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domingo, 29 de dezembro de 2024

PRÓSPERO ANO NOVO

 

 

     O ano de 2024 está chegando ao fim, já passou o Natal e estamos comemorando mais uma vitória, mais um ano que continuamos batalhando e sabendo que ainda estamos vivos. É isso aí...! A vida passa e tudo passa, nós também passamos. O ontem já se foi, o hoje continua, e o amanhã a Deus pertence, sigamos em frente com nossos objetivos e nossos sonhos.

     A cada final de ano todos nós fazemos um balanço de nossas vidas. O porquê de estarmos aqui? Para onde iremos? Saudade dos que já se foram...! A busca constante da felicidade. A esperança que nunca morre. O dia de amanhã que vai melhorar.

     E assim a vida passa, passa como um cometa que ninguém vê, e o cotidiano fica assim: acordar cedo pela manhã, levar o filho para a escola, ir ao trabalho; meio dia, pegar o filho na escola; almoçar para trabalhar novamente, voltar para casa e jantar, deitar e dormir para acordar no outro dia e recomeçar tudo outra vez.

     Já dizia o filósofo: a vida é curta para dizer que não é longa e é longa para dizer que não é curta, e é por isso que devemos aproveitá-la ao máximo, de todas as formas, plenamente. Com a comemoração das festas de final de ano realizamos um retour ao nosso passado, ou mais especificamente ao ano que passou, que está finalizando. São momentos que nos traz muitas esperanças para podermos continuar jogando no jogo da vida.

     E aqui lembro que há 10 anos eu estava motivando e implementando a primeira turma do curso de teatro da Universidade Federal do Amapá, que aconteceu no dia 09 de abril de 2014. Curso que abriu perspectivas de trabalho para muitos jovens que hoje se dedicam a trabalhar com as artes cênicas no Amapá.

      Essas atitudes são de tamanha importância e nos alimentam consideravelmente para poder continuar nossa contribuição com a sociedade amapaense nesse estágio da vida. Assim, continuaremos com nossas pesquisas, nossos estudos, no intuito de dotar as bibliotecas com vários documentos sobre a cultura e o teatro amapaense.

     Por fim, esperamos que neste ano de 2025, tenhamos mais força para continuar nessa luta. A todos e todas, principalmente aos jovens, aos colegas da área da educação e a população em geral desejo um Feliz Ano Novo. Que os governantes saibam com sapiência transformar o Brasil num país do futuro. De qualquer forma, minha última mensagem para todos os viventes é a seguinte frase em latim: Carpe diem, quam minimum credula postero. Até 2025. O ano passado passou tão apressado! É a pura verdade que o ano já terminou. Temos que acreditar que 2024 chegou ao fim. Isso mesmo! Hoje já estamos no dia 29 de dezembro do ano em curso. Como é de praxe, todo final de ano termos que desejar um Bom Ano, um Feliz Ano Novo para todos.

domingo, 22 de dezembro de 2024

FELIZ NATAL

 

 

          Apesar de tudo que vem acontecendo no mundo e, principalmente nas guerras que nunca chegam a um fim, como no caso da guerra entre Rússia e Ucrânia, como também, entre Israel e o Hamas, é fato que há uma necessidade maior de termos que olhar sempre para o futuro. De qualquer forma, agradecermos pelos que ainda estão conosco, desbravando essa saga do caminhar e do enfrentar as vicissitudes da vida. Não é hora de desanimar! Estamos no final de mais um ano, que foi difícil para todos nós. Mas chegou o momento de refletirmos sobre tudo isso. Claro...! Também precisamos comemorar e, cada um a seu modo, abraçando seus familiares e amigos. 

     O maior desejo de todas as pessoas, é saber da conquista de seus objetivos, de seus desejos, de sua vida...!!! O Natal nos traz muita alegria a cada final de ano. É um ótimo momento de reflexão sobre um pequeno espaço de tempo que passou, ou seja, pelo qual nós passamos com vida, ilesos. Esse tempo refere-se ao espaço de praticamente 365 dias consecutivos, ou seja, um ano.

         Sem esquecer as modificações que aconteceram interiormente em nós mesmos. Às vezes algum problema de saúde, questões profissionais e tantos momentos difíceis que passamos. Mas, também foi um tempo em que nos trouxe muitas alegrias.  Alegria de ter lançado livros, alegria de ver o filho ser aprovado na escola, alegria de estar vivendo momentos felizes com quem se ama, entre outras sensações de alívio que necessitamos.

     O Natal é uma festa comemorada em todo o mundo; quantos de nós está falando a mesma língua? FELIZ NATAL, FELIZ NAVIDADE, JOYEUX NÖEL, MERRY CHRISTMAS, são alguns dos recados mais difundidos neste natal em todo o mundo. E assim vamos nos confraternizando, cada país do seu modo, cada povo de acordo com suas crenças e suas culturas, apesar deste momento de tanta guerra.

     Natal significa nascimento, nascimento de Jesus que tanto batalhou para a igualdade do povo do seu tempo e da atualidade. Verdadeiro revolucionário de sua época. E hoje, e sempre comemoramos em função deste símbolo de ser humano.

     Todo natal nos traz esperanças de um mundo melhor, de alegria, de união entre os povos. Refletimos sempre para o bem da humanidade. Como é bonito todos juntos com suas famílias, revendo uns aos outros, pessoas que há tempo não mais havíamos visto, tudo isto faz parte do semblante natalino.

     Tempos atrás ficávamos felizes ao receber um cartão de natal pelos correios, mas, hoje os meios tecnológicos como as redes sociais em muito contribuem para uma aproximação das pessoas, mas, ainda deixa um vazio em relação à vida presencial quando você toca e abraça seu amigo ou amiga de tempos antanho. É a vida...! É a vida...! É a vida...! Desejo a todos que conheço e aos que não tive a oportunidade ainda de conhecer, tudo de bom neste natal, muita saúde, paz, e que tenhas conquistado seus objetivos neste ano que está terminando. Para todos UM FELIZ NATAL.

 

                                                                                                    

 

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

ETIMOLOGIA DO TEATRO

 

 

     O teatro surgiu na Grécia antiga há quase três mil anos. Durante toda a história do homem, há uma relação intrínseca entre a vida e a arte. A seguir relacionaremos algumas palavras ligadas ao teatro e suas origens.

     A palavra teatro vem do latim theatrum, do grego theatron, que significa literalmente, lugar para contemplar, lugar para olhar, de theastai, “olhar”, mais tron, sufixo que denota “lugar”. O sentido de lugar onde transcorre a ação, se aplicou também aos feitos militares, daí o nome, “teatro de operações”, que são treinamentos simulados de bombeiros e militares.

     Anfiteatro também vem do latim amphiteatrum, do grego amphiteatron, que significa “local de espetáculos duplo, com espectadores dispostos de ambos os lados do palco”, de amphi, “dos dois lados”, mais theatron, local de onde se vê. Inicialmente os teatros possuíam assentos apenas no lado voltado para o palco, seguindo a arquitetura do teatro grego. É ainda, o caso da maioria ou todos os nossos teatros atuais. Os atuais estádios de futebol são hoje, os nossos verdadeiros anfiteatros.

     O termo comédia, vem do grego komoidia, “espetáculo divertido, comédia”, de komodios, “cantor de festas”, de komos, “festa, farra”, mais oidos; “poeta, cantor”. Este termo passou por uma fase que era usado para designar “poema narrativo”, o que é a razão do livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri, ter esse nome.

     Tragédia, deriva do grego tragoidia, que significa “peça ou poema com final infeliz”. Aparentemente deriva de tragos, “bode”, mais oidea, canto. Ao pé da letra poderíamos dizer “a canção do bode”, e isso viria do drama satírico, onde os atores se vestiam de sátiros, com suas pernas cabeludas e chifres de bodes.

     Da mesma forma, drama também deriva do grego drama, “peça, ação, feito”, especialmente relativo a algum grande feito, fosse positivo ou negativo, vem de drao, “fazer, realizar, representar, lutar. ”

     Plateia, ao que tudo indica deriva do grego platea, que significa largo e plano. Inicialmente designava o lugar onde ficavam os músicos e se estendeu depois, em prédios diferentes dos teatros gregos, como no teatro à italiana, parte onde tomam assento os espectadores.

