Contatos

palhanojp@gmail.com - palhano@unifap.br

segunda-feira, 23 de abril de 2018

TURMA PIONEIRA DO CURSO DE TEATRO DA UNIFAP COLA GRAU



     Minha preocupação para a implantação de um Curso de Licenciatura Plena em Teatro no Amapá remete ao ano de 1995, quando aqui cheguei para assumir a função de professor da Universidade Federal do Amapá, admitido por concurso público realizado em novembro de 1994. Aliás, mesmo antes de fincar raízes neste espaço geográfico brasileiro eu já havia pensado na perspectiva e projetado a implantação do referido curso.
     Estudei as possibilidades e em 1996 encaminhei projeto de implantação das habilitações de Teatro e Música ao Colegiado do Curso de Educação Artística. O referido projeto também passou por uma comissão de implantação de novos cursos. Infelizmente nem o Colegiado, muito menos a referida comissão entendeu como prioridade a implantação daquelas habilitações. Se naquele período as habilitações de Teatro e Música tivessem sido implantadas, consequentemente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 daquele mesmo ano, as mesmas teriam sido transformadas em dois cursos distintos: Curso de Licenciatura Plena em Teatro e Curso de Licenciatura Plena em Música.
     Se assim o fosse, concretamente de lá para cá teríamos colocado no mercado de trabalho pelo menos dezoito turmas de profissionais da área do teatro e da área da música respectivamente, para suprir a necessidade premente das escolas de ensino fundamental e médio do Estado do Amapá. Por outro lado, teríamos sido também a primeira universidade e o primeiro Estado da região Norte a implantar seu Curso de Licenciatura Plena em Teatro.
     Com a implantação da disciplina Educação Artística que surgiu com a Lei 5.692/1971 que transformou o professor de arte num profissional polivalente.  Também em função da luta dos Arte-Educadores, principalmente durante a década de 1980 do século XX para reverter este quadro foi que na década de 1990 com a Lei 9.394/96 a arte tornou-se obrigatória no ensino fundamental e médio. Diferente de sua antecessora, a Lei 9.394/96 também definiu que o estudante deveria vivenciar pelo menos quatro linguagens distintas da arte na sala de aula: Artes Visuais, Teatro, Dança e Educação Musical.
     A persistência é um dos sentidos da vida que nos faz permanecer na luta. Foi preciso duas décadas para que o Curso de Teatro fosse aprovado. Neste sentido, em 12 de novembro de 2013, o mesmo passou pelo Conselho Superior da UNIFAP por unanimidade.
     No início de 2014 estávamos recebendo a primeira turma do Curso de Licenciatura em Teatro e este ano essa turma pioneira colou grau na última quarta-feira, dia 18. A concretização deste trabalho determina que a partir deste ano de 2018, o Estado do Amapá terá à disposição da sociedade o primeiro grupo de professores licenciados em teatro e capacitados para assumirem suas atividades pedagógicas nas escolas do nosso Estado.


