Iniciamos com Ésquilo e Sófocles, e agora,
para concluir essa trilogia sobre os mais respeitados trágicos gregos do século
V a.C., concluiremos com breve enfoque sobre Eurípedes, cronologicamente, o
terceiro e último trágico. As tragédias de Eurípedes significam, precisa e
essencialmente a humanização dos temas, diminuindo a força dos deuses num
profundo desprezo por eles. Foi consideravelmente o primeiro poeta trágico a
preocupar-se de maneira mais precisa, com a força da alma.
Eurípedes nasceu em 480 a.C., em Salamina
e morreu em 406 a.C. Foi sucessivamente, atleta profissional, pintor, orador e
filósofo. Começando a escrever aos dezoito anos, conquistou prêmios com suas
tragédias, já aos quarenta anos de idade. Escreveu aproximadamente sessenta peças,
tendo sido vitorioso cinco vezes em vida, e uma, após sua morte. Era mal visto
pelos gregos em função de ser ateu. Conta-se que foi o primeiro cidadão grego a
possuir uma biblioteca particular. Era filho de um taverneiro com uma
verdureira. Foi discípulo de Anaxágoras e condiscípulo de Sócrates.
Podemos classifica-lo como poeta da
decadência, ou seja, do declínio da tragédia, o que não significa que suas
obras sejam inferiores aos dois outros trágicos que o precederam. Causou muita
celeuma entre os gregos que, por várias vezes obrigaram suas peças a sair de
cena, tendo como motivo, principalmente em relação ao fato de os deuses terem
sido substituídos por homens.
Eurípedes reduziu o prólogo a um discurso
no qual eram explicados os acontecimentos que antecedem a ação; o êxodo foi
substituído pela aparição sobrenatural de um deus que precipitava o desenlace.
Desenvolveu cuidadosamente a incerteza e a surpresa. Outra sua característica é
a grandeza das suas mulheres, em contraste com o seu misoginismo na vida real.
As mulheres, sobretudo, em seu teatro, são incomparáveis.
Pela primeira vez o amor entrou no teatro
e o sentimentalismo se apossou da cena. Por outro lado, Eurípedes explorou os
vários estados da alma do ser humano. Não sendo mais o homem um ser uniforme.
Algumas peças de Eurípedes que chegaram
até nossos dias: “Hécuba”; “Hipólito”; “As Fenícias”; “Orestes”; “Alceste”;
“Medéia”; “As Troianas”; “Hércules Furioso”; “Electra”; “Ifigênia em Áulide”;
“Ifigênia em Táuride”; “Helena”; “Io”; “Andrômeda”; “As Suplicantes”; “As
Bacantes”; “Os Heráclidas”; “Reso”, e o drama satírico “O Ciclope”.
Com o advento do Império Romano, a obra de
Eurípedes exerceu grande influência no teatro ocidental. O dramaturgo deixou
tipos que são conhecidos ainda hoje, como: as aias, os fantasmas, as mulheres
abnegadas e os vilões.
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