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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

TEATRO E CONTRADIÇÃO

 

                                          

     Aristóteles considerava que era a ação e não o caráter, o ingrediente básico do drama, e que o caráter está subordinado às ações. Um dos princípios mais famoso da Poética se refere à purificação das emoções através da piedade e do terror. Aristóteles deu nome de “peripeteia”, (peripécia), à intromissão de um acontecimento repentino que afeta a vida do herói e conduz a ação numa nova direção. O que é complementado com a “anagnorisis” ou cena de reconhecimento, como se fosse o encontro inesperado de amigos e inimigos.

     Aristóteles teve a vantagem de estudar o teatro logicamente, no entanto não conseguiu realizar tal façanha em nível sociológico. Em sua obra não fez menção aos problemas sociais ou morais que foram tratados pelos poetas gregos. De qualquer forma, ele conseguiu realizar sua grande façanha: explicar-nos como funciona psicologicamente a relação da tragédia grega e o público presente. Assim temos que aceitar que Aristóteles é a bíblia da técnica dramática.

     Já Hegel desenvolveu um método dialético que concebe a lógica como uma série de movimentos em forma de teses, antíteses e sínteses: a tese é a tendência original, o estado de equilíbrio; a antítese é a tendência oposta ou perturbação do equilíbrio e a síntese é a proposição unificadora que inaugura um novo estado de equilíbrio.

     A contradição, disse Hegel, é a força que move as coisas e não há nada que não esteja se transformando, que não ocupe uma posição intermediária entre ser e não ser. Hegel substituiu o método estático de investigação pelo dinâmico. Enquanto Hegel acreditava num universo racional, Schopenhauer considerou a vontade emocional e instintiva como base para suas reflexões.

     Para que haja representação, se faz necessária a contradição, e é por isso que o drama e a tragédia revelam o protagonista e o antagonista; não fosse isso, a ação não se desenrolaria. A psicologia shakespeariana foi uma clara ruptura com a Idade Média e expressava diretamente as responsabilidades e relações que caracterizariam o novo sistema econômico.

     Para analisar o método do artista, o crítico deve possuir um método, um sistema de ideias. Sendo assim, as tragédias de Corneille e Racine estavam baseadas na filosofia social da aristocracia. As obras desses dois autores são a dramatização do absolutismo, período do reinado de Luis XIV. Aqui se pode observar que o drama teve seu valor social, deve tratar de gente, cuja posição social na vida e cujas atitudes sejam compreensíveis para o público. De toda forma, as leis dessa técnica são psicológicas e só podem ser compreendidas penetrando na mente do dramaturgo.

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