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segunda-feira, 30 de maio de 2022

TERMOS TEATRAIS

 


     Dando continuidade ao artigo da semana passada, vamos conhecer mais verbetes que são costumeiramente conhecidos por aqueles que lidam com as artes cênicas. Para quem trabalha na área do teatro, conhece muito bem esses termos, e é interessante saber a origem dessas palavras. E começaremos com CENA – que vem do Latim scaena, “palco, cena”, do Grego skena, de mesmo significado, originalmente “tenda, cabana”, relacionado a skia, “sombra”, pela noção de “algo que protege contra o sol”.

     PROSCÊNIO – é a parte anterior do palco, aquela que está mais próxima do público, que se projeta para fora da cortina, e deriva do Latim proscenium, de pro-, “à frente”, mais scaena. É o local que antigamente se fixava as luzes da ribalta. O que se apresenta hoje, conhecemos por espetáculo, mas, também pode ser chamado de peça teatral.      PEÇA – vem do Francês antigo pièce, do Frâncico pettia, “medida, porção, parte”.

     Desde o teatro grego, a dramaturgia determinou as peças em ATO. Uma peça teatral pode ter vários atos, palavra que vem do Latim actus, “algo feito, parte de uma obra, impulso”, de agere, “levar a, guiar, colocar em movimento”. Já a palavra PÚBLICO – que, sem ele não há teatro; vem do Latim publicus, “relativo ao povo”, de populus, “povo”. Também adquiriu o significado de “aberto a toda a comunidade”, em oposição a “privado”.

     Todo artista possui seu grupo de fãs, ou seu fã-clube. E é claro que estes, não há ator ou artista que sobreviva. “Fã” é um encurtamento de “fanático”, que veio do Latim fanaticus, “louco, entusiasta, inspirado por algum deus”, originalmente “relativo a um templo”, fanum. Quem não atendia a certas exigências religiosas estava “à frente” do templo, ou seja, fora dele: profanum, que originou nosso “profano”.

     Todo teatro, principalmente, com influências do teatro italiano, possui seus camarotes, que sempre funcionou como o lugar dos mais abastados de cada sociedade. Neste caso, CAMAROTE – é um diminutivo de “câmara”, derivado do Latim camara, “quarto com teto recurvo”, do Grego kamara, idem, de uma base Indo-Europeia kam-, “arco”.

     A tragédia grega, primeiro gênero teatral, tinha como ponto de partida o coro, e em muitos casos, esse conjunto se tornava um personagem. CORO, vem do Latim chorus, “dança em círculo, grupo de pessoas que cantavam numa tragédia”, do Grego khoros, “grupo de dançarinos, dança, piso para dançar”, de uma fonte Indo-Europeia gher-, “rodear”.

 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

DESVENDANDO O TEATRO

 


     O teatro surgiu na Grécia antiga há quase três mil anos. Durante toda a história do homem há uma relação intrínseca entre a vida e a arte. Para quem deseja se envolver com essa arte, se torna fundamental conhecer alguns termos que são geralmente utilizados entre as pessoas das artes cênicas. Relacionaremos em seguida algumas palavras ligadas ao teatro e suas principais origens. A palavra TEATRO vem do Latim theatrum, do Grego theatron, que significava literalmente “lugar para olhar”, de theasthai, “olhar”, mais tron, sufixo que denota “lugar”. O sentido de “lugar onde transcorre a ação” se aplicou também aos feitos militares, daí o nome “teatro de operações” para uma área onde há luta armada.

     ANFITEATRO também vem do Latim amphiteatrum, do Grego amphiteatron, que significa “local de espetáculos duplo, com espectadores dispostos de ambos os lados do palco”, de amphí-, “dos dois lados”, mais theatron, local de onde se vê. Inicialmente os teatros possuíam assentos apenas no lado voltado para o palco, seguindo a arquitetura do teatro grego. É ainda o caso da maioria ou todos os nossos teatros atuais. Os atuais estádios de futebol, são hoje, os nossos verdadeiros anfiteatros.

     O termo COMÉDIA vem do Grego komoidia, “espetáculo divertido, comédia”, de komodios, “cantor em festas”, de komos, “festa, farra”, mais oidos, “poeta, cantor”.  Este termo passou por uma fase em que era usado para designar “poema narrativo”, o que é a razão de o livro “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, ter esse nome. 

     TRAGÉDIA deriva do Grego tragoidia, que significa “peça ou poema com final infeliz”. Aparentemente deriva de tragos, “bode”, mais oidea, “canção”. Ao pé da letra poderíamos dizer “a canção dos bodes”, e isso viria do drama satírico, onde os atores se vestiam de sátiros, com suas pernas cabeludas e chifres de bode. 

     Da mesma forma, DRAMA também deriva do Grego drama, “peça, ação, feito” (especialmente relativo a algum grande feito, fosse positivo ou negativo), vem de drao, “fazer, realizar, representar, lutar”. Portanto, quando um professor ensina teatro e coloca seu alguém para atuar em cena, ele está fazendo com que seu aluno diga: eu faço, eu luto, eu faço a hora, não espero acontecer.

