Trago neste artigo, as palavras de Fernando Canto, na
ocasião em que ele escreveu o prefácio do meu livro lançado em 2021, História
do Teatro do Amapá: Do século XVIII à Década de 1940, ele prontamente aceitou
escrever o prefácio, que inicia-se da seguinte forma: Professor Titular da
Universidade Federal do Amapá – Unifap,
além de ser o mentor e de ter implantado o curso de Licenciatura Plena
em Teatro na Instituição, Palhano foi um dos primeiros pesquisadores a escrever
sobre o teatro amapaense. Suas pesquisas remontam de muitos anos, pois apesar
do curso ser relativamente novo, o autor já vinha se dedicando a este ramo da
arte e do conhecimento desde que iniciou como um dos pioneiros da Unifap, há quase
trinta anos. Palhano publicou inúmeros livros, abarcando com maestria gêneros
que variam entre a poesia e a crônica, entre histórias infantis e textos
memoriais, pois seu espírito eclético lhe permite essa excursão
indubitavelmente afortunada.
Agora, neste livro, o autor devolve o
resultado de uma pesquisa que será útil para todos aqueles que trabalham no
campo histórico-estético-cultural e/ou da pesquisa teatral do Estado do Amapá.
O “História do Teatro do Amapá” traz à tona uma série de acontecimentos até
então desconhecidos para o segmento, pois aprofunda e discute fatos importantes
para que o leitor tenha uma ideia das dificuldades encontradas pelos
profissionais e amadores que vieram realizar suas atuações pioneirísticas desde
as notícias do então Brasil Colônia do século XVIII até o cenário existente e
em construção no extinto Território Federal do Amapá dos anos 40 do século
passado, ainda em construção. Palhano revela aspectos do teatro de rua de
Mazagão Velho, que é um esforço de escenificação popular da Festa de São Tiago,
onde muçulmanos e cristãos travam lutas simbólicas em cavalhadas, para que os
últimos demonstrem a hegemonia da Igreja sobre os “infiéis”, incorporando um
papel guerreiro em várias cenas de batalhas sangrentas nas quais são os
vencedores.
Palhano rememora o tempo da própria
Mazagão e suas pequenas óperas encenadas na igreja de Nossa senhora da
Assunção, onde os padres (que nessa época já ensinavam música a seus acólitos
de origem indígena) também montavam óperas de cunho moral e religioso como
“Demofonte na Trácia” e “Dido Abandonada”, do italiano Metastasio, além de
promoverem cortejos e peças em homenagem à Dona Maria I, que substituiu seu pai
Dom José (e consequentemente o Marquês de Pombal) no reino de Portugal. Ele afirma
que a “encenação das batalhas entre mouros e cristãos em espaço aberto, a Vila
de Nova Mazagão (hoje Mazagão Velho) tornou-se
o primeiro espaço teatral de arena do Amapá, ou seja, o primeiro teatro ao ar
livre do Amapá. Depois disso continua indagando, especulando e provocando
os pesquisadores históricos sobre diversas dúvidas de origem das festas.
Mas é na década de 40 que as ações
artísticas e teatrais se intensificam. Graças a visão administrativa do
primeiro governador do então Território Federal do Amapá, criado em 1943 e
instalado em 1944, foram criados vários aparatos urbanos na capital Macapá,
entre eles o cineteatro amapaense, posteriormente conhecido como Cine
Territorial. Nesse período o autor aborda aspectos interessantes sobre as companhias
de teatro que vieram se apresentar na capital, bem como sobre o rol de artistas
famosos que atuaram no palco de cineteatro. Não se pode omitir a relevância do
auditório da Rádio Difusora de Macapá para a música e o teatro dessa época e
ainda o papel dos escoteiros e, sobretudo o das mulheres no teatro amapaense,
onde o autor mostra uma clara intenção de valorizá-las em sua importância.
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