Contatos

palhanojp@gmail.com - palhano@unifap.br

domingo, 20 de junho de 2021

IMAGEM & CIA

 


     Tudo aconteceu numa bucólica tarde em um piquenique no amplo gramado externo da Fortaleza de São José de Macapá, com vista para o maior rio do mundo... O rio Amazonas. Foi neste imponente cenário, que se encontraram, nada mais nada menos, do que oito pessoas que haviam se conhecido ao participarem de várias oficinas de artes cênicas da antiga Escola de Artes Cândido Portinari. É importante frisar aqui, o valor dessas oficinas de teatro ou artes cênicas, que são direcionadas para jovens iniciantes nessa modalidade da arte.

     É isto mesmo! A juventude precisa de espaços em cursos desse gênero. Cursos de iniciação ao teatro ou similares, são de grande valor para o desenvolvimento da arte em nosso Estado. Eles motivam, proporcionam e promovem a participação de jovens ávidos de se dedicarem à arte, e que num breve futuro seguirão seus caminhos e fundarão novos grupos artísticos ou associações culturais. E foi em função de muitos cursos como esses, que fomentaram uma infinidade de jovens a gostarem da arte.

     Exatamente naquela ocasião, no dia 26 de outubro de 2007, que sentados no gramado que entorna a Fortaleza, esse grupo de jovens decidiu fundar o “Grupo Imagem & Cia”, o qual, mais tarde se tornaria a “Associação Cultural Imagem & Cia”. Não fosse cursos como esses que existia na Escola Portinari, não teríamos hoje o Grupo Cênico que foi o pioneiro em trabalhar com estátuas vivas no Estado do Amapá. Na atualidade, não se pode falar em estátuas vivas, em nosso Estado, sem citar o Grupo Imagem & Cia, o pioneiro em estátuas vivas, em nosso Estado.

     Com total incentivo da professora Rosana Olívia, que naquela ocasião, era a diretora daquela escola de artes, oito alunos decidiram criar o “Imagem & Cia”, e se tornaram os fundadores e pioneiros na arte da estátua viva no Amapá. São eles: Cris Ferreira, Débora Bararuá, Mary Paes, Paulo Lima, Suany Silva, Alexandre Oliveira, Regina Kendell e Patrick dos Anjos.

     E o grupo foi muito rápido em suas atitudes, tanto é menos de um ano após a fundação do “Imagem & Cia”, o mesmo começou a se apresentar em igrejas, escolas públicas, além de desenvolver atividades artísticas diversificadas.  Seu primeiro grande espetáculo performático foi intitulado “Presépio Vivo”. Montagem que foi apresentada na Praça da Bandeira, no natal de 2008, com grande presença de público. Este é considerado o primeiro espetáculo performático com estátuas vivas do Estado do Amapá. Em 2009 o grupo se apresentou no Fórum Mundial em Belém do Pará, sendo aplaudido veementemente pelo público presente. O Imagem & Cia, tem como base os valores da cidadania, a responsabilidade artística e social, a igualdade e solidariedade, respeitando os valores éticos e sociais.

     O Grupo “Imagem & Cia” surgiu para contribuir com a sociedade amapaense e trazer novas perspectivas de descobertas das artes cênicas a partir do trabalho de montagens performáticas com estátuas vivas, já se apresentou em vários locais de Macapá, como Universidade Estadual do Amapá, Universidade Federal do Amapá, Praça da Bandeira, Teatro das Bacabeiras, ruas do centro da cidade, entre outros locais. Em sua maioria, seus componentes possuem curso superior, como é o caso de Débora Bararuá que atualmente está realizando curso de especialização em teatro na UNIFAP.  Este grupo merece total apoio dos órgãos de cultura do Estado do Amapá.

    

    

 

 

 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

COMPANHIA CANGAPÉ

  

     Com o objetivo de promover eventos artísticos e contribuir para o desenvolvimento e inclusão de crianças, adolescentes e jovens, foi fundada no ano de 2005, no bairro do Araxá, a “Associação Cultural Companhia Cangapé.”   Mesmo antes da formação desta companhia, o grupo já vinha se dedicando ao teatro e ao circo, visto que passaram por alguns grupos teatrais do município. A companhia Cangapé já vem há mais de 15 anos contribuindo na área da arte, cultura e trabalho social no bairro do Araxá, que é uma área geográfica da cidade de Macapá, com grande vulnerabilidade social.

