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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

TEATRO DO AMAPÁ EM ESTUDO

 

 

     Nesta última segunda-feira, 21 de fevereiro, participei como arguidor da Banca de Avaliação da Tese de Doutorado da Professora do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP, Juliana Souto Lemos. Seu nobre trabalho de pesquisa intitula-se “A Batalha Entre Mouros e Cristãos da Festa de São Tiago em Mazagão Velho – AP: Uma Experiência (Etno)dramatúrgica”, defendida no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

      Juliana Lemos ingressou na UNIFAP a partir de concurso público; tomou posse em 8 de dezembro de 2015 e tornou-se uma das professoras do Curso de Licenciatura em Teatro, no qual, vem trabalhando efetivamente, com dedicação em sala de aula, pesquisa, extensão, entre outros afazeres da vida acadêmica. Quando há seis anos, ingressou na UNIFAP, já chegou mestranda e com objeto de investigação previamente definido, mas em face às conquistas profissionais e mudança geográfica, resolveu decididamente se envolver com a comunidade local, e mudar seu objeto e estudo.

     Ao se aproximar do povo tucuju, ela resolveu mudar seu objeto de estudo para “A Dramaturgia Escrita Por Mulheres em Macapá”, uma decisão extremamente difícil para quem vem já vinha trabalhando outro tema. Naquele momento, tive dúvidas, percebendo que no meio do caminho, ela havia mudado seu objeto de investigação. Dessa forma, o que se observa é que o resultado final foi muito proveitoso, tanto para ela, que conseguiu concluir seu Mestrado, com também para as artes cênicas do Amapá, como um todo.

     Profa. Juliana Lemos é uma pessoa muito decidida, dedicada e persistente nas suas atitudes cotidianas e principalmente, profissionais. Não demorou muito tempo e após a conclusão do seu Mestrado, resolveu partir em busca de um doutorado. Foi numa conversar informal que tive com ela, que lhe informei sobre o teatro do Amapá, quando citei a dramaturgia na representação dos Mouros e Cristãos em Mazagão Velho. Ela gostou da ideia, e redigiu o projeto para se candidatar ao seu futuro Doutoramento.

     Com muitas dificuldades, principalmente em função da pandemia da COVID19, Juliana conseguiu, nesta última semana, defender seu trabalho, que trata sobre a Festa de São Tiago, que vem sendo realizada anualmente na cidade de Mazagão Velho, aqui no Amapá. Com o objetivo de identificar a dramaturgia existente na encenação da “Batalha entre Mouros e Cristãos”, ela transitou pela etnocenologia, dramaturgia, etnodramaturgia, sociologia, cultura, antropologia e sociologia, entre outros termos. 

     O resultado de sua pesquisa é de fundamental importância para o prosseguimento dos estudos sobre o teatro do Amapá, do qual sou o pioneiro, visto que comecei a estudar sobre o referido assunto desde o ano de 1995, quando aqui cheguei. A banca de arguição da defesa da referida tese de doutorado, foi composta pela Profa. Dra. Elizabete Sanches Rocha, no caso, orientadora, (UNESP), e demais membros:  Profa. Dra. Alexandra Gouvêa Dumas, (UFBA); Prof. Dr. Marcos Antônio Alexandre, (UFMG); Prof. Dr. Romualdo Rodrigues Palhano, (UNIFAP); e Prof. Dr. Sérgio de Carvalho Santos, (USP).  Parabéns Profa. Dra. Juliana Lemos.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

FINAL DE SEMESTRE ONLINE

 


     O Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Amapá foi aprovado em 12 de novembro de 2013 pelo Conselho Universitário, sendo que a primeira turma entrou no ano de 2014. Atualmente estamos com quatro turmas que funcionam no período da manhã. Em função da pandemia do coronavírus, como todos sabem, a Universidade Federal do Amapá, como tantos outros órgãos governamentais estão funcionando de forma online, ou como chamam, home office.

     Apesar de termos encaminhado três projetos para a implantação do referido curso, o primeiro em 1996; o segundo em 2001 e o terceiro em 2012, este último é o que foi aprovado pelo Conselho Superior da UNIFAP em novembro de 2013. A partir da conquista de vagas para professor, logramos colocar oito professores, os quais já estão ministrando aulas no curso.

