Contatos

palhanojp@gmail.com - palhano@unifap.br

terça-feira, 30 de março de 2021

DRAMA NA ÍNDIA

 

 

     O Período Védico inicia-se em 1.500 a.C. É provavelmente nesse período, que tem início a formação de duas significativas religiões, às quais, determinaram a cultura indiana, são elas: o Hinduísmo e o Budismo. Como os sumérios, babilônicos e egípcios, a Índia era politeísta e cultuava vários deuses. Os principais deuses do Hinduísmo são: Shiva, o destruidor; Brahma, o criador, e Vishnu, o conservador. Juntos, eles expressam a trindade hindu, destruição, criação e conservação.

     Da mesma forma que em outras civilizações, há na literatura hindu, duas conhecidas epopeias, que representam as mais importantes expressões literárias daquele país: O Mahabarata, que significa, o grande ator ou a grande ação, obra reconhecida ao poeta Viasa; e o Ramaiana, à qual, enfoca a genealogia e saga de Rama-Tchandra. Como a Ilíada e a Odisséia de Homero, esses poemas apresentam uma incipiente manifestação dramática, ao se aproximarem do teatro, mas ainda não se revelam como teatro propriamente dito. Em seu livro Teatro antes dos gregos, Bandeira Duarte afirma que: “Os escritores Indus atribuem a invenção do drama a um sábio monge, Baharata, que teria recebido a inspiração do deus Brama sobre a arte dramática contida nos Vedas. Mas acontece que Baharata significa em sânscrito, “o ator” e também “o guarda, o portador da tradição cantada.”

     Diferente do teatro grego, na Índia não foram construídos edifícios teatrais destinados para esse fim. Ao que tudo indica, havia, por um lado, os dramas de primeira categoria, que eram submetidos a regras sociais rígidas, e por outro, os dramas de segunda categoria, que eram mais populares, possivelmente com personagens fixos, sendo que o diálogo era muito mais improvisado, da mesma forma como veio a acontecer posteriormente com a Comedia dell’Arte italiana, na Idade Média.

     Também são em número de três os dramaturgos Hindus mais famosos, e cujas obras chegaram até nossos dias: Calidasa, Sudraca e Bavavuti. Vicrama e Urvasi”, “Malavicagnimitra” e “O reconhecimento de Sacuntala”, são três dramas de Calidasa, que ainda hoje são representados na Índia. Salientando-se que “Sacuntala” é considerada uma obra prima do teatro hindu, visto que foi inspirada no “Mahabarata”. Já o segundo drama mais importante do teatro hindu, é a peça “Mritchcati”, que significa “Carro de Brinquedo” ou “Carro de Terracota’’, do dramaturgo Sudraca.  E ainda, o grande erudito Bavavuti, sucessor de Sudraca, com seus dramas: “Malati e Madava”, cujo enredo antecede “Romeu e Julieta” de Shakespeare, “Mahaviracharita”, em português, “História de um Grande Homem”, inspirado na vida de Rama. 

     Ao longo dos anos, estudiosos, arqueólogos e historiadores mais eminentes, afirmam que há forte relação e influência do teatro grego sobre o teatro hindu. Portanto, frente à comparação dos processos usados tanto pelos gregos como pelos hindus, percebe-se que são procedimentos inteiramente diversificados em suas formas e princípios, como também em seus objetivos e regras.

domingo, 21 de março de 2021

CIÊNCIA E PANDEMIA

 

 

      Estamos há um ano da pandemia do coronavírus e infelizmente, por motivo de falta de melhores planejamentos, estratégias e metas que poderiam ser fundamentais para a mais rápida disseminação desse tenebroso vírus, se torna impensável continuarmos nesse mesmo caminho. Ele é invisível e não escolhe classe social nem etnia específica. Todos nós estamos vulneráveis a esse vírus do início do século XXI, que inconsequente, assola, sem precedentes, o mundo contemporâneo.

     Podemos observar, como no caso dessa pandemia que, no início, não foi enfrentada com seriedade, determinação e atitudes objetivas, seguindo-se passos empíricos e desacreditando-se na ciência. Imaginando-a como um simples confronto ou ainda uma guerra de fácil enfrentamento e vitória certa. E o que se percebeu com muito atraso, é que na prática o vírus criou novas estratégias com suas mais diversas variantes, insistindo em determinar a morte de muitos brasileiros; conta que já está se aproximando das 300 mil pessoas.