    Palco, do italiano palco, “estrado, tablado”, do lombardo palko, “trave, viga”. Seu sentido se estendeu depois ao de “tablado sustentado por vigas” e mais tarde a “estrado ou palco designado para apresentações artísticas. ”

     Cena, do latim scaena, “palco, cena, do grego skena, de mesmo significado, originalmente “tenda, cabana”, relacionado a skia, sombra, pela noção de “algo que protege contra o sol.” Para quem trabalha na área do teatro conhece muito bem os termos acima, mas, o interessante é entender a origem dessas palavras, visto que a partir daí passa-se a entender o porquê do uso corrente  e atual das mesmas.

domingo, 8 de dezembro de 2024

ABSURDA ARTE

 

 

     Recentemente aconteceu um leilão, no qual foi colocado à venda, simplesmente uma banana envolvida numa fita crepe, obra que foi arrematada por nada menos do que US$ 6,2 milhões de dólares, o que significa, R$ 35,8 milhões de reais. E para acabar de completar, o comprador foi lá e comeu a banana. Fato extremamente difícil de se assimilar, principalmente para leigos que não entendem a linguagem artística. Como que uma trivial banana chegou a ter um valor financeiro tão gigantesco?  Em primeiro lugar temos que entender o que é cultura. Em poucas palavras, a cultura reflete o modo de vida de um grupo e sua relação e contato social. Portanto, a cultura é um reflexo de como a pessoas, pensam, agem e se expressam.

     Mas...! E qual a relação entre cultura popular e cultura erudita?  Diz-se que a cultura erudita é baseada em estudos profundos, dados empíricos e conhecimentos teóricos e apresenta uma relação estreita com as classes superiores da população, ou seja, com a elite econômica e política. Dessa forma, entende-se que a cultura erudita envolve um pensamento mais crítico de um determinado grupo de pessoas intelectualizadas e acadêmicas. Por outro lado, a cultura popular, é produto de grandes grupos de pessoas, arte de massa, e com características de mais fácil divulgação, entendimento, compreensão e apresenta valores financeiros acessíveis ao grande público. É preciso entender aqui, que tanto a cultura de elite como a cultura popular foram definidas por uma elite.

     Se por um lado, a cultura popular é uma manifestação espontânea de um povo, por outro lado, a cultura erudita, é criada a partir de conhecimentos e estudos específicos de um reduzido grupo. O que diferencia a cultura erudita da cultura popular, pode-se exemplificar com a música, entendendo-se que a cultura erudita ouve clássicos como Beethoven, Tchaikovsky, Wagner, Mozart, entre tantos outros, e a cultura popular ouve a música popular brasileira, ou mesmo, o que a elite produtora dos mass media, define colocar na prateleira dos meios de comunicação, como é o caso do sertanejo, visto que na atualidade, só se houve sertanejo, no rádio, na televisão e nas redes sociais. Nos dias de hoje, se você quiser ser um cantor ou músico reconhecido, possivelmente, terá que cantar o gênero sertanejo, visto que a indústria cultural tem como seu objetivo maior, o lucro.

     A classe mais alta de uma determinada sociedade, financeiramente falando, procura um jeito de acumular recursos, em função disso criou a obra de arte, para poder ter um patrimônio mais seguro, como por exemplo, adquirir um quadro de um artista famoso, como Leonardo da Vinci, ao invés de ter que depositar dinheiro num banco. E é por isso, que pessoas muito abastadas sempre possuem coleções de obras raras, visto que é uma forma de acumulação de capital bastante segura. Neste caso, a elite cria o valor para determinadas obras para aplicar seus recursos financeiros. A banana do leilão, foi comprada numa feira livre pelo valor de apenas US$ 0,25 centavos de dólar, e foi vendida por US$ 6,2 milhões de dólares, entretanto, conclui-se que esta transação poderia ser também, para lavagem de dinheiro.

domingo, 1 de dezembro de 2024

CINEMA E DIREITOS HUMANOS

 


     Na semana de 18 a 22 de novembro próximo passado, Macapá se fez presente, juntamente com mais 25 capitais do país e o Distrito Federal, na 14ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos, evento que foi realizado simultaneamente, pelo Ministério da Cultura, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, e Universidade Federal Fluminense. Aqui em Macapá, o produtor responsável pelo acontecimento foi o Dr. Aldrin Viana de Santana, professor Adjunto do Curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá. O referido evento aconteceu no Cineteatro Territorial, com entrada franca para o público em geral. Esta programação aconteceu como estratégia do Governo Federal para a consolidação da educação e da cultura em Direitos Humanos com o suporte de oficinas e exibições de filmes brasileiros totalmente gratuitos.  

     A programação se estendeu por toda a semana com projeções de filmes de curta-metragem, com enredos que sempre enfocavam questões relacionadas aos direitos humanos, denunciando muitas situações que são enfrentadas por várias camadas da população, excluídas do sistema social, como: negros, índios, agricultores, nanismo, gente de periferia, entre outros. Em cada encontro, eram projetados entre três a seis filmes curtas, quando no final, uma banca com três convidados, passava a debater sobre cada tema proposto pelos filmes. Outra questão interessante, é que as equipes como diretores e roteiristas, também eram pessoas excluídas e fora do sistema comercial do cinema nacional.   

     Durante toda a semana, vários filmes foram projetados, como: Abá, de Cristina Amaral e Raquel Gerber; Belos Carnavais, de Thiago B. Mendonça; Sem Asas, de Renata Martins; Confluência, de Dacia Ibiapina, entre outros. No dia 22, sexta-feira, estive presente na mesa debatedora, com a objetivo de discutir os seguintes filmes: Big Bang, de Carlos Segundo; Habito, de Fernando Santos; A Luta das Mulheres Avá Guarani, de Carol Mira; Sobre a Cabeça os Aviões, de Amanda Costa e Fausto Borges; Pássaro Memória, de Leonardo Martinelli, e ainda, Fluxo - O filme, de Filipe Barbosa. Outras personalidades também fizeram parte das mesas desse evento, como: Professora Dra. Elda Gomes, Professora Especialista Débora Bararuá, Professor Dr. Joaquim Neto, Prof. Dr. José Flávio Gonçalves, Profa. Dra. Sílvia Carla, Profa. Mestra Claudete Machado, e Professora especialista Ana Caroline.

     Sem dúvida, o Cineteatro Territorial, que está totalmente restaurado, foi o melhor espaço para receber a 14ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos, tendo em vista que, na atualidade, é de suma importância, seu valor cultural para a sociedade amapaense. O referido prédio tem hoje, uma excelente equipe, sendo: Profa. Carla Antunes, como Coordenadora; Profa. Adriana Pantoja, como assessora técnica e pedagógica, e Rosilene Cardoso, também na assessoria técnica e pedagógica. Vale ressaltar que, como primeiro prédio construído, ele foi inaugurado no dia 22 de julho de 1944, pelo então Governador do Território, Janary Gentil Nunes, e surgiu inicialmente como Centro de Convenções, depois, Cineteatro Macapá, e, em seguida foi denominado de Cineteatro Territorial. A partir de 1948, muitos artistas famosos do Brasil, se apresentaram no Cineteatro Territorial como: Procópio Ferreira, Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro, Luiz Gonzaga, Rodolfo Mayer, Concita Mascarenhas, Trio Iraquitam, Dalva de Oliveira, entre outros.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A PESQUISA E O VALOR DO TEATRO AMAPAENSE

 


     Trago neste artigo, as palavras de Fernando Canto, na ocasião em que ele escreveu o prefácio do meu livro lançado em 2021, História do Teatro do Amapá: Do século XVIII à Década de 1940, ele prontamente aceitou escrever o prefácio, que inicia-se da seguinte forma: Professor Titular da Universidade Federal do Amapá – Unifap,  além de ser o mentor e de ter implantado o curso de Licenciatura Plena em Teatro na Instituição, Palhano foi um dos primeiros pesquisadores a escrever sobre o teatro amapaense. Suas pesquisas remontam de muitos anos, pois apesar do curso ser relativamente novo, o autor já vinha se dedicando a este ramo da arte e do conhecimento desde que iniciou como um dos pioneiros da Unifap, há quase trinta anos. Palhano publicou inúmeros livros, abarcando com maestria gêneros que variam entre a poesia e a crônica, entre histórias infantis e textos memoriais, pois seu espírito eclético lhe permite essa excursão indubitavelmente afortunada.