     Com a dedicação exclusiva ao Curso de Teatro da UNIFAP e após sete anos de trabalhos ininterruptos, assumindo a coordenação do curso por três anos e meio, decidi repassar os trabalhos administrativos para o novo corpo docente para que pudesse dar continuidade às atividades relativas ao mesmo.

     Nesses últimos dois anos estamos vivenciando essa nova experiência de aulas online. Foi preciso alguns cursos na área da informática, ministrados pela própria UNIFAP, para que nos adaptássemos a esse novo momento, que parece ser tão difícil tanto para os docentes como para os discentes. Ultimamente estamos finalizando o semestre 2021.1 e esta última semana foi de muito trabalho, que culminou com apresentações de trabalhos teóricos e práticos, simultaneamente, como também a apresentação dos trabalhos de conclusão de curso da primeira turma de especialização.

     A programação de final de semestre foi muito movimentada: no dia 8 iniciamos a Mostra de Finalização de Semestre contando com apresentações de experimentos cênicos que foram resultados dos trabalhos das disciplinas, o que prosseguiu também com apresentações de Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC. Estas apresentações foram amplamente divulgadas na página do Curso de Licenciatura em Teatro como também na mídia digital.  No dia 8, houve a apresentação dos seguintes TCCs: Em Busca do Conhecimento – Enfrentamento das Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Escolar, do aluno Heitor Cardoso da Costa, sendo orientador, este colunista; no dia 09, Sobre a Ponte: Relato de Experiência de Uma Prática Teatral Comunitária na Ponte do Copala em Macapá, apresentado pelo aluno Pablo Sena, tendo como orientador o Prof. D. Cleber Braga. No dia 10, O Barquinho de Buriti: Um Experimento das Práticas de Musicalização na Formação de Atores. No dia 11, foram apresentados vários experimentos práticos na mídia, Webpeças – exercício da disciplina Imagem e Midia, trabalhos elaborados pela turma 2020, com orientação do Prof. Dr. Flávio Gonçalves. Todos esses trabalhos foram divulgados e apresentados pelo youtube, entre outras mídias eletrônicas.

      Hoje o Curso de Teatro da UNIFAP conta com os seguintes profissionais: Prof. Dr. Romualdo Rodrigues Palhano; Prof. Dr. José Flávio Cardosos Nosé; Prof. Msc. Raphael Brito dos Santos; Profa. Msc. Juliana Souto Lemos; Prof. Msc. Frederico de Carvalho Ferreira; Profa. Dra. Tainá Macedo Vasconcelos; Prof. Dr. José Flávio Gonçalves da Fonseca; Prof. Dr. Cleber Rodrigo Braga de Oliveira e Prof. Dr. Emerson de Paula Silva; Profa. Dra. Adélia Carvalho e Profa. Msc. Adriana Moreira.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

VOVÓ DONINHA

 

 

          Ao longo da história do teatro do Amapá, percebe-se em vários momentos, a dedicação de várias mulheres que se dedicaram à arte da dramatização, aqui em nosso Estado. E este é o caso de Honorinha Banhos, mais conhecida como Vovó Doninha, cujos textos tinha como base a cultura popular. O teatro na escola em muito avançou na década de 1960, além de Vovó Doninha tínhamos outras figuras importantes como: professor Munhoz, professora Zaide Soledade, Creuza Bordalo e professora Rizalva Amaral.

     Honorinha Banhos (Vovó Doninha) que por muito tempo dirigiu um Grupo de Pastorinhas como também escrevia e montava textos teatrais com temas populares, que sempre eram apresentados na Sede do Trem Desportivo Clube, que funcionava como teatro e cinema. A professora Rizalva Amaral iniciou muitos jovens em relação ao teatro nessa década, montou vários espetáculos nas escolas por que passou, era diretora de teatro e escrevia textos teatrais com temas religioso e social. Foi em função de sua influência como também da Vovó Doninha que a professora Zaide Soledade iniciou sua vida no palco nessa época.     

     Em Belém do Pará, Honorinha Banhos era conhecida como famosa atriz e dançarina. Em novembro de 1945 chegou à Macapá com a Companhia Teatral Cantuária, e apresentou como atriz, nas peças, “Ladra” e “Mãe Brasileira”. Erastos Banhos, seu irmão, também era um famoso palhaço que por várias décadas se apresentava no Pará.

