a obediência aos mais velhos, já o taoismo, refere-se aos ideais de equilíbrio e ordem com a natureza.

      Por se tratar de uma civilização muito antiga, se torna difícil definir quando se iniciou o teatro na China, principalmente por falta de textos e documentos que comprovem a concretização desse fato. Além disso, há que se levar em consideração o canto, a dança, a música e a pantomima, com possíveis estreitos laços com ritos religiosos, que apareceram no surgimento desse povo. Na sua obra Teatro antes dos gregos, Bandeira Duarte diz que: “...só a metade do período da dinastia dos Yuen (de 1277 a 1368), apresenta um patrimônio de quinhentas e sessenta e quatro peças. Cento e cinco são anônimas e as demais são assinadas por oitenta e cinco autores, cabendo só a um deles, o poeta Kuan-Na-King, sessenta e quatro originais.   

     Intrigante é que este fato permaneceu esquecido pelo mundo ocidental até meados do século XVII, quando em 1753, um padre jesuíta traduziu e publicou uma peça chinesa, intitulando-a de “O jovem órfão da família de Tchau”, à qual, vinte anos depois foi transformada em “O Órfão da China”, por Voltaire. Em se tratando da dramaturgia chinesa, uma questão fundamental é que o verso é muito mais usado do que a prosa, com a perspectiva de que toda obra tenha uma finalidade moral, o que o diferencia, de certa forma, da dramaturgia grega.

     Como em muitas sociedades antigas, em sua maioria, os elencos eram compostos por atores, por pessoas sem instrução ou até mesmo escravos, essas trupes mambembes, com aproximadamente oito a dez atores, tinham o costume de viajar por várias cidades, sob a custódia de um diretor. Devido a rigidez da cultura chinesa, as mulheres eram banidas de se apresentarem em cena. Sobre isso, Bandeira Duarte nos informa que: “As mulheres eram proscritas da cena, não só pelo espírito da filosofia chinesa, mas também em virtude de uma antiga superstição que as considerava nocivas a qualquer transação. Os papéis femininos eram entregues, por isso, a adolescentes ou a eunucos.

      Na verdade, há grande diferença entre essas formas dramáticas religiosas antigas, em relação ao que veio acontecer na Grécia clássica, quando, em função da democracia, do ambiente e da cultura grega, esses dramas se transformaram em teatro propriamente dito, o qual conhecemos na atualidade.

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