Em 1994 quando aqui cheguei para realizar prova de concurso público para
professor do Magistério Superior, trouxe comigo uma missão: a de implantar o
Curso de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal do Amapá. Ao longo das
últimas três décadas muitos foram os eixos que nortearam a reflexão da formação
docente na área do teatro. Porém, atualmente o que centraliza os entendimentos
é a qualificação em nível de ensino superior que perpassa pela emergente
necessidade de ampliar a discussão acerca das reflexões e possibilidades
didáticas e pedagógicas que o espaço acadêmico provoca na contemporaneidade e
as circunstâncias e convergências reflexivas, sensorial e estética que abriga a
linguagem teatral, sobretudo na promoção e formação dos sujeitos de modo geral.
Para o curso de Teatro da UNIFAP alinhei três eixos para propor a
elaboração do Plano Político Pedagógico: primeiro: compreensão do espaço de
formação como produtor de saberes em vista a articulação entre investigadores
da ciência educativa, estética e teatral; segundo: aspectos históricos e
culturais do espaço do teatro nas sociedades; e terceiro: interesse com as
demandas contemporâneas, enfoques midiáticos e tecnológicos que a teatralidade
cênica intervém a partir de sua concepção epistemológica.
Em busca de efetiva articulação busquei nas percepções de formação e
produção teatral um redimensionamento amplo, entremeadas pela cognição,
processos científicos de experimentação, sobretudo balizados por um sentido e
sentimento estético em perspectivas plurais da construção de
conhecimentos/saberes. Esperando que assim os espaços da universidade e os
momentos articulados desse espaço/tempo possam desterritorializar modos de
aprender e modos de ensinar aceitando momentos entre o pensar e o realizar.
Assim, elaborar atitudes participativas, ouvindo o clamor da comunidade
amapaense que há muito tempo esperava um curso dessa competência é de todo modo
perceber e compreender aqueles que escolheram a licenciatura em teatro como
futuros professores intelectuais, contínuos pesquisadores e produtores de
cultura.
É com este entendimento: filosóficos, conceitual, sobretudo de um
sentimento humanístico que a organização desses eixos norteou o projeto. Por
outro lado, atende a complexidade que a sociedade contemporânea vive, onde
exige e requer outros trânsitos para se perceber, entender, aprender, ensinar e
fazer teatro no espaço da formação docente. Aqui faço, uma ressalva acerca
desses trânsitos, assumindo novos desafios conceituais, atentando para que o
ensino superior de teatro seja desvinculado das ideias de aprendizagens e
ensino como mera transmissão de conhecimento.
Escolher, persistir e seguir tais concepções é acolher desafios que não
paralisam o pensar, nem a ação acadêmica, ao contrário, ganham força e
dinamizam o processo de (re) pensar as licenciaturas, consolidando a qualidade
da formação de professores em teatro. Contudo, e continuamente deverei rever
metas e estabelecer tanto quanto forem necessárias; ideias e percepções que mesmo
na provisoriedade ajudem a construir outras aprendizagens.
O Curso de teatro da UNIFAP foi aprovado pelo Conselho Superior em 12 de
novembro de 2013. A primeira turma iniciou em março de 2014. Neste ano
realizamos a I Semana Acadêmica do Curso de Teatro; o I Seminário Científico em
Artes Cênicas, lançamentos de Livros, Ciclos de Palestras entre outros eventos.
Atualmente estamos com duas turmas. Próximo concurso público para professor,
teremos sete vagas para o curso de teatro. Estão sendo encaminhados e estudados
a construção de dois teatros; um em estilo italiano e outro de arena.
Estamos promovendo no período de 18 a 22 do mês em curso, a II Semana
Acadêmica do Curso de Teatro com vasta programação: no dia 18 às 09h, palestra,
“O Setor de Cultura do SESC”, com Genário Dunas; às 10:30 apresentação do
espetáculo “Os Magníficos” com a Companhia Sem Teto; no dia 19 acontecerá a
mesa redonda Perspectivas do Ensino do Teatro no Amapá com participação de
convidados da SEED, SEMED, SECULT, FUMCULT e Rede Particular de Ensino; dia 20
a programação continuará às 9h com Workshop
“Contação de História”, com o ator e contador de histórias Joca
Monteiro; dia 21: Palestra “Amadeu Lobato e a Formação de Atores no Amapá”, com
o diretor de teatro Amadeu Lobato; em
seguida a palestra “O Reggae, origem e vertentes” com o Dj Duffnaldo; dia 22; Palestra
com o diretor Paulo Alfaia sobre “A Experiência do Grupo Desclassificáveis; em
seguida a apresentação do espetáculo “Cabaré, Anjos em Crise.com”.
O II Encontro Acadêmico do Curso de Teatro será aberto a alunos de
graduação e à comunidade em geral com direito a certificado. Este evento é uma
realização do Curso de Teatro com apoio do Grupo de Pesquisa em Artes
Cênicas/UNIFAP e do Núcleo Amazônico de Estudos das Artes Cênicas/NACE/UNIFAP.
A comissão organizadora é composta pelo Prof. Dr. Romualdo Palhano e pelos
acadêmicos: Aninha Martins, Larissa Macedo, Carla Thais, Jayne Alves e Jhou
Santos.