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terça-feira, 17 de novembro de 2020

CACÁ EM VERSOS

 


     Desde garoto que convivi com a literatura de cordel, principalmente na feira livre da cidade de Itabaiana, na Paraíba, que tanto Sivuca cantou em sua “feira de mangaio”. Na década de 1970, do século XX, havia vários cordelistas, recitando versos e vendendo os córdeis para os aficionados. Eram histórias de reis, rainhas, sobre a política da época ou até em função de qualquer fato pitoresco que houvesse acontecido. Cordel sobre Lampião, eram os mais cotados da época.

     E tudo acontecia ao ar livre, na rua mesmo, onde as pessoas passavam para fazer sua feira da semana. Bastava um microfone de lapela, uma bateria de carro, um autofalante, um guarda sol e ainda vários cordões, onde se penduravam os livrinhos de literatura de cordel. O apresentador tinha que ser mestre no assunto, porque além de leitura dramática das mais diversificadas histórias, ele tinha que ser muito bom na improvisação.

     Escrever cordel não é tão fácil como se pensa, gosto desse tipo de literatura como também tenho algum material escrito, ainda não publicado. Em função do lockdown e do blackout que aconteceu no início deste mês de novembro em nosso estado, resolvi ler alguns cordéis que tenho carinhosamente guardados num nostálgico baú. Entre tantos, felizmente encontrei o cordel do ilustre radialista Cacá de Oliveira, intitulado “Brasil do Avesso em Versos”.

     Cacá tem suas raízes em Pernambuco. A métrica e a rima que ele usa neste cordel apresenta vinte e seis estrofes em sextilha. Preocupado com nosso país, enfoca poeticamente, um Brasil com vários problemas políticos e sociais, como feminicídio, desrespeito aos idosos, sobre a bandidagem, os quais, poderiam ser resolvidos por nossos gestores. Nos versos abaixo, ele realmente se mostra atônito com a distribuição de renda entre as pessoas: 

Uma coisa me entristece

É renda e distribuição

Se concentra na minoria

A maioria fica na mão

Quem trabalha ganha pouco

E um pouco, um dinheirão.    

 

     E é de forma lírica que Cacá vai desenvolvendo seu cordel, mas, sempre denunciando as injustiças sociais, como no caso dos feminicídios tão comuns hoje em dia.

Violência contra a mulher

E também com o inocente

Aumentando a cada dia

Assustando muita gente

Às vezes na própria casa

Também tem um delinquente.

 

     Nosso pernambucano/amapaense, radialista, jornalista e cordelista, sutilmente, também buscar indicar algumas resoluções para determinados problemas sociais, como pode-se observar aqui:

 

É necessário investir

Melhorar a segurança

Nós temos que apelar

Sem perder a esperança

Porque tem que proteger

Do mais velho à criança.

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