     Agora, neste livro, o autor devolve o resultado de uma pesquisa que será útil para todos aqueles que trabalham no campo histórico-estético-cultural e/ou da pesquisa teatral do Estado do Amapá. O “História do Teatro do Amapá” traz à tona uma série de acontecimentos até então desconhecidos para o segmento, pois aprofunda e discute fatos importantes para que o leitor tenha uma ideia das dificuldades encontradas pelos profissionais e amadores que vieram realizar suas atuações pioneirísticas desde as notícias do então Brasil Colônia do século XVIII até o cenário existente e em construção no extinto Território Federal do Amapá dos anos 40 do século passado, ainda em construção. Palhano revela aspectos do teatro de rua de Mazagão Velho, que é um esforço de escenificação popular da Festa de São Tiago, onde muçulmanos e cristãos travam lutas simbólicas em cavalhadas, para que os últimos demonstrem a hegemonia da Igreja sobre os “infiéis”, incorporando um papel guerreiro em várias cenas de batalhas sangrentas nas quais são os vencedores.

     Palhano rememora o tempo da própria Mazagão e suas pequenas óperas encenadas na igreja de Nossa senhora da Assunção, onde os padres (que nessa época já ensinavam música a seus acólitos de origem indígena) também montavam óperas de cunho moral e religioso como “Demofonte na Trácia” e “Dido Abandonada”, do italiano Metastasio, além de promoverem cortejos e peças em homenagem à Dona Maria I, que substituiu seu pai Dom José (e consequentemente o Marquês de Pombal) no reino de Portugal. Ele afirma que a “encenação das batalhas entre mouros e cristãos em espaço aberto, a Vila de Nova Mazagão (hoje Mazagão Velho) tornou-se o primeiro espaço teatral de arena do Amapá, ou seja, o primeiro teatro ao ar livre do Amapá. Depois disso continua indagando, especulando e provocando os pesquisadores históricos sobre diversas dúvidas de origem das festas.

     Mas é na década de 40 que as ações artísticas e teatrais se intensificam. Graças a visão administrativa do primeiro governador do então Território Federal do Amapá, criado em 1943 e instalado em 1944, foram criados vários aparatos urbanos na capital Macapá, entre eles o cineteatro amapaense, posteriormente conhecido como Cine Territorial. Nesse período o autor aborda aspectos interessantes sobre as companhias de teatro que vieram se apresentar na capital, bem como sobre o rol de artistas famosos que atuaram no palco de cineteatro. Não se pode omitir a relevância do auditório da Rádio Difusora de Macapá para a música e o teatro dessa época e ainda o papel dos escoteiros e, sobretudo o das mulheres no teatro amapaense, onde o autor mostra uma clara intenção de valorizá-las em sua importância.

 


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

TRUPIZUPE NO SESC

 


     No último dia 07 do mês em curso, aconteceu no Salão do SESC/Araxá, a apresentação do espetáculo Trupizupe, O Maior Quengo do Nordeste, sendo texto do paraibano Bráulio Tavares e direção de Edilson Alves, com elenco da Companhia Soluar, também da Paraíba. Para chegar ao Amapá, por um lado, esta companhia foi selecionada pelo Edital Arte na Bagagem de apoio à circulação artística, do Governo da Paraíba, a partir da Secretaria de Estado da Cultura, por outro, com a assistência do SESC/Araxá, instituição que promoveu a produção local, oferecendo o suporte necessário para que o grupo pudesse se estabelecer aqui no Amapá, responsabilidade que ficou sob a tutela do ilustre Professor e Educador Cultural, Genário Dunas.  

     O texto de Bráulio Tavares nos remete à estética da esperteza de tantos e quantos personagens que surgiram na Península Ibérica, os quais, possuem sempre as mesmas características, mas, dependendo de cada região, se apresentam sempre com cognomes diferentes. Trupizupe se encaixa nesse contexto, tendo em vista que é um personagem, cujas características se incluem: malandro, sedutor, de origem humilde, tolo, ingênuo, louco e sábio, são heróis populares que sempre estão cheios de artimanhas. Personagens que possuem em comum: a irreverência, a espontaneidade, a não submissão ao estabelecido, a comicidade, e por vezes, a crueldade. Os ancestrais de Trupizupe são encontrados em Pedro Malasartes, e ainda no personagem Nasrudin, famoso nas histórias árabes.

     A concepção cênica de Edilson Alves, transformou o espetáculo numa osmose do drama, da música e da tragédia, respectivamente, com a insistência de navegar tanto em águas calmas quanto em maremotos, levando-se em consideração que, inicialmente a mise en scène tenha sido elaborada com perspectiva para ser apresentada em locais abertos, como as ruas, mas, que se adaptou definitivamente na caixa cênica do palco à italiana. A sonoplastia ao vivo, que tem por base um acordeom, envolvendo músicos e atores como um coro em uníssono, dá motivo musical à montagem, e nos remete à participação efetiva, do coro, como personagem, na tragédia grega, principalmente em Ésquilo.  

     Em vários contos escritos pelos irmãos Grimm há muitas histórias de rapazes humildes, geralmente camponeses que sabem tirar proveito de qualquer situação. Esses personagens centenários continuam se multiplicando pelo mundo afora, e aqui no Brasil tem um que ficou muito famoso, que é o João Grilo de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Trupizupe, como tantos outros, são nossos personagens anti-heróis, repletos de falhas de caráter, preguiçosos, malandros e espertos, e sempre são os protagonistas das histórias, mas que agem com astúcia, criatividade e irreverência. O enredo enfoca as astúcias de Trupizupe, que ao chegar em um reino, encontra um vice-rei corrupto, cria várias situações com malícia, sutileza e talento, até conseguir seu objetivo maior que é o de se casar com a princesa. Trupizupe o Maior Quengo do Nordeste é um espetáculo que eu recomendo.

domingo, 10 de novembro de 2024

TEATRO E PESQUISA CIENTÍFICA

 


     Na última sexta-feira, 18 de outubro, aconteceu um evento no Aeroporto Internacional de Macapá, relacionado à pesquisa científica, intitulado: Prêmio Destaque e Iniciação Científica e Tecnológica, da Universidade Federal do Amapá. Na ocasião, foi entregue prêmios a vários acadêmicos das mais diversificadas áreas do conhecimento científico. Por sua vez, o Curso de Licenciatura em Teatro, também vem conquistando seu espaço, visto que acadêmicas do curso também foram contempladas.

     Ressalto, que como pioneiro, as primeiras pesquisas relacionadas ao teatro do Amapá, tiveram início no ano de 1995, com minha chegada à Universidade Federal do Amapá. No entanto, vale salientar que a partir da implantação do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP, ao longo desses últimos dez anos do curso, essas pesquisas ligadas às artes cênicas, se ampliaram consideravelmente, sendo que as mesmas, vêm sendo realizadas em trabalhos de iniciação científica, a partir de publicação de artigos, defesas de Trabalhos de Conclusão de Curso, como também em Mestrados e Doutorados, como foi o caso do Professor Dr. Bruno Sérvulo, pertencente aos quadros do Instituto Federal do Amapá - IFAP, e ainda, o Professor Dr. Fred Carvalho, atual Coordenador do Curso de Teatro da UNIFAP.

     E foi em função do trabalho de professores orientadores e acadêmicos orientandos de iniciação científica que no ano de 2021, o acadêmico do Curso de Teatro, Kai Henrique Silva Fernandes, o qual foi orientado pelo Professor Dr. José Flávio Gonçalves da Fonseca, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Destaque de Iniciação Científica 2021, com a apresentação do trabalho “Experimentando Dramaturgias Digitais”, o qual, foi selecionado pela banca examinadora da área da Educação, Linguística, Letras e Artes do X Congresso Amapaense de Iniciação Científica - CONAIC, realizado no período de 05 a 08 de outubro daquele ano.

