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terça-feira, 5 de julho de 2022

QUADRILHA CONTEMPORÂNEA

 


     A dança da quadrilha, sempre foi muito difundida, vivenciada e apresentada, principalmente na época das festas juninas pelo Brasil afora. Portanto, do final do século XX para o início do século XXI, sofreu várias mudanças culturais que gerou mudanças fundamentais, se hibridizando e trazendo influências diversas, no que diz respeito à sua forma e conteúdo.

     A antiga dança da quadrilha, que perdurou basicamente até o início da década de 1990 do século passado, em suas raízes, era completamente diferente das quadrilhas de hoje.  Tem origem na Europa e sua maior influência no Brasil, veio da França. Era uma dança popular que surgiu principalmente no meio rural. Nela, havia uma sequência de passos com várias coreografias, como: a)cumprimento às damas; b)cumprimento aos cavalheiros; c)damas e cavalheiros trocar de lado; d)primeiras marcas ao centro; e)grande passeio; f)trocar de damas; g)trocar de cavalheiros; h)o Túnel; i)caminho da roça; j)olha a cobra; k)é mentira; l)caracol; m)desviar; n)atenção para o serrote; o)coroar damas; p)coroar cavalheiros; q)duas rodas; r)reformar a grande roda; s)despedida, entre outros passos que mudam de acordo com a necessidade da brincadeira. Além de tudo isso, havia a dramatização de um casamento matuto, com base na Commedia dell’Arte.

     Se torna muito difícil, na atualidade, encontrar alguma comunidade ou grupo que organize uma quadrilha nos moldes antigos. Notadamente, esse tipo de quadrilha está em extinção. Com o passar dos anos, nota-se um hibridismo e a consequente influência de várias culturas. Hoje, pode-se perceber nas atuais quadrilhas juninas, vestígios do frevo, da ciranda; do maracatu; nos vestuários, roupas do Cancan francês e grande influências da música caribenha.

     Na dança atual, o casamento, que era parte fundamental da antiga quadrilha junina, hoje, praticamente não tem mais o mesmo significado dramático de antes. Por sua vez, os passos da antiga quadrilha, se transformaram numa sequência de músicas com coreografias modernas, isso nos remete ao primeiro forró que se fundiu com o frevo, a música “Frevo Mulher”, de Zé Ramalho. Esta gravação alcançou grande sucesso depois que Amelinha a interpretou no Maracanãzinho num Festival da MPB em 1980. Já o Cancan, é uma dança francesa que se tornou muito popular na França, na década de 1840, com sua maior expressividade no Moulin Rouge, que ainda hoje está em atividade no bairro de montmartre, em Paris. Sendo que depois foi levada para Londres e Nova Iorque, se tornando uma dança difundida no mundo ocidental.

     Outro fenômeno que trouxe muita influência para essa hibridização é que, enquanto por um lado, a antiga quadrilha era ensaiada e apresentada por jovens, quando cada bairro tinha sua própria quadrilha e apresentava apenas dentro dos festejos de cada bairro; fato que mudou completamente quando as prefeituras instituíram os concursos de quadrilhas, durante os festejos juninos; o que acontece na atualidade em vários locais do território brasileiro, e principalmente no nordeste, que tem hoje as duas melhores festividades dessa ordem: o maior São João do Mundo, em Camina Grande, na Paraíba, e o famoso São João de Caruaru, em Pernambuco, considerada a capital do forró.

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