      Enquanto alguns receitam medicamentos não reconhecidos pelos próprios órgãos públicos de saúde, outros falam de todo tipo de remédio que se encontram, facilmente, nas redes sociais.                                Remédios caseiros é o que não falta para livrar as pessoas do coronavírus, principalmente aqueles que são prescritos para serem tomados antes mesmo da pessoa se infectar ou não, desse avassalador vírus. Agregando a tudo isso, o marasmo e a baixa velocidade em face à vacinação, com cidades parando em função da falta da própria vacina. O resultado de tudo isso é que o Brasil está patinando, encontra-se num tenebroso inverno, semelhante aos automóveis que seguem destino ao Oiapoque, e ficam, desesperadamente, patinando na BR156.

     Mas apesar de tudo, ainda há esperança, não a esperança que ficou na caixa de Pandora, mas sim, uma esperança galgada exclusivamente na ciência. Não há como negar que é a ciência que mais uma vez vai salvar o mundo desse dilúvio invisível, dessa destruição implacável desse vírus global. É só observarmos aqueles países que respeitaram e seguiram os conselhos da ciência, que decidiram, com antecipação, adquiri as vacinas necessárias para imunizar sua população, que seguiram à risca o uso da máscara, o distanciamento social, que entraram imediatamente em lockdown, motivados, principalmente, por seus administradores.

     E a vacina? Como chegou rápida!? Como a ciência conseguiu desenvolvê-la em tão pouco espaço de tempo!? Não...! Não pensem que a vacina foi criada como uma fórmula mágica ou uma varinha de condão, de um dia para a noite, ou como uma forte inspiração dionisíaca e apolínea. Ela é fruto de mais de 30 anos de pesquisa em que a ciência vem estudando profundamente esse vírus. Toda pesquisa requer tempo, trabalho, dedicação, persistência e financiamento. E foi em função disso, o porquê de a ciência ter tido a ousadia de elaborar uma vacina contra a covid-19 num tão curto espaço de tempo.

     Mas ainda há que se perguntar: - e se, atualmente tivéssemos apenas a televisão? E se não fosse a ciência e a tecnologia, com o desenvolvimento da informática e do computador, como estaríamos hoje? É meus amigos! Apesar do lockdown, muita coisa ainda está funcionando, como aulas online, a venda de mercadorias a partir do delivery, várias lojas que se tornaram virtuais. Não fosse a contribuição da ciência, com certeza, o mundo hoje, estaria completamente parado em relação à economia e ao comércio. Esses são dois legados da ciência que teremos que respeitar: a vacina e a informática. E viva a ciência.

segunda-feira, 15 de março de 2021

PARABÉNS UNIFAP

 

 

     A UNIFAP, foi fundada em função da Constituição de 1988, que determinou o fim dos Territórios Federais e sua consequente transformação em Estados, por outro lado, a maioria dos jovens do Amapá eram obrigados a se deslocar para a cidade de Belém do Pará, em busca de realizarem seus cursos profissionalizantes. Muitos desses jovens do Amapá que tiveram que ir estudar em Belém, se tornaram professores efetivos da UNIFAP.

     A Universidade Federal do Amapá ainda era quase um embrião, mas já havia nascido, quando assumi a função de professor daquela instituição de ensino superior. Fundada em 1990, e este ano comemorando seu trigésimo primeiro aniversário, tive a oportunidade de praticamente, acompanhar todo esse processo de amadurecimento da nossa UNIFAP. A primeira vez que estive no Amapá foi em setembro de 1994, para me submeter à concurso público para o cargo de professor do magistério superior, para exercer minhas funções no antigo Curso de Educação Artística, aliás, primeiro curso desta universidade, que foi reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura.

          Naquela ocasião, a instituição estava engatinhando, apenas com quatro anos de sua fundação. Possuía em torno de seis prédios, nove cursos de graduação, e aproximadamente 2.800 alunos regularmente matriculados, e já estava na gestão de Antônio Gomes de Oliveira, terceiro Reitor pró-tempore, que havia assumido o cargo no ano de 1993, período que foi concluído em 1997. Antes dele, houve a primeira gestão de Maria Alves de Sá, de 1990 a 1992, e ainda, a segunda gestão que foi de Laíse do Amparo Braga, que assumiu no período de 1992 a 1993. Ao mesmo tempo em que foi implantada, a instituição permaneceu no mesmo espaço físico do antigo Núcleo de Ensino de Macapá, hoje conhecido como antigo NEM, que fazia parte do projeto de interiorização da Universidade Federal do Pará.