     PLATEIA – ao que tudo indica, deriva do Grego platea, que significa “largo e plano”. Inicialmente designava o lugar onde ficavam os músicos e se estendeu depois, em prédios diferentes dos teatros gregos, à parte onde tomam assento os espectadores.

    PALCO – do Italiano palco, “estrado, tablado”, do Lombardo palko, “trave, viga”. Seu sentido se estendeu depois ao de “tablado sustentado por vigas” e mais tarde a “estrado ou palco designado para apresentações artísticas”.

    

 

terça-feira, 17 de maio de 2022

HONORATO JUNIOR E SEUS QUADRINHOS

 


          Manuel Honorato de Luz Barbosa Júnior é amapaense; filho de Manuel Honorato da Luz Barbosa e Maria Durvalina Pereira Barbosa. É formado em Artes Visuais pela  UNIFAP. Iniciou seu desejo de trabalhar com artes ainda criança, visto que já possuía a capacidade de registrar em desenho tudo o que estava em seu entorno.

     Sua vontade de trabalhar com quadrinhos surgiu no dia em que sua mãe o trouxe ao centro da cidade para andar no comércio e passando defronte a uma banca de revista, se encantou com uma revista em quadrinhos, diz ele: “- Eu achei bonito os traços, as cores, a Mônica, o Cebolinha. Mas o que me influenciou bastante mesmo foi a revista de Conan, que apresentava traços totalmente diferente das demais”.

     Para Honorato, o artista necessita sempre de um produtor ou de alguém que patrocine sua obra. Segundo ele: “- Nós realizamos um projeto, investimos em cima desse projeto, acreditamos em nossos projetos, mas no final temos que ter um patrocínio ou então o projeto pode fracassar, aliás, todos os projetos que eu fiz saiu mesmo foi do meu próprio bolso, então na minha concepção a principal dificuldade é o apoio cultural”.

     A família sempre esteve presente para apoiar o desejo de Honorato em querer desenhar, para isso comprava lápis grafite, lápis de cor, papel e revistas em quadrinhos. Já na escola era o mais conhecido da turma. A professora sempre o chamava para fazer algum desenho no quadro, para abrilhantar sua aula. Nas aulas de artes sempre era convocado pelos colegas para desenhar as tarefas escolares.

     Honorato trabalhou em várias áreas: já foi caixa de supermercado; embalador; vendedor; já trabalhou com vime; como auxiliar de contabilidade e como auxiliar de escritório. O certo é que em todos esses afazeres ele sempre percebeu a presença do desenho. Todo o tempo o desenho e as imagens estavam ali, onde ele passasse.

     Em seu trabalho artístico se volta mais especificamente para temas regionais e gosta de registrar o dia a dia do caboclo da Amazônia. Suas atividades artísticas se voltam para as caricaturas; tiras de jornal; ilustração para livros; charges; desenhos diversos e quadrinhos. Fez várias charges para o “Jornal do Dia”, como também, para “Diário do Amapá”. Relativo aos quadrinhos, um trabalho de destaque foram as imagens criadas para a revista em quadrinhos “Os Cabuçus”, de circulação regional. Assinou as imagens das seguintes revistas: “Os Cabuçus – Edição nº 3; março de 2004”; “Combatendo o Mosquito da Dengue – Secretaria de Saúde do Estado do Amapá”; “Não Deixe a Malária pegar Você – FUNASA” e “APAExonado – APAE – Macapá”. É um artista visual amapaense, muito dedicado no seu labor.

 

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

VIVA MAMÃE

 

     Depois de dois anos de luta contra a COVID 19, e de dois dias das mães sem visitas e sem abraços, chegou a hora de aproveitarmos este domingo especial, com nossas mães, visto que pelo menos nesse ano de 2022, teremos o prazer de estarmos pessoalmente com elas. Em homenagem a todas as mães, e às mães dos leitores desta coluna, em homenagem a todas elas, dedicarei este artigo à minha mãe, ela, que sempre foi, minha conselheira. 

     Minha mãe tem uma longa história de vida; como meus avós eram agricultores, foi criada em terras alheias e sítios inóspitos, nas cercanias da cidade de João Pessoa, mas, apesar disso, conseguiu concluir o ensino primário. Mesmo com sua vida pacata, gostava de estudar e dava muito valor ao estudo. Só deixou a zona rural, depois que casou e foi morar numa pequenina cidade com o nome de Cabedelo, na Paraíba.

     Tornou-se mulher casada e constituiu uma família. Enquanto seu esposo trabalhava na Rede Ferroviária Federal, ela se limitou aos quatro recantos da casa, e por um longo período de tempo, se dedicou, especificamente, às responsabilidades das atividades domésticas, preparando a comida e cuidando dos filhos: sete no total. Quando começou a surgir momentos difíceis e crises na economia doméstica, resolveu, de certa forma, se desvencilhar de tudo isso, e passou a costurar. Era exímia costureira.

