Falando-se de marabaixo, todo amapaense
sabe do que se trata, ou já ouviu falar sobre essa dança que é muito
significativa para a cultura do lugar. Sua dimensão ultrapassa questões:
antropológicas, sociológicas, étnicas e culturais. Tornou-se a mais autêntica
manifestação cultural do Amapá. Observando que em novembro de 2018, recebeu o
título de patrimônio imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio
Artístico e Histórico Nacional - IPHAN. De outra parte, há uma questão de
tamanha importância, que se trata da murta, a planta sagrada do marabaixo, que
entre outras coisas, serve para envolver os mastros das bandeiras em devoção ao
Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade.
Na mitologia grega,
a murta era consagrada a Afrodite, já em Roma, era Vênus quem recebia o título
de Múrcia, denominação que a relacionava com a referida planta. Os gregos
adornavam as noivas com grinaldas confeccionadas com murta. A madeira da murta,
a mirra, era usada para incensar cerimônias religiosas tanto na época de
Cristo, como também na Grécia antiga. Portanto, A murta tem seus vestígios em vários
rituais da antiguidade, por exemplo, o culto às Deusas Deméter e Perséfone, na
antiga Grécia, iniciava com uma procissão que partia de Atenas para Elêusis, na
qual, os mystai, que eram os iniciados, caminhavam com um buquê de murta nas
mãos, como se seguissem os passos das Deusas. A murta também era símbolo
fundamental em várias cerimônias à Dioniso, Deus da uva, do vinho, da
fertilidade e das festividades.
A Murta simboliza o amor, pureza,
proteção, renovação, paz, juventude e beleza. Deriva do hebraico Hadassad,
chegando à versão portuguesa, Hadassa, e significa mirto ou murta na nossa
língua mater. No antigo testamento na Bíblia, Hadassa, que era judia, mudou seu
nome para Ester, para esconder sua identidade e casar com o Rei persa Assuero/Xerxes.
Hadassa também está relacionada com estrela, em função da forma da flor. Com o
nome científico de Myrtus communis,
pertence a um gênero botânico com mais de uma espécie de plantas com flores,
que fazem da família das myrtaceae,
sendo nativas do sudoeste da Europa e do Norte da África.
Também é conhecida em várias outras
denominações como: hadassad, murta, mirta, marta, múrcia e mirto, sendo esta
última relacionada à Vênus e ao matrimônio. Com várias propriedades, suas
folhas possuem ação expectorante, antisséptica, sendo usadas para o tratamento
da sinusite, tosse e bronquite entre outras enfermidades. Suas folhas também
possuem compostos ativos, os quais, possuem propriedades anti-inflamatórias e
antimicrobianas, dermatológicos e até mesmo como auxiliar no combate ao
envelhecimento. A planta em si, pode ultrapassar os 100 anos de idade. Além do
Livro de Ester, na Bíblia, a murta é citada em várias passagens, como no livro
de Zacarias, onde simboliza a restauração e a bênção divina, e ainda, no Livro
de Neemias, relacionada à celebração da Festa dos Tabernáculos. Esses fatores,
reforçam uma visão de renovação espiritual e proteção divina, sentimentos que
também se refletem na atual dança do Marabaixo, no Amapá.
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