     Foi muito importante a contribuição de vários colegas professores e funcionários ligados ao antigo território federal do Amapá. Uma quantidade considerável de professores do antigo território ministrou aulas nos momentos embrionários da nossa instituição, sem eles, teria sido muito difícil chegarmos ao trigésimo primeiro aniversário da UNIFAP. Uma dessas pessoas foi a professora Nazaré Trindade, primeira Coordenadora do antigo Curso de Educação Artística.

     O primeiro concurso para professores aconteceu em 1993 e o segundo se deu no ano de 1994, do qual, fui candidato, galgando o primeiro lugar naquele certame. Sem sombra de dúvidas, nesses últimos 31 anos, a UNIFAP cresceu e muito, principalmente a partir do ano de 2006, quando o governo federal investiu pesado na educação de todo o país, suprindo as necessidades das universidades, especialmente na pesquisa, ensino e extensão, espaços físicos e criação de novos cursos.  Notadamente, é de fundamental importância a presença dessa instituição de ensino superior no Amapá, nos dias de hoje. Aqui deixo meu enaltecimento e meus parabéns à UNIFAP.  

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

SER SEXAGENÁRIO


 

 

     Não é fácil! Não é fácil chegar aos sessenta anos de idade. De toda forma, estou muito feliz de ter chegado a esse patamar da vida. É um caminho muito longo, em diversos sentidos. Sem esquecer que nessa imensa caminhada, muitos colegas ficaram para trás...! Muitos amigos se foram! Olhando para trás, percebo que a vida se transforma numa constante luta pela sobrevivência. Isso se percebe desde criança, quando passamos a acompanhar nossos pais na luta diária, no cotidiano.

     Eu nasci em Nova Cruz, pequena cidade do Rio Grande do Norte. Meu pai já havia trabalhado de pedreiro, no Rio de Janeiro. Retornou e conseguiu um emprego efetivo na Rede Ferroviária do Nordeste. Naquela época, jovem, quando conseguia emprego, a primeira coisa que fazia era arranjar uma namorada e casar. Já casado com minha mãe, trabalhou na cidade de Cabedelo na Paraíba, depois foi transferido para a cidade de Nova Cruz – RN, onde nasci. Meu pai trabalhava oito horas por dia, saía pela manhã e só voltava para casa à noite.

     Quanto à minha mãe, como doméstica, dedicou sua vida à família. Era um período em que a mulher fazia tudo em casa, cozinhar, passar, lavar roupa, cuidar dos filhos. Eletrodomésticos? Ninguém sabia o que era isso! Até o ferro de passar tinha como combustível, o carvão vegetal. Além de tudo isso, ela era uma exímia costureira, e nas horas vagas costurava roupas, para também contribuir com os recursos financeiros da família. Portanto, em função da família, trabalhava diuturnamente.

     Quanto a mim, passei a vida buscando conquistar meus objetivos. Para isso, como uma fera, tive que enfrentar as vicissitudes da vida e da sociedade contemporânea. O primeiro passo foi o estudo. Não tenho nada, mas o que tenho, conquistei em função de toda uma vida dedicada ao estudo. Meus pais me ensinaram, e eu segui seus conselhos, eles diziam:  - para ser alguém na vida é preciso estudar! E foi exatamente isso o que fiz, continuo e continuarei fazendo, durante toda minha existência.

     São muitos os estágios que temos que enfrentar, até para entrar no curso ginasial, havia uma prova de admissão, como se fosse um pequeno ENEM, depois o vestibular, para entrar no curso superior. Em seguida, Mestrado, Doutorado e Pós-Doc. É uma vida inteira, dedicada aos estudos. No mais das vezes, o jovem não entende e não compreende essas necessidades que a vida nos impõe, mas é a nossa selva de pedra que a cada dia nos exige mais empenho e determinação para almejar nosso futuro.

     Agora, já com sessenta anos de idade e perto da aposentadoria, com quarenta e seis anos dedicados à arte e especificamente ao teatro, e ainda com trinta e nove anos dedicados à educação e pesquisa, sou uma pessoa feliz. E digo ainda! faria tudo outro vez. Hoje, tenho a honra de ter tido uma vida completamente dedicada à arte e à educação. Tenho certeza de que não me arrependo de nada que fiz durante minha vida passada. Aos sessenta, estou preparado para o futuro.