quarta-feira, 18 de abril de 2018

CINE TEATRO TERRITORIAL - Símbolo da Cultura Amapaense



     A implantação do Território Federal do Amapá na década de 1940 redimensionou as questões geográficas, políticas, econômicas e culturais de uma das áreas mais setentrionais do Brasil. Em se tratando de questões culturais, isto se dará mais propriamente no final da década de 1940, com a inauguração e implantação de vários setores da cultura como, por exemplo, a inauguração do Cine Teatro Territorial em julho de 1944; inauguração da Rádio Difusora de Macapá em 23 de julho de 1946; inauguração da Escola Barão do Rio Branco (primeira escola em alvenaria de Macapá), em 13 de setembro de 1946, onde começa a surgir dramatizações de peças por alunos, com apoio de professores, e a inauguração da Praça Barão do Rio Branco em 1º de janeiro de 1950. Em relação à inauguração da referida praça, o Comandante Cordeiro da Graça, em seu artigo “Acreditando no Futuro do Brasil”, que consta no livro “Confiança no Amapá: Impressões sobre o Território” de Janary Nunes, cuja 2ª edição foi publicada em 2012, dá suas impressões quando relata sobre a bela praça de esportes: Assisti ao ato inaugural da praça “Barão do Rio Branco”. É uma praça pública bonita, larga, onde a juventude tem todos os esportes. Não seria possível desejar coisa melhor nem mais eficiente.
      Tais fatores foram preponderantes para o desenvolvimento da cultura, da arte, das artes cênicas e especificamente do teatro amapaense. Portanto, seguiremos um raciocínio cronológico dessas ações do governo Janary Nunes, que, por um lado, fez crescer demasiadamente a cultura no Amapá e por outro, fez criar nos jovens um sentimento muito estreito em relação à arte. E é em função desses fatores que, na década de 1950 a produção cultural em relação à montagem de peças teatrais começa a surgir timidamente no âmbito do Ex-Território. Nesses termos, Nunes Pereira, que também tem artigo na obra acima citada, quando se refere às ações do governo Janary Nunes, afirma que: No campo cultural, por exemplo, ele não só atrai artistas e homens de ciência para que influam diretamente na formação da mentalidade do povo, porém procura amparar as tradições, os costumes que são típicos daquele povo, que constituem o seu patrimônio folclórico.
     O Cine Teatro Territorial, foi sem dúvida um dos primeiros edifícios construídos na administração do Capitão Janary Nunes. Em função de que não havia construções adequadas para reunir uma equipe, esse prédio foi erigido inicialmente para ser o Centro de Convenções do Governo, levando-se em consideração que só havia um lugar considerável para tal atividade que era o antigo prédio da Intendência, que depois se transformou no museu Joaquim Caetano. Sendo assim, o prédio do Cine Teatro Territorial se transformou no principal espaço para que os administradores pudessem se reunir com tranquilidade com a equipe do novo governo, para dar andamento ao projeto de transformação política do Território recém-instalado.


segunda-feira, 9 de abril de 2018

BÉLGICA




     Em fevereiro passado estive em Bruxelas-Bélgica com o objetivo de ministrar uma oficina de teatro do oprimido. Fui convidado para ministrar esse workshop pela Associação Arte N’ativa. Sempre que vou para qualquer lugar do mundo, levo comigo as melhores lembranças e falo com as pessoas de tudo de melhor que tem o nosso Amapá, há vinte e três anos que faço isso. Tenho orgulho de ter podido contribuir com este pedaço de Brasil.
     Augusto Boal é um dos mestres do teatro brasileiro, seu método e sua estética, conhecido como “teatro do oprimido” na atualidade vem sendo estudado em mais de cem países do mundo. Sua teoria com bases marxistas, surgiu em função da luta de classes no Brasil, principalmente em função do regime militar que vigorou por vinte e quatro anos em nosso país.
     Ele é o fundador do teatro do oprimido, método que cria laços estreitos entre o teatro e a ação social. Esse método é conhecido em várias partes do mundo. Sua estética, transforma o teatro em instrumento de emancipação política. Esta teoria surgiu a partir de suas experiências no teatro de Arena de São Paulo entre 1956 a 1970, quando lá trabalhou com vários artistas que hoje são conhecidos em nosso país.
     O workshop que ministrei foi muito bem proveitoso, tendo em vista que tínhamos tanto brasileiros como belgas participando do mesmo. Em função de ser uma estética que pode ser realizada por atores, não atores e pessoas comuns, o curso foi muito procurado pelos cidadãos do próprio local.
     A cidade de Bruxelas tem um ar bucólico, romântico e conota muita nostalgia. É uma cidade medieval visto que suas construções e principalmente igrejas antigas remontam ao século XVI. Em função do período de inverno, tudo estava muito cinzento. Aliás, os prédios, as ruas, o tempo e as pessoas parecem uma pintura monocromática de algum pintor famoso. As cores vivas quase não existem. Todos andam agasalhados com roupas cinzas ou pretas para poderem enfrentar o frio.
     Estive lá num dos últimos rigorosos invernos, o termômetro chegava a seis graus abaixo de zero, o frio era intenso. Tudo praticamente congelado, inclusive os rios e lagos, que estavam em sua maior parte, congelados. Uma das coisas que me chamou atenção foi o uso cotidiano da bicicleta. Lá, todo mundo tem uma bicicleta, e de todos os tipos: para uma, duas ou três pessoas; bicicletas para levar o bebê entre outras. O interessante é que esse trânsito de bike, convive harmoniosamente com os outros veículos. Ciclovias tem para todos os lugares. Bonito ver um monte de ciclistas esperarem o sinal verde abrir para poder seguir viagem. Algo que não existe no Brasil. Por outro lado, o transporte coletivo, tanto ônibus quanto o trem, sempre passam na hora exata em cada ponto, estação ou parada. Mesmo com todo o frio, todos se deslocam e o tráfego de bicicleta é intenso.