Não é fácil! Não é fácil chegar aos
sessenta anos de idade. De toda forma, estou muito feliz de ter chegado a esse
patamar da vida. É um caminho muito longo, em diversos sentidos. Sem esquecer
que nessa imensa caminhada, muitos colegas ficaram para trás...! Muitos amigos
se foram! Olhando para trás, percebo que a vida se transforma numa constante
luta pela sobrevivência. Isso se percebe desde criança, quando passamos a
acompanhar nossos pais na luta diária, no cotidiano.
Eu nasci em Nova Cruz, pequena cidade do
Rio Grande do Norte. Meu pai já havia trabalhado de pedreiro, no Rio de
Janeiro. Retornou e conseguiu um emprego efetivo na Rede Ferroviária do
Nordeste. Naquela época, jovem, quando conseguia emprego, a primeira coisa que
fazia era arranjar uma namorada e casar. Já casado com minha mãe, trabalhou na
cidade de Cabedelo na Paraíba, depois foi transferido para a cidade de Nova
Cruz – RN, onde nasci. Meu pai trabalhava oito horas por dia, saía pela manhã e
só voltava para casa à noite.
Quanto à minha mãe, como doméstica,
dedicou sua vida à família. Era um período em que a mulher fazia tudo em casa,
cozinhar, passar, lavar roupa, cuidar dos filhos. Eletrodomésticos? Ninguém sabia
o que era isso! Até o ferro de passar tinha como combustível, o carvão vegetal.
Além de tudo isso, ela era uma exímia costureira, e nas horas vagas costurava
roupas, para também contribuir com os recursos financeiros da família.
Portanto, em função da família, trabalhava diuturnamente.
Quanto a mim, passei a vida buscando
conquistar meus objetivos. Para isso, como uma fera, tive que enfrentar as
vicissitudes da vida e da sociedade contemporânea. O primeiro passo foi o
estudo. Não tenho nada, mas o que tenho, conquistei em função de toda uma vida
dedicada ao estudo. Meus pais me ensinaram, e eu segui seus conselhos, eles
diziam: - para ser alguém na vida é
preciso estudar! E foi exatamente isso o que fiz, continuo e continuarei
fazendo, durante toda minha existência.
São muitos os estágios que temos que
enfrentar, até para entrar no curso ginasial, havia uma prova de admissão, como
se fosse um pequeno ENEM, depois o vestibular, para entrar no curso superior. Em
seguida, Mestrado, Doutorado e Pós-Doc. É uma vida inteira, dedicada aos
estudos. No mais das vezes, o jovem não entende e não compreende essas
necessidades que a vida nos impõe, mas é a nossa selva de pedra que a cada dia
nos exige mais empenho e determinação para almejar nosso futuro.
Agora,
já com sessenta anos de idade e perto da aposentadoria, com quarenta e seis
anos dedicados à arte e especificamente ao teatro, e ainda com trinta e nove
anos dedicados à educação e pesquisa, sou uma pessoa feliz. E digo ainda! faria
tudo outro vez. Hoje, tenho a honra de ter tido uma vida completamente dedicada
à arte e à educação. Tenho certeza de que não me arrependo de nada que fiz
durante minha vida passada. Aos sessenta, estou preparado para o futuro.
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