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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

BIBLIOTECA

 


          Um livro parado na estante de uma biblioteca é uma porta para o conhecimento. Mas, este não é o principal objetivo da obra. O propósito real do exemplar é a de ser retirada daquela estante. Cabe ao leitor mais persistente, retirá-la emprestado. Mas não para por aí, para completar este ciclo, o livro precisa ser completamente lido. É para isso que existem as bibliotecas. Um livro, só se torna livro depois de lido.

     Aliás, por que biblioteca, se antes da cerâmica, os primeiros escritos eram em papiros? Os papiros eram retirados de uma planta nativa da África tropical, cujas hastes são formadas de folhas sobrepostas, de onde os egípcios retiravam, separavam e a utilizavam para escrever. Precursor do papel, propriamente dito, esse material passou a ser comercializado em todo o mar mediterrâneo.

     De certa forma, houve o momento em que, se por um lado, o Egito passou a produzir o papiro em larga escala, por outro, naquela época, o país não tinha knowhow, de como distribuir esse valioso produto. Neste caso, foi preciso a ajuda comercial de outros povos, e como os egípcios não eram comerciantes, tiveram que passar essa missão para os fenícios.

     Os fenícios eram povos antigos descendentes dos cananeus e contemporâneos dos hebreus. Eram mercadores altamente profissionais, e localizavam-se no norte da antiga Canaã, ao longo das regiões litorâneas, do antigo e atual Líbano. Esse povo ficou conhecido pelo comércio, navegação e criação do alfabeto. Em função de não terem criado nenhum exército, sua função principal era o comércio.

     A partir de relações diplomáticas e comerciais entre esses dois países, o papiro, fabricado no Egito, seguia viagem para o Líbano, com o objetivo de ser comercializado ao longo do mar mediterrâneo. Além de serem mercadores, os fenícios eram ótimos navegadores. Conseguiram dominar a navegação e o comércio em todo o mar mediterrâneo, fundando várias cidades, entre elas, Marselha na França, e Cartago no norte da África, à qual, foi destruída por Roma.

     Depois de fabricado no Egito, e com objetivo de ser comercializado; inicialmente, o papiro seguia para a cidade de Biblos, na Fenícia. Desse centro, era distribuído em várias embarcações para serem vendidos em diversos países que se encontravam ao longo do mar mediterrâneo. Fenícia é um termo inventado pelos gregos, em vista de que eles vendiam a púrpura, que eram pigmentos para tingir tecidos, e púrpura em grego se chama phoinikes.

     E como se desenvolve a história? Naturalmente, o que conhecemos hoje como biblioteca, deve-se à questão de que o papiro foi vendido e difundido ao longo do mar mediterrâneo, em Roma, e principalmente na Europa, pelos povos fenícios, a partir, especialmente, da cidade de Biblos. Daí, deriva o nome Bíblia. Talvez, se o Egito tivesse o savoir-faire, ou seja, o domínio do comércio, provavelmente, o que conhecemos hoje como Biblioteca, poderia ser conhecido como Papiroteca, e a Bíblia, por sua vez, não seria Bíblia, mas, seria difundido como “Papiro Sagrado”.

   

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