No último dia 06 de novembro, numa quarta
feira, me dirigi ao Teatro das Bacabeiras para prestigiar em “avant première”,
o espetáculo musical “Historieta de Macapá”, que tem por base as obras: Macapá
Capital do Meio do Mundo, de Herbert Emmanuel e Adriana Abreu; Uasei, o Livro
do Açaí, este último publicado pelo IEPÉ, e ainda, informações coletadas sobre
os saberes dos povos Karipunas, nas quais, relatam o mito das três palmeiras.
Somando-se a tudo isso, a pesquisa artística e
intelectual envolveu a literatura mitológica sobre lendas e mitos do Amapá e da
Amazônia. E para realçar uma relação telúrica com as coisas tucujus, o grupo
também se debruçou buscando relações intrínsecas entre o tema pesquisado e a música
popular e genuinamente amapaense. Foi com esses ingredientes que o Grupo
Teatral GTI, resolveu escrever o roteiro do referido espetáculo.
Ao estudar e colocar todas essas fontes
num grande caldeirão mágico, Bruno Peixoto (diretor), buscou criar sua mise em scène com um misto de música,
dança, contação de histórias, projeções visuais e vários planos cenográficos, cenários,
adereços e visualidades que são assinados por Paulo Rocha. Início e final do
espetáculo nos mostra um ar televisivo e cinematográfico, quando apresenta os
atores e várias outras imagens da cidade de Macapá, durante o desenrolar da
peça.
Quanto às projeções em espetáculos
teatrais, isto nos remonta a Erwin Piscator, quando na década de 1920 do século
XX, trouxe essa técnica em seus espetáculos, que era inovadora para a época,
nos palcos alemães. Esse método influenciou o teatro europeu e americano.
Piscator foi um dos mais importantes encenadores alemães do século XX.
História de Macapá e o Mito das Três
Palmeiras, é um espetáculo teatral que honra, eleva e engrandece a cidade de
Macapá a um patamar que já havia sido feito pela música popular amapaense.
Sendo assim, o que se traz para o palco é a cultura do Amapá, com base na
literatura, na música, no ritmo e na dança das pessoas do lugar.
O elenco é formado por Antoniele Xavier,
Anderson Pantoja e Márcia Fonseca, que representam e cantam sucessivamente do
início ao final da peça. São esses
artistas que buscam no palco, demonstrar seu carinho pela cidade do meio do
mundo. Sem esquecer da ótima participação dos músicos e percussionistas Ícaro
Bandeira e Marcos Guedes, que ao estarem localizados no plano alto, sempre
estão presentes em cena com sonoplastia ao vivo, o que notadamente enriquece o
musical.
O que chama atenção no trabalho é a
policromia e harmonia do conjunto cenográfico e sua intersecção com as
projeções realizadas. Todavia, há que enfocar que infelizmente a iluminação não
conseguiu alcançar e realçar perfeitamente este conjunto composto e disposto no
palco. Por ser didático, o espetáculo será bem-vindo, principalmente nas cidades,
escolas e comunidades do Amapá. Um verdadeiro presente para a sociedade
amapaense. Uma demonstração de amor de como a arte, o teatro e a música
amapaense vê e reverencia a cidade joia da Amazônia. Resumindo: o espetáculo é
uma declaração de amor à Macapá.