Depois de dois anos de luta contra a COVID 19, e de dois dias das mães sem visitas e sem abraços, chegou a hora de aproveitarmos este domingo especial, com nossas mães, visto que pelo menos nesse ano de 2022, teremos o prazer de estarmos pessoalmente com elas. Em homenagem a todas as mães, e às mães dos leitores desta coluna, em homenagem a todas elas, dedicarei este artigo à minha mãe, ela, que sempre foi, minha conselheira.
Minha mãe tem uma longa história de vida; como
meus avós eram agricultores, foi criada em terras alheias e sítios inóspitos,
nas cercanias da cidade de João Pessoa, mas, apesar disso, conseguiu concluir o
ensino primário. Mesmo com sua vida pacata, gostava de estudar e dava muito
valor ao estudo. Só deixou a zona rural, depois que casou e foi morar numa
pequenina cidade com o nome de Cabedelo, na Paraíba.
Tornou-se mulher casada e constituiu uma
família. Enquanto seu esposo trabalhava na Rede Ferroviária Federal, ela se
limitou aos quatro recantos da casa, e por um longo período de tempo, se dedicou,
especificamente, às responsabilidades das atividades domésticas, preparando a
comida e cuidando dos filhos: sete no total. Quando começou a surgir momentos
difíceis e crises na economia doméstica, resolveu, de certa forma, se
desvencilhar de tudo isso, e passou a costurar. Era exímia costureira.
A partir deste trabalho, ajudou nas
despesas domésticas, e, direta e indiretamente, a todos de casa. Tinha vários
clientes, na vizinhança e de outros recantos da cidade. O mais interessante,
era que morávamos defronte a um grande espaço aberto, que se tornou o local
onde se armavam os circos que chegavam à pacata cidade. Resultado: os artistas desses
circos, também contratavam minha mãe, como costureira. Enquanto o circo
estivesse na cidade, ela criava, costurava, modificava, fazia de tudo, para
aproveitar e reaproveitar todos os figurinos daqueles artistas mambembes.
Lembrando que esses circos eram armados literalmente defronte da nossa casa.
Esse momento foi fundamental para minha
vida: porquê? Porque, todas as vezes que ela entregava uma roupa pronta, ao
pessoal do circo, por um lado, eles a pagavam em moeda corrente do país, e por
outro, também a presenteava com alguns ingressos para ter acesso aos
espetáculos do próprio circo. E ela recebia ingressos para adultos e para
crianças. Esses fatos, interferiram beneficamente em minha vida, tendo em vista
que, todos os finais de semana, passava a assistir aos espetáculos matinées dos
circos, quando sempre terminavam com uma dramatização clássica, como
“chapeuzinho vermelho”; “Cinderela”, “Branca de Neve e os Sete Anões”, entre
outras histórias infantis. Daí, me vem toda a relação que tenho com o teatro,
com a educação, com minha profissão como professor de teatro; como também, com
a arte em geral.
Hoje, no seu dia, dou viva à minha mãe, e celebro
não só este dia das mães, como também seu aniversário de noventa e dois anos,
que também se comemora neste mês de maio. Mesmo sendo agricultora, nunca deixou
de me incentivar aos estudos, e isto foi de fundamental importância para o meu
desenvolvimento profissional. Sempre dizia que o estudo era o melhor caminho
para o pobre, e para quem gostaria de conseguir ser gente um dia na vida. À minha
mãe, Hilda Palhano, agradeço de coração tudo o quanto me incentivastes para que
eu pudesse conquistar meus sonhos e organizar minha vida, política, moral, econômica,
social, religiosa, profissional da educação, e ainda, como artista. A vida que
tenho hoje, o profissional que sou, agradeço tudo a você, Mamãe! Felicidades
pelo seu dia e, Parabéns pelos seus noventa e dois anos.
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