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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

DILETO PROFESSOR

 


     O que dizer quando a relação do professor com o aluno se tornar amizade? Neste caso, com certeza haverá uma reciprocidade de conhecimentos, que traz uma amplitude que foge completamente do ensino formal, e que muitas vezes é benéfico para o conhecimento recíproco e para o futuro profissional. Sem dúvidas, há uma fase da vida, em que muitos alunos e alunas se espelham em seus professores, o que é normal, sobretudo na fase da adolescência. Aqui, com certeza o professor precisa estar preparado profissionalmente para enfrentar essas flechadas tentadoras do cupido. Há quarenta e um anos como professor, em várias situações, também tive que passar por momentos semelhantes.

     Em relação a tudo isso, gostaria de dizer que ultimamente, encontrei no fundo do baú, uma carta do ano de 1987, de uma ex-aluna da sexta série, que, em sua declaração, se dizia profundamente apaixonada pelo seu professor. Vejam, que bela declaração:  

     “Meu querido professor, agora a pouco deixei a classe, sai de fininho, vendo-o apanhar os livros da mesa, para sair. Quis aproximar-me e oferecer-lhe a minha companhia, mas faltou-me coragem. De que me adiantaria ficar ao seu lado, desajeitada e tímida, sem pronunciar qualquer palavra? É que a sua presença me fascina tanto, que não me é possível ser eu mesma, quando estou diante de você. Seria a diferença de idade entre nós? Seria a diferença de cultura? Não, meu lindo professor, não pode ser, porque o senhor é jovem, afinal de contas, e eu já não sou uma criança! Não...! porque conheço outros homens cultos, com os quais posso falar naturalmente, sem qualquer inibição.

     Simplesmente por se tratar de você, porque o amo e vejo-o como um astro em minha constelação de Órion: bem alto, muito brilhante, longe do meu olhar, mas perto do meu coração, iluminado e maravilhado. E, como sou tímida, procurei a forma mais rápida de acabar com esta angústia de querer estar sempre perto de você, sem me atrever; querer sempre dizer-lhe alguma coisa, sem saber por onde começar e resolvi, finalmente, escrever-lhe esta carta que encerra a mais sentimental das declarações de uma singela virgem moça: a sua primeira declaração de amor.

     Ansiosamente, deposito-a a seus pés como um ramalhete de flores aos pés de uma celebridade, de um astro, e não peço, em troca deste amor que perdoe o gesto apaixonado de uma jovem moça que o ama.  I love you, professor. Não me deixe...! - por favor! porque eu o amo e quero te amar. Não me diga não...! por favor!  João Pessoa, outubro de 1987. Desesperadamente, Alana da Silva.”

     Claro que aqui, o nome de minha ex-aluna é fictício. Naquela época, fiquei muito lisonjeado, a entendi! mas não correspondi. Parabenizo-a pelo bom português de uma jovem de apenas 12 anos, e pelo incisivo uso da ênclise. Guardei a carta até os dias atuais, quando a lembrança me invadiu de forma nostálgica, equivalente àquela desenfreada paixão platônica de minha ex-aluna, que foi sentimentalmente flechada por um estúpido cupido.

 

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