     Já neste ano de 2024 mais duas acadêmicas do Curso de Teatro da UNIFAP, também galgaram o primeiro e o terceiro lugares, no XIII Congresso Amapaense de Iniciação Científica do Amapá. A cerimônia de entrega dos prêmios aconteceu no dia 18 de outubro no Aeroporto Internacional de Macapá, realizado dentro da programação da 21º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Amapá. Neste caso, duas acadêmicas do Curso de Teatro da UNIFAP, foram selecionadas e receberam o prêmio da área da Educação, Linguística, Letras e Artes.

     Tendo como orientador o Professor Dr. Emerson de Paula, a acadêmica e orientanda de iniciação científica, Sofia Correa de Abreu, galgou o primeiro lugar no certame, com a pesquisa intitulada: Estudos em Teatros Negros no Amapá: jogos Afrocentrados, Cena e Dramaturgia Negra. Por outro lado, a Professora Dra. Adélia da Silva Carvalho foi a orientadora de iniciação científica da discente, Iara dos Santos Piris, à qual conquistou o terceiro lugar nesse mesmo evento, com a pesquisa intitulada: Teatro Negro na Educação Básica. As duas acadêmicas foram selecionadas pelas bancas examinadoras da área da Educação, Linguística, Letras e Artes do XIII Congresso Amapaense de Iniciação Científica. Frente a esses fatos, é proeminente que as pesquisas na área do teatro e sobre o teatro do Amapá tem se intensificado nesses últimos 10 anos em função da Implantação do Curso de Teatro da UNIFAP.

domingo, 3 de novembro de 2024

ODE A FERNANDO CANTO

 

ODE A FERNANDO CANTO

                                                                                                                                       

     Conheci o professor Fernando Canto lá pelos idos anos de 1994, do século XX, quando eu assumi uma cadeira de professor no Núcleo Pedagógico Integrado da Universidade Federal do Pará. Nosso primeiro contato foi exatamente a partir da cultura, visto que eu havia dirigido com alunos do NPI/UFPA, o espetáculo de revista, Para Esse Barco não Pará, e fizemos uma temporada na Praça Presidente Vargas, no Núcleo de Cultura da UFPA, instalado naquele famoso jardim. Foi nesse encantador espaço que tive minhas primeiras impressões em relação ao escritor Fernando Canto. Como conhecedor, desbravador e eclético, ele exercia no mínimo duas funções naquela casa de ensino, por um lado, técnico, e por outro, professor da disciplina de sociologia.

     Ainda em 1994, resolvi me submeter a concurso para a Universidade Federal do Amapá. Com resultado positivo, e perante a necessidade de concluir meus diários, no finalzinho do ano, tive que solicitar exoneração da UFPA. Já no dia 2 de janeiro de 1995 tomei posse na UNIFAP, minha casa preferida, à qual, permaneço até os dias atuais. E foi neste mesmo ano que certo dia, encontrei Fernando Canto, já como servidor da UNIFAP. Na ocasião, lhe perguntei: - Ué! Mas...! Você é irmão daquele rapaz que trabalha na UFPA?  Ele me respondeu: - Sou eu mesmo, agora estou aqui como funcionário da UNIFAP. Fiquei espantado por tê-lo visto por aqui, e podermos então, compartilhar a partir daquele momento, numa instituição, à qual, passaríamos longos anos.

     Com o passar dessas três décadas venho acompanhando toda a dedicação laboriosa do músico Fernando, para com nossa UNIFAP e para com o Estado do Amapá. Estivemos, pari passu, compartilhando os mesmos sentimentos em relação à nossa querida UNIFAP. Naquela época, nossa universidade era embrionária e continha apenas nove cursos de graduação, com espaços físicos que eram mínimos, mas por outro lado, como ressalva muito bem, o Fernando professor com olhar de poeta: - em suas paredes e seus pavilhões outrora cintilantes, decorados pelo material escuro tanto tempo cobiçado... referindo-se às paredes que eram revestidas de pedras de manganês, e que que representavam a grande riqueza econômica do Amapá.  Era uma época, na qual, docentes e técnicos se irmanavam com orgulho, fixando um olhar no futuro, com o grande objetivo de um dia entregarmos para as próximas gerações, uma grande universidade, como a conhecemos na atualidade. 

     E é nessa hora, neste ano de 2024, quando nosso tão propalado Fernando Canto, doutor, poeta, professor, cronista, músico, escritor, compositor, instrumentista, presidente da Academia Amapaense de Letras e, grande divulgador da cultura amapaense, se despediu deste plano na última terça-feira, dia 29. Reconheço plenamente, que sua missão foi cumprida, em particular, em nossa instituição de ensino superior, e em geral, no Estado do Amapá como um todo. Não só isso...!! Este ciclo glorioso, ele fechou com chave de ouro, com a publicação, no ano passado, do seu livro intitulado: Universidade Equatorial: uma aventura acadêmica, e que acrescenta humildemente no seu subtítulo, como: uma prestação de contas poética do Servidor Público Federal. Aproveito aqui, e tiro o chapéu para o amigo Fernando, e é por isso que eu sempre digo: Fernando está aqui, ali e acolá...! Salve FERNANDO, que continuará em todo CANTO, desse vasto Amapá.

 

domingo, 27 de outubro de 2024

FUNCIONÁRIO PÚBLICO

 


     Amanhã será o dia do Servidor Público, esta data homenageia àqueles que se dedicam exclusivamente a atender ao público, foi criada na Era Vargas. O serviço público começou a ser regulamentado e foi posto em funcionamento por meio do decreto-lei nº 1.713, de 28 de outubro de 1939. Em seguida o Presidente Getúlio Vargas decidiu criar uma data para comemorar o dia do funcionalismo público, e foi assim que surgiu o dia do Servidor Público. A criação dessa data foi determinada pelo decreto-lei nº 5.936, em 28 de outubro de 1943. Em artigo único, seu texto determina que: “O dia 28 de outubro será consagrado, em todo o País, ao “Servidor Público”. Interessante é que esta data, apesar de sua importância, não é considerada um feriado nacional, porém é tida como ponto facultativo, quando a União, os estados e municípios todos os anos, sempre a comemoram. 

     Em muitos casos, quem está fora do serviço público, não entende plenamente como ele funciona. Por outro lado, geralmente há um olhar diferente em relação ao serviço público, no que diz respeito, de como o servidor deve exercer suas funções. Em várias repartições públicas percebe-se aqueles mais dedicados que outros, visto que cada um traz dentro de suas perspectivas de vida, seus sonhos e seus ideais. Com 38 anos de serviço público dá para perceber esse pensamento, quando da entrada de novos servidores, que trazem perspectivas deturpadas do seu métier na amplitude pública. Em sua grande maioria, novos servidores públicos almejam tirar proveito do serviço público, ideia que não combina com os preceitos e com as leis destinadas voltadas para esse tipo de serviço.

     Ao pensar em se candidatar à um concurso público, o futuro servidor, precisa se inteirar de que ninguém faz o que quer e o que pensa nessa área profissional, visto que há regimentos, códigos de ética, resoluções, leis superiores, entre outros tantos documentos que regem este setor, os quais, consequentemente determinam o compromisso, os deveres e direitos dos funcionários públicos. Ou seja, há uma infinidade de leis que regem a vida profissional daquela pessoa que deveria servir e respeitar o público em geral. Se por um lado, em função de sua total dedicação às suas atividades laborais, o servidor pode receber uma Portaria de Elogio, por outro, em função de realizar algo, como por exemplo, macular o nome da instituição, ele também poderá responder a um Processo Administrativo Disciplinar, receber uma Portaria de Advertência e, até ser demitido da instituição pública.

     A própria sociedade em geral, parece que a todo custo, observa o serviço público como algo que não funciona, como uma grande máquina desgastada. Isto não deve ser generalizado, visto que muitas áreas do serviço público no Brasil, já demonstraram resultados excelentes para a população. E, muitas vezes, o setor que mais sofre com essas Fake News, é a própria Universidade e a educação em geral. A educação precisa ser vista como um dos pilares da sociedade, visto que um país sem cientistas é um país sem progresso. Os países mais ricos fomentam e investem pesado em pesquisa, em busca de um futuro melhor, e que também gere renda para o próprio país. É certo que as instituições públicas, sejam elas em nível federal, estadual ou municipal, e inclusive, o servidor público, fazem parte deste grande suporte para o crescimento da sociedade brasileira. Viva o Funcionário Público.

