Certamente, mesmo antes da Grécia,
manifestações cênicas voltadas para culto a vários deuses já existiam em várias
latitudes, principalmente no Egito e Antigo Oriente como comprova estudos
históricos e arqueológicos. Nas cercanias do mar vermelho o rei deus do Egito
era o único legislador e a mais alta autoridade aqui na terra, a ele
realizava-se muitas homenagens que eram apresentadas com utilização da música,
dança e diálogo dramático. Nesse período, a realeza era o único princípio
ordenador das coisas. O Antigo Testamento enfoca essa época de sabedoria e vida
luxuosa do Egito.
Nabucodonosor promovia um festival do Ano
Novo, cuja manifestação pouco se sabe. Na Mesopotâmia havia a manifestação do
“casamento sagrado” que era um ritual mítico. Detectou-se na dança egípcia de
Hator, momentos da utilização de pequenos diálogos. Ainda no Egito estudiosos
encontraram em Abidos, vestígios do “Drama, Morte e Paixão de Osíris”. A cidade
de Abidos era a Meca dos egípcios.
Em várias manifestações aos deuses antigos,
detectaram-se indícios da presença de mimo, farsas, anões e atores mascarados
que divertiam as cortes da época como se fossem verdadeiros bobos da corte no
Oriente antigo. Além de Osíris e Isis, também eram cultuados vários outros
deuses como Marduk e Mitra.
Se por um lado, existia o culto aos
deuses, por outro, também havia o culto aos mortos, e nessas manifestações
funestas, era constante a presença de música e dança, banquetes procissões e
oferendas de acordo com achados arqueológicos em catacumbas e tumbas egípcias.
Imagens pintadas e esculpidas revelam manifestações aos deuses: Rá, o deus do
paraíso e a Osíris, o senhor dos mortos. Osíris era o deus que estava mais
próximo do ser humano.
Em 1882 o egiptólogo Gaston Maspero, em seus
estudos revelou o caráter dramático dos textos das pirâmides. De certa forma,
havia nessas manifestações apresentação em primeira pessoa que sugeriam
enganosamente um suposto diálogo que ainda não foram endossadas por pesquisas
recentes. Outra questão fundamental era a presença de um público, situação que
só vem a acontecer na democracia grega.
Uma das questões do novo passo que deu o
teatro na Grécia Antiga é o fato de que em Atenas já reinava um processo
democrático, o que faltava no povo egípcio que não conhecia o conflito entre a
vontade dos homens e a necessidade dos deuses. Quando Théspis fala – eu sou
Dionísio – ele foi totalmente revolucionário, o que nunca iria acontecer na
cultura egípcia porque seria total desavença em relação
ao poder autocrático do Faraó.
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