     No “Jornal A Voz Católica, Ano II, de 20 de novembro de 1960, na 3ª página, que era dedicada à “Crônica das Paróquias”, há um artigo sobre as festividades da Crisma quando na ocasião o Bispo participava. Neste dia, entre as atividades culturais também encontrei algo sobre atividades teatrais, enfoca assim o referido jornal: “assistimos a uma hilariante pecinha teatral levada às cenas e interpretada maravilhosamente pelas conhecidas artistas Nazaré e Elza Guedes, Maria Helena e Lucimar...”.

     Ainda do “Jornal A Voz Católica, Ano III, nº 70, 3ª página” de 26 de fevereiro de 1961, há nesta mesma coluna, outra passagem que se refere ao teatro na cidade de Oiapoque. Tal registro enfoca o aniversário do aparecimento de Lourdes e é dentro dessas comemorações que se desenvolve apresentações teatrais. Diz o texto: “A gurizada espera ansiosa a chegada das professoras, não somente porque é louca... pelo estudo, mas também desejosa de... levar às cenas tantas peças teatrais. Menino de lá é artista”

     No final da década de 1960, em Macapá, haverá nova ampliação dos meios de comunicação quando da criação da Rádio Educadora de Macapá (segunda emissora radiofônica), que pertencia à Prelazia e entrou no ar no ano de 1968. Esta emissora também abriu espaço para os artistas da época. Embora tenha tido destaque no Estado, por força do regime militar a referida emissora encerrou suas atividades no dia 22 de agosto de 1978.

PARABÉNS MACAPÁ

 


          Cheguei à cidade de Macapá em novembro de 1994 para me submeter a concurso público na Universidade Federal do Amapá. Com a Universidade recém fundada, participei do seu segundo concurso público para professor do magistério superior. Era uma cidade horizontal, com faixa de trezentos mil habitantes e com a maioria de suas casas de madeira. Condições que chamaram extremamente minha atenção.    

     Nada conhecia sobre este recanto de Brasil, tudo era novo, eu ainda não tinha nenhuma referência sobre aquele espaço geográfico. Trabalhava em Belém, no Núcleo Integrado da UFPA, mas desejava ir mais longe. Cheguei aqui com a cara e a coragem de um nordestino desbravador e passei a ser pioneiro em relação aos estudos e pesquisas na área das artes cênicas.

     Aos poucos, fui enamorando esta pequena cidade, que paulatinamente foi me conquistando com o passar dos anos. Hoje tenho muito orgulho de Macapá. De todo o processo que acompanhei ao ver esta cidade crescer, juntamente com o desenvolvimento da própria Universidade Federal do Amapá, minha casa, meu ninho, há vinte e sete anos.

     Macapá está de Parabéns nesses seus 264 anos. É verdade que há muito o que se comemorar. Nessas quase três últimas décadas a cidade, cresceu em todos os sentidos: alargamento de avenidas, criação de museus, entre outros fatores. O centro da cidade, por exemplo, ficou completamente revitalizado com a Fortaleza de São José de Macapá, onde todo o espaço urbano do centro da cidade se transformando num complexo turístico deveras importante. Agora já vamos ter até um viaduto na Duca Serra!

     Muitos espaços que vem sendo construídos e definidos ao longo dos anos como a grande avenida que transformou a entrada da cidade, de quem vem do interior ou da Guiana Francesa. Tiro o chapéu para esta bela avenida ampla, arborizada, com ciclovias, sinalização e passarelas para pedestres, que envolve vários bairros da zona norte. Espaço urbano que há 27 anos atrás havia uma pequena via e apenas alguns bairros como Jardim da Felicidade e Boné Azul.

     Macapá foi me envolvendo, aos poucos, e também fui me amalgamando a esta pequena cidade joia da Amazônia. Morar neste lugar é ter o prazer de todos os dias ter a chance de apreciar esta bela paisagem que se encontra de braços abertos para todos, que é o rio Amazonas. Particularmente, este rio me encanta. Sou grato por estar em Macapá e ela estar em mim, por osmose se deu nossa relação, eu e a cidade, a cidade e eu. 

     Macapá é uma cidade tranquila, sou grato em estar neste recanto do Brasil. Aqui que me realizei profissionalmente e venho fazendo minha parte. Este ano de 2022, estarei lançando mais uma obra para contribuir com esta cidade e este Estado que me acolheu em seus braços. A obra intitula-se “História do Teatro do Amapá – Da Década de 1950 aos dias atuais”. Tenho a honra de hoje ser cidadão macapaense. Parabéns Macapá. Parabéns Macapá.