 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

CURSO DE TEATRO - 10 ANOS

 

                                                    

     Em 1994, quando aqui cheguei para realizar prova de concurso público para professor do Magistério Superior, trouxe comigo uma missão: a de implantar o Curso de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal do Amapá. Ao longo das últimas três décadas muitos foram os eixos que nortearam a reflexão da formação docente na área do teatro. Porém, atualmente o que centraliza os entendimentos é a qualificação em nível de ensino superior que perpassa pela emergente necessidade de ampliar a discussão acerca das reflexões e possibilidades didáticas e pedagógicas que o espaço acadêmico provoca na contemporaneidade e as circunstâncias e convergências reflexivas, sensorial e estética que abriga a linguagem teatral, sobretudo na promoção e formação dos sujeitos de modo geral.

     Já em 02 de janeiro de 1995, após minha posse como professor efetivo da disciplina de Teatro, do antigo Curso de Licenciatura em Educação Artística, minha primeira atitude foi ministrar uma oficina de teatro de 40 horas para acadêmicos dos cursos de Educação Artística e Letras, respectivamente. Nesse mesmo ano, comecei a elaborar o primeiro Projeto Político Pedagógico do que seria o futuro Curso de Teatro do Amapá. Em função da criação de uma comissão para implantação de novos cursos, em 1996, protocolei o primeiro projeto de implantação do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP. No entanto, naquela ocasião, não houve reconhecimento daquela comissão para a implantação do referido curso.

     O segundo projeto de implantação do Curso de Teatro da UNIFAP, foi protocolado no ano de 2001, entretanto, mais uma vez, também não houve prosseguimento do processo, muito menos, uma perspectiva de aprovação do mesmo. Nove anos passados, ou seja, em 2010, fui convidado pelo professor Dr. João Batista de Oliveira, que na época era o Diretor do Departamento de Letras e Artes. Naquela ocasião, o Prof. João Batista, me solicitou para retomar o projeto de implantação do Curso de Teatro. Resolvi, em última instância, recuperar o projeto, iniciando o novo encaminhamento de estudos das possibilidades para elaboração do novo Plano Político Pedagógico do referido curso.

     Algumas questões fundamentais me fizeram continuar tal labor, tendo em vista que no turno da manhã havia várias salas vazias naquele Departamento, levando-se em conta que, desta vez tivemos o total apoio da administração da Universidade, cujo Reitor era o professor Dr. José Carlos Tavares Carvalho, estando na Pró-Reitoria de Graduação a Profa. Dra. Adelma das Neves Nunes Barros Mendes, cujos professores, foram personalidades determinantes para o sucesso da implantação do curso. Outro fator preponderante, foi a publicação, em 2013, da obra: Curso de Teatro no Amapá: Concepções e Proposições para o Ensino Superior, de minha autoria. Fato é que distribui exemplares em todas as instâncias da instituição.  

 

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

SUBLIME DOCENTE

 

 

     Próxima terça-feira comemora-se o dia do professor, em função disso, faço aqui um relato da minha trajetória de 42 anos dedicados à educação desse país. Comecei a lecionar por uma necessidade econômica; o ano era 1982, já estava cursando a graduação em Educação Artística na Universidade Federal da Paraíba. Eu acabara de sair de um emprego de escriturário na famosa transportadora Dom Vital. Foi o momento em que tive que morar na casa universitária masculina, como também, sair em busca de uma escola para ministrar aulas de Educação Artística. Passei dois anos lecionando no Instituto Sólon de Lucena, na cidade de João Pessoa. Apesar de não ter tido garantido meus direitos trabalhistas, foi um momento de muita dedicação e aprendizagem.

     Em 1984, já numa escola mais organizada, pela primeira vez, tive minha carteira assinada como professor de artes, ao trabalhar no Colégio João Paulo II, também um estabelecimento da rede privada. Com a oportunidade de me dedicar aos afazeres da universidade, eu precisava pagar meu vale transporte como também as bandejas no restaurante universitário, e por isso, tive que dividir minha vida, entre a universidade e o trabalho. Tendo iniciado em 1980, e, levando-se em consideração o atraso que houve no desenvolvimento do meu curso de graduação, só tive condições de finalizá-lo no período de cinco anos. Neste caso, o ano de 1985, foi o grande momento da conclusão do curso e da minha colação de grau. E assim, conclui o Curso de Licenciatura em Educação Artística, com habilitação em Artes Cênicas.

     Como professor, os primeiros seis anos do início da minha carreira, vivenciei na escola da rede privada de ensino. Por isso, trabalhei como professor na rede particular, de 1982 a 1988. Muito me dediquei para estudar para concursos públicos na minha área, assim sendo, em 1986, fui aprovado em segundo lugar num concurso para professor da Prefeitura Municipal de João Pessoa, sendo que, tomei posse em dezembro de 1987. Ainda neste finalzinho do ano tive a honra de ser selecionado para cursar o Mestrado em Serviço Social, ainda na UFPB. De outra parte, me inscrevi em outro concurso público, desta vez, do Governo do Estado da Paraíba, o qual, também fui aprovado em segundo lugar.  

     Naquele período da minha vida, entre o final do ano de 1987, e início de 1988, realmente, eu tive um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, tendo em vista que, em função das minhas conquistas, tive que deixar o ensino privado e passar para o ensino público, assumindo aulas na rede municipal e rede estadual de ensino, além de ingressar como aluno efetivo do Curso de Mestrado em Serviço Social. Nessa época, minha vida deu um giro de 360º, e, pensando no meu futuro, tive que dar conta de todos esses afazeres.

      Em 1993, me submeti a mais um concurso para trabalhar no Núcleo Pedagógico Integrado – NPI, da Universidade Federal do Pará. Portanto, outro momento semelhante também veio a acontecer no ano de 1994, quando noutro giro de 360º, fui aprovado em primeiro lugar, sendo que desta vez, em fevereiro de 1994, assumi minha vaga na UFPA. Foi o momento de deixar a velha Paraíba e me instalar em Belém do Pará. Não satisfeito com minha estada no Pará, resolvi me submeter a mais um concurso, desta vez, em setembro de 1994, na recém-fundada Universidade Federal do Amapá (à qual se tornou minha casa preferida), quando também obtive o primeiro lugar. Instituição onde permaneço há 30 anos, sendo que, o mais significante de todo o meu trabalho, aqui no Estado do Amapá, foi a implantação do Curso de Licenciatura em Teatro. Escolhi acertadamente a carreira do magistério. Ser docente é ser sublime.   

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

SAGA DO HERÓI

 

 

     Basicamente, se olharmos para todo herói, iremos perceber que há muita coisa de semelhante, principalmente no que diz respeito à sua trajetória, à sua história; visto que todos eles seguem o mesmo enredo, o mesmo caminho ou a mesma saga. Quem já assistiu um filme de western ou bang-bang, sabe disso! Inicia-se quando, geralmente, nasce numa família muito humilde. Possui força sobre-humana precoce; e de acordo com seu desenvolvimento, consegue rápida ascensão ao poder, além de muita notoriedade. Torna-se defensor da justiça e cheio de virtudes, e na sua trajetória final, ou morre ou se torna herói reconhecido pelo seu povo.

     O herói geralmente, sai do seu mundo comum, passa por um mundo diferente e desconhecido, e retorna ao seu mundo comum, como verdadeiro herói. Como isso acontece? Vejamos: primeiramente há um chamado para a aventura, uma mensagem ou um convite de alguém, na verdade um desafio que ele deverá aceitar, ou não. Aqui, ele ainda está em seu mundo cotidiano. Para sua difícil decisão, sai em busca de alguém mais sábio, um oráculo, talvez! Em busca de conselhos e ajuda. Em função de sua decisão, segue seu rumo, cruzando o portal do seu mundo normal, seguro e tranquilo, e adentrando num mundo especial, desconhecido e cheio de provações e aventuras.

