Em fevereiro passado estive em
Bruxelas-Bélgica com o objetivo de ministrar uma oficina de teatro do oprimido.
Fui convidado para ministrar esse workshop pela Associação Arte N’ativa. Sempre
que vou para qualquer lugar do mundo, levo comigo as melhores lembranças e falo
com as pessoas de tudo de melhor que tem o nosso Amapá, há vinte e três anos
que faço isso. Tenho orgulho de ter podido contribuir com este pedaço de
Brasil.
Augusto Boal é um dos mestres do teatro
brasileiro, seu método e sua estética, conhecido como “teatro do oprimido” na
atualidade vem sendo estudado em mais de cem países do mundo. Sua teoria com
bases marxistas, surgiu em função da luta de classes no Brasil, principalmente
em função do regime militar que vigorou por vinte e quatro anos em nosso país.
Ele é o fundador do teatro do oprimido,
método que cria laços estreitos entre o teatro e a ação social. Esse método é
conhecido em várias partes do mundo. Sua estética, transforma o teatro em
instrumento de emancipação política. Esta teoria surgiu a partir de suas
experiências no teatro de Arena de São Paulo entre 1956 a 1970, quando lá
trabalhou com vários artistas que hoje são conhecidos em nosso país.
O workshop que ministrei foi muito bem
proveitoso, tendo em vista que tínhamos tanto brasileiros como belgas
participando do mesmo. Em função de ser uma estética que pode ser realizada por
atores, não atores e pessoas comuns, o curso foi muito procurado pelos cidadãos
do próprio local.
A cidade de Bruxelas tem um ar bucólico,
romântico e conota muita nostalgia. É uma cidade medieval visto que suas
construções e principalmente igrejas antigas remontam ao século XVI. Em função
do período de inverno, tudo estava muito cinzento. Aliás, os prédios, as ruas,
o tempo e as pessoas parecem uma pintura monocromática de algum pintor famoso.
As cores vivas quase não existem. Todos andam agasalhados com roupas cinzas ou
pretas para poderem enfrentar o frio.
Estive lá num dos últimos rigorosos
invernos, o termômetro chegava a seis graus abaixo de zero, o frio era intenso.
Tudo praticamente congelado, inclusive os rios e lagos, que estavam em sua
maior parte, congelados. Uma das coisas que me chamou atenção foi o uso
cotidiano da bicicleta. Lá, todo mundo tem uma bicicleta, e de todos os tipos:
para uma, duas ou três pessoas; bicicletas para levar o bebê entre outras. O
interessante é que esse trânsito de bike, convive harmoniosamente com os outros
veículos. Ciclovias tem para todos os lugares. Bonito ver um monte de ciclistas
esperarem o sinal verde abrir para poder seguir viagem. Algo que não existe no
Brasil. Por outro lado, o transporte coletivo, tanto ônibus quanto o trem,
sempre passam na hora exata em cada ponto, estação ou parada. Mesmo com todo o
frio, todos se deslocam e o tráfego de bicicleta é intenso.
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