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terça-feira, 10 de maio de 2022

VIVA MAMÃE

 

     Depois de dois anos de luta contra a COVID 19, e de dois dias das mães sem visitas e sem abraços, chegou a hora de aproveitarmos este domingo especial, com nossas mães, visto que pelo menos nesse ano de 2022, teremos o prazer de estarmos pessoalmente com elas. Em homenagem a todas as mães, e às mães dos leitores desta coluna, em homenagem a todas elas, dedicarei este artigo à minha mãe, ela, que sempre foi, minha conselheira. 

     Minha mãe tem uma longa história de vida; como meus avós eram agricultores, foi criada em terras alheias e sítios inóspitos, nas cercanias da cidade de João Pessoa, mas, apesar disso, conseguiu concluir o ensino primário. Mesmo com sua vida pacata, gostava de estudar e dava muito valor ao estudo. Só deixou a zona rural, depois que casou e foi morar numa pequenina cidade com o nome de Cabedelo, na Paraíba.

     Tornou-se mulher casada e constituiu uma família. Enquanto seu esposo trabalhava na Rede Ferroviária Federal, ela se limitou aos quatro recantos da casa, e por um longo período de tempo, se dedicou, especificamente, às responsabilidades das atividades domésticas, preparando a comida e cuidando dos filhos: sete no total. Quando começou a surgir momentos difíceis e crises na economia doméstica, resolveu, de certa forma, se desvencilhar de tudo isso, e passou a costurar. Era exímia costureira.

     A partir deste trabalho, ajudou nas despesas domésticas, e, direta e indiretamente, a todos de casa. Tinha vários clientes, na vizinhança e de outros recantos da cidade. O mais interessante, era que morávamos defronte a um grande espaço aberto, que se tornou o local onde se armavam os circos que chegavam à pacata cidade. Resultado: os artistas desses circos, também contratavam minha mãe, como costureira. Enquanto o circo estivesse na cidade, ela criava, costurava, modificava, fazia de tudo, para aproveitar e reaproveitar todos os figurinos daqueles artistas mambembes. Lembrando que esses circos eram armados literalmente defronte da nossa casa.

     Esse momento foi fundamental para minha vida: porquê? Porque, todas as vezes que ela entregava uma roupa pronta, ao pessoal do circo, por um lado, eles a pagavam em moeda corrente do país, e por outro, também a presenteava com alguns ingressos para ter acesso aos espetáculos do próprio circo. E ela recebia ingressos para adultos e para crianças. Esses fatos, interferiram beneficamente em minha vida, tendo em vista que, todos os finais de semana, passava a assistir aos espetáculos matinées dos circos, quando sempre terminavam com uma dramatização clássica, como “chapeuzinho vermelho”; “Cinderela”, “Branca de Neve e os Sete Anões”, entre outras histórias infantis. Daí, me vem toda a relação que tenho com o teatro, com a educação, com minha profissão como professor de teatro; como também, com a arte em geral.

     Hoje, no seu dia, dou viva à minha mãe, e celebro não só este dia das mães, como também seu aniversário de noventa e dois anos, que também se comemora neste mês de maio. Mesmo sendo agricultora, nunca deixou de me incentivar aos estudos, e isto foi de fundamental importância para o meu desenvolvimento profissional. Sempre dizia que o estudo era o melhor caminho para o pobre, e para quem gostaria de conseguir ser gente um dia na vida. À minha mãe, Hilda Palhano, agradeço de coração tudo o quanto me incentivastes para que eu pudesse conquistar meus sonhos e organizar minha vida, política, moral, econômica, social, religiosa, profissional da educação, e ainda, como artista. A vida que tenho hoje, o profissional que sou, agradeço tudo a você, Mamãe! Felicidades pelo seu dia e, Parabéns pelos seus noventa e dois anos.

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