     Já no mundo completamente misterioso, o herói terá que passar por testes e provações; e este é o momento em que muitas situações adversas possivelmente irão acontecer, como, por exemplo, escapar de uma armadilha, descobrir o enigma e matar um monstro. Lembremos da saga de Ulisses no seu retorno à Ítaca; em Édipo Rei, quando mata a esfinge, ou ainda os 12 trabalhos de Hércules. E aí, chega a hora de encarar a maior provação, que se torna o maior temor do herói, mas que inevitavelmente ele terá que enfrentar tais situações. Este é o mais difícil momento do herói, tendo em vista, que ele, enfrentará a morte, e poderá matar o monstro ou até mesmo morrer.

     Ao vencer todas as suas provações, com certeza, o herói exige um prêmio, uma recompensa, algum tesouro, ou poder, como aconteceu com Édipo, que se tornou rei de Tebas. No desfecho de sua caminhada, o povo se curva respeitosamente diante do herói e o transforma em rei ou pessoa importante. Portanto, há várias formas de se decidir o desfecho final. Então, chega o momento do herói sair do seu mundo especial, e retornar ao seu mundo normal, já como herói reconhecido. Acontece que, depois de toda essa aventura, ele retorna a seu mundo normal, rejuvenescido e com uma nova vida. Foi preciso todo esse desenlace para que o mesmo se tornasse um herói. Seu gesto, sua decisão e sua atitude o transformaram em herói. 

     Em função de que todas as tramas foram resolvidas, o herói volta ao seu mundo cotidiano, mas com um nível mais elevado, já não é mais o mesmo, deixando de ser algo comum, para ser um herói. Isso também acontece com o personagem Flick, herói do filme “Vida de Inseto”, Édipo, na peça “Édipo Rei”, de Sófocles, como também fica muito claro no personagem “Ulisses” da “Odisseia”, e ainda, vamos encontrar esses heróis em muitos filmes populares. Os candidatos eleitos serão os heróis do dia.

 

 

domingo, 29 de setembro de 2024

SER POLÍTICO

 

 

     Em toda minha vida, desde que completei meus 18 anos e votei pela primeira vez, já havia decidido em qual lado eu votaria, sou um daqueles que não se deixa levar por debates políticos, nenhum debate mudará meu voto, não me deixo influenciar pelos debates televisivos.  Entendo que o debate é para aquelas pessoas que estão indecisas. Aí, sim... nesse caso, o debate é de fundamental importância.  Portanto, quando um político ganha um debate, não significa dizer que ele irá fazer uma boa administração. Inicialmente, minha formação política começou num grupo de teatro do interior da Paraíba. Ainda na década de 1970, conheci a arte política, de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Mercedes Sosa, Geraldo Vandré, entre tantos outros.

     Já na universidade, em meio à luta política dos estudantes em prol da liberdade de expressão, passei a entender minha situação social, política e econômica. A universidade me revelou minha situação enquanto classe social, o que em muito contribuiu com minha compreensão dessa sociedade que se diz moderna. A conquista da universidade, me custou muito caro, visto que tive que deixar o interior e me adaptar ao grande mundo das grandes cidades. Numa difícil situação financeira, morei na casa do estudante, e durante os cinco anos do curso de graduação, dependi exclusivamente do restaurante universitário. Muitas vezes, pegava carona da casa do estudante até a universidade e vice-versa. Mas foi na universidade que conheci, Kal Marx, Maquiavel, Thomas Mórus, Bertold Brecht, Nietzsche, Aristóteles, Platão, Sócrates, Epicuro, Imanuel Kant, Heidegger, Isaac Newton, Schopenhauer, entre tantos outros cientistas e filósofos.

     Como cientista, sou daqueles que, como Sócrates, com dúvida de tudo, sempre esteve em busca de resposta para suas perguntas. Não me deixo enganar por discursos competentes, de tantos e quantos candidatos que se oferecem para resolver os problemas da sociedade, como acontece geralmente, em período de eleições. O que se percebe, é que na época de eleição, a grande maioria dos candidatos se apresentam com muitas resoluções para pequenos e grandes problemas sociais. Refletindo esses casos, o que se vê é uma repetição em mote continuo, de muitos problemas sociais, que há bastante tempo, já deveriam estar resolvidos. E aí, sempre me pergunto, residindo há 30 anos em Macapá, por que nunca foi resolvido a questão do transporte urbano. Vale salientar, que esta não é uma questão localizada, já que em muitas cidades brasileiras, a precariedade do transporte urbano é um fato.  

     Infelizmente, na prática, é assim que acontece em várias cidades brasileiras. A democracia muitas vezes se apresenta cheia de contradições, por exemplo, para ser professor de uma universidade hoje, o candidato necessita no mínimo possuir um curso de Mestrado, enquanto que para ser político o que se exige apenas é que o candidato saiba assinar seu nome. Entre todas as atitudes do homem o teatro está sempre presente, principalmente no período de eleição quando candidatos procuram representar o que não são na realidade, ou seja, vislumbram com a criação de seus personagens, conquistar os eleitores. Sigamos em frente.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

MÁRIO QUIRINO E O TEATRO

 


     1938, foi o ano de fundação do Teatro do Estudante do Brasil, que se iniciou na cidade do Rio de Janeiro, na ocasião, sendo seu mentor, Paschoal Carlos Magno. O TEB, se tornou um dos grandes movimentos teatrais da história do teatro brasileiro. Desde então, esse movimento teatral organizado, se espalhou por todo o Brasil. Sendo assim, a partir dessa década, as principais capitais brasileiras, tivessem ou não sua universidade ou faculdade, passaram a fundar seus grupos de teatro do estudante. Fenômeno que aconteceu inclusive, em escolas de ensino fundamental e médio, tendo sido este, o caso do estado do Amapá. Indubitavelmente, Macapá não ficou fora desse ciclo, e também fundou o seu Teatro o Estudante.

     Após 10 anos de atividades desse glorioso movimento teatral, 1948, torna-se o ano de fundação do Teatro do Estudante do Amapá. Das inaugurações e reinaugurações do Cineteatro Territorial, que houveram ainda na década de 1940, a quarta e última aconteceu no dia 03 de junho de 1948, com a presença do Teatro do Estudante do Amapá, o qual, estreou sua primeira peça Joaninha Buscapé, comédia em 3 atos, sendo original de Luiz Iglesias, com direção de Marcílio Viana e cenografia de Aluízio Carvão. Esta reinauguração aconteceu em função do desabamento do antigo telhado. O Teatro do Estudante do Amapá era composto por alunos e alunas do Ginásio Amapaense. Sua estreia foi noticiada em anúncio pelo Jornal Amapá, Ano IV, número 170, Macapá, 12 de junho de 1948, com o título: O Promissor Início do Teatro do Estudante do Amapá: constitui motivo de grande prazer a todos os que compareceram ao Cine teatro Territorial no dia 3 do corrente, gentilmente convidados, a instalação do Teatro do Estudante do Amapá.

     Era um grupo com finalidade educativa, visando o desenvolvimento e o gosto pela cultura artística, motivando os jovens a partir da montagem de peças teatrais. Mário Quirino, Lizete Aimoré, Nazí Gomes, Papaléo Paes, Araújo Filho, Ida Aimoré, Raimundo Barata e Vilela Monteiro, eram alguns dos jovens que faziam parte do elenco e do referido grupo de teatro. Está claro que, por sua desenvoltura, pela sua dedicação e forma de representar, criando e dando vida a vários personagens, e notadamente, sendo aclamado pela plateia; segundo a crítica da época, o principal e mais famoso artista daquele grupo, era sem dúvida, o ator Mário Quirino. Ele tinha excelente vocação artística, e representou como ninguém, o criado Velho João, no espetáculo Joaninha Buscapé, na estreia do Teatro do Estudante do Amapá.