     A partir deste trabalho, ajudou nas despesas domésticas, e, direta e indiretamente, a todos de casa. Tinha vários clientes, na vizinhança e de outros recantos da cidade. O mais interessante, era que morávamos defronte a um grande espaço aberto, que se tornou o local onde se armavam os circos que chegavam à pacata cidade. Resultado: os artistas desses circos, também contratavam minha mãe, como costureira. Enquanto o circo estivesse na cidade, ela criava, costurava, modificava, fazia de tudo, para aproveitar e reaproveitar todos os figurinos daqueles artistas mambembes. Lembrando que esses circos eram armados literalmente defronte da nossa casa.

     Esse momento foi fundamental para minha vida: porquê? Porque, todas as vezes que ela entregava uma roupa pronta, ao pessoal do circo, por um lado, eles a pagavam em moeda corrente do país, e por outro, também a presenteava com alguns ingressos para ter acesso aos espetáculos do próprio circo. E ela recebia ingressos para adultos e para crianças. Esses fatos, interferiram beneficamente em minha vida, tendo em vista que, todos os finais de semana, passava a assistir aos espetáculos matinées dos circos, quando sempre terminavam com uma dramatização clássica, como “chapeuzinho vermelho”; “Cinderela”, “Branca de Neve e os Sete Anões”, entre outras histórias infantis. Daí, me vem toda a relação que tenho com o teatro, com a educação, com minha profissão como professor de teatro; como também, com a arte em geral.

     Hoje, no seu dia, dou viva à minha mãe, e celebro não só este dia das mães, como também seu aniversário de noventa e dois anos, que também se comemora neste mês de maio. Mesmo sendo agricultora, nunca deixou de me incentivar aos estudos, e isto foi de fundamental importância para o meu desenvolvimento profissional. Sempre dizia que o estudo era o melhor caminho para o pobre, e para quem gostaria de conseguir ser gente um dia na vida. À minha mãe, Hilda Palhano, agradeço de coração tudo o quanto me incentivastes para que eu pudesse conquistar meus sonhos e organizar minha vida, política, moral, econômica, social, religiosa, profissional da educação, e ainda, como artista. A vida que tenho hoje, o profissional que sou, agradeço tudo a você, Mamãe! Felicidades pelo seu dia e, Parabéns pelos seus noventa e dois anos.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

TEATRO E POLÍTICA

 

                                        

     É da natureza do homem ser exímio imitador. Na Idade da Pedra, antes usar as cavernas como proteção o homem precisou expulsar os animais que ali moravam. Por outro lado, quando conseguia abater esses animais, ele aproveitava o corpo do mesmo como alimento, mas não era só isso... Começou a imaginar a probabilidade de utilizar o couro como vestimenta e ainda a se vestir, como se fosse um animal para se aproximar do mesmo para poder abatê-lo com sucesso.

     O humor e o imitador estão presentes em todos os tempos e em todas as épocas da história da humanidade. O homem imita por natureza, não fosse isso não aprenderia a falar sua própria língua. Uma criança nascida na Inglaterra fala o inglês porque ouve os mais velhos falarem a referida língua, o mesmo acontece num país de língua espanhola ou portuguesa como no caso, o Brasil.

     Entre todas as atitudes do homem o teatro está sempre presente, principalmente no período de eleição quando candidatos procuram representar o que não são na realidade, ou seja, vislumbram com a criação de seus personagens, conquistar os eleitores, o que quer dizer ganhar o pleito e ser eleito definitivamente. Para isso, mesmo empiricamente, se utilizam de artefatos que são frequentes no teatro.

     Drama, tragédia, sátira e comédia são os gêneros que mais se sobressaem quando os futuros representantes do povo aproveitam seus parcos segundos no programa eleitoral gratuito na televisão. Este é o principal momento de entrar em cena. As emoções são variadas para ganhar a simpatia e empatia dos eleitores. Uns querendo salvar o Brasil, outros emitindo indulto e Graça com o intuito de proteger seus corsários. Choro, ao se lembrar de sua devotada professora ou até mesmo tristeza ao falar da guerra da Ucrânia e alegria, ao falar das insignificantes atitudes e projetos elaborados como gestor.

     Enquanto uns conseguem se explicitar com mais robustez e originalidade devido à sua vivência no cotidiano, outros se enrijecem e muito mal leem seus programas, fixando os olhos diante das câmeras. Nenhum outro movimento é percebido, parece até ser um castigo ele está ali para falar principalmente do que não sabe.

     Infelizmente, na prática, é assim que acontece com a maioria dos candidatos que se inscrevem para participar de um pleito eletivo em nossa sociedade. A democracia muitas vezes se apresenta cheia de contradições, por exemplo, para ser professor de uma universidade hoje, o candidato necessita no mínimo possuir um curso de Mestrado, enquanto que para ser político o que se exige apenas é que o candidato saiba assinar seu nome. Infelizmente.