     Mas não pensem que foi tão fácil! Inicialmente, a companhia não tinha endereço fixo, foi quando Washington Silva e Alice Araújo, adquiriram uma pequena casa, à qual seria sua moradia, no bairro do Araxá. Acontece, que tiveram que enfrentar um sério problema, tendo em vista que a companhia já vinha com um trabalho bastante profícuo e não possuía um lugar fixo, para que se tornasse uma referência na arte no Amapá. Sendo assim, foi necessário longo debate para se decidir o que se faria com o imóvel recém-comprado. Desta feita, ficou decidido que aquela casa seria transformada na sede da companhia. Com essa determinada decisão, a única saída para o casal foi alugar uma casa, ao lado do prédio onde seria instalada a Sede do grupo.

     A Companhia Cangapé realiza um sério trabalho no bairro do Araxá, tendo como ponto de partida a arte, centralizando principalmente no circo e no teatro. Por outro lado, promove projetos de cunho estritamente social, voltados para crianças e jovens daquela comunidade, a partir de oficinas as mais variadas, como: oficina de palhaço, malabaristas e de perna de pau, entre outras, onde a comunidade tem total acesso a essas atividades artísticas. Em função da capacidade de elaborar projetos, a companhia já foi contemplada com vários prêmios e financiamentos, como “Criança Esperança”; “Prêmio Funarte Petrobrás Cultural e Saúde”; “Prêmio Funarte Carequinha de Estímulo ao Circo”, entre outros.”

    Com o intuito de concretizar suas ações, todos os componentes da Companhia Cangapé, arregaçaram as mangas e com as próprias mãos, começaram, com total dedicação, a transformar aquele comum espaço no que se tornaria hoje a Sede do Grupo. Foi preciso algumas semanas de trabalho duro, tudo o que se imaginar em termos de alvenaria, pintura das paredes, sistema elétrico, tudo foi realizado a partir de um trabalho conjunto dos membros do Cangapé, como Washington Silva, Alice Araújo, Mauro Santos entre muitos outros que participaram efetivamente na construção da sua própria sede.    

     Foram muitos os espetáculos encenados por essa companhia, como: “Se Deixar Ela Canta”; “Projeto Corda Bamba no Equador”; “Circo de Retalho”, entre tantos outros. Vale salientar que boa parte dos que fazem hoje a Companhia Cangapé, já possui curso superior, seja na área do teatro, artes visuais, ou até mesmo outros cursos na área de humanas.  Em função de toda essa dedicação e trabalho social e comunitário, atualmente a Companhia Cangapé já é referência na área da cultura, tanto no bairro do Araxá como também no Estado do Amapá. É necessário que os órgãos de cultura voltem seus olhos para esses agentes e produtores culturais, que em muito contribuem para o desenvolvimento da sociedade amapaense. 

segunda-feira, 7 de junho de 2021

DANIEL DE ROCHA E TINA ARAÚJO


     Jovens baianos andarilhos com sede de dedicarem suas vidas ao teatro, seguiram em busca de um lugar tranquilo e, por ironia do destino, tendo como estrada fluvial o rio Amazonas, aportaram exatamente na cidade de Macapá... Quero dizer, ancoraram na cidade de Santana, mas, seguiram a autoestrada de asfalto e rumaram para Macapá, onde felizmente, fincaram suas raízes. Quero falar excepcionalmente desta vez, do famoso casal de artistas, Daniel de Rocha e Tina Araújo.    

          Daniel de Rocha como é conhecido no meio artístico, nasceu no ano de 1962 em Salvador – Bahia. É filho de Leonildo Alves da Silva e Crispina Rocha da Silva. Possui ensino médio completo. Sua formação artística começa ainda na Bahia onde participou de uma infinidade de cursos livres de teatro. Especializou-se na área participando de vários cursos técnicos em outros Estados da Federação como, Goiás, Rondônia e Amapá. Apesar de ser soteropolitano reside em nossa cidade há mais de trinta anos e por este fato, já se diz amapaense de coração.

     Foi na cidade de Macapá que Tina Araújo e Daniel de Rocha, concretizaram seus sonhos artísticos e profissionais. Juntamente com Daniel, ela é fundadora do Grupo Teatral Marco Zero e já montou mais de trinta espetáculos todos voltados para questões sociais. Alguns projetos concretizados pelo Grupo Marco Zero foram: “Projeto Teatro Vidama”; “Projeto Teatro e Vida”; “Teatro, Escola e Comunidade”; “Projeto Teatro Açaidéia”. Uma das peças mais importantes foi “Virgem do Ninho Real” aonde Tina representou uma Rainha. Em “Açaidéia” ela faz vários personagens como o mato e a rainha do mato. Outras montagens do Grupo Marco Zero são: “A Saúde Pública” e “Auto da Camisinha”.

