É um tanto difícil elaborar textos
infantis para teatro, principalmente quando os autores não estão a par de todo
o processo que envolve a elaboração de um texto, e ainda mais quando é o texto
dramatúrgico, visto que deverá ser escrito em primeira pessoa. E isso se torna
mais grave ainda, quando não possuem a menor ideia do que seja um texto
teatral, além de desconhecer a essência de um espetáculo teatral. Torna-se mais
difícil ainda, quando confundem teatro escolar com teatro infantil, aula com
espetáculo, e percebem o teatro infantil como um espetáculo inferior ao teatro
para adultos. E pecam quando transportam rubricas de TV para o palco do teatro.
Muitos textos escritos para teatro
infantil mostram diversas vezes, um grande excesso de verborragia e apresentam
pouca ação, sendo esta última, primordial num espetáculo infantil. Geralmente,
os autores finalizam os textos abruptamente, como por exemplo: ao mostrar uma
situação difícil que se passa na terra, e sem conseguir resolvê-la a contento,
apela para o desconhecido, ou seja, para o super herói ou o extraterreste. Esta
forma de resolução do final do enredo já era utilizada na antiga tragédia
grega, denominado de deus ex-machina, principalmente nas tragédias de
Eurípedes.
Os textos, e em consequência a montagem em
si, apresentam-se com certa previsibilidade, sem nenhuma surpresa ou ações
inesperadas. Em sua maioria, os textos infantis revelam toda espécie de
preconceitos que são expressos pelos adultos. Páginas inteiras onde não
acontece nada, deixando de lado a agilidade no diálogo, que é de fundamental
importância para este tipo de teatro. Os textos infantis para teatro, às vezes
mostram uma variedade imensa de animais que não estão no ambiente social em que
se encontra a criança.
No caso da região amazônica, toda a fauna
deverá ser valorizada em textos levados ao palco, e se isto não for o caso,
cabe ao encenador resolver esta questão, a partir da encenação e montagem do
espetáculo. Não podemos fugir da realidade climática e ambiental que nos
envolve. Precisamos valorizar nossa fauna e nossa flora, os rios e tudo o que
envolve nosso meio ambiente.
Geralmente, em textos infantis para
teatro, fala-se de um mundo que não mais existe, e há uma recusa obstinada em
se colocar em cena problemas com os quais a criança se depara e convive, e ou
aqueles de significados profundos, cujo conteúdo sempre foi importante para o
ser humano, como por exemplo; a preservação do meio ambiente. Realmente, é
muito difícil escrever textos dramatúrgicos para criança. É preciso muita
maturidade. Eu particularmente já tive essa dificuldade, quando fazia teatro na
década de 1980. Naquela época, nosso grupo de teatro resolveu desenvolver um
texto, que seria adaptado da obra infantil, “Marcelo, Marmelo, Martelo”, de
Ruth Rocha. Fizemos várias leituras, mas, infelizmente, em função da
dificuldade dramatúrgica, o grupo não conseguiu fazer esta adaptação.
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