     Na ocasião da estreia da peça Joaninha Buscapé, do Teatro do Estudante do Amapá, em 03 de junho de 1948, no Cineteatro Territorial, sabe-se que o ator Mário Quirino fez com segurança e realismo o papel do Velho João. Com boa dicção, desembaraço, segurança na interpretação e efetiva fixação do personagem em cada cena, foi consagrado como ator do futuro. Foi o mais aplaudido ator daquele espetáculo. Certamente, ovacionado como ótimo ator. Em função de sua desenvoltura no palco, foi selecionado para participar de oficina de teatro, ministrada pelo Teatro do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro. Há notícias de que o Teatro do Estudante do Amapá permaneceu ativo até o ano de 1953, e se tornou um dos principais veículos de educação popular do Amapá. Em sua homenagem há uma instituição conhecida por Escola Mário Quirino, localizada no Bairro do Congós.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

UBS LÉLIO SILVA

 


     Todos já ouviram falar da unidade de saúde Lélio Silva, ele era médico muito conhecido no Amapá desde a década de 1940. Em 16 de fevereiro de 1950 houve um naufrágio no rio Cassiporé em função da pororoca, em que faleceu o Dr. Lélio Gonçalves da Silva, que na ocasião era Diretor e médico do Posto Misto do Oiapoque.  A equipe de saúde que estava atendendo ribeirinhos do rio Cassiporé, estava se organizando para retornar à Macapá. De acordo com as notícias, o médico preferiu esperar passar a pororoca, porém, o senhor que pilotava o barco, decidiu sair mais rápido para chegar mais cedo à Macapá.

     Na embarcação, estava o médico, mais dois senhores e uma enfermeira muito conceituada na região. O problema é que num determinado local tiveram que enfrentar a pororoca, na ocasião, o piloto não conseguiu dominar a embarcação e infelizmente, o barco foi para o fundo do rio.  Este foi o naufrágio, no qual, faleceu o Dr. Lélio Silva. Em homenagem à sua dedicação na área de saúde no Amapá, colocaram seu nome numa das unidades de saúde do município de Macapá.

     Apesar de boa parte da população já ter ouvido falar sobre Dr. Lélio Silva, acontece que este evento também foi transformado em texto dramatúrgico. Essa outra homenagem foi realizada por um conhecido radialista; pelo rádio ator Paulo Roberto, que na época trabalhava na rádio difusora de Macapá. Este fato pode ser localizado no Jornal Amapá, Ano 6, número 269, Macapá, 06 de maio de 1950, onde enfoca que: inspirado na dedicação e espírito de sacrífico do jovem e pranteado clínico, o conhecido rádio-ator Paulo Roberto, organizou e transmitiu através do seu popular programa <<Obrigado Doutor>>, que a Rádio Nacional irradia todas as terças-feiras, às 20 horas, a peça intitulada << A Tragédia do Amapá>>.     

     O referido programa intitulado “Obrigado Doutor” tinha como patrocínio o Leite de Magnésia da Phillips. Dr. Lélio Silva era médico. O texto foi escrito em sua homenagem pelo rádio ator Paulo Roberto que exercia suas atividades na Rádio Nacional, que na atualidade é conhecida como Rádio Difusora de Macapá.

     Embora tenhamos conhecimento da apresentação dos “Mouros e Cristãos” em Mazagão Velho, que apesar de ter sido apresentada por mais de dois séculos, considera-se ainda como literatura oral, tendo em vista que não há um texto propriamente dito, mas sim, um roteiro. No caso do texto “A Tragédia do Amapá”, resta dizer que, até que novos pesquisadores localizem outros textos anteriores, cronologicamente considero este, como o primeiro texto dramatúrgico do Amapá, que apesar de ainda não ter sido transformado em espetáculo, se tornou rádio novela na década de 1950. Em relação a isso, venho pesquisando e trabalhando para juntar esse quebra-cabeça, visto que esse texto foi publicado por partes no Jornal Amapá, naquela época, e o meu objetivo é conseguir juntar essas partes para chegar ao texto completo. “A Tragédia do Amapá” é um texto dramaturgo em homenagem à Lélio Silva.

 

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

MURTA E MARABAIXO

 


     Falando-se de marabaixo, todo amapaense sabe do que se trata, ou já ouviu falar sobre essa dança que é muito significativa para a cultura do lugar. Sua dimensão ultrapassa questões: antropológicas, sociológicas, étnicas e culturais. Tornou-se a mais autêntica manifestação cultural do Amapá. Observando que em novembro de 2018, recebeu o título de patrimônio imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional - IPHAN. De outra parte, há uma questão de tamanha importância, que se trata da murta, a planta sagrada do marabaixo, que entre outras coisas, serve para envolver os mastros das bandeiras em devoção ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade.

     Na mitologia grega, a murta era consagrada a Afrodite, já em Roma, era Vênus quem recebia o título de Múrcia, denominação que a relacionava com a referida planta. Os gregos adornavam as noivas com grinaldas confeccionadas com murta. A madeira da murta, a mirra, era usada para incensar cerimônias religiosas tanto na época de Cristo, como também na Grécia antiga. Portanto, A murta tem seus vestígios em vários rituais da antiguidade, por exemplo, o culto às Deusas Deméter e Perséfone, na antiga Grécia, iniciava com uma procissão que partia de Atenas para Elêusis, na qual, os mystai, que eram os iniciados, caminhavam com um buquê de murta nas mãos, como se seguissem os passos das Deusas. A murta também era símbolo fundamental em várias cerimônias à Dioniso, Deus da uva, do vinho, da fertilidade e das festividades.

     A Murta simboliza o amor, pureza, proteção, renovação, paz, juventude e beleza. Deriva do hebraico Hadassad, chegando à versão portuguesa, Hadassa, e significa mirto ou murta na nossa língua mater. No antigo testamento na Bíblia, Hadassa, que era judia, mudou seu nome para Ester, para esconder sua identidade e casar com o Rei persa Assuero/Xerxes. Hadassa também está relacionada com estrela, em função da forma da flor. Com o nome científico de Myrtus communis, pertence a um gênero botânico com mais de uma espécie de plantas com flores, que fazem da família das myrtaceae, sendo nativas do sudoeste da Europa e do Norte da África.

      Também é conhecida em várias outras denominações como: hadassad, murta, mirta, marta, múrcia e mirto, sendo esta última relacionada à Vênus e ao matrimônio. Com várias propriedades, suas folhas possuem ação expectorante, antisséptica, sendo usadas para o tratamento da sinusite, tosse e bronquite entre outras enfermidades. Suas folhas também possuem compostos ativos, os quais, possuem propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas, dermatológicos e até mesmo como auxiliar no combate ao envelhecimento. A planta em si, pode ultrapassar os 100 anos de idade. Além do Livro de Ester, na Bíblia, a murta é citada em várias passagens, como no livro de Zacarias, onde simboliza a restauração e a bênção divina, e ainda, no Livro de Neemias, relacionada à celebração da Festa dos Tabernáculos. Esses fatores, reforçam uma visão de renovação espiritual e proteção divina, sentimentos que também se refletem na atual dança do Marabaixo, no Amapá. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

53ª EXPOFEIRA DO AMAPÁ

 

 

     Muita movimentação em Macapá nesses dias, com a realização da 53ª Expofeira do Amapá, que teve início na última quinta-feira 29. Este evento já acontece há mais de 70 anos, quando ainda éramos Território Federal, e teve início na década de 1940, no Governo Janary Gentil Nunes. Neste ano de 2024, como é de praxe, muitos artistas de renome nacional estão se apresentando na arena principal. Promete-se que essa versão será muito maior do que a do ano passado. Com certeza, todas as faixas etárias estão de uma forma ou de outra participando deste tradicional e imenso evento.

     Eu mesmo já tive oportunidade de participar duas vezes da comissão de seleção para artistas locais da Expofeira, uma, como membro, e outra, como presidente da comissão. O que é um trabalho muito estressante, principalmente quando se trabalha com artistas das mais diversas áreas. Embora seja uma política cultural, trazer grandes nomes da música, e principalmente da música sertaneja, reconhecidos no Brasil, não há como comparar com a política cultural realizada entre as décadas de 1940 e 1950 pelo governo do Território, quando apenas existia o Cineteatro Territorial. Aliás, até os dias de hoje, nenhuma política cultural, conseguiu superar aquele período.