     Em suas pesquisas artísticas perceberam que o Amapá era um dos Estados que mais ocorria o risco da pandemia da AIDS, e foi esse um dos principais temas que motivou a criar textos e montar espetáculos voltados para essa questão social. Principalmente doenças transmissíveis como AIDS; pandemia do covid 19, por exemplo, fazem parte do rol dos temas que vem utilizando ultimamente em suas montagens. Nessa linha de trabalho, já encenou vários espetáculos e participou de festivais. O trabalho de Daniel de Rocha e Tina Araújo, busca   realizar um teatro de cunho social, com o objetivo de discutir uma melhor qualidade de vida para o ser humano.

     Geralmente eles promovem eventos, peças, musicais, oficinas, entre outras atividades, que envolve grande parte das crianças e pessoas da comunidade do Bairro Perpétuo Socorro. Em função dessa luta e persistência e resistência, transformaram sua moradia num pequeno teatro, que se revela como o ponto culminante de suas ações e realizações artísticas. É um projeto que, a partir da arte, busca revelar os problemas sociais e mostrar as dificuldades enfrentadas pela população carente. Este é mais um projeto que merece total apoio dos órgãos de cultura.

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 3 de junho de 2021

ENCANTO DOS ALAGADOS

 


     Não consigo discernir qual a diferença entre morar na floresta, ou habitar a cidade! Gostaria de clarear melhor essa exclamação. Na verdade, o que eu desejo enfocar aqui, é, por um lado, a relação entre os seres irracionais e a natureza, e por outro, os seres racionais e a sociedade que foi criada pelos próprios humanos. Entendo, que na floresta há vários animais que precisam matar o outro, para que lhe sirva de alimento. Nesse caso, a natureza se nos apresenta com certa agressividade e temeridade. Não é à toa que o lobo mau, comeu chapeuzinho vermelho. Essa história tem um pouco de verdade, tendo em vista que uma alcateia de lobos, não só mata um cavalo, como por exemplo, mataria facilmente uma pessoa.

     Numa sociedade, mesmo que seja democrática, há seus limites impostos pela própria máquina social. Há coisas, que não andam, e muitas vezes não existem, mas, se passa uma ideia de que tudo anda bem. A humanidade consegue construir todo tipo de ponte, de canal que passa sob o mar, mas, por que o mundo ainda não conseguiu evitar a fome? Por que tantos países pobres e outros tão ricos? E por que, infelizmente, tantos outros se aproveitam de determinadas situações para usurpar a população, como exemplo, o que vem acontecendo neste momento de pandemia, onde vários estelionatários tentam vender vacinas falsas e abocanhar o dinheiro público.

     O que tenho a dizer é que, entre tantos problemas que as situações da vida nos colocam, e com tanta gente que possui pensamento egoísta, felizmente, nesse meio termo, há aqueles, os altruístas, os paladinos, os heróis, os anjos, os protetores e os mecenas da arte, aqueles poucos que dedicam suas vidas para contribuir, da forma que podem, para com seus semelhantes. Entre aqueles que trafegam no caminho do bem, do social e da sociabilidade, temos o artista, ator, diretor, produtor cultural e líder comunitário, Wenner George, mais conhecido como Romário.

     Ele é o principal fundador do Centro de Experimentação Artística e Cultural Encanto dos Alagados, também conhecido como “Encanto dos Alagados”, que se localiza no Bairro do Muca. Tudo começou com uma indenização que ele recebeu. Procurou uma comunidade que não tinha acesso aos bens culturais e resolveu implantar seu ousado projeto em meio às palafitas no Muca. Transformou sua nova morada num Centro Cultural que promove todo tipo de manifestação artística, como, contação de histórias, apresentações teatrais e circenses, e já possui uma biblioteca com mais de mil livros infanto-juvenis, para proporcionar acesso à leitura às crianças daquela comunidade.

    O projeto vai além das fronteiras, tendo em vista que, diferente das outras bibliotecas, o projeto socializa ainda mais os exemplares, em função de que ao retirar emprestado um livro, a criança poderá leva-lo para casa e devolve-lo quando concluir a leitura completa da obra, isto implica dizer, que ao mesmo tempo em que a criança se educa, também se responsabiliza em cuidar e devolver a obra para a biblioteca. Encanto dos Alagados é um projeto que demonstra o propósito daqueles cidadãos que desejam contribuir efetivamente com a sociedade amapaense. Wenner George é um batalhador, é um gentleman, se dedica com afinco ao seu projeto, contribuindo nos cantos e recantos alagados da cidade de Macapá, onde o Estado não se permite enxergar.