Neste ano
de 2021, o teatro do Amapá virou história documentada em função da obra de
minha autoria “História do Teatro do Amapá: Do Século XVIII à Década de 1940”. Este livro,
caro leitor, é resultado de vários anos de pesquisa, leituras, estudos,
reflexões, perquirições e escritos. É, sem dúvida, o primeiro livro com a
exclusiva preocupação de anunciar e socializar uma história do teatro do Amapá
que, por seu turno, se encontrava obscura e em águas profundas. Durante todo
esse tempo, me senti como se estivesse verdadeiramente num garimpo. Não
obstante, esforço-me para tentar compreender que é essa a minha missão.
Renunciei, me privei, abdiquei de tantas outras coisas que poderia ter feito,
mas resolvi me dedicar a este assunto que tanto me conforta e que tenho imensa
paixão em concebê-lo.
Esta região, denominada há tempos de Cabo
Norte, inacreditavelmente nos apresenta manifestações teatrais desde o século
XVIII, com a presença de um pequeno teatro de madeira instalado na Vila de São
José de Macapá. Somando-se a este fato a dramatização da “Batalha Entre Mouros
e Cristãos”, na Vila de Mazagão Velho, que neste ano de 2021 resulta na
ducentésima quadragésima quarta apresentação, que sempre é realizada a céu
aberto, tendo como atores os próprios moradores da referida vila.
Em relação à inauguração do Cineteatro
Territorial na década de 1940, acredito que inicialmente, o mesmo serviu como point das benesses e do welfare state
da elite recém-chegada, visto que foi palco de muitos artistas famosos que aqui
aportaram em função da política cultural do primeiro governo do Território,
que, por sua vez, apoiava em todos os sentidos a chegada desses artistas até a
cidade de Macapá. Torna-se fato que famosos artistas como: Rodolfo Mayer, Bibi
Ferreira, Procópio Ferreira, Concita Mascarenhas, Fernanda Montenegro, Luiz
Gonzaga, Dalva de Oliveira, Trio Iraquitam, entre outros, aqui se apresentaram.
Essa efervescente movimentação cultural de
artistas famosos, ao se apresentarem no Cineteatro Territorial,
consequentemente fez motivar e aflorar nos jovens que aqui residiam, estreitas
relações com a arte de representar. Situação que refletiu em alguns grupos que
começavam a se aglomerar, mas, ainda sem o amadurecimento e a experiência
técnica de montagem de espetáculos teatrais. Para suprir essa necessidade, no
final da década de 1940, alguns diretores oriundos da cidade de Belém do Pará,
aqui chegaram para contribuir com essa emergente produção cultural do nosso
Estado.
Minha intenção com este estudo, não foi a de
me aprofundar ipsis litteris no
assunto abordado, até porque não havia como, em função das minhas atividades
profissionais que não se resumem apenas à pesquisa, mas à sala de aula,
educação, extensão, coordenação, comissões de avaliação e outros afazeres que
nos destina a vida acadêmica. O que se encontra na obra, é o embrião do que nos
oferece o Estado do Amapá em relação ao desenvolvimento do seu teatro. No
entanto, refiro-me a cada parágrafo que aqui foi pesquisado e escrito (o que
antes não havia sido concentrado em nenhuma obra). Porém, estou ciente de que todas
as páginas desse volume merecem, no futuro, novos estudos, e é isto que venho
sempre colocando para meus alunos do Curso de Licenciatura em Teatro da
Universidade Federal do Amapá.
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