          Pelo que se prenuncia, o público amapaense, participará efetivamente, visto que, na Expofeira, de tudo há um pouco. Por exemplo, quando meus filhos eram crianças, minha presença, com eles, era constante, principalmente na área dos parques de diversão. Para as crianças aqueles brinquedos, parecem ser o paraíso. É um evento em que o grande público sempre vai querer estar presente, visto que nos motiva ao sentimento de pertencimento daquele grupo, daquela comunidade, daquela população. Portanto, participar ou visitar a expofeira é uma questão antropológica,

     Um grande problema é quando se usa a mídia apenas para divulgar os artistas mais famosos e conhecidos em nível nacional, em detrimento dos artistas do lugar. Por outro lado, espera-se que a classe artística amapaense seja abraçada e também tenha seu lugar de valor, pelo menos, dentro dos seus mais de 40 mil metros de área coberta. Que os artistas das terras Tucujus, tenham a oportunidade de abrilhantar com seus respectivos trabalhos artísticos, na Expofeira de Fazendinha. Nada mais justo do que isto, levando-se em consideração que aqui no Amapá há muitos artistas se dedicando à arte em geral.

     Há 30 anos, quando aportei no Amapá, minha morada sempre foi na zona sul, vale salientar que a estrada de Fazendinha já existia em asfalto, mas ainda era muito estreita e com mão dupla, o que era normal para a época, visto que não havia o transito que temos hoje, levando-se em consideração que não existia condomínios como existe na atualidade. Pois bem, entre 1996 e 1997, houve o início da ampliação dessa estrada, que a transformou em mão dupla com duas bandas de rodagem, o que melhorou efetivamente. Acontece que, há quase trinta anos, nenhum outro benefício foi realizado nesse trecho, que antes era Av. Juscelino Kubitschek e hoje denomina-se Av. de Josmar Chaves Pinto. Ao que parece, já existe o projeto para a triplicação da referida avenida, como se pode observar no trecho de Fazendinha à Santana. É de fundamental importância a triplicação da estrada de Fazendinha, o que vai melhorar demasiadamente o acesso dos veículos a esse grande evento que é a Expofeira.

domingo, 25 de agosto de 2024

TEATRO MUNICIPAL DE SANTANA

 

 

     No último dia 16 do mês em curso, juntamente com acadêmicos do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP, em função de programação das disciplinas Artes Cênicas no Amapá e, Fundamentos da Pesquisa em Artes, às quais estão sob minha coordenação, realizamos uma visita pedagógica e técnica ao Teatro Sílvio Romero, da vizinha cidade de Santana. Não foi à toa que a mineradora ICOMI, colocou o nome de Santa Ana, naquele município. Diga-se de passagem, Santana é a padroeira dos mineradores. Nessa empreitada, participaram as três turmas do turno da manhã, e os professores: Dr. Flávio Nosé, Especialista Sandro Brito, e este colunista que vos escreve.   

     As primeiras notícias que obtive da probabilidade de construção de um edifício teatral em Santana, remonta ao ano de 2009, ou seja, há exatamente 15 anos. Quando, eu era o único Doutor em Teatro do Estado do Amapá. Naquela ocasião, fui convidado pelo professor e arquiteto Oscarito Antunes do Nascimento, o qual pertencia ao colegiado do Curso de Artes Visuais, do qual, eu também fazia parte. Ocorre, que naquelas circunstâncias, o professor Oscarito era o arquiteto que estava à frente do desenho arquitetônico do futuro edifício teatral daquela cidade. Tivemos várias reuniões para tratar do referido assunto, ele, com o conhecimento da arquitetura, e eu, como Doutor em Teatro.

     Frente a todo esse trabalho, sugeri à Oscarito, que além do grande salão nobre de 500 lugares, seria de fundamental importância que no mesmo prédio fosse erguido um pequeno salão com no máximo 100 lugares na plateia, no sentido de oportunizar espetáculos e apresentações de pequeno porte, tendo como ponto de partida, a manutenção e o baixo custo para o pleno funcionamento daquele espaço teatral. Ao ter visitado o Teatro Sílvio Romero, fiquei feliz e surpreso, principalmente, porque, apesar de passados 15 anos, desde a criação do desenho arquitetônico e da possível mudança de vários arquitetos durante esse período até a concretização de sua inauguração, ter se configurado e concretizado este pequeno espaço teatral que se encontra anexo ao imenso edifício daquele agradável teatro.

     Desde muito tempo, a cidade de Santana necessitava de um espaço teatral, e porque não dizer de um centro cultural, tendo em vista que, o mesmo possui uma área de 2.193,62 m², com o palco que cobre uma área de 180,37 m², excelentes dimensões para atender à produção local e de alhures. Possui ainda, bilheteria, camarins masculino e feminino, videoteca, dois depósitos para cenários, sala de convenções, sala destinadas à oficina de teatro, salas destinadas à prática musical, sala de dança, uma sala de leitura, e salas de apoio administrativo, coordenação, secretaria e copa.

     A prefeitura Municipal de Santana, está de parabéns pela concretização do referido edifício teatral e ainda mais, por ter acertado peremptoriamente na denominação daquele prédio, que traz em seu frontispício o epíteto de Teatro Sílvio Romero, artista de primeira, produtor cultural e professor daquele município, o qual, faleceu no ano de 2011, em função de um acidente de moto. Sílvio Romero, semper vivere.

domingo, 18 de agosto de 2024

DO RITUAL AO DRAMA

 


     Todas a tentativas de definição do teatro, convergem para um ponto comum onde são eliminadas as dificuldades encontradas em sua gênese e natureza: acredito que o teatro é um culto, ou seja, é a comunhão entre um público com um espetáculo vivo e presencial. Quase unânime também é a admissão de sua origem dentro dos rituais religiosos em homenagem ao deus Dioniso. Deus da uva, do vinho e da fertilidade.

     Cumpre aqui, entendermos religião em sentido lato. Não há dúvidas de que é religiosa a origem do teatro, como também o é a maior parte das expressões vitais dos grupos sociais. O que se diz como conto (a história) pode ser o mito, a forma de contar (o espetáculo) pode ser o último traço de um rito.

     Se o ritual é predominantemente religioso do ponto de vista de sua imagem histórica, é também, quanto tal e como cerimônia, o mais eficaz portador de mensagens sociais e políticas. Daí ver-se a prosa e a poesia em meios literários, mudar-se de grau em grau, como em certos casos encontrados no Norte do Brasil, em forma de representação, para isso, apoiando-se em estruturas paracerimoniais, como por exemplo, o boi de Parintins, no Amazonas, ou o boi Pavulagem, em Belém do Pará.

     Sendo tudo isso passível de uma necessidade subjacente em camadas do povo a transmitir às demais, aquilo que está intrinsecamente ligado à sua origem vital. Essas expressões são contaminadas de momentos vitais do próprio cotidiano. Ressalte-se que a atividade dramática do boi, documentalmente se desenvolveu de um modo teatral rudimentar, recoberto por uma daquelas quase-cerimônias até atingir a densidade contemporânea que apresenta na atualidade.

     A aceitação do nascimento do teatro nos rituais e cerimônias não cerceia o caminho a outras deduções que possam ser extraídas do seu processo de aparecimento; há uma forma que se constrói e há os seus reflexos no campo da psicologia coletiva, da psicologia individual e na gestação de uma modalidade da arte. O instinto da imitação está idiossincraticamente ligado ao desenvolvimento do homem, como também está estritamente fundado nos primeiros momentos do teatro. É aí onde na verdade, iremos encontrar seus principais fundamentos na individualidade humana.

     Os aspectos de relação do teatro, assim compreendido o ato de comunicação entre quem representa e quem assiste, é esse comércio de emoção e inteligência, não um movimento psicológico que a si mesmo inicie e em si mesmo termine.

     Tudo o que se pensa do teatro, reconduz àquela peculiaridade inicial: é por certo a forma de arte que maior compromisso assume com o grupo humano em que está inserido, seja na sua organização menos densa, seja no complexo das civilizações, onde segue incombatível a sua condição de porta voz, de transmissor de mensagens e sinais, desde os primórdios até a atualidade.