Um livro parado na estante de uma
biblioteca é uma porta para o conhecimento. Mas, este não é o principal
objetivo da obra. O propósito real do exemplar é a de ser retirada daquela
estante. Cabe ao leitor mais persistente, retirá-la emprestado. Mas não para
por aí, para completar este ciclo, o livro precisa ser completamente lido. É
para isso que existem as bibliotecas. Um livro, só se torna livro depois de
lido.
Aliás, por que biblioteca, se antes da
cerâmica, os primeiros escritos eram em papiros? Os papiros eram retirados de
uma planta nativa da África tropical, cujas hastes são formadas de folhas
sobrepostas, de onde os egípcios retiravam, separavam e a utilizavam para
escrever. Precursor do papel, propriamente dito, esse material passou a ser
comercializado em todo o mar mediterrâneo.
De certa forma, houve o momento em que, se
por um lado, o Egito passou a produzir o papiro em larga escala, por outro,
naquela época, o país não tinha knowhow, de como distribuir esse valioso
produto. Neste caso, foi preciso a ajuda comercial de outros povos, e como os
egípcios não eram comerciantes, tiveram que passar essa missão para os
fenícios.
Os fenícios eram povos antigos
descendentes dos cananeus e contemporâneos dos hebreus. Eram mercadores
altamente profissionais, e localizavam-se no norte da antiga Canaã, ao longo
das regiões litorâneas, do antigo e atual Líbano. Esse povo ficou conhecido
pelo comércio, navegação e criação do alfabeto. Em função de não terem criado
nenhum exército, sua função principal era o comércio.
A partir de relações diplomáticas e
comerciais entre esses dois países, o papiro, fabricado no Egito, seguia viagem
para o Líbano, com o objetivo de ser comercializado ao longo do mar
mediterrâneo. Além de serem mercadores, os fenícios eram ótimos navegadores.
Conseguiram dominar a navegação e o comércio em todo o mar mediterrâneo,
fundando várias cidades, entre elas, Marselha na França, e Cartago no norte da
África, à qual, foi destruída por Roma.
Depois de fabricado no Egito, e com
objetivo de ser comercializado; inicialmente, o papiro seguia para a cidade de
Biblos, na Fenícia. Desse centro, era distribuído em várias embarcações para
serem vendidos em diversos países que se encontravam ao longo do mar
mediterrâneo. Fenícia é um termo inventado pelos gregos, em vista de que eles
vendiam a púrpura, que eram pigmentos para tingir tecidos, e púrpura em grego
se chama phoinikes.
E como se desenvolve a história?
Naturalmente, o que conhecemos hoje como biblioteca, deve-se à questão de que o
papiro foi vendido e difundido ao longo do mar mediterrâneo, em Roma, e
principalmente na Europa, pelos povos fenícios, a partir, especialmente, da
cidade de Biblos. Daí, deriva o nome Bíblia. Talvez, se o Egito tivesse o savoir-faire,
ou seja, o domínio do comércio, provavelmente, o que conhecemos hoje como Biblioteca,
poderia ser conhecido como Papiroteca, e a Bíblia, por sua vez, não seria
Bíblia, mas, seria difundido como “Papiro Sagrado”.
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