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segunda-feira, 17 de abril de 2023

TEATRO REALISTA

 

 

     Até meados do século XIX, o teatro brasileiro vinha se desenvolvendo tendo como ponto de partida o teatro romântico. Sendo que, em 1855, inaugura-se o Teatro Ginásio Dramático, no Rio de Janeiro, que foi criado pelo empresário Joaquim Eleodoro Gomes dos Santos. Em contraposição à antiga estética teatral, esta nova casa de espetáculos, criou rupturas e quebrou paradigmas, quando trouxe para a cena brasileira, algumas peças francesas da nova escola realista, cujos temas abordados confrontavam com o cotidiano e costumes daquela burguesia em ascensão. Desta vez, estava em jogo uma renovação dramatúrgica que tinha por base autores como: Alexandre Dumas Filho, Émile Augier, Théodore Barrière, entre outros.

     Quando do advento do romantismo, João Caetano, primeiro empresário e ator brasileiro, que havia rechaçado as companhias, atores e atrizes portuguesas, reinava inconteste, com sua estética por décadas, e ainda não havia sido contrariado desde durante muito tempo. Mas, com a chegada da escola realista, tendo sido colocada para o público, com a inauguração do Teatro Ginásio Dramático, este fato causou um certo desconforto para o referido profissional das artes cênicas. Apesar disso, João Caetano permanece fiel aos cânones do romantismo até sua morte em 1863.

     Nesse período, o teatro estava sendo visto como uma escola moralizadora da sociedade, tanto para a burguesia como também para os mais abastados. Da mesma forma que, no século XVI, Shakespeare trouxe a sociedade burguesa elizabetana para o palco, desta vez, no século XIX, é a estética realista que vai trazer para o palco a ascendente burguesia brasileira. Os temas sugeridos nos textos e espetáculos realista, eram de preferência relacionados com a burguesia local. Da mesma forma que os melodramas, as peças de cunho realista, sempre chegam ao seu epílogo, revelando a vitória do homem idôneo e honesto.

     O teatro realista, como uma escola de bons costumes, não dá espaço para personagens como: esposas adúlteras, jovens revoltosos, agiotas, caça-dotes, viciados em jogos, golpistas, estelionatários e, principalmente as prostitutas, que parecem ser uma grande ameaça aos homens bons e casados, como também, era visto como uma afronta aos jovens de boa família. Esses personagens eram inviáveis para a boa formação do burguês e do homem idôneo daquela sociedade brasileira do século XIX

     Enquanto Furtado Coelho e Eugênia Câmara foram considerados os principais intérpretes desse período, por outro lado, Gabriela da Cunha e Adelaide Amaral, se tornaram as musas do teatro realista. Já o Teatro Ginásio Dramático teve total influência do Théâtre Gymnase Dramatique, de Paris. Diferentemente do teatro romântico, o teatro realista, como o nome já diz, trouxe para o palco mobiliário de verdade, com o objetivo de reproduzir de fato, o interior das salas das famílias burguesas. Em geral, o figurino se baseava na moda em voga e sempre era atual, de acordo com o que era usado na vida real. Já a ação dramática também se passava no presente. Aboliu-se o cunho meramente dramático e a movimentação dos atores se tornaram menos enfáticas e mais natural.

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